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Fado Artilheiro

A Cor dos Olhos
Letra:            Domingos Gonçalves Costa
Música:         Joaquim Frederico de Brito

Intérprete:      Manuel de  Almeida
 

 


Dizem que os olhos leais,
São os castanhos, pois bem:   (bis)

- Conheço uns olhos fatais,
Que são castanhos, também...!
   (bis)

 

 

Olhos pretos, negra cruz,
Quem o disse, com certeza,   (bis)

Não vê que a noite sem luz,
Também tem sua beleza!
   (bis)

Olhos azuis, falsidade,
Errou, quem isto escreveu!   (bis)

Nunca pode haver maldade,
Nos olhos da cor do céu!
   (bis)

Nos olhos verdes, cautela...,
Ninguém se deixe embalar:   (bis)

- Lembram o mar e a procela,
A irmã gémea do mar!
   (bis)

Não há resposta acertada,
Que traduza bem a cor,   (bis)

Dos olhos da nossa amada,
Se andamos cegos de amor!
   (bis)


Intérprete  Manuel de Almeida
Título  A cor dos olhos
Autor da Letra  Domingos Gonçalves Costa
Autor da Música  Joaquim Frederico de Brito
Guitarra Portuguesa  Raul Nery e José Fontes Rocha
Viola  Nicolau Neves
Viola-baixo  Joel Pina
Data da 1ª edição  1963

Fado Artilheiro

Fado da 1ª geração, em modo maior, de textura muito simples, embora com dois tons; é normalmente cantado em estrofes de quadras, com versos de sete sílabas ( redondilha maior ).

O nome deste fado, está ligado ao facto de, durante muito tempo, a sua autoria ter sido atribuída ao cantador amador José Manuel, que em tempos havia cumprido serviço militar num regimento de Artilharia, ficando, por isso, com a alcunha de José Manuel “Artilheiro”.

Aliás, também por isso, há quem lhe chame Fado do Zé Artilheiro!

Foi composto pelo grande cantador, poeta e compositor, Joaquim Frederico de Brito.
 

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                              Frederico de Brito

Joaquim Frederico de Brito, nasceu em Carnaxide ( Oeiras ), em 25 de Setembro

de 1894, tendo falecido em Lisboa, em Março de 1977.

Cantador, compositor e poeta, era conhecido no meio do Fado com o diminutivo

de “Britinho” e também poeta-chauffer, alcunha que lhe atribuíram porque durante

muitos anos foi motorista de táxi, depois de ter sido estocador durante alguns

anos; no entanto, vem a reformar-se como empregado da companhia petrolífera

Atlantic, onde entrou, quando deixou de conduzir taxis!

Aos 8 anos, leu o livro de Avelino de Sousa, “Lira do Fado”, que o levou a escrever

versos, que o seu irmão mais velho, João de Brito, cantava em festas de amadores.

É um facto adquirido, que durante a sua vida, escreveu mais de um milhar de letras

e compôs várias centenas de músicas.

Participou na opereta "História do Fado", de Avelino de Sousa, com Alfredo Marceneiro e outros, cantando versos de sua autoria.

Em 1931, edita um livro de sua autoria, “Musa ao Volante”, compilação de todos os versos que até aí tinha escrito.

Para além de grande poeta, foi também um extraordinário compositor!

Assim, são de sua autoria, ( letra e música ), "Biografia do Fado", ( criação de Carlos Ramos ); "Fado do Cauteleiro"( criação de Estêvão Amarante ); "Janela virada para o mar" ( criação de Tristão da Silva ); "Não digam ao Fado...!" ( criações de Carlos do Carmo e Beatriz da Conceição ) e "Canoas do Tejo"( tema popularizado pela criação de Carlos do Carmo e, mais tarde, também cantado por Max, Beatriz da Conceição, Francisco José, Tony de Matos e muitos outros ).

O "Fado Carmencita", na voz de Amália Rodrigues, foi também um dos seus sucessos, tal como foram “Troca de olhares”, “Rapaz do camarão", “Casinha dum Pobre” e Fado Corridinho ( ambos com música de Martinho d' Assunção ), “Fado Britinho”; “Fados dos Sonhos” e o celebérrimo “Fado da Azenha”, que David Mourão- Ferreira, considerou das melhores criações da poesia popular portuguesa!

Vários compositores, entre eles Raul Ferrão, Raul Portela, Jaime Mendes e Alves Coelho ( filho ) escreveram músicas para letras de Joaquim Frederico de Brito.

As revistas ”Anima-te Zé” ( Teatro Maria Vitória, 1934 ), “Salsifré” ( Teatro Apolo, 1936 ), “Bocage” ( Eden Teatro, 1937 ), “Chuva de Mulheres” ( Eden Teatro, 1938 ), “Sol e Dó” ( Teatro Variedades, 1939 ) e “Haja saúde!”, com a qual se inaugurou o Teatro ABC, integraram várias composições de sua autoria.

Era muito estimado nos meios fadistas ( o carinhoso diminutivo “Britinho”, reflectia aliás essa generalizada simpatia ).

Poeta popular, que manteve os padrões do Fado tradicional, sem “lamechas retrógradas”, sem terminologia de exagerado lirismo, seduzindo assim compositores de nomeada, já acima referidos, que compõem para as suas letras, de cunho bem fadista, e que foram cantadas no teatro, por fadistas e cançonetistas da época.

Joaquim Frederico de Brito, deixou-nos um valioso espólio, que continua a ser interpretado por inúmeros artistas, recebendo do grande público, enorme aceitação e agrado!



Seleção de fontes de informação:



http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/96690.html





Última atualização:  Dezembro/2009
 

 

Pequena biografia do intérprete:


                                                                                                                                            Manuel de Almeida

Manuel Ferreira de Almeida, nasceu no Bairro da Bica em Lisboa, em 27 de Abril

de 1922, cidade onde viria a falecer, em Dezembro de 1995.

Com 10 anos, dedicou-se ao Fado, começando a frequentar retiros fadistas,

nomeadamente, o café da Rua de São Paulo, onde também se estreou Fernando

Farinha!

Apesar do inúmeros convites dos empresários da especialidade, preferiu dedicar-se

à sua profissão de desenhador e fabricante de calçado feminino.

A sua timidez, não facilitou a sua profissionalização no Fado, que apenas ocorreu

em 1951, com 28 anos, abandonando finalmente a sua profissão de "sapateiro",

como também era conhecido!

Assim, estreou-se no Restaurante Típico “A Tipóia”, no Bairro Alto, sob a direcção de Adelina Ramos, casa onde permanece 12 anos!

Após este perído, canta no “Estribo”, “Retiro do Malhão”, “O Faia” e no “Olímpia Clube”. Fernanda Maria convidou-o para o “Lisboa à Noite”, onde permaneceu mais 11 anos.

Em 1979, Rodrigo inaugurou a sua casa em Cascais, o “Forte D. Rodrigo”, tendo convidado Manuel de Almeida, que se ali se manteve até a morte o silenciar!

Manuel de Almeida, foi um talentoso poeta, registado na Sociedade Portuguesa de Autores.

Algumas das suas interpretações, ainda hoje são lembradas, salientando-se “Fado Antigo”, com versos de Martinho da Assunção ( pai ), e “Mãos cheias de amor”, de Clemente José Pereira.

Cumpriu várias digressões pelo estrangeiro, tendo gravado cerca de 50 discos ( entre LP´s e singles )!

Ponto significativo da sua carreira, foi a edição, em 1987, de “Eu fadista me confesso”, produzido por Rao Kyao! Na ocasião, os críticos afirmaram tratar-se de uma colecção coerente, romântica e melancólica, que pouco ou nada tinha a ver com o Manuel de Almeida castiço de outras gravações, que cantava sobre touradas, marialvismo e noitadas ao relento...! Contudo, o disco foi pioneiro no enlace entre a tradição e o modernismo!

Afirmou “...não se aprende a cantar o Fado; essa qualidade nasce ou não com as pessoas..."!

Em 1963, recebeu alguns galardões, como o “Óscar da Imprensa”, um diploma de agradecimento do Senado de Rhode Island e uma medalha da Cidade de Saint-Serves.

Em Fevereiro de 1994, festejou as bodas de ouro da carreira, tendo sido homenageado no Teatro São Luís em Lisboa!

Foi grande adepto do desporto, chegando a praticar futebol e atletismo!

Manuel de Almeida, foi considerado por muitos o “último abencerragem fadista deste século”, pelo seu estilo inconfundível, voz única e jeito especial de viver e sentir o Fado!

Origem: “Histórias do Fado – A Capital".
 

2010 - present

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