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Fado Franklim 4ª

Vi Partir o Meu Amor
Letra:                João Ferreira Rosa
Música:             Franklim Godinho
Intérprete:          João Braga

 

 

 

Vi partir o meu amor
Para o outro lado do rio (bis)

Mas digo seja a quem for
Que o meu amor não partiu (bis)
 

 

Manhã cedo foi-se embora
Disse-me adeus sem me olhar (bis)

Penso nela a toda a hora
Pois já sei que há-de voltar (bis)
 

 

Os fados que lhe cantava
Eram bem nossos somente (bis)

E o tempo para nós parava                                                                

Hoje canto para toda a gente (bis)
 

 

E tudo o que existe em mim
Nada a consegue esquecer (bis)

Nem esta dor sem ter fim                                                                       

Nem meu olhar sem a ver (bis)
 

Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                                João Braga
Filho de Óscar José da Costa Braga e de Maria de Lurdes de Oliveira e Costa,
João Braga nasce em Lisboa, na antiga Rua da Creche, (hoje Rua José Dias Coelho),
em Alcântara, no dia 15 de Abril de 1945, quando a Segunda Guerra Mundial está
prestes a terminar.
Oriundo de uma família de três irmãos, João Braga faz os primeiros estudos no
Colégio São João de Brito onde, por curiosidade, canta pela primeira em público, a
solo, aos nove anos de idade, (1954), aquando da inauguração da cripta da igreja do
colégio.
Rende-se ao rock´n´roll, jazz e bossa-nova, no limiar da sua adolescência, que ouve pela primeira vez em
casa do pai de um amigo. A partir de então, cada vez mais rendido, começa a adquirir gravações destes
géneros musicais: "...estavam a criar, na minha opinião, a música mais bonita do séc. XX que é o bossa-nova e então só pela descrição daquilo (...) parti o meu mealheiro e dei-lhe as minhas economias para ele trazer aquilo tudo em discos de bossa-nova”, confidenciou em entrevista.
Em 1963 abandona o curso de direito para, como o próprio confessa, começar a "cantar ao Fado" no Galito (Estoril, 18 Março 1963), já que até aí cantara "a muitas outras músicas" (Sinatra, Roy Orbison, Nat "King" Cole, Aznavour, Everly Brothers (com Xico Stoffel), Elvis, Beatles, Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Ray Charles, e tantos outros.
Entre 1963 e 1967, (ano em que profissionaliza), João Braga desenvolve uma intensa atividade como
amador, num processo muito rico de experiências e conhecimentos que passam por casas como a Tipóia
(onde conhece Manuel de Almeida e Maria da Fé), a Adega Machado (ambas em Lisboa), mas também por cantar em inúmeras festas de beneficência e outras "fadistices.
Em Março de 1964 tem a sua primeira prova de fogo fadista na Tertúlia da Festa Brava. Conhece Alfredo
Marceneiro, Lucília do Carmo, Teresa Tarouca, os poetas Manuel de Andrade e João Fezas-Vital.
Ainda em 1964 inaugura, em Junho, o Estribo Club (Birre-Cascais) como casa de Fados, em parceria com
Xico Stoffell, mudando-se ambos para o bar Cartola (Cascais), em Novembro.
1965 é o ano do seu primeiro cachet (mil escudos) nas Festas de Nossa Senhora do Castelo (Agosto, em
Coruche). Conhece Carlos Ramos, João Ferreira-Rosa e Carlos do Carmo. È convidado a cantar, juntamente com Teresa Tarouca e António de Mello-Corrêa, na festa dos 50 anos de toureio de Mestre João Branco Núncio.
Em Abril de 1966, João Ferreira-Rosa inaugura a Taverna do Embuçado, e João Braga passa a cantar aí
diariamente, começando a alcançar uma maior projeção pública. Nesse ano conhece uma das suas principais referências; Amália Rodrigues. Retomando a entrevista realizada terá as seguintes palavras: "Amália era um ser humano raríssimo e apaixonante...".
Em Dezembro de 1966 grava o primeiro disco, um EP com 4 faixas: "É Tão Bom Cantar o Fado", que sairá
para o mercado em Janeiro de 1967.
Em Janeiro de 1967, altura em que ingressa no serviço militar, profissionaliza-se como cantor. Esta evolução está patente no lançamento de mais 3 EP's. João Braga estreia-se a cantar na televisão (RTP), num programa apresentado por Júlio Isidro.
​João Braga continua a multiplicar a sua discografia, sucedem-se apresentações nos mais diversos palcos e nomeadamente na televisão.
O fadista elege um dos momentos altos da sua carreira: o convite para a coorganização do 1º Festival de Jazz em Cascais, que decorre no mês de Novembro, e que contou com as presenças, entre outros, de Miles Davis, Ornette Coleman, Charlie Haden e Keith Jarret, entre outros.
A 4 de Outubro de 1971 casa com Ana de quem virá a ter dois filhos, Filipe e Miguel.
Corre o ano de 1974 quando face ao período conturbado que o país atravessa parte para o exílio em Madrid.
De regresso a Portugal, inaugura no verão de 1976, a casa de Fado O Montinho, em Montechoro.
Na década de 70 João Braga destaca-se como um dos mais influentes intérpretes de Fado, denotando uma preocupação permanente pela inovação e progressos dos seus trabalhos. Dando mostras da sua enorme versatilidade, João Braga inaugura O Páteo das Cantigas, em 1978 (onde se manterá até 1982), e lança um novo álbum para a etiqueta Orfeu "Miserere". Participa na série de programas para a RTP, "Fado Vadio".
Percorre todo o país com espetáculos e é um dos convidados para a homenagem a Pedro Homem de Mello, no Ateneu do Porto (1979).
Revelando-se com uma figura carismática do Fado, o início da década de 80 traz-lhe um novo contrato com
a Valentim de Carvalho. È convidado a participar no Casino Estoril, numa Gala em Honra da Princesa
Grace, do Mónaco (1980) e, no Palácio de Queluz (Sala dos Embaixadores), para o Presidente do Brasil,
João Baptista Figueiredo (1981). João Braga estreia-se como autor de melodias no LP "Do João Braga para Amália".
Revelação de uma nova faceta do fadista, decorria o ano de 1987, e João Braga dedica à campanha "Timor87 - Vamos Ajudar!", destinada a angariar fundos para os refugiados timorenses na Vale do Jamor.
Mantêm-se o seu percurso na televisão (RTP2) com a gravação de um documentário "Desgarradas" com
Artur Albarran e outros convidados. Grava para a TV Globo, onde canta poemas de Fernando Pessoa. Iníci de uma estreita colaboração e amizade com Manuel Alegre que, pela primeira vez, escreve poemas inéditos para o cantor.
Em 1990 no decorrer de um espetáculo no Teatro São Luiz, é agraciado com a Medalha de Mérito Cultural
do Governo Português.
Conjuga a sua atividade de espetáculos com a de editor na revista "Eles & Elas" e na crónica semanal que
apresenta na TSF. È neste período que João Braga se destaca como um dos impulsionadores da renovação do panorama fadista, com o convite e apresentação de novos talentos no género.
Em 29 de Maio de 1992 concerto no Teatro de S. Carlos, por ocasião da Gala dos 25 anos de carreira. No
âmbito da Expo´92 em Sevilha, apresenta-se no espetáculo «100 Anos de Fado», e em Dezembro, os antigos alunos do Colégio de S João de Brito organizam-lhe uma homenagem, durante a qual é agraciado com a medalha «José Carlos Belchior».
Em 1995, aquando da Grande Noite do Fado, recebe o Prémio Neves de Sousa. Em 1996 é condecorado pelo Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, com a Medalha da Cruz Vermelha de Mérito.
Em 1997 celebração 30 anos de carreira com a realização de um concerto no Teatro de São Luiz. A cidade de Lisboa presta-lhe homenagem sendo-lhe oferecida uma gravura de Lisboa quinhentista.
João Braga inaugura, por ocasião da Expo´98, o Palco do Fado sendo também um dos convidados para a
Festa de Encerramento da Expo´98 e estreia-se com o concerto "Terra do Fado" (Land of Fado), no New
Jersey Performing Arts Center, com lotação esgotada.
Em Abril de 1999, João Braga prepara o lançamento do novo CD "100 Anos de Fado", (gravado ao vivo),
editado pela Farol e apresentado no Salão Nobre dos Paços do Concelho da CML. Canta ainda, na Gala do "Expresso", um fado-homenagem de Manuel Alegre a Amália Rodrigues e é escolhido para entregar o
Troféu dos «25 Anos, 25 Nomes» à maior cantora de sempre.
Nesse ano João Braga participa, como cantor, produtor e apresentador, no espetáculo "Amália Para Sempre", transmitido pela TVI». Em reconhecimento a uma das mais distintas carreiras de Fado, João Braga recebe, em Outubro, o Prémio Carreira entregue pela Casa da Imprensa. Em Novembro apresenta-se no Parque das Nações, no concerto "100 Dias de Fado", com Carlos Zel, Maria Ana Bobone, Miguel Sanches, António Pinto Basto e Ana Sofia Varela.
Nas celebração do 167º Aniversário do Café Martinho da Arcada, (2000) João Braga canta temas de
Fernando Pessoa e em Fevereiro, presta uma nova homenagem a Amália Rodrigues em "Porto Amália" um
espetáculo que contou com a sua colaboração como cantor, produtor e apresentador.
No âmbito da visita do Papa João Paulo II, o fadista organiza, como cantor produtor e apresentador, o
concerto "Quando o Fado é Oração".
Em Junho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho (Lisboa) apresenta o novo CD "Cantar ao Fado”,
considerado por João Braga como o seu favorito.
Em Agosto prepara a 2ª série de «100 Anos de Fado», num CD duplo gravado ao vivo no Parque das
Nações. João Braga é mais uma vez convidado a produzir e a apresentar o concerto realizado no Coliseu dos Recreios, «Uma vela por Amália», e onde revela uma nova voz de Fado, Kátia Guerreiro.
A 18 de Fevereiro de 2004, João Braga regressa, uma vez mais, ao palco do Teatro de São Luiz, para um
concerto único. Para o espetáculo convida Maria Ana Bobone e Ana Sofia Varela e os habituais músicos
José Luís Nobre Costa, Carlos Gonçalves, Jaime Santos Jr., e Joel Pina.
Como guionista e produtor musical, apresenta com José Carlos Malato, o programa "Fados de Sempre",
onde todos os temas de Fado são cantados em dueto.
Abre o ano de 2005 no grande espetáculo, organizado pela RTP1, e apresentado no Coliseu, a favor das
vítimas do tsunami de Dezembro no Continente Asiático, cantando o tema «Bem Sei».
Na entrega dos Prémios de 2004 da Associação da Imprensa Estrangeira, interpreta um dos maiores êxitos de Carlos Paredes, "Verdes Anos".
Em 2006 a RTP transmite o programa «Fados de Sempre2», da sua autoria, assinalando o regresso à
televisão portuguesa, de duas grandes vozes: Fernanda Maria e do próprio João Braga (após uma intervenção cirúrgica a que foi submetido dois meses antes).
Em Fevereiro, é agraciado pelo presidente Jorge Sampaio, numa cerimónia no Palácio de Belém, com a
"Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique", numa justa homenagem a uma das mais distintas figuras
nacionais.
Em Março assinala na Aula Magna, num espetáculo concebido, realizado, produzido e apresentado pelo
fadista, os 40 anos da sua carreira. "De Alma e Coração" contou ainda com as atuações de nomes como
Mafalda Arnauth, Miguel Ângelo, Rão Kyão, Miguel Guedes, entre outros.
João Braga revela-se hoje como uma das mais emblemáticas vozes de Fado, cantando e homenageando os melhores poetas portugueses, revelando: "a minha primeira paixão, paixão mesmo, é a poesia".




Seleção de fontes de informação:

Entrevista realizada em 08 de Agosto de 2006 - Museu do Fado
Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;
"De Alma e Coração", catálogo do espetáculo apresentado na Aula Magna, 16 de Março 2006.


Última atualização: Outubro/2008

Pequenas biografia do intérprete:
                                                                                                                                             João Ferreira Rosa
É um dos maiores expoentes do fado tradicional ainda vivos. Monárquico e
tradicionalista, seus fados falam da nostalgia de um Portugal já esquecido...
O seu fado mais conhecido será, sem sombra de duvida, o Fado do Embuçado.
Composição singular com música do Fado Tradição da cantadeira Alcídia Rodrigues
e letra de Gabriel de Oliveira, que é incontornável em qualquer noite ou tertúlia fadista.

O tema mais uma vez é o tempo de antigamente e uma curiosa história de um
"embuçado" (disfarçado com capote) que todas as noites ia ouvir cantar fados, tendo
um dia sido desafiado a revelar-se, eis que se descobre que o embuçado era o Rei
de Portugal que após o beija-mão real cantou o fado entre o povo.

Em 1965 adquire um espaço, no Beco dos Cortumes, em Alfama, a que chamou a Taverna do Embuçado, que abrindo no ano seguinte, viria a marcar toda uma era do Fado ao longo dos 20 anos que se seguiram, até que Ferreira Rosa deixa a gestão nos anos 80. O espaço, contudo, ainda hoje existe.

Nos anos 60 adquire ainda o Palácio Pintéus, no concelho de Loures, que estava praticamente em ruínas e destinado a converter-se num complexo de prédios.

Ferreira Rosa recupera o Palácio lutando contra diversos obstáculos burocráticos e administrativos que lhe foram sendo colocados. Nas palavras de João Ferreira-Rosa o Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) "estragou-lhe" os últimos 30 anos dos 70 que já leva de vida. Abriu o Palácio Pintéus as suas portas ao Público em 2007 e lá se realizam diversos eventos ligados ao fado.

É dentro das paredes do Palácio Pintéus que é gravada, em 1996, o 2ª disco de um dos seus mais sublimes trabalhos, "Ontem e Hoje". Ferreira-Rosa (tal como Alfredo Marceneiro, de resto) tem uma certa aversão a estúdios de gravação e à comercialização do fado, preferindo cantar o fado entre amigos, como refere nos versos do Fado Alcochete.

Nutre uma especial paixão por Alcochete onde tem vivido nos últimos anos. A esta vila escreveu o fado Alcochete, que costuma cantar no Fado da Balada de Alfredo Marceneiro.

Entre 2001 e 2003 amigos e seguidores tiveram ainda a oportunidade de o ouvir regularmente em ciclos de espectáculos organizados no Wonder Bar do Casino do Estoril.

 

Seleção de fontes de informação:

www.portaldofado.net/content/view/1437/327/

Última atualização:  Outubro/2010

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