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Fado Alexandrino do Noquinhas
Fado misto quanto ao modo ( maior / menor ), que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

Não foi possível encontrar a origem do nome deste fado; contudo, prometo continuar a investigar e atualizar esta informação.

Foi seu autor, um personagem marcante da vida fadista, o guitarrista Fernando Macedo de Freitas.
 

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                Fernando  Freitas

​Fernando de Freitas, de seu nome completo Fernando Macedo do Freitas,

nasceu em Lisboa, na freguesia de Santa Isabel, em 1 de Setembro de

1913. Apenas com 9 anos começou a trabalhar no Coliseu dos Recreios

em "troupes" de palhaços excêntricos, parodistas musicais, tocando

violino e depois também bandolim, banjo e cavaquinho. Aos 12 anos

aprendeu com o pai a tocar na guitarra o Fado Corrido, participando

apenas com 14 anos em cegadas de Carnaval, então muito populares

na capital.

Fernando de Freitas estreou-se como guitarrista em 1929, com apenas

16 anos, no Solar da Alegria, pela mão de Alfredo Marceneiro.

Entretanto, dedicou-se a aprender variações na guitarra por influência

de Armando Machado, enquanto ia tocando em algumas casas de jogos clandestinas, entre elas O Peras, na Rua de S. José, enquanto participa, também, em cegadas carnavalescas.

A partir deste momento, a par com a participação nas cegadas carnavalescas, passou a dedicar-se à guitarra, actuando sucessivamente em vários cafés e retiros, e acompanhando vozes como Ercília Costa, Adelina Fernandes, Maria Albertina, Teresa Gomes e Zulmira Miranda (também actrizes de revista).

Actuou no Café Chic de Belém e na Cervejaria Vitória da Rua de São Paulo, no Café Mondego e no Café Luso na Travessa da Queimada. Em 1935, com o advento da Emissora Nacional, acompanhou com o violista Abel Negrão, Maria Teresa de Noronha, nas suas actuações radiofónicas.

Em 1937 actuou em Paris com Armando Machado e em 1944 foi ao Brasil acompanhar Amália Rodrigues no Casino de Copacabana.

Seguiu de muito perto a fase inicial da carreira de Amália Rodrigues para quem compôs dois dos seus maiores êxitos: "Ronda dos Bairros" (com letra em alexandrinos de Francisco Santos) e "Sardinheiras" (com letra de Linhares Barbosa).

Na Guitarra de Portugal, de 15 Junho de 1945 pode ler-se:"À hora de fechar o nosso jornal deve estar a tomar o "Clipper" que o conduzirá ao Rio de Janeiro, o virtuoso da guitarra Fernando Freitas que vai expressamente acompanhar Amália Rodrigues, que já se encontra nesse país…”. Em 1951 retoma ao Brasil, por sua própria iniciativa, aí permanecendo 14 anos.

Em 1965 regressa a Portugal, actuando durante alguns anos na Adega Machado, partindo depois para Espanha onde fica três anos a acompanhar Maria Dolores Pradera (a quem chamavam a Amália espanhola) que também cantava o fado. Acompanhou Fernando Farinha na digressão que este fez aos Estados Unidos da América e Canadá, em 1966, tendo também acompanhado este artista à Argentina. Compôs ainda, entre outras músicas, as de "A Canção da Neve" (criação de Berta Cardoso), "Fado Napoleão" (criação de Frutuoso França), "Trem Desmantelado" (com letra de Carlos Conde),"Fado Barroca" e "Fado das Romarias".

A partir de 1971, Fernando Freitas ingressa no elenco permanente do Restaurante O Faia, ao lado de Ilídio dos Santos "Very Nice", Martinho d'Assunção e Orlando Silva, aí permanecendo 16 anos (os últimos já praticamente cego), acompanhando entre outros, Lucília do Carmo e Carlos do Carmo.

Foi casado com a fadista Maria Girão. É pai do cantor e compositor Fernando Girão, que também tem realizado trabalhos com incursões na área do fado.

Fernando Freitas morreu em Lisboa, em 18 de Março de 1988.

 

Selecção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal” 15 de Junho de 1945
Cabral, Pedro Caldeira (1999) “A Guitarra de Portugal”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube, pág. 245.

 

 

Pequena biografia do intérprete

                                                                                                                              Maria Armanda

Maria Armanda Moreno da Silva, nasceu em Lisboa em 1942.

Maria Armanda, como verdadeira "alfacinha", não resistiu aos encantos

do Fado, emblema de uma vida cheia de "vidas", apanágio de quem ama

o seu dia-a-dia, hora, minuto e cada segundo de um percurso que ela

sempre quis apaixonado, ao abraçar cada um dos seus objetivos, como

se fosse o primeiro.

Com uma alma do tamanho do mundo, Maria Armanda  extravasa o

sentimento que habita na "cidade branca". levando-o nas asas da sua

voz "lusitana". até às mais longínquas paragens, conseguindo a

unanimidade de quem, verdadeiramente ama a vida.

Podendo ser ouvida, regularmente, no ambiente tradicional do Fado, em Lisboa, cantou em quase toda a Europa; Brasil. Venezuela e Canadá, que são lugares familiares ao seu talento; os principais programas de TV, não prescindem da sua forte presença, canta grandes poetas e músicos portugueses, e a sua afirmação continua a ser uma constante, procurando o sucesso, pela sua maneira de ser e de viver, em cada disco que grava, em cada presença no palco.

Fez parte, com outros fadistas, de um grupo intitulado “Entre Vozes”, que em qualquer das sua formações, conseguiu assinalável êxito, culminado com a edição de excelente discografia..

​Seleção de fontes de informação:

Origem: Editora Strauss

http://www.g-sat.net/todos-os-fados-de-a-a-z-historia-2128/fado-alexandrino-do-noquinhas-210795.html

 

 

Fado Alexandrino do Noquinhas

Fado do amanhã

​Letra:        Vasco de Lima Couto

Música:     Fernando Freitas

Intérprete: Maria Armanda



Quando todos no cais,

com lágrimas de sol,
Acenarem os lenços,

como pontos esguios,
E tu ansiosamente,

procurares os meus olhos,
Hás-de encontrá-los secos,

abismados e frios!

Verás neles o luar,

numa estrada da vida,
Às cinco da manhã,

de um Outono qualquer...!
E verás os soluços,

que a brandura prendeu,
E tudo o que fui eu,

para o tempo crescer!

Vingarei o silêncio,

o mesmo silêncio,
Deixando a minha dor,

a um canto da amurada,
Pois, como tu traí,

de começar de novo,
A alegria que um dia,

partiu de madrugada!

Intérprete:  Maria Armanda
Título  Fado: do amanhã
Autor da Letra:  Vasco de Lima Couto
Autor da Música:  Fernando Macedo de Freitas
Guitarra Portuguesa:  António Chainho e Armindo Fernandes
Viola:  José Maria Nóbrega
Viola-baixo:  Pedro Nóbrega
Data da 1ª edição:  1975

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