top of page

Fado Vadio

Moreninha da Travessa
Letra:              Jorge Rosa
Música:           Filipe Pinto
Repertório:       Fernando Maurício

 

 


Moreninha da travessa
Que atravessa a minha rua  (bis)
Apenas por culpa sua
Penas minh'alma atravessa  (bis)

Onde vai assim depressa
Porque atravessa a correr  (bis)
Fugindo a quem a quer ver
Onde vai com tanta pressa  (bis)

 


Por mais que diga e lhe peça
Que essa pressa diminua  (bis)
Apressada continua
E o que eu digo não lhe interessa  (bis)

Qualquer dia ainda tropeça
Nessa pressa de fugir  (bis)
Tropeça e pode cair
Veja lá, não caia nessa  (bis)

 
Mas se cair, lhe aconteça
P'ra se livrar de embaraços  (bis)

Veja se cai nos meus braços
Moreninha da travessa
Veja se cai nos meus braços
Veja lá se cai depressa

​Pequena biografia do autor:

​                                                                                                                                          Filipe Pinto

Filipe Pinto, cujo nome completo era Filipe de Almeida Pinto, nasceu em Lisboa,

nos Barbadinhos, freguesia de Santa Engrácia, em 2 de Maio de 1905. Era filho

de Henrique de Almeida Pinto e de Maria da Silva.

Como o próprio confessou: "era nos Barbadinhos que, ao tempo, deitavam o

pregão dos seus Fados o Rosa Sapateiro, de saudosa memória, e os irmãos

Vilanova ou o Aguiar Batata, ainda vivos, felizmente" ( cf. “Guitarra de Portugal

18 Junho 1932). Exerceu a profissão de Operário Litógrafo e começou a cantar

o fado com quinze anos de idade, como ele próprio afirma em entrevista

inserida na primeira página da “Guitarra de Portugal” de 18 de Junho de 1932:

"Há dez anos era hábito no meu sítio realizarem-se, pelas Sociedades de Recreio, frequentes concílios poéticos, em benefício de necessitados. Pontificava o Bringuel, cantador de primeira plana; ouvi-lo cantar, era para mim um salutar prazer. Comecei nesta época ensaiando os meus primeiros vôos. Pouco tempo depois (1922) cantava nos “Sempre Unidos”, à Rua Vale de Santo António, e num pequeno grémio da minha vizinhança, aonde ia outro grande cantador, o Joaquim Campos, a quem devo o início da minha vida de cantador". (cf. Guitarra de Portugal de 18 de Junho de 1932)

Em Maio de 1927, Filipe Pinto, adquire o cartão artístico e destaca-se como uma das figuras mais apreciadas pelo público, dotado, não só de uma excelente voz, como de uma presença muito marcante.

Manteve uma ligação sentimental com a jovem cantadeira Cecília de Almeida, que vivia na Rua do Norte, ao bairro Alto, a célebre «Cotovia do Bairro Alto», e que viria a falecer no dia 1 de Fevereiro de 1932.

Fez parte da “Companhia Típica Portuguesa da Embaixada do Fado” que se deslocou ao Brasil, tendo partido em Agosto de 1934. Este grupo, dirigido por Alberto Reis, que incluía também as presenças de Maria do Carmo e Maria do Carmo Torres, Branca Saldanha, Joaquim Pimentel, Armandinho (guitarra) e Santos Moreira (viola). (Cf. Guitarra de Portugal de 21 de Agosto de 1934). Posteriormente, em Junho de 1935 estariam presentes em Buenos Aires.

De regresso passou pelo “Salão Artístico de Fados”, e pela “Cervejaria Vitória”, colaborou em inúmeros programas de Emissora Nacional, mantendo-se no elenco do “Café Mondego”, “”Retiro da Severa”, e “Solar da Alegria”, de que foi director artístico em finais da década de trinta e onde, anos antes, havia ganho uma medalha de ouro num concurso de Fado Corrido, onde foi agraciado por uma enorme ovação.

Continuou o seu percurso de actuação em várias casas de Fado, designadamente, no “Luso”, na “Adega Mesquita”, na “Márcia Condessa”, na “Toca”, na “Viela”, na “Mãe Preta”, no “Canto do Camões”, entre outras.

Em 1945 era referenciado como “fadista de carreira brilhante, profissional com “fúria de amador, sempre presente onde o Fado se apresenta…”. Saliente-se que, Filipe Pinto, se tornou numa das figuras mais influentes no meio, conciliando também a actividade de gerente artístico (“Café Monumental” (1945) e “Café Luso” (1946)), que lhe proporcionou a descoberta e divulgação de novos talentos, bem como a organização de festas de homenagem, como a realizada em Janeiro de 1948, no Café Luso, e que distinguiu Alfredo Marceneiro como Rei do Fado.

Pela forma peculiar de como se vestia, Filipe Pinto ficou conhecido pelo " Marialva do Fado ".

Em 29 de Novembro de 1962 é alvo de uma Homenagem no antigo Cinema Tivoli, com a participação, entre outros artistas, de Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha, Max, Artur Ribeiro, Ilídio dos Santos, Lucília do Carmo, Martinho D´Assunção, entre outros.

Faleceu em Lisboa corria o ano de 1968.

Selecção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal”, 18 de Junho de 1932;
“Canção do Sul”, 01 de Setembro de 1940;
“Guitarra de Portugal”, 01 de Novembro de 1945;
Machado, A. Victor (1937), “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves;
Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, o Fado e dos Fadistas”, Lisboa, Vega;

Última actualização: Abril de 2008

Pequena biografia do poeta:

                                                                                                                                            Jorge Rosa

Jorge Rosa, artista plástico multifacetado, com uma obra invulgarmente extensa,

considerando os variados campos da arte a que se dedicou, nasceu a 8 de Março

de 1930 e morreu a 9 de Agosto de 2001
Frequentou o curso de artes decorativas, da extinta escola António Arroio, com o

objectivo de prosseguir os estudos na Escola Superior de Belas Artes.
Aos 18 anos começou a distinguir-se pelo elevado valor artístico dos seus trabalhos

de desenho, a crayon de nus artísticos e animais e a tinta da china de obras de

religiosas como a Descida da Cruz, Cristo Crucificado e as fachadas de igrejas e

monumentos de Lisboa apresentando já, na opinião dos seus mestres,

uma elevada qualidade e rigor de pormenor.
Aos 20 anos com a morte de seu Pai, sendo o mais velho de 6 irmãos, foi obrigado a abandonar os estudos para conjuntamente com uma irmã, que tomou igual decisão, trabalhar para sustentabilidade da família.
Até à sua reforma, exerceu actividades sem ligação à arte, tendo sido funcionário administrativo de uma agremiação empresarial e depois a actividade comercial e de apoio à decoração de interiores, num grupo fabricante de mobiliário, com lojas de exposição e venda de mobiliário e artigos de decoração.
Contudo, jamais abandonou as actividades artísticas que sempre realizou em paralelo com a profissão, sistematicamente realizadas após o horário laboral, até altas horas da madrugada. Sempre dormiu pouco.
Ao longo de mais de 50 anos, dedicou-se ininterruptamente e simultaneamente, com singular maestria, às artes de: desenhador, maquetista, pintor, decorador, figurinista, cenógrafo e poeta.
Sendo um apaixonado pela cidade de Lisboa e da sua vida nocturna e particularmente dos seus bairros mais populares como a Madragoa, Alfama, Bairro Alto e Mouraria, onde se cantava o fado de que muito gostava, pintou magistralmente as sua casas, suas escadinhas e suas gentes, de que se destacam os quadros de casario, telhados e figuras típicas como as varinas, os fadistas e os vendedores de rua. Realizou dezenas de exposições individuais e colectivas, com centenas de quadros que produziu
Como maquetista, desenhou e pintou, programas de espectáculos, catálogos de exposições,  cartazes publicitários de montra e de parede de filmes, de peças de teatro, especialmente revistas do Parque Mayer, onde durante 40 anos então como cenógrafo, concebeu cenários e desenhou guarda roupas, tendo também colaborado com poemas.
Para as marchas dos santos populares dos bairros de Alfama, Madragoa, Mouraria e Carnide, desenhou arcos e produziu as letras das marchas, algumas das quais, também musicou.
Na televisão como cenógrafo e caricaturista colaborou em vários programas de que destacamos, em colaboração com Júlio Isidro,  “Festa é Festa”, “A festa continua”, “Amigos Disney” e Passeio dos Alegres” onde concebeu, cenários e decorações complementares e em directo caricaturou os convidados tal como no programa de Rui Guedes, “Rui Guedes ao piano”
Como caricaturista, a sua capacidade de apreensão rápida em poucos traços das características mais significativas de cada caricaturado, tornaram-no , sem dúvida, de longe, no caricaturista português preferido, com uma obra impar quer em qualidade quer em quantidade.
Entre os anos de 1950 e 2000 foi o caricaturista que produziu 90% das caricaturas de todos os livros de curso editados na zona da Grande Lisboa, cada um deles com dezenas de imagens.
Paralelamente, quase todos os artistas nacionais e muitos internacionais de teatro,
rádio, televisão,  cinema e fadistas, foram caricaturados por ele, assim como os  principais políticos após o 25 de Abril.
Como poeta, em parceria com os melhores maestros e músicos, compôs fados inesquecíveis que foram cantados por todos os fadistas de maior nomeada.
Sob pena de omitir músicos e fadistas, que tornaram os seus poemas populares e aos quais pedimos as nossas desculpas, referimos, como musicólogos: António Chaínho, Arlindo de Carvalho, Carlos Rocha, Domingos Carvalhinho, Domingos Camarinha, Ferrer Trindade, Fontes Rocha, Genny Telles, Jorge Machado, Martinho d’Assunção, Nóbrega e Sousa e Nuno Nazaré Fernandes; como fadistas: Ada de Castro, Anita Guerreiro, Beatriz da Conceição, Berta Cardoso, Camané, Carlos do Carmo, Celeste Rodrigues, Cidália Moreira, Fernando Maurício, Hélder Moutinho, Jorge Fernando, Manuel Fernandes, Maria Armanda, Maria Clara, Maria da Fé, Mafalda Drumond, Natalina Bizarro, Natalino Duarte, Natércia da Conceição, Pedro Moutinho e Tristão da Silva.
Os poemas que originaram fados, canções e marchas e que se encontras registados na Sociedade Portuguesa de Autores, rondam os 800, não considerando aqueles, e foram muitos, de que o poeta abdicou dos seus direitos autorais para oferecer aos seus amigos e amigas cançonetistas e fadistas.
Do seu enorme espólio artístico de pinturas, caricaturas e poemas, destacam-se cerca de 3.000 poemas inéditos que os seus herdeiros põem à disposição de todos os artistas que os quiserem cantar, alguns dos quais já foram escolhidos, após sua morte, por artistas consagrados como Maria da Fé e Pedro Moutinho um fadista da nova escola de fado, irmão dos fadistas Hélder Moutinho e Camané que, este mês efectuou o lançamento de um DVD com uma colectânea de fados, entre eles, um do artista.

Seleção de fontes de informação:

http://salfino.blogs.sapo.pt/2506.html

Última atualização:  Abril/2009

bottom of page