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Fado Triplicado

Princesa Prometida
Letra:           Aldina Duarte

Música:       José Marques (Piscalareta)
Intérprete:    Aldina Duarte

 

Há um véu no meu olhar
Que a brilhar dá que pensar
Nos mistérios da beleza; (bis)

​Espelho meu, que aconteceu
Do que é teu e do que é meu
Já não temos a certeza (bis)

A moldura deste espelho
Espelho feito de oiro velho
Tem os traços duma flor (bis)

​Muitas vezes foi partido
Prometido e proibido
Aos encantos do amor (bis)

 

 

 

Espelho meu diz a verdade
Da idade da saudade
À mulher envelhecida (bis)

​Segue em frente na memória
Mata a glória dessa história
Da princesa prometida (bis)

(instrumental)

 

Segue em frente na memória
Mata a glória dessa história
Da princesa prometida (bis)

Pequena biografia da poeta e intérprete:

                                                                                                                                             Aldina Duarte
Aldina Maria Miguel Duarte nasceu em Lisboa, em 1967. Cresceu num bairro social

em Chelas. Com 20 anos começou a trabalhar num jornal, depois numa estação de

rádio e, mais tarde, foi monitora num curso de formação profissional do Centro de

Paralisia Cerebral.
Paralelamente foi membro do coro do grupo Valdez e as Piranhas Douradas.

Com 24 anos conheceu o Fado através de Beatriz da Conceição. Jorge Silva Melo

solicitou-lhe que entrevistasse a fadista para um documentário que estava a realizar.

Foi com este contacto que a visão de Aldina sobre o Fado se transformou, como a

própria revelou no seu site pessoal: ”Fiquei apaixonada por tudo o que ouvi, pedi-lhe

conselhos, falou-me de tudo o que é mais importante no fado. Quis ser fadista. Passei dias a ouvir muitos discos de fado, noites a ouvir muitos fadistas, meses a ler e a decorar poemas.”. O seu primeiro espetáculo foi para os funcionários do Centro de Paralisia Cerebral.
Em 1992, Aldina Duarte faz uma aparição no filme “Xavier”, realizado por Manuel Mozos, para o qual interpreta “A Rua do Capelão”, filmando na rua da Mouraria, onde os moradores a aplaudiram de tal forma que teve de repetir o Fado apenas para eles.
No ano seguinte canta na peça “Judite, Nome de Guerra”, de Almada Negreiros, encenada por Germana Tânger, no Teatro S. Luís. Foi a primeira vez que se apresentou em palco para cantar Fado. De seguida participou na programação de “Noites de Fado”, das Festas de Lisboa, que decorreu aos fins-de-semana na Casa do Registo da Mãe d'Água.
Filipe La Féria convidou-a a participar no programa musical “Grande Noite”, transmitido pela RTP em 1992, mas após 3 programas Aldina Duarte não se conseguia concentrar na interpretação do Fado, entre a azáfama de luzes e pessoas que um programa deste tipo implica.
Em estreita colaboração com o encenador João Mota e Paulo Anes, Aldina Duarte criou as “Noites de Fado” no Teatro da Comuna, onde foram convidados fadistas e atores que faziam leituras de poetas portugueses, casos de Beatriz da Conceição, Manuel de Almeida, Maria da Nazaré, Carlos Paulo e Manuela de Freitas. Nesse ciclo de eventos a fadista trabalhou com Camané, com quem posteriormente casou e viveu 10 anos, ajudando-o na escolha de repertórios para os seus discos.
Aldina Duarte, enquanto colaboradora da EMI-Valentim de Carvalho trabalhou na organização digital do espólio e na elaboração de coletâneas de Raul Ferrão e Alfredo Marceneiro.
Em 1995 e 1996, por convite do guitarrista Mário Pacheco, integrou o elenco permanente da casa Clube de Fado. E, desde 1997, passou a atuar na casa de Fados de Maria da Fé, o Sr. Vinho.
A sua primeira deslocação a Itália surge por convite do Teatro Piccolo de Milão, para cantar numa peça sobre a vida de Fernando Pessoa, "Os Últimos Três Dias de Fernando Pessoa ", escrita por António Tabucchi e dirigida por Giancarlo Dettori (ator principal), Lamberto Puggelli (encenador) e Giorgio Strehler (o Mestre).
Em 2004, Aldina Duarte editou o seu primeiro trabalho discográfico pela EMI. “Apenas o Amor” foi aplaudido pela crítica e destacava-se por integrar 8 poemas inéditos da fadista nos 12 temas interpretados.
Após o lançamento deste álbum, Aldina inicia uma série de espetáculos de divulgação do seu disco em Portugal e no estrangeiro, dos quais destacamos, no ano de 2004, as atuações no Centro Cultural de Arzila, em Marrocos, em Agosto, e novamente no Teatro Piccolo de Milão.
No ano seguinte, 2005, prossegue a realização de concertos em Viena de Áustria (Konzerthause), Espanha (Zamora), Itália (Pontedera e Roma), Holanda (Ijmuden, Gronigen, Haarlem e Amesterdão), França (Festival d’Ile de France, em Paris, e Bouguenais) e, em território nacional, no Castelo de Sines, na Casa da Cultura de Beja, na Culturgest e nas Festas da Cidade de Loures.
O mercado discográfico acolhe, em 2006, novo disco de Aldina. De título “Crua”, este álbum reúne 12 poemas de João Monge interpretados sobre músicas do Fado Tradicional. Nas palavras de João Monge: “A textura da voz, a intenção da leitura, a respiração que toma as rédeas do peito e que respira quando nós nos sustemos, a força telúrica capaz de devolver à terra tudo o que à terra pertence, o drama e a dádiva, principalmente a dádiva das coisas simples e eternas da vida, é que me levam mar adentro. Se tudo isto é fado, tudo isto é Aldina!”.                                                                              
Nesse mesmo ano a fadista atua em França e faz uma digressão em território nacional, com espetáculos no Teatro da Luz, no Maxime, no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na 5ª Gala do Fado do Casino Estoril, no Pavilhão Rosa Mota do Porto, na Festa do Fado do Castelo de S. Jorge, no Grande Auditório da Casa da Música do Porto e no Grande Auditório da Culturgest, e, ainda, no Festival Sons em Trânsito no Teatro Aveirense e no Teatro Viriato em Viseu.
A 1 de Novembro de 2007, integrou o elenco do espetáculo “Divas do Fado”, apresentado no Queen Elizabeth Hall, em Londres, no âmbito da 7ª edição do Festival Atlantic Waves, organizada pela Fundação Gulbenkian. Ao palco, para além de Aldina, subiram as fadistas Beatriz da Conceição, Maria da Fé, Mafalda Arnauth, Joana Amendoeira e Raquel Tavares. No decorrer desse ano apresentou-se, também, em França (Bobigny), no Teatro Municipal de Faro, no Auditório Municipal de Sines, na 6ª Gala do Fado no Casino Estoril, no Teatro do Campo Alegre no Porto, no Centro Cultural Vila-Flor, em Guimarães, e na Festa do Avante.
O seu mais recente disco, “Mulheres ao Espelho”, foi editado em 2008. Depois de dispensada, juntamente com vários artistas nacionais, da EMI, Aldina Duarte fundou a sua própria editora, a Rodalámusic, para lançar este álbum. Em entrevista à “Notícias Magazine” Aldina relata: “Tive de pedir um empréstimo para abrir uma editora para poder editar o meu disco, sou eu que faço a faturação da empresa, sou eu que negoceio e monto os meus próprios espetáculos, as tournées, a promoção”.
Dos seus espetáculos de 2008 destacamos as atuações na Casa Fernando Pessoa, na Grande Gala do Fado no Casino Estoril, no Teatro da Batalha no Porto, na Fábrica Braço de Prata, no CAE de Portalegre e no Poetry Festival em Berlim.
Todas as gravações de Aldina Duarte são acompanhadas por José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, e Carlos Manuel Proença, na viola. A fadista procurou manter os rituais que considera “distintos e belos no fado: o xaile preto, o vestido preto, discreto e elegante, o silêncio, a luz baixa” e escolheu interpretar fados tradicionais porque lhe atraiu “a possibilidade de contar histórias diferentes com uma mesma música. (…) É preciso conhecer a base e respeitá-la, sabendo contudo que em termos criativos há um mundo de coisas que podem ser feitas.” (“Notícias Magazine”, 19 de Outubro de 2008).
A sua aprendizagem e estudo do Fado são manifestas no respeito e admiração por outras fadistas, patentes, por exemplo, na homenagem que faz a Maria José da Guia, Lucília do Carmo e Hermínia Silva, interpretando temas destas fadistas no seu último disco. Aldina justifica: “são três fadistas a quem dedico muito tempo a ouvir para aprender a dizer bem as palavras, a dividir bem as frases, a saborear o ritmo e o balanço dos fados… a desvendar as melodias nas suas subtilezas… porque me dão força para avançar no meu caminho, enquanto fadista” (“Diário digital”; 25 de Junho de 2008Na Sociedade Portuguesa de Autores estão registados mais de 70 poemas da sua autoria. Para além dos que a própria interpreta nos seus discos, outros fadistas gravaram letras de sua autoria, como é o caso de Camané (“À mercê de uma saudade”, “Fecho os olhos p’ra dar”, “Dor repartida”, “Por um acaso”, “Memórias de um chapéu”, ou “Fado da vendedeira”; Joana Amendoeira (“Se o Fado não tem idade”, “Acordo agora”, “Feitiço dos temores”; “Só Deus sabe”, “Estrelas sem sentido” ou “Na mesma rua”); António Zambujo (“A nossa contradição”); Pedro Moutinho (“O medo de acordar” e “Sem sentir não sei viver”) ou Mariza (“Malmequer”).
Aguarda-se a estreia do documentário “Aldina Duarte: Princesa Prometida” que está a ser realizado por Manuel Mozos, com base num concerto, entrevistas com a fadista e alguns depoimentos.

 

 

 


Seleção de fontes de informação:

http://www.aldinaduarte.com
http://www.myspace.com/fadoaldinaduarte
http://aldinaduarte.blogspot.com
http://rodalamusic.blogspot.com/
“Diário Digital”, 25 de Junho de 2008;
“Notícias Magazine”, 19 de Outubro de 2008.
Carita, Alexandra e Jorge Simão (2006), “Fados Nossos”, Lisboa, Aletheia Editores;
Hapern, Manuel (2004), “O Futuro da Saudade. O Novo Fado e os Novos Fadistas”, Lisboa, Dom Quixote.

 


Última atualização: Fevereiro/2009

Pequena biografia do autor:

José Marques Piscalarete, Guitarrista (1895-1967)

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