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Fado Anadia

Fado Anadia
Letra:           Marques dos Santos
Música:        José Maria dos Cavalinhos
Repertório:    Maria Teresa de Noronha
 

 

Eu sei que no céu profundo
Nunca brilhou minha estrela

Sinto que a vida do mundo
Jamais poderei vivê-la   (bis)

 


Penso que a vida que vivo
Não passa duma ilusão

Pois não encontro o motivo
Do bater do coração   (bis)

 

​Creio viver sem ter vida
Viver vida sem alento

Tal como folha caída
Andando ao sabor do vento   (bis)

 


Não quero sofrer a sorte
Nesta má sina contida

Prefiro pedir a morte
Que me leva á outra vida   (bis)

Fado Anadia  (Velho)

Saudades da Saudade
Letra:              António José de Bragança
Música:           José António Sabrosa
Repertório:       Maria Teresa de Noronha
 


Cansada de ter saudade
Tudo fiz para esquecer  (bis)

 

E hoje tenho saudade
De saudade já não ter

 

Sem força p’ra suportar
A minha fatalidade  (bis)

Ajoelhei a rezar
Cansada de ter saudade

 

Roguei a Deus dar-me a sorte
Esta vida até morrer  (bis)
 

Essa saudade de morte
Tudo fiz para esquecer

 

Foi minha prece atendida
Por Deus na sua bondade  (bis)
 

Como estou arrependida
E hoje tenho saudade

 

Castigo p’ra quem não pensa
Quem não sabe o que é sofrer  (bis)
 

Pois sinto saudade imensa
De saudade já não ter

​Pequena biografia do autor:

José Maria dos Cavalinhos notabilizou-se como um guitarrista de haute-marque. Tinha a alcunha dos Cavalinhos, porque fizera parte de uma companhia de cavalinhos ambulante. Tocava por música e mandou fazer uma guitarra de dezoito cordas, em que realizava o tour de force de executar todos os fados de dificuldades. Compôs o Fado Anadia e um outro fado que tomou o nome do autor. O Fado Anadia, que fez época, estava em todos os lábios, escapava-se dolorosamente em todas as guitarras. O Conde de Anadia teve celebridade como um pândego de truz, Não tocava guitarra, nem cantava, mas apreciava deveras o canto do fado, e gostava muito de ir às feiras e jantares no campo.
(Pinto de Carvalho, Tinop, 1908, p.237-238).

A Melodia Popular D'Anadia, que logo ficou conhecida como Fado de Anadia, surge nas páginas 58 e 59 do "Cancioneiro de músicas populares". O fado foi escrito na tonalidade de fá menor e no compasso de 2/2. O

total do número de compassos da partitura é de 28 compassos.

​O guitarrista Armando Augusto Freire, "Armandinho" (11 de Outubro de1891 – 21 deDezembro de1946), músico autodidacta, que tocava de ouvido, grava em 1928 em fonograma o Fado do Conde de Anadia, respeitando, parcialmente, a partitura original,e inclusive, utilizando a tonalidade de fá menor, uma tonalidade de não fácil execução na guitarra portuguesa. Na sua interpretação o fado torna se marcha após a exposição do tema. Por outro lado, por exemplo, na interpretação de Maria Teresa De Noronha e com outra letra, temos um Fado Anadia, onde pouco resta da melodia original para além da pequena frase utilizada como um introdução e refrão instrumental.

​É curioso o autor considerá-la como mais distinta e não monótona por comparação, já que harmónicamente o fado mantém dois acordes sempre iguais, praticamente sem cambiantes rítmicas ou melódicas. O acompanhamento em baixo de alberti sugere que a partitura isenta de síncopa, acordes complexos e acentuações, que se destina aoconsumo e fruição do público amador.A letra do Fado de Anadia
tem métrica de sete sílabas, métrica conhecida como a redondilha maior  (…) metrificação que serve indubitavelmente o Fado Tradicional,bem como toda a poesia portuguesa de raiz popular e todos os géneros musicais folclóricos, do Minho ao Algarve. A grande maioria dos viras, chulas, malhões e verdegaios minhotos, canções beirãs, toadas transmontanas, cantes alentejanos,corridinhos algarvios, são cantados em versos de sete sílabas. Os nossos poetas eruditos fazem largo uso deste metro, que em poética se chama redondilha maior. Enfim,Portugal canta, dança, escreve em sete sílabas.

Há até quem defenda que falamos predominantemente em sequências

de sete sílabas, separadas por segmentos dequantidade silábica aleatória.

O verso de sete sílabas está na base da quadra, a formamais singela e

também mais representativa da poesia popular da maioria das línguas

latinas.Após o mote de quarto versos, sem antecanto ou bordão, seguem

se quatro estrofes de dez versos cada (décimas). Os versos, onde abundam

rimas ricas, numa espécie de ode á reis e reinos naturais, além de

personagens vários, o Capitão, Dante, Adão , Cupido,etc…Ou seja, a partir

de um fado que ao ser cantado na rua, tascas e baiucas, provavelmente

contaria as desventuras mais ou menos mundanas do Conde D´Anadia

temos uma versão bem comportada de uma letra destinada aos salões da

sociedade burguesa de então.

Seleção de fontes de informação:

http://www.academia.edu/2194581/Tres_Fados_do_Cancioneiro_de_Musicas_Populares_Neves-Campos_1893-1899_

 

 

O fado Velho, também conhecido como fado Anadia foi composto por José António Sabrosa, marido de Maria Teresa de Noronha em homenagem ao conde de Anadia, daí a razão de chamar fado Anadia ao Fado Velho. O fado Anadia foi composto por José Maria dos Cavalinhos.

 

 

D. José Maria de Sá Pereira Menezes Pais do Amaral, 4.o conde da Anadia, fidalgo tido e batido nas esperas de toiros que se faziam às portas de Lisboa. Conta Tinop que o conde era "um pândego de truz, gostando de fado mas não tocando guitarra nem cantando".

D. José Pais do Amaral tinha uma protegida de peso, a Cesária, fadista bem apessoada, bonita e de voz afinada. Não era sua amante, como a Severa do conde de Vimioso, era antes uma amiga que ele gostava de ouvir cantar e a quem protegia.

O 4.o conde da Anadia morreu aos 31 anos, em 1870, deixando três filhos e muita saudade nos que com ele privaram. Quatro anos depois, em 1879, o guitarrista José Maria dos Cavalinhos compôs um fado a que chamou Anadia, em sua homenagem. Cesária cantou-o e a música tornou-se um clássico.

Meio século depois, uma outra fadista e fidalga, D. Maria Teresa de Noronha, haveria de voltar a interpretá-lo de forma soberba.

 

 

seleção de fontes de informação:

 

http://www.portaldofado.net/content/view/2812/67/

 

última atualização:  Abril/2012

 

 


 

 

 

                                                                                                                     

​Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                    Maria Teresa de Noronha
Maria Teresa do Carmo de Noronha de Guimarães Serôdio tratada
carinhosamente por baté, nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Sebastião da
Pedreira, a 17 de setembro de 1918. Filha de Dom António Maria Sales do
Carmo de Noronha e de Dona Maria Carlota Appleton de Noronha Cordeiro
Feio, Maria Teresa de Noronha descendia dos condes de Paraty.
Fidalga por nascimento viria a tornar-se Condessa de Sabrosa a 17 de Dezembro
de 1947, pelo casamento com o terceiro conde desse título, Dom José António
Barbosa de Guimarães Serôdio, guitarrista amador e compositor.
Ainda muito nova começou a cantar em festas de família e de amigos. Maria Teresa de Noronha aliava às
características particulares do timbre da sua voz uma educação musical de piano e canto, fazendo parte do
coro do maestro Ivo Cruz, e um estatuto social que lhe permitiu ter um percurso de carreira fora do circuito
das casas de fado, essencialmente centrado nas suas interpretações ao vivo na rádio.
Ensaiada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão iniciou na Emissora Nacional um
programa quinzenal, em 1938, apresentado por Dom João da Câmara, composto por quatro fados e uma
guitarrada que se manteve em emissão durante vinte e três anos consecutivos, até ao dia em que a fadista
decidiu retirar-se da vida artística, em 1962.
É no contexto deste programa de rádio que Maria Teresa de Noronha atinge uma popularidade crescente,
tornando-se numa figura emblemática de um género a que se convencionou chamar “Fado Aristocrático”.
Com o seu timbre peculiar ousou cantar temas do fado de Coimbra numa altura em que este estava reservado às vozes masculinas.
Foram vários os instrumentistas que a acompanharam nos seus programas, porque Maria Teresa de Noronha era muito rigorosa e exigia muita qualidade e profissionalismo. Por exemplo com o guitarrista Raúl Nery colaborou ao longo de vinte anos, chegando mesmo a fazer com ele uma deslocação a Espanha em 1946.
Foram poucos os espetáculos e digressões em que Maria Teresa de Noronha participou. De entre as atuações no estrangeiro são de referir as que efetuou, em Junho de 1946, no Festival da Feira do Livro de Barcelona e em Madrid, a convite do Governo espanhol. Ainda nessa mesma década de 1940 viajou até ao Brasil, por ocasião da voo de inauguração entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
Duas décadas mais tarde, a fadista apresentou-se em atuações no Principado do Mónaco, para a família real e, em 1964, já depois de ter abandonado a atividade artística, deslocou-se a Londres para cantar na
Embaixada e na Casa de Portugal, bem como na BBC (rádio e televisão), acompanhada pelo conjunto de
guitarras de Raúl Nery.
Maria Teresa de Noronha apresentou-se algumas vezes em programas da RTP, dois desses programas, um de 1959 e outro de 1968, foram editados, pela Videofono, numa cassete vídeo sob o título “Recordando Maria Teresa de Noronha” que constitui um documento extremamente importante sobre uma das fadistas mais importantes de todo o século XX português.
O primeiro disco da sua carreira, com o tema “O Fado dos Cinco Estilos” foi gravado em 1939, na antiga
Emissora Nacional, seguindo-se mais alguns exemplares em formato 78 RPM. A fadista continuará a gravar
com alguma regularidade, editando o seu último LP em 1972.
Maria Teresa de Noronha baseou o seu repertório nos fados castiços que mais apreciava, em detrimento do
fado canção, interpretando poemas muitas vezes recolhidos no seu universo familiar, como é o caso dos
temas “Fado das Horas”, “Sete Letras” e “Fado de Rio Maior”, todos de autoria de D. António de Bragança.
A fadista tornou também grandes êxitos junto do público o “Fado da Verdade”, o “Fado Hilário” e o “Fado
Anadia”, que na sua voz e dicção perfeita ganhavam uma qualidade de interpretação que rivalizava com os
temas mais populares do seu repertório, caso de “Minhas Penas” ou “Pintadinho”, entre outros.
Em 1974 no Picadeiro, em Cascais, onde fora ouvir Manuel de Almeida, este pediu-lhe que cantasse e, pela
última vez, a sua voz foi ouvida num espetáculo público.
Depois dessa data, só os mais íntimos, em privado, a ouviram. Maria Teresa de Noronha faleceu na sua casa, em Sintra, no dia 5 de Julho de 1993, vítima de doença prolongada.
 

Seleção de fontes de informação:
 

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=346
 

Última atualização: Abril/2008

2010 - present

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