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Fado Alexandrino da Laranjeira

Fado em modo menor, que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

Composto pelo cantador Alfredo Rodrigo Duarte ( Marceneiro ), devendo esse nome a uma das primeiras letras nele cantada, da autoria de Júlio César Valente, que narrava uma história de amor, escrita no tronco de uma laranjeira.
 

Pequena biografia do compositor:

                                                                                                                              Alfredo Marceneiro

Alfredo Rodrigo Duarte, nasceu em Lisboa, em 25 de Fevereiro de 1891,

na freguesia de Santa Isabel, onde viria a falecer em 26 de Junho de 1982.

Alfredo Marceneiro, foi um fadista português, que marcou uma época!

Detentor de uma voz inconfundível tornou-se um marco deste género da

canção em Portugal, quer como intérprete, quer como compositor.

Filho de uma família muito humilde, com a morte do pai quando ele tinha

13 anos, começou a trabalhar como encadernador para ajudar o sustento

da sua mãe e irmãos.

Desde pequeno, sentia grande atracão para a arte de representar e para a

música. Junto com amigos começou a dar os primeiros passos cantando o

fado em locais populares, começando a ser solicitado pela facilidade que cantava e improvisava a letra das canções.

Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão.

Em 1924 , participa no teatro S. Luís, em Lisboa , na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.

Mantém a sua profissão de marceneiro, e só em 1943, se torna fadista profissional.

Em 1948, foi consagrado o Rei do Fado, no Café Luso.

Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou, destaca-se a "Casa da Mariquinhas", com versos da autoria do jornalista e poeta João Silva Tavares, na popular música do Fado Corrido, estilado à sua maneira.

Em 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.

Origem: Vítor Duarte ( Marceneiro )



                                                                                                                   

Pequena biografia do autor:                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   Fernando Maurício                  
Fernando da Silva Maurício nasceu em Lisboa na Rua do Capelão, em pleno

coração da Mouraria em 21 de Novembro de 1933.
Oriundo de uma família centenária naquele bairro, com apenas oito anos

de idade cantava já numa taberna da sua rua, o Chico da Severa, onde se

reuniam os fadistas que regressavam das festas de beneficência, então

frequentes, onde participavam graciosamente.
Desses tempos idos da infância recorda com saudade as fugas de casa de

seus pais, nas madrugadas em que “abria o ferrolho, abria a porta pela

surdina e ia para a taberna. Eles (os artistas) iam para ali matar o bicho e

de vez em quando tocavam ali um fadinho. Eu tinha uma paixão pela

guitarra. Era uma loucura. Punham-me em cima de uma pipa e eu

começava para ali a cantar...parecia um papagaio...”
Em 1947, com apenas 13 anos de idade, trabalhava já como manufator de calçado e cantava em associações de recreio quando se organizou, no “Café Latino” o concurso de Fados “João Maria dos Anjos”. Depois de obter um meritório 3º lugar iniciaria, nessa época, com uma autorização especial da Inspeção dos Espetáculos, a sua carreira profissional.
Em 29 de Junho do mesmo ano, participa já na Marcha Infantil da Mouraria representando o Conde Vimioso com Clotilde Monteiro no papel de Severa.
Foi então contratado pelo empresário José Miguel para atuar aos fins-de-semana nas casas que ele, por essa altura explorava, designadamente o “Café Latino”, o “Retiro dos Marialvas”, o “Vera Cruz” e o “Casablanca” no Parque Mayer.
Depois de profissionalizado cantou, nos anos 50 no “Café Luso”, no Bairro Alto, na “Adega Machado” e na casa típica “O Faia”.
Nos anos 60 e 70, casas como a “Nau Catrineta”, a “Kaverna”, “O Poeta”, a “Taverna d’El Rey” e, novamente, o “Café Luso”, conquistaram novos públicos com as atuações daquele a que o destino apelidaria de Rei do Fado. Na década de 80, esta sorte bateria à porta da “Adega Mesquita”.
Durante cerca de 20 anos Fernando Maurício cantou em programas de Fados na Emissora Nacional, atuou na RTP, gravou discos, obteve prémios – Prémio da Imprensa (1969) e os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da Imprensa (1985/1986) – tendo participado em inúmeros espetáculos no estrangeiro: Luxemburgo, Holanda, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos.
Da discografia gravada destacam-se, para além dos Fados com Francisco Martinho e da participação em inúmeras coletâneas de Fado, os discos, atualmente disponíveis no mercado: “De Corpo e Alma Sou Fadista” (Movieplay, 1984), “Fernando Maurício, Tantos Fados Deu-me a Vida” (Discossete, 1995), “Fernando Maurício, Os 21 Fados do Rei” (Metro-Som, 1997), “Fernando Maurício”, col. “O Melhor dos Melhores” (Movieplay, 1997) e, finalmente, “Fernando Maurício”, Clássicos da Renascença (Movieplay 2000).
Despreocupado em relação à necessidade de uma regular carreira discográfica, e dotado de um perfil pleno de abnegação e humanismo, Fernando Maurício cantou, durante toda a sua vida, em centenas de festas de beneficência, por todo o país.
Considerado o maior fadista da sua geração, possuidor de uma das mais originais vozes de Fado, a sua vasta carreira fez dele Rei do Fado e da Mouraria.
Recusando os galões, Fernando Maurício manteve-se fiel a uma simplicidade autêntica, preferindo manter-se ligado às raízes, ali mesmo na Mouraria, que visitava diariamente.
Ali revia os amigos da sua juventude: das cantorias, dos bailaricos de Verão, das cegadas na Adega do Luís Saloio, dos passeios pela Praça da Figueira, a ver os magalas e as sopeiras, do futebol, do jogo da Laranjinha e do Rei Mandado, da malandrice, dos banhos no Chafariz da Guia, das correrias a Alfama, da Calçada de Santo André até à Rua da Regueira, das brincadeiras no Tejo, onde aprendeu a nadar.
Desses tempos recorda com saudade: “havia uma padaria na Rua do Capelão onde eu nasci e nós naquela altura - nos anos 40 - dormíamos todos na rua. De manhã levantávamo-nos e íamos lavar a cara ao Chafariz da Guia. Eram muitos amigos que eu tinha. Tínhamos uma equipa de futebol e jogávamos à bola na Rua do Capelão. Entre o Capelão e a Guia. Jogávamos descalços. Nessa padaria havia cestos de verga com pão quentinho, acabadinho de sair do forno. De madrugada, enquanto o padeiro trabalhava, encostávamo-nos à porta e tirávamos uns pães. Era uma época muito má. Corriam os tempos da guerra. Nós éramos 5 irmãos, depois nasceram os dois mais novos. A minha mãe era do Bonfim, do Porto. Lavava roupa para ajudar em casa”.
Aos amigos e à família estima acima de tudo. A filha, Cláudia, a quem Amália Rodrigues costumava apelidar de Rainha Cláudia, é, para Fernando Maurício, motivo de um imenso orgulho.
Com os amigos – o Zé Brasileiro, o Calitas, o Lenine e outros tantos - adora partilhar memórias, perder o tempo em conversas longas, ao sabor de um baralho de cartas, evocando as memórias de um quotidiano vivido no bairro da Mouraria.
Fernando Maurício faleceu a 15 de Julho de 2003.
Observações:
Em Junho de 1989, Amália Rodrigues descerrou, na Rua do Capelão, duas lápides evocativas das vozes emblemáticas da Mouraria - Maria Severa Onofriana e Fernando da Silva Maurício.
Em 31 de Outubro de 1994, a comemoração das bodas de ouro artísticas de Fernando Maurício acontece no Teatro Municipal de S. Luiz, numa Festa de Homenagem promovida pela Câmara Municipal de Lisboa.
Em 12 de Maio de 2001, o Município presta-lhe nova homenagem no Coliseu dos Recreios em Lisboa sendo-lhe atribuído, pela Presidência da República, o título honorífico da Comenda de Bem Fazer.
A 5 de Fevereiro de 2004, num espetáculo intitulado “Boa Noite Solidão”, o Município presta-lhe uma homenagem póstuma no Coliseu dos Recreios de Lisboa, com a participação de inúmeros colegas do Fado. As receitas deste espetáculo revertem na sua totalidade para a família do fadista Fernando Maurício.
Excerto do texto “O Fado é o meu bairro”, Lisboa, CML, 2001; atualizado com informação após o falecimento do fadista.

Seleção de fontes de informação:

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=301


Última atualização: Abril/2008


Fado Alexandrino da Laranjeira

Pergunta a Quem Quiseres

​Letra:           Mário Raínho

Música:        Marceneiro

​Intérprete:   Fernando Maurício

Pergunta a quem quiseres,

ao vento à madrugada,
Se deixei de te amar,

se acaso te esqueci,
 

Pergunta até às flores,

quando a noite orvalhava,
Se não eram meus olhos

a chorarem por ti!

Pergunta à verde cor,

dos sonhos que sonhei,
À lua, aos lábios frios,

que beijei e esqueci,
 

Pergunta à minha dor,

quantos fados cantei,
Nos mil dias vazios,

em que esperei por ti!

Pergunta à ilusão

das luas do pecado,
Aos amores que não quis

e que deixei p´r’aí,
Pergunta à solidão

do meu quarto alugado,
Se as loucuras que fiz,

não foi pensando em ti!

Intérprete  Fernando Maurício
Título  Pergunta a quem quiseres
Autor da Letra:            Mário Rainho
Autor da Música:        Marceneiro
Guitarra Portuguesa: Manuel Mendes

e Alcino Frazão
Viola  Mário Pacheco
Viola-baixo  Júlio Garcia
Data da 1ª edição  1984

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