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Fado Laiva

E Foi Por Isso
Letra:              Frederico de Brito
Música:           Júlio Proença
Intérprete:        Nano Vieira

 

 

 

Quando eu a vejo
Com outro a fazer-lhe gala
Sinto desejo
De bater-lhe ou de marcá-la

Já não lhe laiva
Toda a lama que lhe aflora
Mas mete raiva
Provocar-me a toda a hora

E foi por isso

que eu deixei de ter amantes
Já não sou o que era dantes
Já não quero mais paixões
É que eu perdi-me

no caminho da desgraça
E hoje pareço a quem passa
Um farrapo de ilusões

Ainda há pouco
Passou ela e um demente
E o pobre louco
Pôs-se a rir, o inconsciente

É um sabujo
Que ela tem por tabuleta
Um trapo sujo
Que eu joguei para a valeta

E foi por isso

que eu deixei de ter amantes
Já não sou o que era dantes
Já não quero mais paixões
É que eu perdi-me

no caminha da desgraça
E hoje pareço a quem passa
Um farrapo de ilusões

 

​Pequena biografia do intérprete:

​                                                                                                                                                     Nano Vieira

Juveniano de Freitas Vieira, tratado e conhecido por Nano Vieira, nasceu no Porto, na rua,

hoje avenida, Fernão de Magalhães nº. 190, na freguesia do Bonfim, em 28 de Novembro

de 1940. Com duas irmãs, é o filho mais velho de Reinaldo Vieira e de Maria Teresa de

Freitas. É casado, vai para meio-século, com dona Maria Alice Neves Soares, sendo pai

de três filhos: Ilda Maria, Juveniano Alberto, também tratado por Nano, e Albertina Maria,

a Nena entre familiares e amigos.
Embrenhado no entusiasmo futebolístico que lhe empolgou a juventude, iniciou-se como

atleta do F.C.Porto e de azul-e-branco atingiu apreciável notariedade e cotação sob o

treinamento de Bella Gutman. Mais tarde transferido para a Sanjoanense, em 1972

decidiu emigrar para França a fim de mais e melhor fazer face à vida, passando então a

jogar no Racing Club GT na categoria de séniores. Aos 37 anos, terminou a sua carreira

desportiva como jogador-treinador do Sportif Rournan-en-Brie no escalão de veteranos.
Na ambiência da época, conciliando trabalho e desporto, começou por ser empregado comercial. Uma vez em França, o seu curso da Escola Industrial permitiu que o designassem encarregado numa firma de serralharia mecânica e de soldadura, função que desempenhou até reformar-se em finais de 1999.
Desde sempre devoto do Fado, porque um bichinho muito íntimo lhe mexia na alma, logo que vinha de férias a Portugal, não perdia a oportunidade de conviver entre os cantos e arpejos do rigoroso, estabelecendo amizade com os intérpretes que na altura actuavam nos mais renomados recintos portuenses: Candeia, O Fado, Casa da Mariquinhas, Taverna de São Jorge, O Requinte, Arcadas Dom Vaz e Pátio da Mariquinhas.
Após 28 anos de empenhada e estóica labuta no estrangeiro, de regresso à sua dilecta cidade, como sempre almejou, num dado dia ousou interpretar timidamente uns fadinhos em ambiente propício. Sentindo o incentivo do aplauso e do convidativo apreço, a pouco e pouco integrou-se na tertúlia fadista que de lés a lés se cultiva no Porto.
No actual decurso e no perpasse de algumas edições discográficas, especialmente apoiado por Manuel Barbosa, sob reportório clássico e versejos inéditos dos poetas portuenses A.Fernando Alves e José Fernandes Castro, apresenta e interpreta o Fado para aprazivelmente concitar, na regular companhia da esposa - também «doente-sádia» pela sentimental cantiga - agradáveis convívios e fruir as emoções da saudade entre o esplendor dos desabafos que livres se soltam sobre as delícias e as vicissitudes da vida nos seus tão diversos e ambíguos dilemas.

Quem com garra se agarra
aos ditâmes do seu Fado
merece ter a guitarra
sempre a trinar a seu lado.

Janeiro 2008 - Torre da Guia

Seleção de fontes de informação:

http://nanovieirafado1.com.sapo.pt/

​Pequena biografia do autor:

​                                                                                                                                                      Júlio Proença

Júlio Proença tornou-se cantador profissional em 1929, ano em que no Coliseu dos Recreios

participou na opereta Mouraria.

Júlio Proença (de facto Júlio da Fonseca), cantador de voz quente e sentimen­tal, nasceu em

Lisboa, na Rua do Capelão, n.º 20 (perto da casa onde morou a Severa), em pleno coração

da Mouraria, e ali aprendeu a cantar com a mãe, mais tarde mudou-se para o Bairro Alto

(Rua das Gáveas).

Em 1917, pela mão do cantador António Lado, começou a cantar como amador em festas

de beneficência, nos retiros, em esperas de touros, em cinemas, nos teatros ApoIo, Trindade,

Avenida, Maria Vitória e no Salão Artístico de Fados. E em 1927 tomou parte, ainda como amador, numa digressão por várias localidades do País - a primeira que se realizou no género - com Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia e Maria do Carmo, os guitarristas Armandinho e Herculano Rodrigues e o violista Abel Negrão.

Júlio Proença tornou-se cantador profissional em 1929, ano em que no Coliseu dos Recreios participou na opereta Mouraria. Actuou também nos teatros Joaquim de Almeida, Eden­-Teatro, S. Luís, Capitólio e Variedades, nos clubes Monumental, Ritz, Olímpia e Maxim's, no Retiro da Severa, no Solar da Alegria (que reabriu sob a sua direcção e a de Deonilde Gouveia em Março de 1931) e nos Cafés Ginásio, Mondego e Luso.

Com um estilo sentimental e boa dicção, Júlio Proença cantou versos dos poetas Augusto Sousa, Fernando Teles, Júlio Guimarães, Henrique Rego, Frederico de Brito e João Linhares Barbosa, e distinguiu-se como autor de música de fados, entre eles o Fado Proença, Fado Camélias e Fado Moral. Das suas interpretações gravadas em disco, citam­-se: Como Nasceu o Fado, Três Beijos, Olhos Fatais, Mentindo Sempre, Meu Sonho, Minha Terra, Meu Sentir, Saudade, etc.

Em 1946 foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no Parque Mayer.
Parte para Moçambique onde veio a falecer em 1970.

 

 

 

 

Seleção de fontes de informação:

http://www.portaldofado.net/content/view/2460/327/

​Última atualização:  Junho/2011

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