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Fado do Marceneiro

Há Festa na Mouraria
Letra:                 António Amargo

Música:              Alfredo Marceneiro

Intérprete:           Alfredo Marceneiro

 


Desde manhã, os fadistas
Jaquetão, calça esticada
Se aprumam com galhardia

Seguem as praxes bairristas
É data santificada
Há festa na Mouraria  (bis)

 

 

 

 

Toda aquela que se preza
De fumar, falar calão
Pôr em praça a juventude

Nessa manhã chora e reza
É dia da procissão
Da senhora da saúde  (bis)

 

 

 


Nas vielas do pecado
Reina a paz tranquila e santa
Vive uma doce alegria

À noite, é noite de fado
Tudo toca, tudo canta
Até a Rosa Maria  (bis)

 

A chorar de arrependida
A cantar com devoção
Numa voz fadista e rude

Aquela rosa perdida
Da Rua do Capelão
Parece que tem virtude  (bis)

A quem estiver nteressado, vou tentar resolver a “confusão” que existe à volta do Fado:

«HÁ FESTA NA MOURARIA».

Nos meados dos anos 20 do século passado, Gabriel de Oliveira - O Poeta Marujo – escreve uma letra de fado com o título:  SENHORA DA SAÚDE, que dá em primeira mão a Alfredo Marceneiro, para o seu repertório, que este,  a canta com a música “A Marcha do Marceneiro” , como ele próprio o afirmou.

Amália canta e grava a que a versão a que dão o título,  Há Festa na Mouraria, em vez de Senhora da Saúde, que esta sim, são de versos de Gabriel de Oliveira, também  na música da Marcha de Alfredo Marceneiro.

Mais fadistas o começam a cantar, mas como Gabriel de Oliveira, não se faz sócio da Sociedade de Autores, consequentemente não há registo, pelo que o título passa a ser por desconhecimento dos actuantes, alterado, (fenómeno que ainda hoje acontece, quer com  poemas quer com  músicas), e passa a ser conhecido por “Há Festa na Mouraria”.  Em 1933 Alberto Costa canta este tema todas as noites, no Teatro Maria Victória, onde obtém grande êxito.

No final dos anos vinte do século passado é registado na Sociedade de Autores um poema com o título de Há Festa na Mouraria, um glosamento da primeira sextilha da versão de Gabriel de Oliveira, da autoria de António Correia Pinto de Almeida, que usa o pseudónimo de António Amargo, amigo de Gabriel Araújo, que também ofereceu a Alfredo Marceneiro, para o seu repertório, propondo a música para sextilhas,  da autoria de Jose Marques (Piscalarete) (autor do Fado triplicado), mas que Marceneiro decide gravar na sua marcha.

 

 

Nos anos sessenta a editora “Valentim de Carvalho” produz o LP “Há Festa na Mouraria” em que Alfredo Marceneiro grava o poema, da autoria de António Amargo, porque embora ele fosse o criador  da versão de Gabriel de Oliveira, como já se explicou, esta já tinha sido gravada por Amália Rodrigues e outros, e Marceneiro não quer gravar o que os outros já gravaram.

Em 1995 no meu livro mono-biográfico Recordar Alfredo Marceneiro, o poema que transcrevo é o tema de António Amargo, que ele na realidade gravou.

Acontece que há registos, em que se canta os versos de Gabriel de Oliveira, e que os créditos são dados a António Amargo!, e vice-versa.

Posso afirmar com bastante credibilidade, que António Amargo, em nada contribuiu  para esta confusão, a razão principal, tem a ver  com de Gabriel de Oliveira, que  não ter registado a sua versão.

António Amargo, foi poeta e escritor, faleceu em 1933, é de salientar que era muito, quer de Gabriel de Oliveira, não existiu nenhuma quezília entre eles, e foi também amigo de Alfredo Marceneiro.

 

 

 

 

Seleção de fontes de informação:

http://lisboanoguiness

 

 

Última atualização:  Junho/2012

Fado do Marceneiro

Senhora da Saúde
Letra:          Gabriel de Oliveira

Música:       Alfredo Marceneiro

Intérprete:    Amália Rodrigues

Há festa na Mouraria,
é dia da procissão
da senhora da saúde.

 

Até a Rosa Maria
da rua do Capelão
parece que tem virtude.

Naquele bairro fadista
calaram-se as guitarradas:
não se canta nesse dia,

 

velha tradição bairrista,
vibram no ar badaladas,
há festa na Mouraria.

Colchas ricas nas janelas,
pétalas soltas no chão.
Almas crentes, povo rude

 

anda a fé pelas vielas:
é dia da procissão
da senhora da saúde.

Após um curto rumor
profundo siléncio pesa:
por sobre o largo da guia

 

passa a Virgem no andor.
Tudo se ajoelha e reza,
até a Rosa Maria.

Como que petrificada,
em fervorosa oração,
é tal a sua atitude,

 

que a rosa já desfolhada
da rua do Capelão
parece que tem virtude.

​Pequena biografia do poeta:

​                                                                                                                                           António Amargo

António Amargo, pseudónimo de António Correia Pinto de Almeida, foi jornalista,

escritor e poeta da Figueira da Foz onde nasceu em 1895.
Foi diretor, editor e redator do jornal Gazeta da Figueira, sendo, em Lisboa,

redator da Imprensa da Manhã e trabalhado em A Capital.

 

 

Seleção de fontes de informação:

http://anibaljosematos.blogspot.pt/2011/06/antonio-amargo.html

 

Última atualização:  Junho/2011

Pequena biografia do poeta:
                                                                                                                                           Gabriel de Oliveira

Gabriel de Oliveira - Poeta Popular, terá nasci­do em 1891, e provavelmente

em Lisboa. Mor­reu na Figueira da Foz em 1953.
Em 1909 assentou praça na Marinha de Guer­ra como aluno, tendo completado o

curso de arti­lheiro. Combatente da Primeira Guerra Mundial co­mo artilheiro, foi

condecorado com a medalha da Vitória. A sua alcunha de marujo sur­ge, pois, da

sua profissão.
De estatura imponente e grande valentia, par­ticipou activamente no apoio a Sidónio

Pais,fa­zendo comícios no Largo da Guia, na Mouraria. Terá mesmo posto ao serviço

deste político alguns barcos, o que lhe valeu outra alcunha, a de maru­jo almirante.

Mais tarde entra para a Intendência, onde exerce as funções de fiscal.
Manteve uma longa ligação com a cantadeira Natália dos Anjos, das suas composições contam-se algumas das mais clássicas letras do repertório fa­dista como é o caso de Igreja de Santo Estêvão, pa­ra ser cantado por Joaquim Campos (com o qual frequentemente trabalhou) na famosa composi­ção deste Fado Vitória, e Café das Camareiras, com letra e criação de Alfredo Marceneiro a quem tam­bém se deve a música para Senhora do Monte, que após ter sido um sucesso na voz de Marceneiro, o foi igualmente na interpretação de Carlos Ramos. Ainda para música de Marceneiro (a Marcha do Alfredo), escreveu Há Festa na Mouraria, criado por este,  e que teve grande  êxi­to também cantado por Amália, gerador de outros temas como «a Rosa do Capelão», «a procissão da Senhora da Saú­de», entre outros.
Inspirando-se  alegadamente ao gosto do rei D. Carlos pela guitarra e pelo Fado, escreveu  a letra do Fado, O Embuçado. Ori­ginalmente criado por Natália dos Anjos, a músi­ca foi composta pelo guitarrista José Marques Pis­calarete, que lhe deu o título de Fado Natália que, como tema musical, entraria igualmente no reper­tório fadista com outras letras. Os restos mortais de Gabriel de Oliveira re­pousam na Cripta dos Combatentes da Grande Guerra, em Lisboa.

​Seleção de fontes de informação:

http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/274766.html

Última atualização:  Junho/2012

Pequena biografia do autor e intérprete:
                                                                                                                                       Alfredo Marceneiro
Alfredo Rodrigo Duarte, que ficou conhecido por Alfredo Marceneiro, dada a sua
profissão, nasceu em Lisboa, no dia 29 de Fevereiro de 1888, embora o seu
bilhete de identidade referisse o seu nascimento a 25 de Fevereiro de 1891.
Filho de Gertrudes da Conceição e Rodrigo Duarte, Alfredo foi o primeiro filho
do casal, seguiram-se dois irmãos - Júlio e Álvaro - e uma irmã - Júlia.
Em 1905, quando tinha apenas 13 anos, o seu pai faleceu e Alfredo Duarte
abandonou os estudos para ir trabalhar e ajudar no sustento da família. O seu
primeiro emprego foi o de aprendiz de encadernador.
Tomou contacto com o Fado ao assistir às cegadas de rua. Conheceu então Júlio
Janota que, para além de participar nas cegadas, tinha o ofício de marceneiro e lhe
arranjou lugar como seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique.
Alfredo Duarte começou por cantar Fados nos bailes populares que frequentava, entre os 14 e os 17 anos. É nesta altura, em 1908, que faz a sua estreia na cegada do poeta Henrique Lageosa, inspirada no argumento   do filme mudo O Duque de Guise, onde interpreta o papel da amante do Duque.
Para além de participar nas cegadas, onde desenvolve o seu método de dizer bem e dividir as orações,
Alfredo Duarte começa a cantar em diversas festas de solidariedade e nos retiros do Caliça, Bacalhau, José
dos Pacatos, Cachamorra, Baralisa e Romualdo, mas é no 14 do Largo do Rato que se torna mais conhecido.
É alcunhado de "Alfredo Lulu" por se vestir de forma elegante e aprumada, mas será o apelido de
"Marceneiro", que se eternizará, cantado pelo próprio fadista no poema de Armando Neves, de que
reproduzimos um excerto:

"Orgulho-me de ser em toda a parte
Português e fadista verdadeiro,
Eu que me chamo Alfredo, mas Duarte
Sou para toda a gente o Marceneiro"

Esse nome artístico - "Alfredo Marceneiro" - surge numa festa de homenagem aos cantadores Alfredo dos
Santos Correeiro e José Bacalhau, como o próprio fadista conta: "Uma noite fui convidado por amigos que já me tinham ouvido cantar em paródias próprias da idade a ir ao Club Montanha (hoje Ritz). Dirigia a festa o
poeta Manuel Soares e perguntou: «Quem é este rapazinho? Como se chama? Que ofício tem?» Então,
quando me apresentou ao público, esquecendo o meu apelido, anunciou: «Vai cantar a seguir o principiante
Alfredo... Alfredo... Olhem não me ocorre o apelido. É Alfredo... Marceneiro...» E ainda hoje sou o Alfredo
Marceneiro." (cf.”Guitarra de Portugal”, 15 Julho de 1946).
Ao longo da sua vasta carreira, e apesar de manter a sua profissão de marceneiro, Alfredo Duarte é
contratado para exibições em casas como o Clube Olímpia, onde esteve com Armandinho, Júlio Proença e
Filipe Pinto, e depois em outras casas típicas como a Boémia, na Travessa da Palha, o Ferro de Engomar,
o Castelo dos Mouros, o Solar da Alegria, ou o Júlio das Farturas, onde cantou durante um ano.
No ano de 1924 participa num concurso de Fados do Sul-América, um espaço situado na Rua da Palma, e
onde ganhou a "Medalha de Ouro". Nesse mesmo ano canta durante dois meses no Chiado Terrasse para
animar as noites de cinema e é presença na "Festa do Fado" organizada pelo jornal "Guitarra de Portugal" no Teatro São Luiz.
A partir desta data a sua carreira prossegue com grande sucesso atuando em casas como o Retiro da Severa, o Solar da Alegria ou o Café Mondego. Chega mesmo a ter a sua própria casa, o Solar do Marceneiro, no final da década de 1940, mas sendo um espírito irrequieto não consegue cingir-se a cantar diariamente nesse espaço.
Como exemplo dos momentos mais evidentes da admiração e fama que adquiriu ao longo da sua longa
carreira salientamos: a organização de uma festa artística, em 1933 no Júlio das Farturas do Parque Mayer;
em 1936, o segundo lugar do título "Marialva", ganho num concurso do Retiro da Severa; a 10 de Maio de
1941 um outro espetáculo denominado "Festa Artística de Alfredo Marceneiro", desta feita no Solar da
Alegria; ou, ainda, a consagração como "Rei do Fado", no Café Luso, a 3 de Janeiro de 1948.
Apesar do sucesso da sua carreira nunca saiu de Portugal para atuações e raramente deixou Lisboa, embora na década de 1930 tivesse integrado alguns espetáculos de grupos criados para efetuar tournées por Portugal, caso da "Troupe Guitarra de Portugal", com Ercília Costa, Rosa Costa, Alberto Costa, João Fernandes (guitarra) e Santos Moreira (viola); ou da "Troup Artística de Fados Armandinho", com Armandinho, Georgino Gonçalves, Cecília d’ Almeida, Filipe Pinto e José Porfírio.
Alfredo Marceneiro cantou também no Teatro, subindo ao palco do Coliseu dos Recreios, em 1930, com a
Opereta "História do Fado", onde atuavam Beatriz Costa e Vasco Santana. As suas interpretações em palcos de teatros incluíram também o São Luiz, o Avenida, o Apolo, o Éden - Teatro, o Capitólio, o Politeama, o Maria Vitória, e outros.
Em 1939, com a conhecida cantadeira Berta Cardoso, grava atuações no Teatro Variedades e no Retiro do
Colete Encarnado, que serão apresentadas no filme" Feitiço do Império", de António Lopes Ribeiro. O
"Feitiço do Império" estreia nas salas de cinema em 1940, e tem apresentações até 1952. O filme foi
protagonizado por Luís de Campos e Isabela Tovar, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), António Silva e
Madalena Sotto. Lamentavelmente, a película existente na Cinemateca Portuguesa apresenta-se bastante
deteriorada.
As gravações discográficas da sua obra não são muitas, uma vez que não apreciava cantar senão nos locais que considerava próprios e com a presença do público. Assim, apesar de ter gravado o seu primeiro disco, para a Casa Cardoso, em 1930, com os temas "Remorso" e "Natal do Criminoso", passou logo depois a ser artista privativo da Valentim de Carvalho. Seguiram-se apenas quatro LP’s e três EP’s, o último, "Fabuloso Marceneiro", gravado aos 70 anos.
O fadista também fez poucas aparições em programas de televisão. Em 1969, uma equipa técnica constituída por Henrique Mendes e Carlos do Carmo, como produtores, Luís Andrade, como realizador e José Maria Tudella, como operador de imagem, tem de se deslocar ao Bairro Alto para acompanhar Alfredo Marceneiro nas suas interpretações e poder assim realizar uma reportagem documental para a RTP. Dez anos mais tarde, em 1979, será pela intervenção do seu neto Vítor Duarte, que acederá a realizar um programa para a RTP, o qual foi exibido a 14 de Janeiro de 1980 e editado em DVD, pela Ovação, em 2007.
Apesar da sua fama e sucesso crescente mantém a profissão de marceneiro, até à década de 1930 nas oficinas de Diamantino Tojal e, posteriormente, nas Construções Navais do Arsenal do Alfeite, que depois passaram a ser administradas pela C.U.F.
Só em 1946 se dedica exclusivamente ao Fado como profissional, conservando no entanto em casa o banco de marceneiro e as ferramentas com que se entretinha a fazer pequenos trabalhos, um dos quais "A Casa da Mariquinhas", obra que merece especial relevo pelo cariz emblemático que assume para a própria História do Fado de Lisboa. Trata-se de uma construção em madeira, na escala de 1 por 10, em que, inspirado na letra de Silva Tavares, construiu/reconstruiu a casa evocada na descrição do poeta. Esta peça está atualmente na exposição permanente do Museu do Fado.
Alfredo Marceneiro considerava-se um estilista e nesta criação de estilos acabou por ser autor de
composições que são hoje consideradas Fados tradicionais. A sua primeira composição foi a "Marcha do
Alfredo Marceneiro", mas seguiram-se muitas outras como: "Fado Laranjeira", "Lembro-me de ti", "Fado
Bailado", "Fado Bailarico", "Fado Balada", "Fado Cabaré", "Fado Cravo", "Fado CUF", "Fado Louco",
"Mocita dos Caracóis", "Fado Pagem", "Fado Pierrot", "Bêbado Pintor" e "Fado Aida". Com a ajuda de
Armando Augusto Freire (Armandinho), que lhe passa para pauta as suas criações, o fadista regista as suas músicas na Sociedade de Escritores e Autores Teatrais Portugueses.
O fadista foi pai de cinco filhos. Os primeiros dois: Rodrigo Duarte e Esmeraldo Duarte, resultaram de duas
relações efémeras e os outros três: Carlos, Alfredo e Aida são fruto da sua união com Judite de Sousa
Figueiredo com quem viveu até à data da sua morte, a 26 de Junho de 1982.
"Ti’ Alfredo" para os fadistas e amigos continua a ser considerado um dos fadistas maiores, seguido como
um modelo na forma de dividir os versos cantados, não permitindo que as pausas musicais interrompam o
sentido das orações. A sua figura característica, sempre de boina e lenço de seda ao pescoço, será recordada juntamente com o seu modo particular de interpretar, com o balancear de ombros e tronco e as mãos nos bolsos.
Alfredo Marceneiro reforma-se em 1963, realizando-se a 25 de Maio desse ano, no Teatro S. Luiz, a festa de título: A MADRUGADA DO FADO - Consagração e despedida do Grande Artista Alfredo Duarte
Marceneiro. Na verdade esta não foi uma despedida, Alfredo Marceneiro continuou a cantar durante quase
mais duas décadas.
Em 23 de Junho de 1980, numa cerimónia realizada no Teatro São Luiz, é-lhe entregue a "Medalha de Ouro
de Mérito da Cidade de Lisboa", pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Krus Abecassis.
Homenagens póstumas:
- "Comenda da Ordem do Infante D. Henrique", atribuída a 10 de Junho de 1984 pelo Presidente da
República General Ramalho Eanes;
- A Câmara Municipal de Lisboa dá o seu nome a uma rua do Bairro de Chelas;
- Em 1991 foi comemorado o centenário do nascimento do fadista e entre outros eventos foi lançado o duplo
álbum "O melhor de Alfredo Marceneiro" (EMI-Valentim de Carvalho) e foi exibido na RTP o
documentário "Alfredo Marceneiro é só Fado".



Seleção de Fontes de Informação:

“Guitarra de Portugal”, 10 de Novembro 1926;
“Trovas de Portugal”, 4 de Fevereiro 1934;
“Guitarra de Portugal”, 20 de Julho 1935;
“Canção do Sul”, 16 de Setembro 1935;
“Canção do Sul”, 16 de Novembro 1943;
“Guitarra de Portugal”, 15 de Julho 1946;
“Ecos de Portugal”, 1 de Janeiro 1948;
“Voz de Portugal”, 1 Outubro 1957;
“Flama”, 12 de Outubro de 1962;
“Álbum da Canção”, 1 de Agosto 1963;
“Diário de Lisboa”, 20 de Março 1968;
“Rádio e Televisão”, Novembro 1969;
“Flama”, 26 de Abril de 1974;
“Diário de Notícias”, 27 de Junho de 1981;
“Correio da Manhã”, 28 de Junho de 1982;
“Mais”, 2 de Julho de 1982;
Machado, Vítor (1937), “Ídolos do Fado”, Tipografia Machado;
Duarte, Vítor (1995), “Recordar Alfredo Marceneiro”, Venda Nova, Sistema J;
Duarte, Vítor (2001), “Alfredo Marceneiro...Os Fados que ele cantou”, Lisboa, Clássica Editora.
DVD “3 Gerações de Fado”, Ovação, 2007.
www.alfredomarceneiro.com
http://alfredomarceneiro.blogs.sapo.pt
Informações fornecidas pelo neto do fadista Vítor Duarte


​Última atualização: Novembro/2007

Alfredo Rodrigo Duarte

Data de Nascimento:29-02-1892
Nome Verdadeiro:Alfredo Rodrigues Duarte
Data de Falecimento:26-06-1980
País de Origem:Portugal

Aos noventa anos, era ainda uma figura conhecida da noite lisboeta. Raramente era visto durante o dia e tinha por hábito percorrer até altas horas da madrugada as típicas casas de fado. Foi um dos expoentes máximos da especialidade de todos os tempos, sem nunca se ter ausentado de Portugal com o objectivo de divulgar a sua música no estrangeiro, e escassas foram também as vezes que saíu de Lisboa.
Alfredo Rodrigues Duarte, nome verdadeiro de Alfredo Marceneiro, nasceu no dia 29 de Fevereiro de 1892, mas devido à invulgaridade da data, a mãe registou oficialmente a data do seu nascimento no dia 25 desse mês, a mesma do aniversário do seu pai.
Foi com a mãe que aprendeu a cantar quando era ainda muito novo e, com dezassete anos, foi visto pelo público pela primeira vez, quando participou, vestido de mulher, numa peça teatral inspirada no filme mudo "A Morte do Duque de Guise".
Vocacionado para a música, Marceneiro gostaria de ter estudado, mas a morte do pai em 1906, quando tinha catorze anos, obrigou-o a aprender um ofício. Antes de se tornar marceneiro, foi aprendiz de encadernador na oficina de Paulino Ferreira, actividade que desempenhou apenas para estar perto do fadista Júlio Janota, que ali trabalhava. Abandonou algum tempo depois o ofício, uma vez que pouco tempo lhe restava para o fado.
Tornou-se então marceneiro e o seu primeiro trabalho foi uma cruz de madeira, que colocou na sepultura do fadista Manuel Rego, o autor das suas duas primeiras letras. "Alfredo Lulu", como era também conhecido entre os colegas, pelo rigor com que cuidava da aparência, conciliava a actividade de marceneiro, que desenvolvia durante o dia, com as regulares actuações nocturnas.
Frequentava habitualmente o "Catorze do Rato", uma casa de jogo que acabou por ser transformada numa casa de fado, onde Marceneiro cantava acompanhado por piano, bandolim e guitarra, e onde conheceu o poeta Manuel Soares, que escreveu duas letras propositadamente para si. Foi também no "Catorze do Rato" que se tornou famoso por ser o primeiro fadista a cantar de pé, atitude que adoptou "para eles me verem bem", justificou.
Só nos anos 20 passou a ser conhecido por Alfredo "Marceneiro", quando assim foi apresentado no cartaz de um festival organizado por Manuel Soares, Alfredo Correeiro e José Bacalhau. O fadista foi, juntamente com Armandinho, um dos artistas fundadores da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, em 1927.
Dois anos depois, realizou a sua primeira experiência fonográfica, mas a experiência não o entusiasmou porque preferia o contacto com o público, próprio das actuações ao vivo.
Reponsável pelo lançamento de artistas como Hermínia Silva e Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro editou o seu primeiro disco apenas em 1961, que consistiu numa colectânea "com o melhor da canção nacional", intitulada "The Fabulous Marceneiro". Em 1980, subiu pela última vez ao palco no dia 24 de Junho, para receber a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.
O artista faleceu de velhice dois anos depois, na manhã de 26 de Junho, aos 91 anos e, de acordo com uma frase célebre do fadista, o seu "maior desgosto foi o gramofone, que veio industrializar o fado".
Em 1989, a Valentim de Carvalho antecipou a comemoração do centenário do seu nascimento e editou o duplo álbum "O Melhor de Alfredo Marceneiro". Em 1995, Vítor Duarte, neto de Alfredo Marceneiro, lançou uma biografia do fadista acompanhada por uma compilação em CD. O livro conhece uma edição mais acessível, em formato de bolso, em Junho de 2001.

 

Seleção de fontes de informação:

https://www.youtube.com/watch?v=kYeFXF0-Otc

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