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Fado Menor

Chorai Fadistas, Chorai
Letra:             Linhares Barbosa

Música:          Popular
Intérprete:       António Rocha


Chorai, fadistas, chorai
Que a Severa já morreu

Fadistas como a Severa
Nunca o fado conheceu  (bis)

 

 

Trinai, guitarras de pinho
Sinos nas torres, dobrai

Chorai, pedras do caminho
Chorai fadistas, chorai  (bis)

 

 

Ponham em todas as velas
Cruzes viradas ao céu

Digam às próprias estrelas
Que a Severa já morreu  (bis)

 

 

Viveu e amou em pecado
Mas sempre de alma sincera

Jamais cantarão o fado
Fadistas como a Severa  (bis)

 

 

A desgraça foi a graça
Em que sempre se envolveu

Mas fadista de tal raça 
Nunca o fado conheceu  (bis)

Fado Menor

Caracterizado por ser um fado triste e melancólico, o Fado Menor, além do Fado Mouraria e do Fado Corrido, é considerado um dos três mais antigos fados do género musical e é um dos mais interpretados pelos fadistas portugueses.

Por ter apenas dois acordes, o Fado Menor, de entre os outros fados nucleares, é um dos mais fáceis de tocar e para a fadista Cuca Roseta "tem uma melodia que mexe com todas as emoções".

Alguns fadistas, como António Rocha, Ana Moura, Maria Alice ou João Braga, utilizam o Fado Menor nas suas interpretações musicais.

 

Seleção de fontes de informação:

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2221724

 

 

Pequena biografia do intérprete:

​                                                                                                                                               António Rocha

António Domingos Abreu Rocha nasceu em Belém, Lisboa, a 20 de Junho de 1938.
Frequentou apenas a escola até completar a instrução primária, pela necessidade

de seempregar e assim ajudar nos rendimentos familiares.
Com apenas 13 anos, em 1951, ganhou um concurso de Fado organizado pelo jornal
Ecos de Portugal, mas como estava na idade da mudança de voz, só volta a cantar
passados alguns anos num restaurante da Cova da Piedade, o Riba-Mar. Nesse
restaurante é ouvido pelo Conde de Sobral que, entusiasmado com as suas
interpretações, o apresenta a Deolinda Rodrigues. A fadista apadrinha a carreira de
António Rocha, desafia-o a cantar em Lisboa, no Retiro Andaluz, e a receção que
obtém não podia ser melhor. Faz a sua estreia profissional em 1956, como contratado deste espaço.
Apesar de nessa altura estar ainda empregado numa loja de ferragens, com os êxitos que se vão somando,
cedo acaba por optar pela carreira artística.
No mesmo ano em que se estreia profissionalmente faz programas de televisão, entra para a Emissora
Nacional e é convidado a gravar o seu primeiro EP, com 4 faixas, para a editora Fonomate.
Em 1959, num concurso levado a cabo pelo Café Luso, é eleito “Rei” do Fado menor, uma das formas
clássicas do Fado tradicional, que continua a interpretar como ninguém.
António Rocha assume já nesta altura um papel de relevo no panorama da música nacional, com uma
popularidade plenamente demonstrada com a atribuição do título de “Rei do Fado”, em 1967, numa votação
realizada pelo público para a revista “Plateia”.
Por esta ocasião o poeta Carlos Conde publica um poema sobre António Rocha, elucidativo da sua
popularidade por um lado e, por outro, das suas qualidades de intérprete:

“Porque encanta quando canta,
O António Rocha parece
Que tem sempre na garganta
A ternura de uma prece!

Põe na voz tal melodia
E um sabor tão requintado
Que perfuma de magia
As próprias rimas do Fado!

Conseguiu ter um reinado,
Um trono alto, uma grei;
- o Rocha tem o seu Fado,
O Fado tem o seu Rei!”

Sucedem-se os contratos para se apresentar nas mais conceituadas casas de Fado de Lisboa, os espetáculos por todo o país, atuando em restaurantes típicos e casinos, bem como as deslocações ao estrangeiro, nomeadamente aos Estados Unidos.
As apresentações em espetáculos para rádio e televisão são também uma constante e António Rocha tem
durante algum tempo o seu próprio programa radiofónico, onde apresenta uma rubrica esclarecedora das
questões dos ouvintes sobre Fado.
Nas últimas décadas o fadista continua a brilhar nos elencos das Casas de Fado de Lisboa, estando já há
vários anos no Faia. Mas as suas apresentações não se limitam ao território nacional, sendo diversas vezes
convidado a integrar festivais de música do mundo ou a realizar espetáculos em países como os Estados
Unidos, Itália, Espanha, França, Holanda e Bélgica.
Fadista consciente da importância de ter um repertório próprio, cedo constituiu o seu repertório individual,
sendo autor da maior parte dos poemas que canta e ainda de algumas das músicas.
António Rocha atuou em quase todas as Casas de Fado de Lisboa, das quais destacamos, pelo número de
anos de permanência no elenco, o Solar da Hermínia, o Timpanas e o Faia, onde faz parte do atual elenco.
Em 1996, com Beatriz da Conceição, foi convidado a integrar o projeto de Paul van Nevel e o Huelgas
Ensemble, “Tears of Lisbon”, que consistia numa recolha, realizada pelo maestro, de fados e música
portuguesa do século XVI. Para além dos inúmeros espetáculos realizados foi, também, gravado um CD ao
vivo, no Refectory of the Bijloke Abbey, em Ghent na Bélgica. Neste disco António Rocha interpreta temas
com poemas da sua autoria, como “Luz de teu caminho”, com música de Paulo Valentim, ou “Pede à noite”,
com música de Manuel Mendes.
Os espetáculos de António Rocha estenderam-se a inúmeros Restaurantes Típicos e Casinos do país, bem
como a vários locais no estrangeiro.
Destacamos, nos anos mais recentes, a sua presença nos seguintes espetáculos:
- Semana Portuguesa em Roma, em 1988;
- Noites Longas, realizadas no âmbito da Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura;
- Holanda, a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1994;
- Bélgica, a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1995;
- França, a convite do maestro Paul Van Nevel, em 1996;
- Festival de Música do Mundo, realizado em Barcelona no ano de 1997;
- Sete espetáculos realizados na EXPO’ 98;
- Festival de Música de Bruxelas, em 1998;
- Digressão por várias cidades da França e da Bélgica, em 1999;
- Encontros em la Musica, no Tenerife, em 2000;
- Festival des Bucoliques du Pays de Racan, em França, no ano de 2000;
- I e II Festival da Música e dos Portos, em Lisboa, nos anos de 2000 e 2001
- XXIII Festival Sabandeño, em 2001;
- Espetáculos no âmbito do Porto Capital da Cultura, 2001;
- Os Poetas Populares, CCB, Festas de Lisboa 2004.
O mais recente trabalho discográfico de António Rocha, “Silêncio, Ternura e Fado”, foi editado pela Ovação
em 2004. Das 12 faixas apresentadas, podem escutar-se 11 poemas do fadista.
É sócio fundador da APAF (Associação Portuguesa dos Amigos do Fado).
Entre 2001 e 2004 foi professor do Gabinete de Ensaios para Intérpretes de Fado, na Escola de Guitarra
Portuguesa do Museu do Fado.

Seleção de Fontes de Informação:

Dados biográficos fornecidos pelo fadista;
Programa do espetáculo “Um Porto de Fado” (2001), Lisboa, HM Música;
Programa do espetáculo “Les Larmes de Lisbonne” (1996), Abbaye-aus-Dames, 8 de Julho.
Museu do Fado - Entrevista realizada em 8 de Julho/2006.


Última atualização: Junho/2006

Pequena biografia do poeta:     

                                                                                                                                        Linhares Barbosa
João Linhares Barbosa nasceu a 15 de Julho de 1893 em Lisboa, no Bairro da
Ajuda onde sempre viveu e foi lá que veio a falecer em 1965.
Figura incontornável do universo do Fado, a sua obra poética estima-se em mais
de 3.000 versos. A defesa do Fado que preconizou toda a vida - nomeadamente
dos seus ambientes e seus protagonistas - a par de um imenso talento poético
consagrá-lo-iam como o “Príncipe dos Poetas” vulto maior de entre os Poetas
Populares do Fado.
Autodidata, ativo até 1965 - ano em que viria a falecer – João Linhares Barbosa viu os seus primeiros versos
publicados no jornal “A Voz do Operário” chegando muitas das vezes a ser ele próprio a declamá-los
quando contava apenas 14 anos de idade.
Mais tarde, exerceria a profissão de torneiro mecânico até à fundação do seu próprio jornal, “Guitarra de
Portugal”, precisamente no dia em que completou 29 anos, no dia 15 de Julho de 1922. Este periódico viria
rapidamente a assumir-se como um dos mais emblemáticos títulos de uma imprensa especializada no fado
que vingou, a partir de 1910.
Sob a sua direção, a Guitarra de Portugal não só divulgou centenas e centenas de poemas para o repertório
fadista como se envolveu em duras polémicas com os críticos do Fado, particularmente ativos durante a
década de 30. O jornal contou com numerosas colaborações (Stuart de Carvalhais, Artur Inês, Antônio
Amargo) e constituiu um precioso elemento de ligação entre os amadores de Fado, tendo assinantes em
praticamente todo o país.
Nos primeiros tempos de vida da Guitarra de Portugal, João Linhares Barbosa contou com a colaboração dos
amigos, também poetas populares, Domingos Serpa e Martinho d' Assunção (pai). Foi nas páginas da
“Guitarra de Portugal” que, ao longo dos anos, João Linhares Barbosa defendeu o Fado, os poetas e os
fadistas, dos ataques de um grupo de detratores do Fado que teve em Luiz Moita, célebre autor da obra “O
Fado, Canção de Vencidos” um dos maiores expoentes. Para além de uma vastíssima obra poética, a João
Linhares Barbosa se fica a dever uma ação preponderante na reabilitação do Fado e na dignificação da
carreira dos fadistas.
Vivia exclusivamente do fruto das suas composições, vendendo as suas cantigas, tal como os outros poetas
da altura, pois não havia como hoje as gravações, e portanto era uma forma de receber monetariamente o
retorno do seu trabalho.
Foi muito tempo Diretor Artístico do Salão Luso.
Em 1963 é Homenageado no Coliseu dos Recreios, recebendo o prémio da Imprensa para o “Melhor Poeta
de Fado”.
Em 1995 a Câmara Municipal de Lisboa presta-lhe a justa consagração dando o seu nome a uma rua de
Lisboa, no Bairro do Camarão da Ajuda.

Seleção de fontes de informação:

Dados biográficos fornecidos pelo Sr. Francisco Mendes.

Última atualização: Setembro/2008

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