top of page
Fado Alberto

Não passes com ela à minha rua
Letra:               Carlos Conde

Música:            Miguel Ramos

Repertório:        Fernanda Maria

Ao fim de tantos anos de ser tua
Amaste outra, casaste, foste ingrato

Vi-te passar com ela à minha rua
Abracei-me a chorar ao teu retrato  (bis)

 

 

 

Podia insultar-te quando te vi
Ferida neste amor supremo e farto

Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto  (bis)

 

 

 

Eu bem sei que me tentas convencer
Mas o que me propões, não é bastante

Se não servi, p'ra ser tua mulher
Também não devo ser a tua amante  (bis)

 

 

 

Casaste, sê feliz, Deus te proteja
Não te desejo mal, e tanto assim

Que não tenho ciúme nem inveja
Como a tua mulher teve de mim  (bis)

 

 

 

Mas olha meu amor, eu não me importa
Antes que fosses dela, eu já fui tua

Podes sempre bater à minha porta
Mas não passes com ela à minha rua  (bis)

 

 

 

Intérprete  Fernanda Maria
Título  Não passes com ela à minha rua
Autor da Letra  Carlos Conde
Autor da Música  Miguel Ramos
Guitarra Portuguesa  Jaime Santos
Viola  Martinho d´Assunção
Viiola-baixo  Liberto Conde
Data da 1ª edição  1968
 

​Fado Alberto

Um fado em modo menor, que adquiriu o nome do cantador para o qual foi feito, Alberto Correia, sendo seu autor o violista Miguel Ramos. É aplicado no canto de estrofes de quadras em decassílabos.
 

       

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                        Miguel Ramos

​Miguel Ramos, nasceu em Lisboa em 1901, onde veio a falecer em 1973.

É o irmão mais jovem do saudoso guitarrista e compositor, Casimiro Ramos.

Violista de fado, também foi ( como o seu irmão ), compositor de fados como

Fado Alberto, Fado Margarida, Fado Helena ,Fado Oliveira ou da Freira, etc.

A observar que o Fado Alberto, foi e ainda é, um fado muito gravado,

​​​​existindo mais de 40 gravações (em suporte CD ) deste fado.

Alguns dos seus fados, foram compostos em parceria com o seu irmão,

sendo a autoria de alguns desses fados atribuíram, por vezes, ora a um, ora

a outro dos irmãos "Pinóia".

Miguel Ramos, foi considerado um artista de referência, e era admirado pelos fadistas, violistas e guitarristas, entre os quais Martinho d'Assunção Júnior e José Nunes.

Tal como o seu irmão, acompanhou grandes vozes do Fado, em casas de fado, espetáculos e na gravação de fonogramas.

Tocava com unhas postiças. O seu estilo interpretativo caracterizava-se pela clareza na articulação das notas, a ressonância dos bordões e acordes, tanto no acompanhamento de fadistas, como de instrumentais, adaptando o percurso harmónico ao gosto de cada fadista; nos instrumentais, utilizava um acompanhamento harmónico mais enriquecido, notavelmente articulado com as guitarras, contra cantos, e a percussão ( utilizando a caixa de ressonância da viola ).

Durante muitos anos, foi tocador privativo do Restaurante “A Tipóia”, no Bairro Alto.

 

 


Seleção de fontes de informação:

 

http://www.g-sat.net/todos-os-fados-de-a-a-z-historia-2128/fado-alberto-208297.html

 

 

 

 

Pequena biografia do poeta:                                                                                      Carlos Conde

Poeta popular português, nasceu a 22 de Novembro de 1901, no Lugar do Monte

na Murtosa (Aveiro), e faleceu a 13 de Julho de 1981, em Lisboa.

 

É considerado um dos maiores letristas de fado de todos os tempos. Ainda criança

veio morar para Lisboa. Casou, em 1936, com Laura dos Santos e o casal teve três

filhas. Mas uma tragédia abateu-se sobre a família: duas delas morreram por doença,

o que, naturalmente, o transtornou muitíssimo. Carlos Conde viveu bem a cidade.

Começou por escrever letras em cegadas, mas o seu talento acabou por ser

reconhecido, aparecendo regularmente na imprensa da época, sobretudo a

especializada, quer em entrevistas quer em artigos assinados pelo próprio. O fado foi a sua grande paixão. 

Apesar de não ser adepto de grandes noitadas, frequentava as mais importantes casas típicas do seu tempo. Lugares como Perna de Pau, A Parreirinha de Alfama, O Faia, Adega Mesquita, Adega Machado, A Tipóia, o Café Luso ou o Quebra-Bilhas. E escreveu largas centenas de letras que integraram o reportório de alguns dos mais importantes fadistas: Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Ercília Costa, Argentina Santos, Fernando Maurício, João Ferreira Rosa, Lucília do Carmo, Fernanda Maria, Frutuoso França, Maria Amélia Proença, Carlos do Carmo, Maria da Fé ou Alcindo Carvalho, entre outros. Aliás, alguns destes fadistas foram homenageados por Carlos do Conde no conjunto de quadras com os seus nomes, publicada na revista Plateia. 

Entre as muitas letras de fado que Carlos do Conde escreveu, algumas tornaram-se autênticos clássicos, que se ouvem regularmente nas casas do fado. Entre outras, "Não Passes com Ela à Minha Rua", "Fado da Bica", "Feira da Ladra", "Sótão da Amendoeira", "Saudades do fado" ou "A Saudade é Minha". As letras de Carlos do Conde contam por vezes histórias de um tempo ausente. Uma função que se revelou essencial para a preservação da memória de lugares, personagens e acontecimentos ligados ao fado. Outras são retratos de época, pequenos episódios corriqueiros do dia-a-dia que se não fossem os seus fados ficariam esquecidos. O seu talento foi reconhecido em vida, com mais de uma vintena de prémios. O primeiro foi em 1927, no concurso de quadras do Diário de Lisboa. 

Seguiram-se muitos outros, sobretudo nos então muito frequentes jogos florais. Em 1958, quando completou 50 anos, foram-lhe prestadas diversas homenagens, em festas no Café Luso, Adega Mesquita e no Grupo Desportivo do Banco Espírito Santo. Em 1972, Carlos Conde sofreu, pela segunda vez, um acidente vascular cerebral, que lhe deixou uma das pernas imóvel. Contudo só viria a morrer nove anos mais tarde e de forma muito mais drástica: estava numa esplanada em Campolide, com dois amigos, quando um automóvel invadiu o passeio e os atingiu. 

No poema, Fadistas Rezai por Mim, deixa uma espécie de testamento: "Deixo ao fado o meu carinho / p'ra que ele não tenha fim / Guitarras, trinai baixinho, / Fadistas, rezai por mim." Além do enorme património do fado que são as suas letras, Carlos Conde deixou descendência. Um dos seus netos, Vítor Conde, é fadista, e um bisneto, Paulo Conde, já publicou dois livros dedicados à sua vida e obra.

Seleção de fontes de informação:  Diciopédfia, http://www.portaldofado.net/content/view/2131/427/lang,pt/

Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                           Fernanda Maria

 Maria Fernanda Carvalheira dos Santos nasceu na freguesia do Socorro, Hospital de        

S.José em  06 de Fevereiro de 1937. O seu pai era tipógrafo e cantava muito bem o Fado,
e segundo Fernanda Maria deverá ter sido com ele que apanhou o compasso e o gosto
pelo Fado.
Desde muito nova, 12/13 anos, empregou-se a servir à mesa, na "Adega Patrício", de
que era proprietária a fadista Lina Maria Alves. Mais tarde passou para o restaurante de
Argentina Santos, a "Parreirinha de Alfama", e foi ali, naquele espaço tão especial, que
surgiu uma das maiores intérpretes do género, símbolo do mais puro estilo fadista.
Fernanda Maria começa a sentir o apelo de cantar e incentivada pelos frequentadores

das casas onde servia àmesa, descobre a sua vocação. Impulsionada por Alfredo Lopes inicia os testes para a Emissora Nacional efeitas as devidas provas estreia-se no Serão para Trabalhadores, emitido a partir da Voz do Operário. Em 1957 tira a carteira profissional e para além dos programas na Emissora Nacional passa a participar em variados espetáculos como o "Passatempo APA" no Cinema Éden, "Do Céu Caiu uma Estrela" no Òdeon, e o "Comboio das 6h30" no Capitólio. Uns dos momentos que Fernanda Maria recorda com mais saudade são os espetáculos de variedades realizados no Pavilhão dos Desportos e no Coliseu dos Recreios.
Por motivos de vida familiar recusou muitos convites ao estrangeiro, mantendo as suas atuações assíduas nas casas de Fado "A Severa", "Toca", "Nau Catrineta" e "Viela" até se fixar no seu próprio espaço, a casa típica "Lisboa à Noite", que abriu em 1964, e deixou após o falecimento do seu marido, Romão Martins. Passaram por este espaço grandes nomes do género, Manuel de Almeida, Manuel Fernandes, Tristão da Silva, Alice Maria, Maria da Fé, Cidália Moreira, entre outros.
A primeira gravação de disco deu-se quando atuava na "A Severa" e mais tarde gravou também pelas
editoras Valentim de Carvalho e Alvorada. A convite do empresário José Miguel, Fernanda Maria integra o
elenco da revista "Acerta o Passo" (1964) junto de Ivone Silva, contudo foi uma breve passagem, já que a
fadista não se fascina por esta arte e pelos grandes palcos.
Foi acompanhada por grandes instrumentistas: Pais da Silva, Acácio Rocha, Jaime Santos, Carvalhinho,
Martinho D´Assunção, Raul Nery, Fontes Rocha, Joel Pina.
Fernanda Maria, voz carismática e peculiar, tem como principais referências Argentina Santos e Maria
Teresa de Noronha, pelas quais nutre um enorme respeito e admiração. Do seu vasto repertório fazem parte versos de grandes poetas, casos de: Linhares Barbosa, Nelson de Barros, Frederico de Brito, João Dias e Carlos Conde, dos quais resultaram grandes sucessos tais como "Não passes com ela à minha rua", de Carlos Conde, e "Zanguei-me com o meu amor" de Linhares de Barbosa.
Símbolo máximo do Fado castiço, Fernanda Maria é distinguida em 1963 com o Prémio da Imprensa, na
categoria Fado e em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira Feminina.
 

Seleção de fontes de informação:
 

Museu do Fado - Entrevista realizada a 14 de Novembro/2006.
Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado" Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.
 

Última atualização: Dezembro/2007

carlos_conde.jpg
bottom of page