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Fado Alexandrino do Estoril

Fado em modo menor, que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

​Adquiriu o nome do seu autor, Gabino Ferreira, um dos maiores intérpretes que o Fado conheceu!

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​Pequena biografia do autor:


                                                                                                                                  Gabino Ferreira

Gabino Ferreira, nasceu no Porto, freguesia do Bonfim, em 1922.

Aos 14 anos, começa a cantar o Fado, em festas nas coletividades e de

beneficência.

Aos 16 anos, estreou-se no Café Portugal, chamado a "Catedral do Fado"

portuense, e foi sendo solicitado para atuar noutros locais; por esta

altura, até lhe chamavam o “Miúdo do Bonfim”.

Em 1940, com 18 anos, é tal o seu prestígio, que é convidado a atuar no

espetáculo "Glória a Portugal" apresentado no Porto, em vários recintos,

em comemoração do aniversário da Fundação e da Restauração da

Nacionalidade.

Em 1942, com 20 anos, decide vir para Lisboa, estreando-se na Esplanada Luso (ex-Retiro da Severa), mais tarde é contratado para Café Luso, já na Travessa da Queimada, altura em que o elenco era dos mais aceites pelo grande público, como Filipe Pinto, Maria do Carmo Torres, Júlio Vieitas, Fernando Farinha, Frutuoso França, Mário José Paninho e outros mais.

Cantou também no Retiro dos Marialvas, atuou em quase todos os restaurantes típicos da época, tendo, finalmente, sido contratado para “A Severa” como gerente artístico.

No programa radiofónico "Vozes de Portugal", cantou também ao lado de Berta Cardoso, Maria Cármen, Quinita Gomes e Moisés Campelos.

Simultaneamente, tem outra profissão, e opta por abandonar a vida artística profissional, numa fase da sua carreira em que era considerado um dos grandes intérpretes do Fado do seu tempo.

Não deixou, porém, de cantar e, hoje, quando aparece nas tertúlias fadistas, continua a deliciar-nos quando canta o Fado como ele o faz.
 

​​Gravou dois discos (long play) , um em 1979, (Fado da Velha Guarda), e outro em 1980, (Fados e Saudades de Gabino Ferreira).

Dispõe de um vasto reportório, tais como: Quem Não Tem Mãe Não Tem Nada, Vamos Para as Hortas, Juventude, O Fado Está Doente, A Praga Que te Rogo, Ri Sempre!, A Vida É Uma Tacada, Carta do Hospital, Despedida, Esposa Ideal, Incertezas do Tempo, Três Fases (Partida, Ausência e Chegada), Lenda da Amendoeira, Até Logo!, Escravos e Donos, e Cabelo Branco e Alfama, etc.

Gabino Ferreira foi casado com Ana Lala, natural deSerpa e que também cantava o Fado, que faleceu em Outubro de 2004, facto que muito o abalou.

​Textos com adaptações com origem em: Lisboa no Guiness.

Pequena biografia do poeta:

                                                                                                                                   Carlos Conde

 

 

 

Poeta popular português, nasceu a 22 de Novembro de 1901, no Lugar

do Monte na Murtosa (Aveiro), e faleceu a 13 de Julho de 1981, em

Lisboa.

É considerado um dos maiores letristas de fado de todos os tempos.

Ainda criança veio morar para Lisboa. Casou, em 1936, com Laura dos

Santos e o casal teve três filhas. Mas uma tragédia abateu-se sobre a

família: duas delas morreram por doença, o que, naturalmente, o

transtornou muitíssimo. Carlos Conde viveu bem a cidade. Começou

por escrever letras em cegadas, mas o seu talento acabou por ser reconhecido, aparecendo regularmente na imprensa da época, sobretudo a especializada, quer em entrevistas quer em artigos assinados pelo próprio. O fado foi a sua grande paixão.

Apesar de não ser adepto de grandes noitadas, frequentava as mais importantes casas típicas do seu tempo. Lugares como Perna de Pau, A Parreirinha de Alfama, O Faia, Adega Mesquita, Adega Machado, A Tipóia, o Café Luso ou o Quebra-Bilhas. E escreveu largas centenas de letras que integraram o reportório de alguns dos mais importantes fadistas: Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Ercília Costa, Argentina Santos, Fernando Maurício, João Ferreira Rosa, Lucília do Carmo, Fernanda Maria, Frutuoso França, Maria Amélia Proença, Carlos do Carmo, Maria da Fé ou Alcindo Carvalho, entre outros. Aliás, alguns destes fadistas foram homenageados por Carlos do Conde no conjunto de quadras com os seus nomes, publicada na revista Plateia.

Entre as muitas letras de fado que Carlos do Conde escreveu, algumas tornaram-se autênticos clássicos, que se ouvem regularmente nas casas do fado. Entre outras, "Não Passes com Ela à Minha Rua", "Fado da Bica", "Feira da Ladra", "Sótão da Amendoeira", "Saudades do fado" ou "A Saudade é Minha". As letras de Carlos do Conde contam por vezes histórias de um tempo ausente. Uma função que se revelou essencial para a preservação da memória de lugares, personagens e acontecimentos ligados ao fado. Outras são retratos de época, pequenos episódios corriqueiros do dia-a-dia que se não fossem os seus fados ficariam esquecidos. O seu talento foi reconhecido em vida, com mais de uma vintena de prémios. O primeiro foi em 1927, no concurso de quadras do Diário de Lisboa.

Seguiram-se muitos outros, sobretudo nos então muito frequentes jogos florais. Em 1958, quando completou 50 anos, foram-lhe prestadas diversas homenagens, em festas no Café Luso, Adega Mesquita e no Grupo Desportivo do Banco Espírito Santo. Em 1972, Carlos Conde sofreu, pela segunda vez, um acidente vascular cerebral, que lhe deixou uma das pernas imóvel. Contudo só viria a morrer nove anos mais tarde e de forma muito mais drástica: estava numa esplanada em Campolide, com dois amigos, quando um automóvel invadiu o passeio e os atingiu.

No poema, Fadistas Rezai por Mim, deixa uma espécie de testamento: "Deixo ao fado o meu carinho / p'ra que ele não tenha fim / Guitarras, trinai baixinho, / Fadistas, rezai por mim." Além do enorme património do fado que são as suas letras, Carlos Conde deixou descendência. Um dos seus netos, Vítor Conde, é fadista, e um bisneto, Paulo Conde, já publicou dois livros dedicados à sua vida e obra.

Vítima de um trágico acidente de viação, Carlos Conde virá a falecer em Julho de 1981.

 

Seleção de fontes de informação:

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=280
 

 

Fado Alexandrino do Estoril

O Fado está doente

Letra:              Carlos Conde

Música:           Gabino Ferreira

Intérprete      :Gabino Ferreira

O Fado está doente,

adoeceu o Fado,
Quando hoje o visitei,

quedei-me em sobressalto...!
 

Ao vê-lo triste e só,

com a guitarra ao lado,
Numa casa qualquer,

ali no Bairro no Alto!   (bis)

É triste a sua dor,

profundo o seu abalo,
Saudoso do seu tempo

alegre, de conquistas,
 

O Fado está doente,

é preciso salvá-lo,
Com o gosto do povo

e a alma dos fadistas!   (bis)

Está muito abatido,

eu nem o conhecia,
Ele, o Imperador,

ali da Madragoa,
 

O Príncipe de Alfama,

o Rei da Mouraria,
E, acima de tudo,

o Senhor de Lisboa!   (bis)

Fadistagem de garra,

altiva e bem unida,
Se o Fado é muito nosso,

é grande, é imortal!
 

Nós temos o dever,

de lutar pela vida,
Da mais bela canção

que existe em Portugal!   (bis)

 

Intérprete:  Gabino Ferreira
Título:  O Fado está doente
Autor da Letra:  Carlos Conde
Autor da Música:  Gabino Ferreira
Guitarra Portuguesa:  António Parreira e José Luís Nobre Costa
Viola:  Francisco Gonçalves
Viola-baixo:  Raul Silva
Data da 1ª edição:  1981

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