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Fado Alexandrino do Estoril

Fado em modo menor, que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

Foi composto no Estoril (daí o seu nome), pelo saudoso e extraordinário guitarrista Armandinho, de seu nome Armando Augusto Salgado Freire; é, na minha opinião, retirado de uma Variação, também de sua autoria.

Este fado, muito bonito aliás, como tantos outros, não teve uma longa duração, pois foi esquecido durante muitos anos; Beatriz da Conceição e, mais recentemente Mísia, Eurico Pavia e Raquel Tavares, acabariam por gravá-lo!


Pequena biografia do autor:
                                                                                                                                                                                                                                           Armandinho

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Armando Augusto Salgado Freire, nasceu em Lisboa em 1891, no Pátio

dos Quintalinhos, ali às Escolas Gerais, bem junto do Bairro de Alfama,

tendo vivido bem de perto os anos da grande popularização do Fado.

Faleceu também em Lisboa, em 1947. Desde criança, que se dedicou à

Guitarra Portuguesa e, com apenas 14 anos, estreou-se numa casa típica

na Madragoa, tendo sido discípulo de Petrolino, alcunha pela qual ficou

conhecido o guitarrista setubalense Luís Carlos Silva ( 1859 - 1933 ).

Em termos de executantes da guitarra foi de estilo individual e de trinado

perfeito, tendo sido grande influenciador do estilo outros grandes

mestres como Raul Nery, José Nunes e Jaime Santos.

Armandinho, deixou um imensa obra de Fados Tradicionais:

- Alexandrinos Antigo, do Armandinho ( exemplo em apreço ), do Estoril, do Penim, e Novo; Alice, da Adiça, de S . Romão, de S. Miguel, de Sintra, Fernandinha, Fontalvo, Formosa, Maggiogly, Manganine, Mayer, entre outros! Destas lindas melodias, nasceram das mãos dos grandes mestres da Guitarra Portuguesa, dezenas de outros fados e variações. Realizou várias digressões, nomeadamente aos Açores, Madeira, Angola, Moçambique, Brasil e Argentina.

Foi enorme a sua contribuição ao Fado e à Guitarra Portuguesa, de tal forma que apesar de tardiamente (1999 ), a Câmara Municipal de Lisboa, atribuiu o seu nome, à Via 2 à Rua do Vale Formoso de Cima, na Zona Oriental da Cidade, o seguinte topónimo: Rua Armandinho, Guitarrista.

( # ) – Esta versão, publicada em disco de 78 rpm, foi gravada ao vivo, durante um grande espetáculo realizado mo Teatro S. Luís, em Lisboa, em 1928, e tem a particularidade de podermos escutar Armandinho como acompanhante, assim como o seu fiel violista de sempre Georgino de Sousa! A capa que se reproduz, é de uma reedição em CD ( Hertiage, 1994 ), coleção da qual fazem parte grandes relíquias dos primeiros anos do século XX.


 

 

 

 

 

 

Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                             Madalena de Melo

Madalena de Melo, nasceu em Aveiro, tendo falecido em Moçambique,

em 1970. Foi uma das mais apreciadas e aplaudidas cantadeiras da

sua geração, iniciando a sua carreira no teatro em 1926, na companhia

do empresário Luís Galhardo, tendo nela integrada, efetuado uma

digressão ao Brasil.

No regresso, passou para a companhia de Armando de Vasconcelos,

onde cantou o Fado, tendo-se estreado, com grande sucesso, no Ferro

de Engomar.

Cantou no Retiro da Severa, ( ainda no Luna Parque ), no Solar da

Alegria, nos Cafés Luso e Mondego, numa sessão de gala no Teatro

Ginásio, em esperas de toiros e em todos os teatros de Lisboa.

Recebeu números convites para cantar na rádio, nomeadamente na Rádio Peninsular, Rádio Clube Português, Clube Radiofónico de Portugal e Rádio Luso.

Foi das primeiras cantadeiras a gravar em disco, tendo participado na década de 20, em alguns dos primeiros registos de Fado, efetuados para a etiqueta His Master´s Voice.

Atuou em África, Espanha e Brasil, tendo neste país vencido um Concurso de Fado!

Colaborou na festa de homenagem ao poeta João da Mata, realizada em 1931, no Salão Jansen e na homenagem a Alfredo Marceneiro, no Café Luso, em 1948.

Possuidora de uma voz expressiva e de uma excelente dicção, teve a sua festa de homenagem na Sala Júlia Mendes, no Parque Mayer, tendo partido depois para Moçambique, onde viria a falecer!

Origem: Histórias do Fado – A Capital.
 

Fado Alexandrino do Estoril

​Fado Estoril

Letra:             D.R.

Música:          Armandinho

Intérprete:     Madalena de Melo



Cheio de pasmo e dor,

vergado ao desalento,
Tu disseste-me adeus,

naquele dia triste...!  (bis)
 

E após a despedida,

infausta de tormento,
Eu chorando fiquei

e chorando partiste!  (bis)

O pranto, meu amor,

desfaz-se entre nós dois,
Em gotas de cristal,

fazendo-nos sofrer...!  (bis)
 

Fizeram rebrilhar meus olhos,

mais que sóis,
Quando no tempo,

ao fim, nos tornámos a ver!  (bis)

Sendo triste, um adeus,

a quem queremos bem,
Obriga-me a dizer,

após os prantos meus...!  (bis)
 

Que és tu muito feliz,

quem diz adeus a alguém,
E é triste, quem não tem,

a quem dizer adeus!   (bis)

Intérprete  Madalena de Melo
Título  Fado Estoril
Autor da Letra  D. R.
Autor da Música  Armando Augusto Freire ( Armandinho )
Guitarra Portuguesa  Armando Augusto Freire ( Armandinho )
Viola  Georgino de Sousa
Data da 1ª edição  1928

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