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Fado Pechincha

Meu Nome Baila No Vento
Letra:          José Luís Gordo

Música:       João do Carmo Noronha
Intérprete:   Celeste Rodrigues

 

 

 

 

Meu nome baila no vento
Na tempestade do mar

Vai-me na voz o lamento
Que o vento anda a espalhar (bis)

 

 

 


Meu nome baila nas horas
Recuadas, do passado

E o tempo que se demora
Baila no tempo do fado (bis)

 

 

 


Meu nome baila em teu nome
Tua voz na minha boca

E no tempo que o consome
Baila a loucura mais louca (bis)

 

 

 


Meu nome já não é meu
Baila agora sem parar

Anda um nome que é o teu
Na minha voz a cantar (bis)

​Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                               Celeste Rodrigues
Celeste Rodrigues é uma fadista tradicional das mais conceituadas do universo

musical português, considerada uma referência pelas mais jovens gerações de

intérpretes.
Maria Celeste Rebordão Rodrigues nasceu no Fundão a 14 de Março de 1923.

Quando tinha 5 anos os seus pais vieram para Lisboa e estabeleceram-se no

bairro de Alcântara. Celeste Rodrigues frequentou a Escola Primária da Tapada

e recorda a sua infância como igual à de tantas outras crianças, com a exceção

de se reconhecer como uma "maria rapaz", traquina, embora tímida e envergonhada.

Quando não quis estudar mais, empregou-se numa fábrica de bolos. E, mais tarde,

junto com a irmã Amália, trabalha num ponto de venda de artigos regionais na Rocha

Conde de Óbidos (cf. “Álbum da Canção”, 1 de Maio de 1967).

A sua carreira é impulsionada pelo empresário José Miguel, à data proprietário de várias casas típicas, que depois de a ter ouvido cantar, entre amigos, na Adega Mesquita, insiste na sua profissionalização como fadista.
Celeste Rodrigues estreia-se em 1945 no Casablanca (atual Teatro ABC) e, dois meses depois, ingressa numa Companhia teatral e parte para o Brasil, acompanhando a irmã Amália Rodrigues na representação da opereta "Rosa Cantadeira" e da revista "Bossa Nova". Esta digressão acaba por durar cerca de 1 ano. Ao longo da sua carreira Celeste Rodrigues receberá diversos convites para integrar peças de teatro, mas recusa sempre.
No regresso a Lisboa dá continuidade à sua carreira de fadista, apresentando-se no elenco de diversos espaços de fado como o Café Latino, o Marialvas ou a Urca (na Feira Popular). Mais tarde, transita do Luso para a Adega Mesquita, onde se mantém por 4 anos. Posteriormente integra os elencos da Tipóia e da Adega Machado.
No início da década de 1950 a fadista regressa ao Brasil, desta feita para atuar na rádio, na televisão e no restaurante Fado, de Tony de Matos, sempre com assinalável êxito.
Aos 30 anos casa-se com o ator Varela Silva, com quem tem duas filhas. É contratada para cantar na casa Márcia Condessa e, em Janeiro de 1957, torna-se proprietária do restaurante típico A Viela, um espaço privilegiado para a convivência de poetas, intelectuais, cantores e de longas tertúlias, mas ao qual renuncia 4 anos mais tarde, confessando não sentir “queda para o negócio” (cf. Álbum da Canção, 1 de Maio de 1967).
Na década de 1950 Celeste Rodrigues era já uma figura ímpar no universo do Fado, levando-o além fronteiras, para países como o Brasil, Espanha, Congo Belga, África Inglesa, Angola e Moçambique. E, em território nacional, era também uma fadista consagrada, conforme revela à revista “Álbum da Canção”, foi das primeiras “a atuar no período experimental da RTP, no teatro da Feira Popular (…) ” e “a primeira a enfrentar as câmaras, quando os estúdios do Lumiar passaram da fase de experiências para as emissões regulares.” (cf. “Álbum da Canção”, 1 de Maio de 1967), atuações em espaços bem demonstrativos da sua grande popularidade.
Continuando a pautar o seu percurso profissional pelas apresentações nas casas de fado de Lisboa, Celeste Rodrigues integra o elenco da Parreirinha de Alfama no início da década de 1960, e aí permanece por mais de 10 anos, altura em que João Ferreira-Rosa a convida para o elenco da Taverna do Embuçado, onde faz atuações ao longo de 25 anos. Posteriormente atuará nas casas Bacalhau de Molho e Casa de Linhares. A fadista concretiza uma carreira de sucesso, com atuações nas casas típicas, em programas de rádio e televisão, nacionais e internacionais. No auge da sua carreira artística, celeste Rodrigues foi também convidada a gravar para a BBC em Londres, a convite de Richard Engleby. E, no decurso de todos estes anos de atividade intensa, teve oportunidade de passar por algumas das maiores cidades do mundo.
Apesar das sucessivas comparações com Amália Rodrigues, sua irmã, Celeste Rodrigues possui uma autenticidade única, uma forma singular de interpretação, patente nos temas do seu repertório, como os populares “A lenda das algas” (Laierte Neves – Jaime Mendes), “Saudade vai-te embora” (Júlio de Sousa), “O meu xaile” (Varela Silva), ou o tema de Manuel Casimiro “Olha a mala”, que se tornou o seu maior êxito de vendas, entre os quase 60 discos que gravou.

Corre o ano de 2005 quando Ricardo Pais, diretor do Teatro Nacional São João, a desafia a participar no espetáculo "Cabelo Branco é Saudade" ao lado de outras três grandes vozes do Fado: Argentina Santos, Alcindo de Carvalho e Ricardo Ribeiro. Com este espetáculo a fadista teve a oportunidade de percorrer vários palcos nacionais e internacionais.
Mais recentemente, um dos momentos altos da sua carreira é a edição do álbum “Fado Celeste”, editado em 2007 na Holanda, e que reúne fados tradicionais e inéditos com letras de autores contemporâneos, como Hélder Moutinho e Tiago Torres da Silva.
Nesse mesmo ano, em Outubro, decorreu no auditório do Museu do Fado uma homenagem à fadista, iniciativa da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, num reconhecimento da “voz bonita, capacidade interpretativa e a regularidade de uma carreira.” (declarações de Julieta Estrela de Castro, presidente da APAF à agência Lusa).
Atualmente Celeste Rodrigues vive entre Lisboa e Washington, onde residem as suas filhas e os seus netos, mas mantém uma atividade fadista regular, participando em diversos espetáculos e atuando pontualmente em casas de fado de Lisboa. Como a própria revelou, em 1970: “a idade influi grandemente na maneira como se canta. Sentimos o que cantamos, com maior sensibilidade e emoção.” (cf. “Rádio & Televisão”, 11 de Novembro de 1970, in “Cabelo Branco é Saudade”, programa do espetáculo, 2005). E é certamente essa sensibilidade e emoção que todos continuamos a registar nas suas interpretações.

 

Seleção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal”, 15 de Setembro de 1946;
“A Voz de Portugal”, 01 de Outubro de 1956;
"Álbum da Canção", nº 51, 01 de Maio de 1967;
“Única”, 14 de Abril de 2006.
“Cabelo branco é saudade” (2005), programa do espetáculo, Porto, Teatro Nacional de São João.

 


Última atualização: Novembro/2009

​Pequena biografia do poeta:

​                                                                                                                                            José Luís Gordo

José Luís Gordo nasce no Alentejo em Vila de Frades, Vidigueira, no dia 13 de Abril

de 1947, embora conste no registo como nascido a 26 de Julho.

Ao completar 13 anos vem para Lisboa como empregado da então famosa Casa

Quintão, que comercializava os tapetes de Arraiolos, mas hoje já desaparecida.

À noite, José Luís Gordo dedica-se ao estudo, frequentando o curso Comercial na

Escola Veiga Beirão. Entretanto, vai ouvindo cantar o Fado, cujos primeiros

contactos ocorrem na “Viela” na Rua das Taipas.

Começou por escrever "aquela poesia que os putos escrevem" mas, a partir dos

17 / 18 anos, encara a escrita de uma forma mais definitiva.

O primeiro poema que escreve para Fado tem o título "Há Tanta Amargura, Tanta" e destinava-se a Beatriz Ferreira. Acabou por ser cantado por uma outra fadista, Maria da Fé, então a cantar na “Taverna do Embuçado” e que viria a tornar-se sua esposa.

Durante muitos anos assina como Luís Alcaria. E explica porquê:

"Naquela altura eu fazia Teatro e Cinema e, convenhamos, não era propriamente o melhor dos nomes para um artista ... Como lá para os meus lados há uma Serra chamada de Alcaria, achei que fazia sentido ser conhecido por Luís Alcaria."

Mais tarde, e "porque ninguém deve ter vergonha do seu nome" assumiu-se finalmente como Refachinho Gordo, como bom Alentejano que se preza ser...

Profundo admirador de José Carlos Ary dos Santos, assume que o mesmo teve uma decisiva influência na sua escrita. Vasco de Lima Couto é outro poeta especial, bem como Natália Correia. José Luís Gordo considera como grandes poetas do Fado, Gabriel de Oliveira, João Linhares Barbosa, Carlos Conde, Joaquim Frederico de Brito, o "Britinho" também conhecido como "Poeta Chauffeur". Todos eles na senda do grande Linhares Barbosa.

Com cerca de 300 poemas escritos, na sua maioria cantados e gravados em disco, é Maria da Fé que arrecada o grosso de originais, seguindo-se António Melo Corrêa (já falecido) e Ada de Castro. No entanto, muitos outros cantam obras suas, como sejam: Maria Armando, Fernando Maurício, Carlos Zel, Camané, Filipe Duarte, Carlos Macedo, Maria da Nazaré, Argentina Santos, Lina Maria Alves, Maria Jô-jô, Celeste Rodrigues, José Manuel Osório, Marina Mota, Nuno de Aguiar, Vasco Rafael (já falecido), Lenita Gentil, Alexandra, Jorge Fernando, Machado Soares, Paulo Saraiva, Maria Dilar, Manuel Azevedo Coutinho, Odete Santos, Tina Santos, João Chora, Cristina Branco, Mariza, Ana Moura, etc. etc.

Em 1975 José Luís Gordo abre o restaurante típico “Senhor Vinho”, na Rua das Trinas. Em 1981, "porque o espaço começava a ficar muito pequeno", muda-se para a Rua do Meio à Lapa, igualmente no velho Bairro da Madragoa, constituindo hoje o “Senhor Vinho”, uma das melhores Casas de Fado de Lisboa. O gosto pelos ambientes fadistas já o havia levado em 1980 a comprar o velho “Solar da Hermínia”, que pertenceu à grande Hermínia Silva e na década de 90 chega a tornar-se sócio do Restaurante Típico “O Faia”, mas desiste passados tempos.

Da sua vasta produção poética destaca-se "Até Que a Voz Me Doa", um verdadeiro fenómeno de popularidade, na voz de Maria da Fé. Para o poeta, Maria da Fé é a sua musa inspiradora, “penso muito nela quando escrevo”. José Luís Gordo é casado com Maria da Fé, e tem duas filhas.

Em Maio de 1999 foi homenageado pela Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa que assim prestava culto aos "Poetas do Fado" ainda no activo.

Em 2004 publicou "Recados ao Fado", uma antologia que reúne parte da sua poesia, com poemas gravados e outros inéditos.

Num reconhecimento pelo seu percurso, José Luís Gordo é, em 2005, homenageado pelo concelho da Vidigueira, e recebe a Placa de Honra do município. Nesse ano é também agraciado com o Prémio Amália Rodrigues para Melhor Poeta de Fado.

Em 2008, vence o concurso da Grande Marcha de Lisboa com o tema “Lisboa de Camões, Vieira e Pessoa” (música de Arménio de Melo).

 

 

 

Selecção de fontes de informação:
 

Catálogo da “I Grande Gala dos Prémios Amália Rodrigues”, Teatro Municipal de S. Luís, 18 de Outubro de 2005.
www.spautores.pt

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=318

 

 

Última actualização: Maio de 2008

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