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Fado Alexandrino do Joaquim Campos 



Perguntei à Mouraria

Letra:             António Mendes

Música:           Joaquim Campos

Intérprete:      Vítor  Miranda

Perguntei à Mouraria,

sincero e amistoso,
Porque razão vestia

de luto rigoroso...!
 

Diz ela a soluçar,

de olhar turvo e sem brilho,
Estou de luto, a lembrar

a morte do meu filho!   (bis)

Dos bairros mais bairristas,

o mais antigo eu sou,
Fui mãe de outros fadistas

e agora, vivo só...!
 

Sou viveiro do Fado

e catedral bendita,
Quem sabe o meu passado,

em mim se ressuscita...!   (bis)

O meu filho partiu,

foi triste a sua hora,
Porque o Fado sentiu,

isto que eu sinto agora...!
 

Sou mãe da grande lenda,

que não fica esquecida,
Para quem compreenda,

a dor na minha vida!   (bis)

O que será do Fado,

sem essa voz castiça,
Que andou por todo o lado

fiel e submissa,
 

Fadista popular,

quem sabe, está no Céu
Para os anjos a cantar,

com a voz que Deus lhe deu!   (bis)

Intérprete:  Vítor Miranda
Título:  Perguntei à Mouraria
Autor da Letra:  António Mendes
Autor da Música  Joaquim Campos da Silva
Guitarra Portuguesa:  João Chitas
Viola:  Miguel Ramos
Contrabaixo:  João Penedo
Data da 1ª edição:  2003

Fado Alexandrino do Joaquim Campos

Fado em modo menor, que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

Chama-se assim, dado que adquiriu o nome do seu autor, o grande fadista, por muitos considerado o melhor de sempre, Joaquim Campos, de seu nome

completo, Joaquim Campos da Silva!

Pequena biografia do autor:

                                                                                                                              Joaquim Campos

Joaquim Campos da Silva, nasceu em Lisboa, na Fonte Santa, em 1911,

tendo falecido em Mem Martins ( Sintra ), em 1981.

Aos 16 anos, empregou-se na Companhia dos Caminhos de Ferro

Portugueses - CP, como escriturário, lugar em que permaneceu até à

reforma, sem todavia deixar de cantar o Fado, que foi a grande paixão

da sua vida.

Ainda criança, passou a viver em Alfama, onde se iniciou a cantar o

Fado. Foi, no entanto, em Setúbal, que se apresentou em público pela

primeira vez, em 1923, com 12 anos de idade, cantando uma letra que

adquirira num quiosque do Rossio, onde se vendiam folhetos com

cantigas de poetas populares.

Participou em inúmeras festas de caridade, andou por retiros e esperas de toiros e, com Alberto Costa, foi um dos fundadores, em 1923, do Grémio Artístico Amigos do Fado, apologista de uma dignificação do Fado, pela sua interpretação em salões, em detrimento dos tradicionais retiros e tabernas.

Em 1937, é exaltado como a melhor voz dos últimos 20 anos, juntando ainda o facto de dizer primorosamente os versos que interpretava, impregnando-os de sentimento: - Chamaram-lhe o Bruxo do Fado, devido à sua marcante personalidade e estilo pessoal, aliada a um fino sentido musical a que não terá sido alheio o convívio em jovem com Luís Carlos da Silva ( Petrolino ); por isso foi, considerado por muitos, o maior cantador da sua geração.

Atuou no Coliseu dos Recreios, Teatros Éden, Maria Vitória e Apolo, Solar da Alegria, Retiro da Severa e nos Cafés Luso e Mondego.

Efetuou diversas digressões, das quais se destacou aquela, em que na companhia de Maria do Carmo, Alberto Costa, Júlio Proença e Raul Seia, percorreu todo o Algarve.

São de sua autoria, temas essenciais do reportório de Fado clássico, ainda hoje profusamente utilizado, como são o caso dos Fados Vitória, Tango, Rosita, Estela, Castanheira, Amora, Olivais, Simples, Amadores, Camélia e Contraste, entre outros.

As suas composições, celebrizaram os versos de alguns poetas populares com os quais trabalhou mais de perto, tais como Fernando Teles, Manuel Soares, João Linhares Barbosa e Gabriel de Oliveira.

Da sua obra discográfica, assumem especial interesse as desgarradas com Ercília Costa e Júlio Proença.

Foi companheiro da cantadeira Rosa Maria, até à morte prematura desta.


 

Pequena biografia do intérprete:

Vítor Manuel Almeida Miranda, nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, em 10 de Julho de 1964.

Miúdo traquina, começou de muito novo a misturar-se com tudo o que ao Fado dizia respeito e aos 20 anos, inicia, a pulso, a subida da ladeira que o conduzirá à fama!

Aproveitando com sapiência e maestria, o dom genético com que Deus o dotou - a sua extraordinária voz -, foi devoto seguidor do “Rei” Fernando Maurício, seu mestre e fonte inspiradora.

Tem trabalhado, como artista residente, nalgumas das mais importantes Casas de Fado da Região da Grande Lisboa, espalhando a sua arte pelo país e pelo estrangeiro, onde tem atuado com grande êxito, em diversos espetáculos para emigrantes.

Pessoa extraordinariamente preocupada com a sua imagem, abraçou a modalidade do Culturismo, ( daí ser conhecido pelo fadista - culturista ), onde atingiu grande notoriedade. Conquistou inúmeros títulos nacionais, com especial destaque para o de “Mister” Portugal, em 12 de Julho de 2003, tendo representado diversas vezes a Seleção Nacional!!

O fadista-culturista

Editou o seu 1º CD ( Tattoo ) em 2003; o 2º ( Acredita Coração ) em 2005 e o 3º ( Fado ) em 2006; o 4º já está na forja...!

Vítor Miranda, impressiona, pelo seu porte atlético e pela potência da sua voz e, como um poeta da nossa praça diz, “..é o herdeiro do testamento do “Rei” Fernando Maurício...!”

O exemplo apresentado neste post é, de resto, uma homenagem ao seu ídolo de sempre, escrito pelo seu grande amigo da Costa de Caparica, António Mendes!

Seleção de fontes de informação:

( Origem: António Cruz in "Tattoo" - 2003 )
 

http://www.g-sat.net/todos-os-fados-de-a-a-z-historia-2128/fado-alexandrino-do-joaquim-campos-209936.html

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