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Fado Loucura

Belos Tempos
Letra:                Fernando Farinha

Música:             Júlio de Sousa

Intérprete:          Fernando Farinha

Belos tempos que eu vivi
Com oito anos de idade
Quando no fado apareci
Ambição, sonho querido
Em que eu fiz desta canção
O meu brinquedo preferido

De muito novo assentei praça no fado
E com as praças antigas, aprendi a ser soldado
Passei a pronto, fiz do fado a minha luta
E agora tenho saudade de quando eu era recruta

 

 

Belos tempos, quem me dera
Voltar à velha unidade
Do retiro da Severa
Ter ainda o carinho
Desse grande comandante
Que se chamou Armandinho

 


Ver novamente cantadores e cantadeiras
Naquele grupo valente que deu brado nas fileiras
E ouvir também alguém chamar na parada
Pelo Miúdo da Bica, e eu responder à chamada

Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                             Fernando Farinha
Fernando Tavares Farinha nasceu no Barreiro a 20 de Dezembro de 1928, embora no

seu Bilhete de Identidade seja indicada a data de 5 de maio de 1929. Quando tinha

apenas 8anos a família muda de residência para o bairro da Bica, em Lisboa.
Em 1937, com apenas nove anos de idade começou a cantar o Fado e participou em

representação do bairro da Bica num concurso inter- bairros, o que lhe valeu o subtítulo

que ficou por toda a sua vida - o " Miúdo da Bica ". Fernando Farinha começou assim a

cantar nesse concurso realizado na verbena de Santa Catarina de que era proprietário

José Miguel.
Quando tinha 11 anos o seu pai faleceu e, com uma licença especial e ajuda do empresário José Miguel, Fernando Farinha tornou-se fadista profissional, contribuindo com os seus cachets para o sustento familiar.
Desta forma foi contratado pelo mesmo empresário para cantar nas verbenas do Alto do Pina, Ajuda, Santo Amaro e outras, a que se segue a sua primeira integração num elenco de casa de Fado, no Café Mondego, situado na Rua da Barroca.
O seu primeiro disco foi gravado em 1940 e incluía os temas: “Meu Destino” e “Sempre Linda”. No ano seguinte, 1941, fará a sua estreia na revista, participando na revista “Boa vai ela”, no Teatro Maria Vitória. Voltará apenas a atuar mais uma vez em teatro de revista, muitos anos mais tarde, em 1963, na peça “Sal e Pimenta”.
Após a passagem pelos palcos e o lançamento do seu primeiro disco, Fernando Farinha volta a apresentar-se no circuito de casas típicas, passando pelo “Retiro da Severa”, “Solar da Alegria”, “Café Latino” ou “Café Luso”, entre outros espaços.
Fernando Farinha faz a sua primeira digressão ao Brasil com 23 anos. Permanece quatro meses nesse país, contratado para atuar na “Taverna Lusitana”, na Rádio Record e na TV Tupi de São Paulo. Quando regressa a Portugal integra o elenco da “Adega Mesquita”, onde permanecerá a partir de 1951 por um período de onze anos.
Em 1960 ganha o concurso "A Voz Mais Portuguesa de Portugal " e, no mesmo ano, festeja as suas Bodas de Prata artísticas, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e depois no Palácio de Cristal, no Porto.
Em 1961 é-lhe atribuída a 2º classificação no concurso Rei da Rádio, no ano seguinte recebe a Taça Rei da Rádio de 1º classificado e, no ano de 1963, o Óscar da Casa da Imprensa para o melhor fadista.
Fernando Farinha filmará a sua história na película "O Miúdo da Bica ", num filme realizado por Constantino Esteves que se estreia no Éden em Julho de 1963. No ano seguinte, 1964, o mesmo realizador apresentará o filme "A Última Pega", com Leónia Mendes, Fernando farinha, Júlia Buisel, Cunha Marques e Vicente da Câmara.
Em 1965 é convidado a atuar em Paris, para os emigrantes portugueses e no mesmo ano deslocou-se ao Canadá e Estados Unidos da América onde voltou posteriormente devido ao êxito ali alcançado. Nas décadas seguintes será sobretudo para as comunidades emigrantes da Europa e da América do Norte que Fernando Farinha atuará, fazendo espetáculos na Bélgica, França, Alemanha, Estados Unidos e Canadá.
Para além de ter popularizado temas como “O Miúdo da Bica” ou “Fado das Trincheiras”, o fadista foi também autor e compositor de muitos temas, os quais estão registados na Sociedade Portuguesa de Autores.
Alguns temas da sua autoria que interpretou com grande sucesso foram o “Belos Tempos”, “Eu ontem e hoje”, “Um Fado a Marceneiro”, “Estações de Amor” ou “Cinco Bairros”. Mas muitos desses temas que criou foram interpretados por outros intérpretes, como é o caso de “O teu olhar”, interpretado por Carlos Ramos; “Lugar vazio”, cantado por Tony de Matos e Hermínia Silva; “Fado Rambóia” e “Já não tens coração”, popularizados por Manuel de Almeida; ou ainda “Isto é Fado”, cantado por Fernanda Maria, apenas para citar alguns exemplos.
Fernando Farinha gostava também de fazer caricaturas dos seus colegas e companheiros de profissão, aos quais oferecia muitas vezes os resultados desta sua arte.
O fadista faleceu a 12 de Fevereiro de 1988.
Observações:
A Câmara Municipal de Lisboa, no intuito de perpetuar a memória do fadista, atribuiu o seu nome a um arruamento da Freguesia de Marvila.

Seleção de fontes de informação:

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=221

 

 


Última atualização: Abril/2008

​Pequena biografia do autor:

​                                                                                                                                          Júlio de Sousa

Nascido em Lisboa, freguesia de Santos-o-Velho, Júlio de Sousa conclui o curso de

Belas Artes com 23 anos e dedica-se à ilustração de revistas e de capas de livros,

ao desenho de figurinos para o teatro, à cenografia, à pintura e à escultura, e

alcança grande sucesso com as caricaturais de barro e, mais tarde, de bonecos de

trapo.

A par destas actividades Júlio de Sousa foi também declamador, compositor e poeta, com vários livros de poemas publicados, entre os quais: “Jogo Perdido” (1956), “História da Menina Triste”, “Saudade Vai-te Embora” (1963) e “Beijei a Lua” (1965).

Foi proprietário de uma casa de fados na Rua da Barroca, que manteve durante uns anos, onde expunha os seus trabalhos e declamava versos, envergando uma capa preta, acompanhado ao piano por Mariana Silva.

É autor de alguns fados, um dos quais imortalizado pela sua irmã, a fadista Maria Amélia, o “Fado da Loucura”. Outro ainda, “Saudade, Vai-te Embora”, criado por Fernando Maurício.

Selecção de fontes de informação:
 

Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, o Fado e os Fadistas”, Lisboa, Vega;
Guinot, M., Carvalho, R., Osório, J.M. (1999) “Histórias do Fado”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube.

Última actualização: Maio de 2008

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