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Fado Pajem

Bairros de Lisboa
Letra:               Carlos Conde
Música:           Alfredo Marceneiro
Intérpretes:     Fernanda Maria e Alfredo Marceneiro
 





Vamos ambos pela mão
De duas rimas de Fado
Aos bairros com tradição
Da boémia e do passado
 

Não quero entrar em despique
Mas se o quisesse fazer
Seria Campo d'Ourique
O primeiro a enaltecer

​​

Mas o bairro de mais fama
Mais fadista mais marujo
É a linda e velha Alfama
Do Norberto de Araújo
 

Lembra mais a nostalgia
Embora do mesmo agrado
Dum resto de Mouraria
Que ainda tem sabor a fado

​​

Bairros que o povo acarinha
Tornam mais bela e fagueira
Esta Lisboa velhinha
Tão velhinha e menineira
 

Esse povo audaz boémio
Que viveu em sobressalto
Era amigo, era irmão gémeo
Dos faias do Bairro Alto

​​

Entre os bairros de Lisboa
Há um que é sempre criança
Vê lá bem se a Madragoa
Não vive cheia de esperança
 

No pensamento nos passa
Essa boémia sem par
Que foi de Belém à Graça
De Benfica ao Lumiar

​​

A tradição nunca finda
Ainda ninguém a matou
E o presente vive ainda
Do passado que ficou
 

E pronto a volta está finda
Para que andar mais á toa
Se Lisboa é toda linda
Se o nosso bairro é Lisboa

Curiosidade sobre o Fado Pajem

 

Existe o Fado Tradicional "Fado Pajem", música de Alfredo Marceneiro,  e existe o poema "O Pajem", autoria de Fernando Teles que curiosamente é cantado por Alfredo Marceneiro na mesma melodia do Fado Tradicional "Fado Pajem".

A Gravação original do Fado Tradicional "Fado Pajem" foi feita com o poema de Carlos Conde "Bairros de Lisboa" e cantado por Alfredo Marceneiro e Fernanda Maria e tem duas partes; uma na tonalidade maior e outra na tonalidade menor. O Fado "O Pajem" com poema de Fernando Teles e um plágio da parte menor do Fado Tradicional "Fado Pajem". Basta ouvir um e outro para perceber.

 

Fado O Pajem

 

O Pajem

Letra:             Fernando Teles
Música:         Alfredo Marceneiro
Intérprete:    Alfredo Marceneiro

 

 

Todas as noites um pajem 
Com voz linda e maviosa 
Ia render homenagem 
À Marquesinha formosa 

Mas numa noite de agoiro 

O Marquês fero e brutal 
Naquela garganta de oiro

Mandou cravar um punhal 

E a Marquesa delirante 

De noite em seu varandim 
Pobre louca alucinante

Chorando, cantava assim: 

Óh minha paixão querida

Meu amor, meu pajem belo 
Foge sempre, minha vida

 Deste maldito castelo

 

Pequena biografia do poeta:


“Não chamem nomes ao fado,
 Que o fado da nossa fé
 Não pode ser acusado
De uma coisa que não é”
                                                                                                                                 Carlos Conde 

Do poema “O fado não é isso” ou “Não chamem nomes ao fado”, esta quadra

é um pequeno excerto da abundante obra poética de Carlos Conde.
Carlos Augusto Conde, filho de Maria Antónia da Silva Conde e de Manuel

José Conde, nasceu no dia 22 de Novembro de 1901 na povoação do Monte,

Murtuosa, distrito de Aveiro. Casou-se com Laura dos Santos em 18 de

Setembro de 1936 e desse casamento nasceram três filhas, Noémia, Maria

de Lourdes e Flora. Mais tarde mudam-se para Lisboa, fixando-se na Praça

das Amoreiras e nestes primeiros anos de transição para a cidade, Carlos

Conde emprega-se como chefe de escritório na firma F.H. de Oliveira.

Se antes deste seu percurso profissional, Carlos Conde já escrevia os primeiros versos, a história do fado veio a consagrá-lo como destacado poeta popular, autor de inúmeros repertórios de fados e textos de cegadas, musicados ao longo das décadas de 20 e 30 do século passado. Quando questionado pela revista “ABC” sobre as temáticas dos seus versos dirá: “O amor, as mulheres, o campo. Adoro as flores, as águas claras, o sol, a luz, a natureza. Tudo o que tenha vida, que tenha alma.” (cf. “Revista ABC”, 23 de Janeiro de 1931). Dono de um talento imenso, a sua pena fixou o imaginário de Lisboa, descrevendo costumes, personalidades, recantos, becos, vielas, festividades e outros temas do quotidiano da capital.
Em 1924 o jornal “A Alma de Portugal” dava destaque a Carlos Conde, caracterizando o jovem poeta: “Carlos Conde pertence a essa plêiade de novos que nos últimos tempos se tem evidenciado, na sua bagagem literária encontram-se produções de merecimento (…) Carlos Conde não sendo contudo um consagrado é no entanto um novel com inspiração, a sua obra encontra-se espalhada nas mãos dos mais competentíssimos cantadores e dispersa nas colunas dos inúmeros jornais onde tem colaborado com proficiente estudo.” (cf. “A Alma de Portugal”, 1ª Quinzena de Setembro de 1924). A notoriedade de Carlos Conde foi muitas vezes referenciada pelos periódicos de fado, que surgiram ao longo das décadas de 20, 30 e 40 do passado século, fulcrais na legitimação e divulgação desta expressão musical.
Dada a impossibilidade de nomearmos todos os textos de cegadas que Carlos Conde escreveu destacamos os títulos: “O Crime Daquela Noite” (1946) com música de Alfredo Silva, “Homem ao Mar” (1950) música de Casimiro Ramos, “Quatro Contos a Mais” (1959), música de Albertino Vilar, entre muitos outros textos. Estas e outras cegadas tinham lugar nas coletividades, clubes e festas que povoavam a cidade de Lisboa e arredores.
A paixão pela escrita leva Carlos Conde a participar e a concorrer em numerosos concursos poéticos alcançando, na maioria das vezes, os primeiros prémios e menções honrosas. Destaque para a vitória alcançada, em 1966, com a letra para o “Hino da Força Aérea”, reforçando os méritos entretanto já atribuídos ao poeta ao longo de outras décadas.
Profundamente acarinhado pelo universo do fado, os seus poemas foram cantados na voz dos grandes vultos do fado: Ada de Castro, Adelina Ramos, Amália Rodrigues, Argentina Santos, Ercília Costa, Fernanda Maria, Lucília do Carmo, Maria Amélia Proença, Maria da Fé, Alfredo Duarte Júnior, Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo, Fernando Maurício, Gabino Ferreira, João Ferreira Rosa, Raul Pereira, Rodrigo, Vítor Duarte, entre muitos outros.
Carlos Conde foi autor de centenas de letras de Fado, e revelam-no como um dos expoentes máximo na área. Esses fados, traduziram-se em verdadeiros sucessos nas vozes de muitos fadistas: “A mulher que já foi tua”, “Baile dos Quintalinhos”, “Bairros de Lisboa”, “Um resto de Mouraria”, “O Fado da Bica”, “Não sou ciumenta”, “Rapsódia de fado antigo”, “Trem desmantelado”, “Não passes com ela à minha rua”, “Fins do século passado”, entre muitos outros…
Paralelamente à sua projeção como poeta, Carlos Conde foi alvo de um grande número de homenagens, com especial destaque para o almoço comemorativo do seu 50º aniversário, e que teve lugar no dia 22 Novembro de 1951, na Adega Mesquita, com a presença de Francisco Radamanto, Felipe Pinto, Dr. Amaro de Almeida, Amália Rodrigues, Teresa Nunes, Alfredo Marceneiro, entre outros. Outras festas de homenagens ocorreram contando com a presença de muitos nomes do universo artístico da rádio, do teatro e do fado e que souberam enaltecer a grandiosidade da sua obra poética e humana.
Vítima de um trágico acidente de viação, Carlos Conde virá a falecer em Julho de 1981.
Em 2001 a Câmara Municipal de Lisboa, presta ao poeta uma última homenagem, ao atribuir o seu nome a uma das artérias da cidade situada na zona de Campolide.
Paulo Conde, neto de Carlos Conde, lançou em Setembro de 2001 o livro “Fado, Vida e Obra do Poeta Carlos Conde”. Tratando-se de um inesgotável tributo ao seu avô, Paulo Conde revê toda a vida e consequente obra literária daquele que é hoje considerado como uma referência na poesia de fado.

 

 

 


Seleção de fontes de informação:

“Alma de Portugal”, 1ª Quinzena de Setembro de 1924
“A Canção do Povo”, 26 de Setembro de 1926
“Guitarra de Portugal2, 17 de Abril de 1926
“Guitarra de Portugal”, 10 de Agosto de 1928
“ABC”, 23 de Janeiro de 1931
“Guitarra de Portugal”, 15 de Março de 1948
Cartaz promocional da “Festa de Homenagem ao poeta popular Carlos Conde”, 29 de Março de 1958
“República”, 21 de Junho de 1966
Conde, Paulo (2001) “Fado, Vida e Obra do Poeta Carlos Conde”, Lisboa, Garrido Editores.
“Correio da Murtosa”, 28 de Novembro de 2007
Adaptação de biografia gentilmente cedida por Paulo Conde.

Última atualização: Maio/2009

Pequena biografia do intérprete:
                                                                                                                                  Alfredo Marceneiro
Alfredo Rodrigo Duarte, que ficou conhecido por Alfredo Marceneiro, dada a sua
profissão, nasceu em Lisboa, no dia 29 de Fevereiro de 1888, embora o seu
bilhete de identidade referisse o seu nascimento a 25 de Fevereiro de 1891.
Filho de Gertrudes da Conceição e Rodrigo Duarte, Alfredo foi o primeiro filho
do casal, seguiram-se dois irmãos - Júlio e Álvaro - e uma irmã - Júlia.
Em 1905, quando tinha apenas 13 anos, o seu pai faleceu e Alfredo Duarte
abandonou os estudos para ir trabalhar e ajudar no sustento da família. O seu
primeiro emprego foi o de aprendiz de encadernador.
Tomou contacto com o Fado ao assistir às cegadas de rua. Conheceu então Júlio
Janota que, para além de participar nas cegadas, tinha o ofício de marceneiro e lhe
arranjou lugar como seu aprendiz numa oficina em Campo de Ourique.
Alfredo Duarte começou por cantar Fados nos bailes populares que frequentava, entre os 14 e os 17 anos. É nesta altura, em 1908, que faz a sua estreia na cegada do poeta Henrique Lageosa, inspirada no argumento   do filme mudo O Duque de Guise, onde interpreta o papel da amante do Duque.
Para além de participar nas cegadas, onde desenvolve o seu método de dizer bem e dividir as orações,
Alfredo Duarte começa a cantar em diversas festas de solidariedade e nos retiros do Caliça, Bacalhau, José dos Pacatos, Cachamorra, Baralisa e Romualdo, mas é no 14 do Largo do Rato que se torna mais conhecido.
É alcunhado de "Alfredo Lulu" por se vestir de forma elegante e aprumada, mas será o apelido de
"Marceneiro", que se eternizará, cantado pelo próprio fadista no poema de Armando Neves, de que
reproduzimos um excerto:
 

"Orgulho-me de ser em toda a parte
Português e fadista verdadeiro,
Eu que me chamo Alfredo, mas Duarte
Sou para toda a gente o Marceneiro"
 

Esse nome artístico - "Alfredo Marceneiro" - surge numa festa de homenagem aos cantadores Alfredo dos Santos Correeiro e José Bacalhau, como o próprio fadista conta: "Uma noite fui convidado por amigos que já me tinham ouvido cantar em paródias próprias da idade a ir ao Club Montanha (hoje Ritz). Dirigia a festa o poeta Manuel Soares e perguntou: «Quem é este rapazinho? Como se chama? Que ofício tem?» Então, quando me apresentou ao público, esquecendo o meu apelido, anunciou: «Vai cantar a seguir o principiante Alfredo... Alfredo... Olhem não me ocorre o apelido. É Alfredo... Marceneiro...» E ainda hoje sou o Alfredo Marceneiro." (cf.”Guitarra de Portugal”, 15 Julho de 1946).
Ao longo da sua vasta carreira, e apesar de manter a sua profissão de marceneiro, Alfredo Duarte é
contratado para exibições em casas como o Clube Olímpia, onde esteve com Armandinho, Júlio Proença e Filipe Pinto, e depois em outras casas típicas como a Boémia, na Travessa da Palha, o Ferro de Engomar, o Castelo dos Mouros, o Solar da Alegria, ou o Júlio das Farturas, onde cantou durante um ano.
No ano de 1924 participa num concurso de Fados do Sul-América, um espaço situado na Rua da Palma, e onde ganhou a "Medalha de Ouro". Nesse mesmo ano canta durante dois meses no Chiado Terrasse para animar as noites de cinema e é presença na "Festa do Fado" organizada pelo jornal "Guitarra de Portugal" no Teatro São Luiz.
A partir desta data a sua carreira prossegue com grande sucesso atuando em casas como o Retiro da Severa, o Solar da Alegria ou o Café Mondego. Chega mesmo a ter a sua própria casa, o Solar do Marceneiro, no final da década de 1940, mas sendo um espírito irrequieto não consegue cingir-se a cantar diariamente nesse espaço.
Como exemplo dos momentos mais evidentes da admiração e fama que adquiriu ao longo da sua longa carreira salientamos: a organização de uma festa artística, em 1933 no Júlio das Farturas do Parque Mayer; em 1936, o segundo lugar do título "Marialva", ganho num concurso do Retiro da Severa; a 10 de Maio de 1941 um outro espetáculo denominado "Festa Artística de Alfredo Marceneiro", desta feita no Solar da Alegria; ou, ainda, a consagração como "Rei do Fado", no Café Luso, a 3 de Janeiro de 1948.
Apesar do sucesso da sua carreira nunca saiu de Portugal para atuações e raramente deixou Lisboa, embora na década de 1930 tivesse integrado alguns espetáculos de grupos criados para efetuar tournées por Portugal, caso da "Troupe Guitarra de Portugal", com Ercília Costa, Rosa Costa, Alberto Costa, João Fernandes (guitarra) e Santos Moreira (viola); ou da "Troup Artística de Fados Armandinho", com Armandinho, Georgino Gonçalves, Cecília d’ Almeida, Filipe Pinto e José Porfírio.
Alfredo Marceneiro cantou também no Teatro, subindo ao palco do Coliseu dos Recreios, em 1930, com a Opereta "História do Fado", onde atuavam Beatriz Costa e Vasco Santana. As suas interpretações em palcos de teatros incluíram também o São Luiz, o Avenida, o Apolo, o Éden - Teatro, o Capitólio, o Politeama, o Maria Vitória, e outros.
Em 1939, com a conhecida cantadeira Berta Cardoso, grava atuações no Teatro Variedades e no Retiro do Colete Encarnado, que serão apresentadas no filme" Feitiço do Império", de António Lopes Ribeiro. O "Feitiço do Império" estreia nas salas de cinema em 1940, e tem apresentações até 1952. O filme foi protagonizado por Luís de Campos e Isabela Tovar, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), António Silva e Madalena Sotto. Lamentavelmente, a película existente na Cinemateca Portuguesa apresenta-se bastante deteriorada.
As gravações discográficas da sua obra não são muitas, uma vez que não apreciava cantar senão nos locais que considerava próprios e com a presença do público. Assim, apesar de ter gravado o seu primeiro disco, para a Casa Cardoso, em 1930, com os temas "Remorso" e "Natal do Criminoso", passou logo depois a ser artista privativo da Valentim de Carvalho. Seguiram-se apenas quatro LP’s e três EP’s, o último, "Fabuloso Marceneiro", gravado aos 70 anos.
O fadista também fez poucas aparições em programas de televisão. Em 1969, uma equipa técnica constituída por Henrique Mendes e Carlos do Carmo, como produtores, Luís Andrade, como realizador e José Maria Tudella, como operador de imagem, tem de se deslocar ao Bairro Alto para acompanhar Alfredo Marceneiro nas suas interpretações e poder assim realizar uma reportagem documental para a RTP. Dez anos mais tarde, em 1979, será pela intervenção do seu neto Vítor Duarte, que acederá a realizar um programa para a RTP, o qual foi exibido a 14 de Janeiro de 1980 e editado em DVD, pela Ovação, em 2007.
Apesar da sua fama e sucesso crescente mantém a profissão de marceneiro, até à década de 1930 nas oficinas de Diamantino Tojal e, posteriormente, nas Construções Navais do Arsenal do Alfeite, que depois passaram a ser administradas pela C.U.F.
Só em 1946 se dedica exclusivamente ao Fado como profissional, conservando no entanto em casa o banco de marceneiro e as ferramentas com que se entretinha a fazer pequenos trabalhos, um dos quais "A Casa da Mariquinhas", obra que merece especial relevo pelo cariz emblemático que assume para a própria História do Fado de Lisboa. Trata-se de uma construção em madeira, na escala de 1 por 10, em que, inspirado na letra de Silva Tavares, construiu/reconstruiu a casa evocada na descrição do poeta. Esta peça está atualmente na exposição permanente do Museu do Fado.
Alfredo Marceneiro considerava-se um estilista e nesta criação de estilos acabou por ser autor de
composições que são hoje consideradas Fados tradicionais. A sua primeira composição foi a "Marcha do Alfredo Marceneiro", mas seguiram-se muitas outras como: "Fado Laranjeira", "Lembro-me de ti", "Fado Bailado", "Fado Bailarico", "Fado Balada", "Fado Cabaré", "Fado Cravo", "Fado CUF", "Fado Louco", "Mocita dos Caracóis", "Fado Pagem", "Fado Pierrot", "Bêbado Pintor" e "Fado Aida". Com a ajuda de Armando Augusto Freire (Armandinho), que lhe passa para pauta as suas criações, o fadista regista as suas músicas na Sociedade de Escritores e Autores Teatrais Portugueses.
O fadista foi pai de cinco filhos. Os primeiros dois: Rodrigo Duarte e Esmeraldo Duarte, resultaram de duas relações efémeras e os outros três: Carlos, Alfredo e Aida são fruto da sua união com Judite de Sousa Figueiredo com quem viveu até à data da sua morte, a 26 de Junho de 1982.
"Ti’ Alfredo" para os fadistas e amigos continua a ser considerado um dos fadistas maiores, seguido como um modelo na forma de dividir os versos cantados, não permitindo que as pausas musicais interrompam o sentido das orações. A sua figura característica, sempre de boina e lenço de seda ao pescoço, será recordada juntamente com o seu modo particular de interpretar, com o balancear de ombros e tronco e as mãos nos bolsos.
Alfredo Marceneiro reforma-se em 1963, realizando-se a 25 de Maio desse ano, no Teatro S. Luiz, a festa de título: A MADRUGADA DO FADO - Consagração e despedida do Grande Artista Alfredo Duarte Marceneiro. Na verdade esta não foi uma despedida, Alfredo Marceneiro continuou a cantar durante quase mais duas décadas.
Em 23 de Junho de 1980, numa cerimónia realizada no Teatro São Luiz, é-lhe entregue a "Medalha de Ouro de Mérito da Cidade de Lisboa", pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Krus Abecassis.
Homenagens póstumas:
- "Comenda da Ordem do Infante D. Henrique", atribuída a 10 de Junho de 1984 pelo Presidente da
República General Ramalho Eanes;
- A Câmara Municipal de Lisboa dá o seu nome a uma rua do Bairro de Chelas;
- Em 1991 foi comemorado o centenário do nascimento do fadista e entre outros eventos foi lançado o duplo
álbum "O melhor de Alfredo Marceneiro" (EMI-Valentim de Carvalho) e foi exibido na RTP o
documentário "Alfredo Marceneiro é só Fado".



Seleção de Fontes de Informação:

“Guitarra de Portugal”, 10 de Novembro 1926;
“Trovas de Portugal”, 4 de Fevereiro 1934;
“Guitarra de Portugal”, 20 de Julho 1935;
“Canção do Sul”, 16 de Setembro 1935;
“Canção do Sul”, 16 de Novembro 1943;
“Guitarra de Portugal”, 15 de Julho 1946;
“Ecos de Portugal”, 1 de Janeiro 1948;
“Voz de Portugal”, 1 Outubro 1957;
“Flama”, 12 de Outubro de 1962;
“Álbum da Canção”, 1 de Agosto 1963;
“Diário de Lisboa”, 20 de Março 1968;
“Rádio e Televisão”, Novembro 1969;
“Flama”, 26 de Abril de 1974;
“Diário de Notícias”, 27 de Junho de 1981;
“Correio da Manhã”, 28 de Junho de 1982;
“Mais”, 2 de Julho de 1982;
Machado, Vítor (1937), “Ídolos do Fado”, Tipografia Machado;
Duarte, Vítor (1995), “Recordar Alfredo Marceneiro”, Venda Nova, Sistema J;
Duarte, Vítor (2001), “Alfredo Marceneiro...Os Fados que ele cantou”, Lisboa, Clássica Editora.
DVD “3 Gerações de Fado”, Ovação, 2007.
www.alfredomarceneiro.com
http://alfredomarceneiro.blogs.sapo.pt
Informações fornecidas pelo neto do fadista Vítor Duarte


​Última atualização: Novembro/2007

Pequena biografia da intérprete:
                                                                                                                             Fernanda Maria
Maria Fernanda Carvalheira dos Santos nasceu na freguesia do Socorro,

Hospital de S.José em  06 de Fevereiro de 1937. O seu pai era tipógrafo

e cantava muito bem o Fado, e segundo Fernanda Maria deverá ter sido

com ele que apanhou o compasso e o gosto pelo Fado.
Desde muito nova, 12/13 anos, empregou-se a servir à mesa, na

"Adega Patrício", de que era proprietária a fadista Lina Maria Alves.

Mais tarde passou para o restaurante de Argentina Santos, a "Parreirinha

de Alfama", e foi ali, naquele espaço tão especial, que surgiu uma das

maiores intérpretes do género, símbolo do mais puro estilo fadista.

Fernanda Maria começa a sentir o apelo de cantar e incentivada pelos frequentadores
das casas onde servia àmesa, descobre a sua vocação. Impulsionada por Alfredo Lopes inicia os testes para a Emissora Nacional efeitas as devidas provas estreia-se no Serão para Trabalhadores, emitido a partir da Voz do Operário. Em 1957 tira a carteira profissional e para além dos programas na Emissora Nacional passa a participar em variados espetáculos como o "Passatempo APA" no Cinema Éden, "Do Céu Caiu uma Estrela" no Òdeon, e o "Comboio das 6h30" no Capitólio. Uns dos momentos que Fernanda Maria recorda com mais saudade são os espetáculos de variedades realizados no Pavilhão dos Desportos e no Coliseu dos Recreios.
Por motivos de vida familiar recusou muitos convites ao estrangeiro, mantendo as suas atuações assíduas nas casas de Fado "A Severa", "Toca", "Nau Catrineta" e "Viela" até se fixar no seu próprio espaço, a casa típica "Lisboa à Noite", que abriu em 1964, e deixou após o falecimento do seu marido, Romão Martins. Passaram por este espaço grandes nomes do género, Manuel de Almeida, Manuel Fernandes, Tristão da Silva, Alice Maria, Maria da Fé, Cidália Moreira, entre outros.
A primeira gravação de disco deu-se quando atuava na "A Severa" e mais tarde gravou também pelas
editoras Valentim de Carvalho e Alvorada. A convite do empresário José Miguel, Fernanda Maria integra o
elenco da revista "Acerta o Passo" (1964) junto de Ivone Silva, contudo foi uma breve passagem, já que a
fadista não se fascina por esta arte e pelos grandes palcos.
Foi acompanhada por grandes instrumentistas: Pais da Silva, Acácio Rocha, Jaime Santos, Carvalhinho,
Martinho D´Assunção, Raul Nery, Fontes Rocha, Joel Pina.
Fernanda Maria, voz carismática e peculiar, tem como principais referências Argentina Santos e Maria
Teresa de Noronha, pelas quais nutre um enorme respeito e admiração. Do seu vasto repertório fazem parte versos de grandes poetas, casos de: Linhares Barbosa, Nelson de Barros, Frederico de Brito, João Dias e Carlos Conde, dos quais resultaram grandes sucessos tais como "Não passes com ela à minha rua", de Carlos Conde, e "Zanguei-me com o meu amor" de Linhares de Barbosa.
Símbolo máximo do Fado castiço, Fernanda Maria é distinguida em 1963 com o Prémio da Imprensa, na categoria Fado e em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira Feminina.



Seleção de fontes de informação:

Museu do Fado - Entrevista realizada a 14 de Novembro/2006.
Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado" Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.


Última atualização: Dezembro/2007

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