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Fado Britinho

Travessa da Palha
Letra:              Gabriel de Oliveira

Música:           Frederico de Brito

Intérprete:        Lucília do Carmo

 

 

Foi na Travessa da Palha
Que o meu amante, um canalha,
Fez sangrar meu coração

Trazendo ao lado outra amante
Vinha a gingar petulante
Em ar de provocação. (bis)

Na taberna de friagem
Entre muita fadistagem
Enfrentei os seus rancores,

Porque a mulher que trazia
Com certeza não valia
Nem sombra do meu amor. (bis)

 

 

 

 

A ver quem tinha mais brio
Cantamos ao desafio
Eu e essa outra qualquer.

Deixei-a perder de vista
Mostrando ser mais fadista
Provando ser mais mulher. (bis)

Foi uma cena vivida
De muitas da minha vida
Que não se esquecem depois,

Só sei que de madrugada
Após a cena acabada
Voltamos para casa os dois. (bis)

Pequena biografia do poeta:
                                                                                                                                           Gabriel de Oliveira

Gabriel de Oliveira - Poeta Popular, terá nasci­do em 1891, e provavelmente

em Lisboa. Mor­reu na Figueira da Foz em 1953.
Em 1909 assentou praça na Marinha de Guer­ra como aluno, tendo completado o

curso de arti­lheiro. Combatente da Primeira Guerra Mundial co­mo artilheiro, foi

condecorado com a medalha da Vitória. A sua alcunha de marujo sur­ge, pois, da

sua profissão.
De estatura imponente e grande valentia, par­ticipou activamente no apoio a Sidónio

Pais,fa­zendo comícios no Largo da Guia, na Mouraria. Terá mesmo posto ao serviço

deste político alguns barcos, o que lhe valeu outra alcunha, a de maru­jo almirante.

Mais tarde entra para a Intendência, onde exerce as funções de fiscal.
Manteve uma longa ligação com a cantadeira Natália dos Anjos, das suas composições contam-se algumas das mais clássicas letras do repertório fa­dista como é o caso de Igreja de Santo Estêvão, pa­ra ser cantado por Joaquim Campos (com o qual frequentemente trabalhou) na famosa composi­ção deste Fado Vitória, e Café das Camareiras, com letra e criação de Alfredo Marceneiro a quem tam­bém se deve a música para Senhora do Monte, que após ter sido um sucesso na voz de Marceneiro, o foi igualmente na interpretação de Carlos Ramos. Ainda para música de Marceneiro (a Marcha do Alfredo), escreveu Há Festa na Mouraria, criado por este,  e que teve grande  êxi­to também cantado por Amália, gerador de outros temas como «a Rosa do Capelão», «a procissão da Senhora da Saú­de», entre outros.
Inspirando-se  alegadamente ao gosto do rei D. Carlos pela guitarra e pelo Fado, escreveu  a letra do Fado, O Embuçado. Ori­ginalmente criado por Natália dos Anjos, a músi­ca foi composta pelo guitarrista José Marques Pis­calarete, que lhe deu o título de Fado Natália que, como tema musical, entraria igualmente no reper­tório fadista com outras letras. Os restos mortais de Gabriel de Oliveira re­pousam na Cripta dos Combatentes da Grande Guerra, em Lisboa.

 

 

​Seleção de fontes de informação:

http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/274766.html

Última atualização:  Junho/2012

​Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                                 Lucília do Carmo
Lucília do Carmo, de nome completo Lucília Nunes Ascensão do Carmo, nasceu em

Portalegre a 4 de Novembro de 1919, filha de Francisco de Ascensão e de Georgina

Nunes.
Iniciou a sua carreira como cantadeira amadora em sociedades de recreio e festas

de beneficência em Portalegre. Veio para Lisboa e, ainda como amadora, cantou na

Verbena do Pessoal dos Caminhos de Ferro Portugueses, em Alcântara.
Estreou-se no dia 1 de Abril de 1937, no "Café Mondego", em Lisboa, obtendo um

êxito estrondoso. O seu cartão de profissional data de 29 de Março de 1937 e foi-lhe

concedido quando contava apenas 17 anos de idade, graças ao empenho do escritor

e poeta Vítor Machado, que nesse mesmo ano a integrou na sua obra “Ídolos do

Fado”, e lhe escreveu o poema “Canção de Vencedores”.
Cantou no Solar da Alegria, nos cafés "Mondego" e "Luso" e na "Parreirinha de Alfama".
Participou em programas de fados na Emissora Nacional, na Rádio Graça e na Rádio Luso, sendo através da rádio que alcançou grande notoriedade.
Colaborou em festas de homenagem a vários colegas em Setúbal e em Lisboa, nunca se furtando a qualquer gesto de solidariedade.
Casada com o empresário Alfredo de Almeida, a fadista teve um único filho, em 1939, que viria a herdar os dotes artísticos da mãe, tornando-se no grande fadista Carlos do Carmo.
Nos anos 40 deslocou-se a Lourenço Marques, onde atuou no Casino da Costa, naquela cidade, dando conta o jornal “Canção do Sul” de 16 de Agosto de 1943 que: "De Lourenço Marques chegam as notícias do formidável sucesso alcançado pela popular cantadeira Lucília do Carmo".
Ainda nessa década, Lucília do Carmo fez uma grande digressão artística pelo Brasil. Mas a fadista realizou muito poucas tournées, especialmente após 1947, quando, com seu marido, abriu uma casa de fados em nome próprio, a Adega da Lucília, na Rua da Barroca, no Bairro Alto, que mais tarde veio a alterar o nome para Faia.
A partir desta data a fadista concentrou-se cada vez mais neste seu espaço, onde passou a atuar diariamente, e o qual tornou num dos mais importantes locais de atuação do circuito fadista, onde os clientes podiam sempre contar com interpretações de um estilo personalizado e um timbre característico que tornaram inconfundível o seu estilo de cantar.
Este exemplo, de abrir restaurantes típicos de fado por nomes que se consagraram no universo do Fado será posteriormente seguido por muitos dos seus colegas, como Hermínia Silva, que abre o Solar da Hermínia, Carlos Ramos com A Toca, Adelina Ramos com A Tipóia, ou Fernanda Maria com a casa Lisboa à Noite, apenas para salientarmos alguns dos locais de maior êxito.
De facto nas décadas de 1950 e 60 é neste circuito de casas de Fado que vamos encontrar os mais conceituados intérpretes deste género musical, seja como figuras cartaz da sua própria casa, como parte integrante dos seus elencos, ou mesmo como frequentadores habituais do espaço.
Com as sua interpretações características, Lucília do Carmo tornou populares muitos temas, dos quais destacamos: “Maria Madalena” e Travessa da Palha”, com poemas de Gabriel de Oliveira, musicados por Frederico de Brito; “Anda a Saudade Bem Alta”, também com poema de Gabriel de Oliveira e música de Alberto Costa; e “Loucura”, de autoria de Júlio de Sousa.
Lamentavelmente, Lucília do Carmo não deixou muitos discos gravados, mas os que deixou são referências muito importantes no universo do Fado. Existem em formato CD algumas das suas gravações e o seu nome é constantemente incluído em coletâneas generalistas desta forma musical. Com o seu filho, Carlos do Carmo, gravou dois LPs, “O Fado em duas gerações” e “An Evening at the Faia”, que foram também reeditados em CD.
Por sua própria iniciativa, retirou-se da vida artística com 60 anos, optando o seu filho Carlos do Carmo por deixar o espaço da Casa de Fados Faia, que ainda hoje se mantém em atividade, mas com outra gerência.
Lucília do Carmo faleceu aos 79 anos, vítima da doença de Alzheimer. O seu corpo foi velado na Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa, saindo o seu funeral para o cemitério dos Prazeres, no dia 20 de Novembro de 1998.
Considerando a importância de perpetuar a memória desta grande fadista, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu o seu nome a uma rua da cidade, na freguesia de São Francisco Xavier.

 

 

 

Seleção de fontes de informação:

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=381

 

Última atualização: Abril/2008

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