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Fado das Horas

Lenda das rosas
Letra:               Linhares Barbosa

Música:            Popular
Intérprete:         José Pracana


Na mesma campa nasceram
Duas roseiras a par
Conforme o vento as movia
Iam-se as rosas beijar

Deu uma, rosas vermelhas
Desse vermelho que os sábios
Dizem ser a cor dos lábios
Onde o amor põe centelhas
Da outra, gentis parelhas
De rosas brancas vieram
Só nisso diferentes eram
Nada mais as diferençou
A mesma seiva as criou
Na mesma campa nasceram

Dizem contos magoados
Que aquele triste coval
Fora leito nupcial
De dois jovens namorados
Que no amor contrariados
Ali se foram finar
E continuaram a amar
Lá no além, todavia
E por isso ali havia
Duas roseiras a par

A lenda simples singela
Conta mais, que as rosas brancas
Eram as mãos puras francas
Da desditosa donzela
E ao querer beijar as mãos dela
Como na vida o fazia
A boca dele se abria
Em rosas de rubra cor
E segredavam o amor
Conforme o vento as movia

Quando as crianças passavam
Junto á linda sepultura
Toda a gente afirma e jura
Que as rosas brancas coravam
E as vermelhas se fechavam
Para ninguém lhes tocar
Mas que alta noite, ao luar
Entre um séquito de goivos
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar
Tal qual os lábios dos noivos
Iam-se as rosas beijar

​Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                                      José Pracana
José Pracana nasceu em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, a 18 de Março de 1946.
Em 1964 inicia a sua carreira como amador, no universo do Fado, estatuto que

manterá até à atualidade. Como guitarrista, acompanhou assiduamente Alfredo

Marceneiro, Teresa Tarouca, Maria do Rosário Bettencourt, João Sabrosa, Vicente da

Câmara, Manuel de Almeida, Alcindo Carvalho, João Ferreira Rosa, João Braga, Carlos

Zel, Carlos Guedes de Amorim, Orlando Duarte, Arminda Alverenaz, entre outros.
Entre 1969 e 1972 dirigiu o Arreda em Cascais, projeto que abandonou para ingressar na TAP.
Para além da participação em diversificados eventos culturais em Portugal Continental, Açores e Madeira atuou também em Macau, Espanha, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Hungria, Israel, Tailândia, Zaire, República da África do Sul, Brasil, Argentina, Venezuela, Estados Unidos da América, Canadá e México.
Desde 1968, tem participado em vários programas televisivos desde o Zip-Zip (1969), Curto – Circuito (1970), Um Dois Três (1985), Noites de Gala (1987) Piano Bar (1988) Regresso ao Passado (1991) Zona Mais (1995), entre outros.
Foi autor de duas séries de programas alusivos ao Fado para a RTP: “Vamos aos Fados”, uma série de cinco programas, em 1976; “Silêncio que se vai contar o Fado” uma outra série de cinco programas em 1992, a convite da RTP Açores.
Colaborou na edição de Um Século de Fado, (Ediclube, 1999) e organizou para a EMI/Valentim de Carvalho, a partir dos estúdios da Abbey Road, a remasterização digital de exemplares de 78 rpm para as sucessivas edições da coleção Biografias do Fado (de 1994 a 1998).
Colaborou, entre outros, no projeto Todos os Fados (Visão, Abril 2005) e no ano de 2005 recebeu o Prémio Amália Rodrigues na categoria de Fado Amador.
Desde 2007 realiza no Museu do Fado um ciclo consagrado às memórias do fado e da Guitarra Portuguesa onde presta homenagem ao tributo artístico de Armando Augusto Freire, Alfredo Marceneiro, José António Sabrosa e Carlos Ramos. É coautor do programa da RTP “Trovas Antigas, Saudade Louca”

Seleção de fontes de informação:
 

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=240

 


Última atualização: Dezembro/2007

​Pequena biografia do poeta:

                                                                                                                                         Linhares Barbosa
João Linhares Barbosa nasceu a 15 de Julho de 1893 em Lisboa, no Bairro da
Ajuda onde sempre viveu e foi lá que veio a falecer em 1965.
Figura incontornável do universo do Fado, a sua obra poética estima-se em mais
de 3.000 versos. A defesa do Fado que preconizou toda a vida - nomeadamente
dos seus ambientes e seus protagonistas - a par de um imenso talento poético
consagrá-lo-iam como o “Príncipe dos Poetas” vulto maior de entre os Poetas
Populares do Fado.
Autodidata, ativo até 1965 - ano em que viria a falecer – João Linhares Barbosa viu os seus primeiros versos
publicados no jornal “A Voz do Operário” chegando muitas das vezes a ser ele próprio a declamá-los
quando contava apenas 14 anos de idade.
Mais tarde, exerceria a profissão de torneiro mecânico até à fundação do seu próprio jornal, “Guitarra de
Portugal”, precisamente no dia em que completou 29 anos, no dia 15 de Julho de 1922. Este periódico viria
rapidamente a assumir-se como um dos mais emblemáticos títulos de uma imprensa especializada no fado
que vingou, a partir de 1910.
Sob a sua direção, a Guitarra de Portugal não só divulgou centenas e centenas de poemas para o repertório
fadista como se envolveu em duras polémicas com os críticos do Fado, particularmente ativos durante a
década de 30. O jornal contou com numerosas colaborações (Stuart de Carvalhais, Artur Inês, Antônio
Amargo) e constituiu um precioso elemento de ligação entre os amadores de Fado, tendo assinantes em
praticamente todo o país.
Nos primeiros tempos de vida da Guitarra de Portugal, João Linhares Barbosa contou com a colaboração dos
amigos, também poetas populares, Domingos Serpa e Martinho d' Assunção (pai). Foi nas páginas da
“Guitarra de Portugal” que, ao longo dos anos, João Linhares Barbosa defendeu o Fado, os poetas e os
fadistas, dos ataques de um grupo de detratores do Fado que teve em Luiz Moita, célebre autor da obra “O
Fado, Canção de Vencidos” um dos maiores expoentes. Para além de uma vastíssima obra poética, a João
Linhares Barbosa se fica a dever uma ação preponderante na reabilitação do Fado e na dignificação da
carreira dos fadistas.
Vivia exclusivamente do fruto das suas composições, vendendo as suas cantigas, tal como os outros poetas
da altura, pois não havia como hoje as gravações, e portanto era uma forma de receber monetariamente o
retorno do seu trabalho.
Foi muito tempo Diretor Artístico do Salão Luso.
Em 1963 é Homenageado no Coliseu dos Recreios, recebendo o prémio da Imprensa para o “Melhor Poeta
de Fado”.
Em 1995 a Câmara Municipal de Lisboa presta-lhe a justa consagração dando o seu nome a uma rua de
Lisboa, no Bairro do Camarão da Ajuda.

Seleção de fontes de informação:

Dados biográficos fornecidos pelo Sr. Francisco Mendes.

Última atualização: Setembro/2008

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