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Fado Isabel

Praia Perdida
Letra:                Jorge Fernando
Música:             Fontes Rocha
Intérprete:          João Braga

Hoje presa a minha voz
Tive uma infância perdida

O mundo éramos nós
Nessa praia adormecida   (bis)

 

 


Depois veio a mocidade
Depois veio o  meio-dia                                       

Foi-se o amor, foi-se a idade
Em que a areia nos unia   (bis)

                                                                                         
Mais tarde a vida gerou

Uma roda da má sina

E o mundo cego, cegou
Os teus olhos de menina   (bis
)

Sinto morrer o luar
É noite na minha vida

Só o murmúrio do mar
Lembra essa praia perdida   (bis)

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                                   José Fontes Rocha
José Fontes Rocha, "Fontes Rocha", nasce no Porto, na freguesia de Ramalde, em 20 de

Setembro de 1926.
Descendente de uma família de músicos, o seu avô paterno, Joaquim Rocha foi regente

e compositor da Banda de Santiago, uma banda civil, das chamadas "bandas

regimentares" que abrilhantavam os coretos e as festas das vilas e aldeias do norte do

país. Foi este seu avô que, aos 12 anos, começou a ensinar-lhe solfejo e,

simultaneamente, aprendia a tocar violino. O gosto pela guitarra adquiriu-o por influência

do pai, António da Silva Rocha que tocava este instrumento em paródias de amigos. Foi assim que aos 16 anos começou a dedicar-se à guitarra, desta feita como autodidata, aprendendo a tocar sozinho.
Dos 16 aos 30 anos exerceu a profissão de eletricista, no norte do país, conciliando-a com a atividade de guitarrista amador, que começou a praticar aos 20 anos, tocando entre amigos, em tertúlias e em festas particulares. O seu gosto pela guitarra portuguesa era fomentado também pela audição dos programas de guitarradas, nomeadamente na Emissora Nacional, e de onde se destacam os nomes de Raul Nery, Paredes, José Nunes e Carvalhinho.
Dez anos depois, em 1956 e a convite de José Nunes, vem para Lisboa, e integra o elenco do Restaurante "Patrício", na Calçada de Carriche tocando guitarra portuguesa. Quando o "Patrício" encerrou portas, Fontes Rocha começa a trabalhar nos Correios de Portugal, e de forma esporádica toca no "Pampilho", uma casa também situada na Calçada de Carriche. Pouco tempo depois foi contratado pela "Adega Mesquita", e abandonou definitivamente a profissão de eletricista, decidindo tornar-se guitarrista profissional. Neste período acompanha o fadista Fernando Farinha tendo inclusivamente realizado vários concertos no Canadá e E.U.A. (1962). Na "Adega Mesquita" terá um dos encontros mais decisivos da sua carreira, conhece a fadista Amália Rodrigues, com quem irá desenvolver um grandioso trabalho musical.
Como instrumentista, diz-nos Pedro Caldeira Cabral, que tinha "como modelos estilísticos os dos guitarristas Armandinho e José Nunes, cuja influência no seu tipo de sonoridade é perfeitamente reconhecível. Fontes Rocha desenvolveu, no entanto, com uma persistência notável uma série de aperfeiçoamentos na sonoridade das guitarras, introduzindo técnicas de «surdina», redesenhando a forma das unhas e o ângulo de ataque das cordas, etc." (Pedro Caldeira Cabral, “A Guitarra Portuguesa”, Lisboa, Ediclube, 1999).
Fontes Rocha fez parte do Conjunto de Guitarras de Raul Nery (integrado também por Júlio Gomes e Joel Pina), com o qual se deslocou ao estrangeiro, também para acompanhar Maria Teresa de Noronha. Enquanto executante neste conjunto participam todas as semanas em programas na Emissora Nacional, onde interpretam 4 peças diferentes, o que exigia ensaios e uma grande dose de profissionalismo, uma vez que, segundo Fontes Rocha, é muito complicado pôr 4 instrumentos a tocar simultaneamente.
Com o Conjunto de Guitarras de Raul Nery, atuou com a Orquestra de André Kostelanetz, na temporada de 1969-1970, contribuindo para o grande êxito alcançado por Amália Rodrigues no Lincoln Center de Nova Iorque.
Na década de 60 destaca-se como guitarrista de Amália Rodrigues, sendo um dos pontos altos do percurso artístico do guitarrista. Com Amália percorre praticamente todos os palcos do mundo, desenvolvendo um trabalho de elevada qualidade, quer a nível de composições, como de sonoridades, em estreita colaboração com Alain Oulman e aliadas a uma cuidada escolha de poemas. Das numerosas apresentações que fez com a fadista destacam-se espetáculos como o realizado no Olympia de Paris, em 1968, destinado aos emigrantes portugueses, onde, para além do Conjunto de Guitarras de Raul Nery, participaram também Carlos Paredes, Simone de Oliveira, Duo Ouro Negro e o Grupo de Bailados Verde Gaio.
Além dos discos gravados com o Conjunto de Guitarras de Raul Nery, Fontes Rocha editou ainda três discos com guitarradas, tocou para Natália Correia num disco de poesias e fez o acompanhamento em discos de inúmeros fadistas, caso de Ada de Castro, António Mourão, Carlos do Carmo (no LP "Por morrer uma andorinha"), Fernando Farinha, João Braga, Maria Amélia Proença e Maria da Fé, entre muitos outros.
Das gravações feitas com Amália Rodrigues, Fontes Rocha destaca com orgulho o trabalho realizado para o disco "Com Que Voz", com músicas de Alain Oulman, onde o guitarrista foi autor dos arranjos e do som. Como nos relata o próprio: "tive a sorte de fazer o melhor trabalho dela. Foi um disco que foi premiado em todo o mundo, com um prémio que só se dá a grandes músicas eruditas (…). Esse disco foi feito por mim (…) eu peguei na minha guitarra de Coimbra (afinada por Artur Paredes para o Fado de Coimbra). E foi nessa guitarra afinada de Coimbra que eu fiz esse disco, que está certíssimo para a música, e até inclusivamente para os poemas." (Baptista Bastos, "Fado Falado", Lisboa, Ediclube, 1999).
José Fontes Rocha é autor da música de vários Fados, alguns bastante famosos, tais como "Quentes e Boas" (com letra de José Luís Gordo), "Fado Isabel" (corrido cantado com diversas letras), "Anda o Sol na minha rua" (letra de David Mourão-Ferreira), "Lavava no rio lavava" e "Trago o Fado nos sentidos" (ambos com poemas de Amália). Compôs também melodias de guitarradas, como a "Valsa em Si menor", "Variações à Roda de uma Valsa", "Variações em Ré menor", "Variações em Sol Maior" e "Evocação em Mi menor".
Em 2005 recebe o Prémio Amália Rodrigues para Melhor Compositor de Fado.
O seu talento e sensibilidade são reconhecidos numa justa homenagem aos 80 anos de vida, realizada em 19 de Outubro de 2006, no Fórum Lisboa, com a participação de João Braga, Maria da Fé, Maria Armanda, Joana Amendoeira, Ana Sofia Varela, Gonçalo Salgueiro, Miguel Capucho, Rodrigo Costa Félix, Carlos Gonçalves, Carlos Manuel Proença, Joel Pina, Raul Nery e Ricardo Rocha, que interpretaram melodias de sua autoria.
Exímio acompanhador e compositor de melodias, José Fontes Rocha continua hoje a ser uma fonte inspiradora para todos os instrumentistas e fadistas.

 

 

 


Seleção de fontes de informação:

Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;
Caldeira Cabral, Pedro (1999), "A Guitarra Portuguesa", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.
Museu do Fado - Entrevista realizada em 05, 21, 28 de Novembro de 2006.

 


Última atualização: Outubro/2011

Pequena biografia do poeta:

                                                                                                                                         Jorge Fernando
Jorge Fernando é músico, fadista e produtor.
É um dos compositores mais cantados da música portuguesa.
É autor de "Boa noite solidão", "Búzios", "Quem vem ao fado" ou "Chuva".
Jorge Fernando da Silva Nunes nasceu em Lisboa no dia 8 de Março de 1957.
Com quatro anos já acompanhava o avô a cantar fado [o marido da Ti Preciosa

chegou a acompanhar Amália Rodrigues] nas noites de Lisboa. Mas foi com

16 anos que teve a sua primeira experiência a sério, quando trabalhou com

Fernando Maurício, considerado o "rei" do fado. Aí deixou definitivamente para

trás a sua carreira de futebolista, onde chegou a internacional júnior.
Estava a ensaiar numa garagem (chegou a fazer parte do grupo Futuro) e disseram-lhe que estava lá perto o cantor Fernando Maurício. Quis conhecê-lo e mal o ouviu foi paixão absoluta. Passado pouco tempo estava a tocar para ele.
Nos anos setenta a gravou para a editora Alvorada o single "Trigueirinha" e outro com os temas "Se Me Pedisses Desculpa" e "Semente do amor".
Com 19 anos conheceu Alcino Frazão, um dos maiores guitarristas da história do fado, e começou a tocar com ele. Um ano depois já fazia parte do grupo de Amália depois de ter substituído Alcino Frazão numa atuação com o Carlos Gonçalves e ele o ter convidado para tocar com Amália Rodrigues.
Em 1982 participa no álbum "Fado!" de Nuno da Câmara Pereira.
Concorreu ao Festival RTP da Canção com "Rosas Brancas Para O Meu Amor" em 1983. Apesar da fraca classificação o tema teve grande exposição pública.
Toca e escreve três músicas do álbum "Sonho Menino" de Nuno da Câmara Pereira.
Em 1984 lança novo single com "Fiz-me Vagabundo".
Com "Umbadá" regressa ao Festival RTP da Canção de 1985. Participa também no Festival da OTI.
Em 1986 é editado o seu primeiro LP, "Enamorado" que inclui temas como "Mulata" e "Lua Feiticeira Nua".
Em 1988 lança o álbum "Coisas da Vida". A Rádio Comercial, por votação do público, atribui-lhe o Prémio Popularidade.
Em 1989 lançou o seu primeiro disco de fados, "Boa Noite Solidão", onde colaboraram Fernando Maurício, Maria da Fé e José Manuel Barreto. Inclui temas como "Pode ser saudade" e "Quem vai ao fado"
Participa no Festival RTP da Canção de 1990 com "Via Área".
O disco "Á Tua Porta" é editado em 1991. Produziu o disco "Notas Sobre a Alma" de Paulo Bragança e "Notas à Guitarra" de António Pinto Basto.
"Oxalá" é editado em 1993. Disco bastante elogiado pela crítica.
Em 1997 lança o disco "Terra d'Água".
"Rumo Ao Sul" é editado em 1999.
Em 2000 foi editado o disco "Inéditos", gravado ao vivo no Tivoli.
Em Maio de 2000 comemora os 25 anos de carreira com um concerto no Tivoli.
Em 2001 é lançado o livro+disco "Terras do Risco", projeto do pianista italiano Arrigo Cappelletti com poemas de Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Eugénio de Andrade. Os outros colaboradores são o bandoneonista Daniel di Bonaventura, o guitarrista Flávio Minardo, o violoncelista Davide Zacharia, Custódio Castelo, na guitarra portuguesa e a cantora Alexandra.
É editado em 2002 o disco "Velho Fado".
Em 2003, a cidade italiana de Recanati homenageou-o em reconhecimento do seu talento como cantautor, produtor, instrumentista e impulsionador de novos talentos (Academia de Marco Poeta).
Em Janeiro de 2004 é o diretor musical do espetáculo "Boa Noite Solidão" de homenagem a Fernando Maurício.
Participa no disco "A Tribute To Amália Rodrigues"
No disco "Memória e Fado" apresenta alguns duetos e colaborações curiosas (Lúcio Dalla, Ana Moura, Toninho Horta, Egberto Gismonti). Gravado em Portugal e no Brasil, o disco contém ainda quatro versões. O maior destaque é um excerto de uma atuação ao vivo de Amália Rodrigues, gravado em 1994, com o tema "Vida".
Em Outubro de 2005 comemorou os 30 anos de carreira com um concerto no Fórum Lisboa, que contou com a participação de Argentina Santos e Celeste Rodrigues.
2008 é o ponto de viragem do artista Jorge Fernando.
Colabora com o rapper Sam The Kid com quem atua nas Festas de Lisboa de 2008. Além da banda de Sam the Kid, em palco estiveram Custódio Castelo (guitarra portuguesa) e Filipe Larsen (viola baixo).
Muda de agência e de manager, e aposta novamente na sua carreira.
Em Outubro de 2008 será editado um novo álbum intitulado FADOS DE AMOR & RAIVA e prevê-se que o espetáculo seja apresentado nos palcos mundiais.

Biografia gentilmente cedida por Sonora Urbana, Management and Booking

 

 

 

Seleção de fontes de informação:

 

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=315

 

Última atualização: Setembro/2008

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