top of page

Fado Carlos da Maia 6ª

Boa noite solidão
Letra:                Jorge Fernando

Música:             Carlos da Maia
Repertório:         Fernando Maurício


Boa noite solidão
Vi entrar pela janela
O teu corpo de negrura

Quero dar-me a tua mão
Como a chama de uma vela
Dá a mão à noite escura (bis)

 

 

 


Os teus dedos solidão
Despenteiam a saudade
Que ficou no lugar dela

Espalhas saudades p'lo chão
E contra a minha vontade
Lembras-me a vida com ela (bis)

Só tu sabes solidão
A angústia que traz a dor
Quando o amor a gente nega

Como quem perde a razão
Afogámos nosso amor
No orgulho que nos cega (bis)

 

 

 


Com o coração na mão
Vou pedir-te sem fingir
Que não me fales mais dela

Boa noite solidão
Agora quero dormir
Porque vou sonhar com ela. (bis

​Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                              Fernando Maurício
Fernando da Silva Maurício nasceu em Lisboa na Rua do Capelão, em pleno coração

da Mouraria em 21 de Novembro de 1933.
Oriundo de uma família centenária naquele bairro, com apenas oito anos de idade

cantava já numa taberna da sua rua, o Chico da Severa, onde se reuniam os fadistas

que regressavam das festas de beneficência, então frequentes, onde participavam

graciosamente.
Desses tempos idos da infância recorda com saudade as fugas de casa de seus pais,

nas madrugadas em que “abria o ferrolho, abria a porta pela surdina e ia para a taberna.

Eles (os artistas) iam para ali matar o bicho e de vez em quando tocavam ali um fadinho. Eu tinha uma paixão pela guitarra. Era uma loucura. Punham-me em cima de uma pipa e eu começava para ali a cantar...parecia um papagaio...”
Em 1947, com apenas 13 anos de idade, trabalhava já como manufator de calçado e cantava em associações de recreio quando se organizou, no “Café Latino” o concurso de Fados “João Maria dos Anjos”. Depois de obter um meritório 3º lugar iniciaria, nessa época, com uma autorização especial da Inspeção dos Espetáculos, a sua carreira profissional.
Em 29 de Junho do mesmo ano, participa já na Marcha Infantil da Mouraria representando o Conde Vimioso com Clotilde Monteiro no papel de Severa.
Foi então contratado pelo empresário José Miguel para atuar aos fins-de-semana nas casas que ele, por essa altura explorava, designadamente o “Café Latino”, o “Retiro dos Marialvas”, o “Vera Cruz” e o “Casablanca” no Parque Mayer.
Depois de profissionalizado cantou, nos anos 50 no “Café Luso”, no Bairro Alto, na “Adega Machado” e na casa típica “O Faia”.
Nos anos 60 e 70, casas como a “Nau Catrineta”, a “Kaverna”, “O Poeta”, a “Taverna d’El Rey” e, novamente, o “Café Luso”, conquistaram novos públicos com as atuações daquele a que o destino apelidaria de Rei do Fado. Na década de 80, esta sorte bateria à porta da “Adega Mesquita”.
Durante cerca de 20 anos Fernando Maurício cantou em programas de Fados na Emissora Nacional, atuou na RTP, gravou discos, obteve prémios – Prémio da Imprensa (1969) e os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da Imprensa (1985/1986) – tendo participado em inúmeros espetáculos no estrangeiro: Luxemburgo, Holanda, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos.
Da discografia gravada destacam-se, para além dos Fados com Francisco Martinho e da participação em inúmeras coletâneas de Fado, os discos, atualmente disponíveis no mercado: “De Corpo e Alma Sou Fadista” (Movieplay, 1984), “Fernando Maurício, Tantos Fados Deu-me a Vida” (Discossete, 1995), “Fernando Maurício, Os 21 Fados do Rei” (Metro-Som, 1997), “Fernando Maurício”, col. “O Melhor dos Melhores” (Movieplay, 1997) e, finalmente, “Fernando Maurício”, Clássicos da Renascença (Movieplay 2000).
Despreocupado em relação à necessidade de uma regular carreira discográfica, e dotado de um perfil pleno de abnegação e humanismo, Fernando Maurício cantou, durante toda a sua vida, em centenas de festas de beneficência, por todo o país.
Considerado o maior fadista da sua geração, possuidor de uma das mais originais vozes de Fado, a sua vasta carreira fez dele Rei do Fado e da Mouraria.
Recusando os galões, Fernando Maurício manteve-se fiel a uma simplicidade autêntica, preferindo manter-se ligado às raízes, ali mesmo na Mouraria, que visitava diariamente.
Ali revia os amigos da sua juventude: das cantorias, dos bailaricos de Verão, das cegadas na Adega do Luís Saloio, dos passeios pela Praça da Figueira, a ver os magalas e as sopeiras, do futebol, do jogo da Laranjinha e do Rei Mandado, da malandrice, dos banhos no Chafariz da Guia, das correrias a Alfama, da Calçada de Santo André até à Rua da Regueira, das brincadeiras no Tejo, onde aprendeu a nadar.
Desses tempos recorda com saudade: “havia uma padaria na Rua do Capelão onde eu nasci e nós naquela altura - nos anos 40 - dormíamos todos na rua. De manhã levantávamo-nos e íamos lavar a cara ao Chafariz da Guia. Eram muitos amigos que eu tinha. Tínhamos uma equipa de futebol e jogávamos à bola na Rua do Capelão. Entre o Capelão e a Guia. Jogávamos descalços. Nessa padaria havia cestos de verga com pão quentinho, acabadinho de sair do forno. De madrugada, enquanto o padeiro trabalhava, encostávamo-nos à porta e tirávamos uns pães. Era uma época muito má. Corriam os tempos da guerra. Nós éramos 5 irmãos, depois nasceram os dois mais novos. A minha mãe era do Bonfim, do Porto. Lavava roupa para ajudar em casa”.
Aos amigos e à família estima acima de tudo. A filha, Cláudia, a quem Amália Rodrigues costumava apelidar de Rainha Cláudia, é, para Fernando Maurício, motivo de um imenso orgulho.
Com os amigos – o Zé Brasileiro, o Calitas, o Lenine e outros tantos - adora partilhar memórias, perder o tempo em conversas longas, ao sabor de um baralho de cartas, evocando as memórias de um quotidiano vivido no bairro da Mouraria.
Fernando Maurício faleceu a 15 de Julho de 2003.
Observações:
Em Junho de 1989, Amália Rodrigues descerrou, na Rua do Capelão, duas lápides evocativas das vozes emblemáticas da Mouraria - Maria Severa Onofriana e Fernando da Silva Maurício.
Em 31 de Outubro de 1994, a comemoração das bodas de ouro artísticas de Fernando Maurício acontece no Teatro Municipal de S. Luiz, numa Festa de Homenagem promovida pela Câmara Municipal de Lisboa.
Em 12 de Maio de 2001, o Município presta-lhe nova homenagem no Coliseu dos Recreios em Lisboa sendo-lhe atribuído, pela Presidência da República, o título honorífico da Comenda de Bem Fazer.
A 5 de Fevereiro de 2004, num espetáculo intitulado “Boa Noite Solidão”, o Município presta-lhe uma homenagem póstuma no Coliseu dos Recreios de Lisboa, com a participação de inúmeros colegas do Fado. As receitas deste espetáculo revertem na sua totalidade para a família do fadista Fernando Maurício.
Excerto do texto “O Fado é o meu bairro”, Lisboa, CML, 2001; atualizado com informação após o falecimento do fadista.

Seleção de fontes de informação:

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=301

 


Última atualização: Abril/2008

​Pequena biografia do poeta:

                                                                                                                                          Jorge Fernando
Jorge Fernando é músico, fadista e produtor.
É um dos compositores mais cantados da música portuguesa.
É autor de "Boa noite solidão", "Búzios", "Quem vem ao fado" ou "Chuva".
Jorge Fernando da Silva Nunes nasceu em Lisboa no dia 8 de Março de 1957.
Com quatro anos já acompanhava o avô a cantar fado [o marido da Ti Preciosa

chegou a acompanhar Amália Rodrigues] nas noites de Lisboa. Mas foi com

16 anos que teve a sua primeira experiência a sério, quando trabalhou com

Fernando Maurício, considerado o "rei" do fado. Aí deixou definitivamente para

trás a sua carreira de futebolista, onde chegou a internacional júnior.
Estava a ensaiar numa garagem (chegou a fazer parte do grupo Futuro) e disseram-lhe que estava lá perto o cantor Fernando Maurício. Quis conhecê-lo e mal o ouviu foi paixão absoluta. Passado pouco tempo estava a tocar para ele.
Nos anos setenta a gravou para a editora Alvorada o single "Trigueirinha" e outro com os temas "Se Me Pedisses Desculpa" e "Semente do amor".
Com 19 anos conheceu Alcino Frazão, um dos maiores guitarristas da história do fado, e começou a tocar com ele. Um ano depois já fazia parte do grupo de Amália depois de ter substituído Alcino Frazão numa atuação com o Carlos Gonçalves e ele o ter convidado para tocar com Amália Rodrigues.
Em 1982 participa no álbum "Fado!" de Nuno da Câmara Pereira.
Concorreu ao Festival RTP da Canção com "Rosas Brancas Para O Meu Amor" em 1983. Apesar da fraca classificação o tema teve grande exposição pública.
Toca e escreve três músicas do álbum "Sonho Menino" de Nuno da Câmara Pereira.
Em 1984 lança novo single com "Fiz-me Vagabundo".
Com "Umbadá" regressa ao Festival RTP da Canção de 1985. Participa também no Festival da OTI.
Em 1986 é editado o seu primeiro LP, "Enamorado" que inclui temas como "Mulata" e "Lua Feiticeira Nua".
Em 1988 lança o álbum "Coisas da Vida". A Rádio Comercial, por votação do público, atribui-lhe o Prémio Popularidade.
Em 1989 lançou o seu primeiro disco de fados, "Boa Noite Solidão", onde colaboraram Fernando Maurício, Maria da Fé e José Manuel Barreto. Inclui temas como "Pode ser saudade" e "Quem vai ao fado"
Participa no Festival RTP da Canção de 1990 com "Via Área".
O disco "Á Tua Porta" é editado em 1991. Produziu o disco "Notas Sobre a Alma" de Paulo Bragança e "Notas à Guitarra" de António Pinto Basto.
"Oxalá" é editado em 1993. Disco bastante elogiado pela crítica.
Em 1997 lança o disco "Terra d'Água".
"Rumo Ao Sul" é editado em 1999.
Em 2000 foi editado o disco "Inéditos", gravado ao vivo no Tivoli.
Em Maio de 2000 comemora os 25 anos de carreira com um concerto no Tivoli.
Em 2001 é lançado o livro+disco "Terras do Risco", projeto do pianista italiano Arrigo Cappelletti com poemas de Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Eugénio de Andrade. Os outros colaboradores são o bandoneonista Daniel di Bonaventura, o guitarrista Flávio Minardo, o violoncelista Davide Zacharia, Custódio Castelo, na guitarra portuguesa e a cantora Alexandra.
É editado em 2002 o disco "Velho Fado".
Em 2003, a cidade italiana de Recanati homenageou-o em reconhecimento do seu talento como cantautor, produtor, instrumentista e impulsionador de novos talentos (Academia de Marco Poeta).
Em Janeiro de 2004 é o diretor musical do espetáculo "Boa Noite Solidão" de homenagem a Fernando Maurício.
Participa no disco "A Tribute To Amália Rodrigues"
No disco "Memória e Fado" apresenta alguns duetos e colaborações curiosas (Lúcio Dalla, Ana Moura, Toninho Horta, Egberto Gismonti). Gravado em Portugal e no Brasil, o disco contém ainda quatro versões. O maior destaque é um excerto de uma atuação ao vivo de Amália Rodrigues, gravado em 1994, com o tema "Vida".
Em Outubro de 2005 comemorou os 30 anos de carreira com um concerto no Fórum Lisboa, que contou com a participação de Argentina Santos e Celeste Rodrigues.
2008 é o ponto de viragem do artista Jorge Fernando.
Colabora com o rapper Sam The Kid com quem atua nas Festas de Lisboa de 2008. Além da banda de Sam the Kid, em palco estiveram Custódio Castelo (guitarra portuguesa) e Filipe Larsen (viola baixo).
Muda de agência e de manager, e aposta novamente na sua carreira.
Em Outubro de 2008 será editado um novo álbum intitulado FADOS DE AMOR & RAIVA e prevê-se que o espetáculo seja apresentado nos palcos mundiais.

 

Biografia gentilmente cedida por Sonora Urbana, Management and Booking

 

 

 

Seleção de fontes de informação:

 

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=315

 


Última atualização: Setembro/2008

bottom of page