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Fado Viela

Dois Irmãos
Letra:              Carlos Zamara
Música:           Fernando Freitas
Intérprete:        Frutuoso França

 

 

 

 

Dois irmãos lusos de origem
Lutavam pela terra deles
Em duas frentes distantes

Enquanto em frente da Virgem
A mãe rezava por eles
Em orações suplicantes  (bis)

E dizia num enleio
Minhas saudosas carícias
Tão longe não posso dar-tas

Até que chega o correio
Mensageiro de notícias
Que entrega à mãe duas cartas  (bis)

E à luz do sol que ilumina
Os teus cabelos de neve
A primeira leu assim

Minha mãe santa divina
Não chores que chego breve
Para ter-te junto de mim  (bis)

Abre a segunda em seguida
Numa expressão que condoí
Aquela santa velhinha

Após vender cara a vida
Teu filho como um herói
Tombou na primeira linha  (bis)

E num espantoso martírio
Um morrera, outro voltara
Nas cartas assim dizia

E a santa mãe num delírio
Não sabia se chorava
De tristeza ou de alegria  (bis)

​Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                         Frutuoso França
Nasceu em Lisboa no bairro de Alcântara) em 1912, tendo começado a cantar o

fado muito jovem, nas sociedades de recreio, onde também fez teatro dra¬mático.

Participou em cegadas, estreando-se numa da autoria de Carlos Conde intitulada

«Carnaval da Vida». Cantou nos antigos retiros Perna de Pau e Ferro de Engomar,

na Adega Vitória, no Café dos Anjos, no Retiro da Severa, no Solar da Alegria, no

Café Mondego, no Café Ginásio e no Café Luso (da Avenida).
Em 1936 iniciou a sua carreira de cantador profissional, no Café Luso (da Avenida) e também quando este foi transferido para a Travessa da Queimada, onde ainda hoje existe.
Participou nas revistas "Iscas Com Elas" e "Dança da Luta" (1938) levadas à cena no Teatro Apolo, conquis-tando o público com o seu estilo castiço e com as letras dos seus fados.
Em 1950 parte para Angola, onde permaneceu durante dez anos a trabalhar na sua profissão de cortador de carnes, mais tarde na Rodésia, África do Sul e Holanda.
Regressa a Portugal em 1976, e reinicia a sua atividade de cantador, atuando em festas, em casas típicas,  na televisão e na rádio.
È dos fadistas que tem todo o seu repertório gravado em discos,  nos quais inclui fados com músicas da sua autoria como Anabela, Amigos São Inimigos, O Mineiro, Doutora Inocente, Diálogo em Sentido Figurado, Coisas da Vida, Salve!, Vê-te ao Espelho e Eterno Amor de Mãe, O Sábio e o Barqueiro, Fado Cadillac, Maria da Paixão, Contraste, Não Com¬preendo, etc., para além de outros autores.
Dos cerca de 30 fados cantados por Frutuoso França, um dos que tiveram maior audiência foi “O Médico e a Duquesa”, com música sua e letra de Joaquim M. S. Teixeira.

 

 

 


Seleção de fontes de informação

http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/72597.html

 


Última atualização: Agosto/2007

​Pequena biografia do autor:

​                                                                                                                                           Fernando Freitas

Fernando de Freitas, de seu nome completo Fernando Macedo do Freitas, nasceu

em Lisboa, na freguesia de Santa Isabel, em 1 de Setembro de 1913.

Apenas com 9 anos começou a trabalhar no Coliseu dos Recreios em "troupes"

de palhaços excêntricos, parodistas musicais, tocando violino e depois também

bandolim, banjo e cavaquinho. Aos 12 anos aprendeu com o pai a tocar na guitarra

o Fado Corrido, participando apenas com 14 anos em cegadas de Carnaval, então

muito populares na capital.

Fernando de Freitas estreou-se como guitarrista em 1929, com apenas 16 anos, no Solar da Alegria, pela mão de Alfredo Marceneiro. Entretanto, dedicou-se a aprender variações na guitarra por influência de Armando Machado, enquanto ia tocando em algumas casas de jogos clandestinas, entre elas O Peras, na Rua de S. José, enquanto participa, também, em cegadas carnavalescas.

A partir deste momento, a par com a participação nas cegadas carnavalescas, passou a dedicar-se à guitarra, actuando sucessivamente em vários cafés e retiros, e acompanhando vozes como Ercília Costa, Adelina Fernandes, Maria Albertina, Teresa Gomes e Zulmira Miranda (também actrizes de revista).

Actuou no Café Chic de Belém e na Cervejaria Vitória da Rua de São Paulo, no Café Mondego e no Café Luso na Travessa da Queimada. Em 1935, com o advento da Emissora Nacional, acompanhou com o violista Abel Negrão, Maria Teresa de Noronha, nas suas actuações radiofónicas.

Em 1937 actuou em Paris com Armando Machado e em 1944 foi ao Brasil acompanhar Amália Rodrigues no Casino de Copacabana.

Seguiu de muito perto a fase inicial da carreira de Amália Rodrigues para quem compôs dois dos seus maiores êxitos: "Ronda dos Bairros" (com letra em alexandrinos de Francisco Santos) e "Sardinheiras" (com letra de Linhares Barbosa).

Na Guitarra de Portugal, de 15 Junho de 1945 pode ler-se:"À hora de fechar o nosso jornal deve estar a tomar o "Clipper" que o conduzirá ao Rio de Janeiro, o virtuoso da guitarra Fernando Freitas que vai expressamente acompanhar Amália Rodrigues, que já se encontra nesse país…”. Em 1951 retoma ao Brasil, por sua própria iniciativa, aí permanecendo 14 anos.

Em 1965 regressa a Portugal, actuando durante alguns anos na Adega Machado, partindo depois para Espanha onde fica três anos a acompanhar Maria Dolores Pradera (a quem chamavam a Amália espanhola) que também cantava o fado. Acompanhou Fernando Farinha na digressão que este fez aos Estados Unidos da América e Canadá, em 1966, tendo também acompanhado este artista à Argentina. Compôs ainda, entre outras músicas, as de "A Canção da Neve" (criação de Berta Cardoso), "Fado Napoleão" (criação de Frutuoso França), "Trem Desmantelado" (com letra de Carlos Conde),"Fado Barroca" e "Fado das Romarias".

A partir de 1971, Fernando Freitas ingressa no elenco permanente do Restaurante O Faia, ao lado de Ilídio dos Santos "Very Nice", Martinho d'Assunção e Orlando Silva, aí permanecendo 16 anos (os últimos já praticamente cego), acompanhando entre outros, Lucília do Carmo e Carlos do Carmo.

Foi casado com a fadista Maria Girão. É pai do cantor e compositor Fernando Girão, que também tem realizado trabalhos com incursões na área do fado.

Fernando Freitas morreu em Lisboa, em 18 de Março de 1988.

Selecção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal” 15 de Junho de 1945
Cabral, Pedro Caldeira (1999) “A Guitarra de Portugal”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube, pág. 245.

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