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Fado Amora

Olhos da Cor do Mar
Letra:             João Ferreira Rosa

Música:          Joaquim Campos

Repertório:      João Braga

Teus olhos verdes são mares
Que a lua vem namorando

São saudades, são cantares
São olhos tristes chorando
   (bis)
 

 

 

São saudades, são cantares
São olhos tristes chorando

São as ondas pensamentos
Que o teu olhar me deixou
   (bis)
 

 

 

São estrelas mortas lamentos
Que o teu mar despedaçou

São estrelas mortas lamentos
Que o teu mar despedaçou   (bis)

 

 

Meu barco quero levar
Ao final do horizonte

Ver teus olhos ao luar
E neles morar de fronte
   (bis)
 

 

 

Passa o vento nos escolhos
Como o teu triste cantar
 

No verde mar dos teus olhos
Ando sempre a naufragar   (bis)

 

Intérprete  João Braga
Título  Olhos da cor do mar
Autor da Letra  João Ferreira-Rosa
Autor da Música  Joaquim Campos da Silva
Guitarra Portuguesa  Raul Nery e José Fontes Rocha
Viola  Júlio Gomes
Viola-baixo  Joel Pina
Data da 1ª edição  1967

Fado Amora
Fado da 3ª geração, em modo menor, tendo na sua textura, muito elaborada, a chamada escala espanhola. É normalmente cantado com versos de sete sílabas ( redondilha maior ).

Numa das versões conhecidas, assumiu este nome por ter sido composto depois de uma sessão de Fado realizada na vila da Amora ( hoje cidade ), concelho do Seixal, localidade à qual o seu autor se deslocava com frequência ( aliás, são conhecidas algumas histórias da sua assídua presença na Margem Sul do Tejo ). Numa outra versão, consta que a primeira letra nele cantada, refere a história trágica de uma jovem que terá ingerido uma grande quantidade de amoras e que teve um fim trágico!

Foi composto pelo grande fadista, por muitos considerado o melhor de sempre, Joaquim Campos, de seu nome completo, Joaquim Campos da Silva!
 

Pequena biografia do autor:

                                                                                                   Joaquim Campos

Joaquim Campos Silva, conhecido apenas por Joaquim Campos era filho de
Joaquim Maria da Silva e de Maria Campos, tendo nascido em Lisboa em 1911.
Aos 12 anos, vivia em Alfama tendo começado a cantar o fado junto da família
e dos amigos.
Aos completar os 16 anos, Joaquim Campos emprega-se como funcionário da
secretaria da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.
Juntamente com Alberto Costa foi um dos fundadores do Grémio Artístico

Amigos do Fado.
Joaquim Campos fez a sua estreia na “Cervejaria Boémia” no ano de 1927.

Também em 1927 a “Guitarra de  Portugal” noticiava: “Cantou numa festa

humanitária realizada a 27 de Setembro de 1927 (Domingo) no recinto da verbena do Orfanato Ferroviário da CP, em favor de "um pobre proletário a quem as vicissitudes da vida atiraram para a desgraça deixando sem amparo uma numerosa prole".

Em Dezembro de 1933 vivia com a cantadeira Rosa Maria.
Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Outubro de 1934, «1ª festa que da grande
série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares»,
conjuntamente com Maria Cármen, Rosa Maria, Júlio Proença, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António
Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934)
Joaquim Campos tomou parte da festa de homenagem aos tocadores Júlio Correia (guitarra) e António
Sobral (viola) no dia 4 de Novembro de 1934 levada a cabo por um grupo de sócios do Grémio Recreativo
Amadores do Fado. (cf. “Guitarra de Portugal” de 14 de Novembro de 1934).
Foi também possível vê-lo cantar em festas de beneficência, em retiros e esperas de touros. Participou,
juntamente com Maria do Carmo, Alberto Costa, Júlio Proença e Raul Seia, numa digressão por todo o
Algarve, com grande êxito. A sua projeção e sucesso levam-no ao Coliseu dos Recreios, ao Éden-Teatro,
Maria Vitória, Apolo e aos ambientes da época: “Solar da Alegria”, “Retiro da Severa”, no “Café Luso” e
“Café Mondego”.
Considerado na época como uma das melhores vozes de fado, Joaquim Campos foi também compositor,
com registo para os seguintes temas: “Fado Vitória”, “Fado Tango”, “Fado Rosita”, entre outros.
É de sua autoria a música do fado Povo que Lavas no Rio, com letra de Pedro Homem de Mello, celebrizado
por Amália Rodrigues.
Faleceu em 1981.
 

Seleção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal”, 24 de Setembro de 1927;
“Guitarra de Portugal” de 22 de Dezembro de 1933;
“Guitarra de Portugal” de 14 de Novembro de 1934;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves.
 

Última atualização: Maio/2008

Pequena biografia do intérprete:

​                                                                                                                                                   João Braga
Filho de Óscar José da Costa Braga e de Maria de Lurdes de Oliveira e Costa,

João Braga nasce em Lisboa, na antiga Rua da Creche, (hoje Rua José Dias Coelho),

em Alcântara, no dia 15 de Abril de 1945, quando a Segunda Guerra Mundial está

prestes a terminar.
Oriundo de uma família de três irmãos, João Braga faz os primeiros estudos no
Colégio São João de Brito onde, por curiosidade, canta pela primeira em público, a
solo, aos nove anos de idade, (1954), aquando da inauguração da cripta da igreja do
colégio.
Rende-se ao rock´n´roll, jazz e bossa-nova, no limiar da sua adolescência, que ouve pela primeira vez em
casa do pai de um amigo. A partir de então, cada vez mais rendido, começa a adquirir gravações destes
géneros musicais: "...estavam a criar, na minha opinião, a música mais bonita do séc. XX que é o bossa-nova
e então só pela descrição daquilo (...) parti o meu mealheiro e dei-lhe as minhas economias para ele trazer
aquilo tudo em discos de bossa-nova”, confidenciou em entrevista.
Em 1963 abandona o curso de direito para, como o próprio confessa, começar a "cantar ao Fado" no Galito
(Estoril, 18 Março 1963), já que até aí cantara "a muitas outras músicas" (Sinatra, Roy Orbison, Nat "King"
Cole, Aznavour, Everly Brothers (com Xico Stoffel), Elvis, Beatles, Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de
Moraes, Ray Charles, e tantos outros.
Entre 1963 e 1967, (ano em que profissionaliza), João Braga desenvolve uma intensa atividade como
amador, num processo muito rico de experiências e conhecimentos que passam por casas como a Tipóia
(onde conhece Manuel de Almeida e Maria da Fé), a Adega Machado (ambas em Lisboa), mas também por
cantar em inúmeras festas de beneficência e outras "fadistices.
Em Março de 1964 tem a sua primeira prova de fogo fadista na Tertúlia da Festa Brava. Conhece Alfredo
Marceneiro, Lucília do Carmo, Teresa Tarouca, os poetas Manuel de Andrade e João Fezas-Vital.
Ainda em 1964 inaugura, em Junho, o Estribo Club (Birre-Cascais) como casa de Fados, em parceria com
Xico Stoffell, mudando-se ambos para o bar Cartola (Cascais), em Novembro.
1965 é o ano do seu primeiro cachet (mil escudos) nas Festas de Nossa Senhora do Castelo (Agosto, em
Coruche). Conhece Carlos Ramos, João Ferreira-Rosa e Carlos do Carmo. È convidado a cantar, juntamente
com Teresa Tarouca e António de Mello-Corrêa, na festa dos 50 anos de toureio de Mestre João Branco
Núncio.
Em Abril de 1966, João Ferreira-Rosa inaugura a Taverna do Embuçado, e João Braga passa a cantar aí
diariamente, começando a alcançar uma maior projeção pública. Nesse ano conhece uma das suas principais referências; Amália Rodrigues. Retomando a entrevista realizada terá as seguintes palavras: "Amália era um ser humano raríssimo e apaixonante...".
Em Dezembro de 1966 grava o primeiro disco, um EP com 4 faixas: "É Tão Bom Cantar o Fado", que sairá
para o mercado em Janeiro de 1967.
Em Janeiro de 1967, altura em que ingressa no serviço militar, profissionaliza-se como cantor. Esta evolução
está patente no lançamento de mais 3 EP's. João Braga estreia-se a cantar na televisão (RTP), num programa apresentado por Júlio Isidro.

​João Braga continua a multiplicar a sua discografia, sucedem-se apresentações nos mais diversos palcos e
nomeadamente na televisão.
O fadista elege um dos momentos altos da sua carreira: o convite para a coorganização do 1º Festival de Jazz em Cascais, que decorre no mês de Novembro, e que contou com as presenças, entre outros, de Miles Davis, Ornette Coleman, Charlie Haden e Keith Jarret, entre outros.
A 4 de Outubro de 1971 casa com Ana de quem virá a ter dois filhos, Filipe e Miguel.
Corre o ano de 1974 quando face ao período conturbado que o país atravessa parte para o exílio em Madrid.
De regresso a Portugal, inaugura no verão de 1976, a casa de Fado O Montinho, em Montechoro.
Na década de 70 João Braga destaca-se como um dos mais influentes intérpretes de Fado, denotando uma
preocupação permanente pela inovação e progressos dos seus trabalhos. Dando mostras da sua enorme
versatilidade, João Braga inaugura O Páteo das Cantigas, em 1978 (onde se manterá até 1982), e lança um
novo álbum para a etiqueta Orfeu "Miserere". Participa na série de programas para a RTP, "Fado Vadio".
Percorre todo o país com espetáculos e é um dos convidados para a homenagem a Pedro Homem de Mello,
no Ateneu do Porto (1979).
Revelando-se com uma figura carismática do Fado, o início da década de 80 traz-lhe um novo contrato com
a Valentim de Carvalho. È convidado a participar no Casino Estoril, numa Gala em Honra da Princesa
Grace, do Mónaco (1980) e, no Palácio de Queluz (Sala dos Embaixadores), para o Presidente do Brasil,
João Baptista Figueiredo (1981). João Braga estreia-se como autor de melodias no LP "Do João Braga para
Amália".
Revelação de uma nova faceta do fadista, decorria o ano de 1987, e João Braga dedica à campanha "Timor87
- Vamos Ajudar!", destinada a angariar fundos para os refugiados timorenses na Vale do Jamor.
Mantêm-se o seu percurso na televisão (RTP2) com a gravação de um documentário "Desgarradas" com
Artur Albarran e outros convidados. Grava para a TV Globo, onde canta poemas de Fernando Pessoa. Início
de uma estreita colaboração e amizade com Manuel Alegre que, pela primeira vez, escreve poemas inéditos
para o cantor.
Em 1990 no decorrer de um espetáculo no Teatro São Luiz, é agraciado com a Medalha de Mérito Cultural
do Governo Português.
Conjuga a sua atividade de espetáculos com a de editor na revista "Eles & Elas" e na crónica semanal que
apresenta na TSF. È neste período que João Braga se destaca como um dos impulsionadores da renovação do panorama fadista, com o convite e apresentação de novos talentos no género.
Em 29 de Maio de 1992 concerto no Teatro de S. Carlos, por ocasião da Gala dos 25 anos de carreira. No
âmbito da Expo´92 em Sevilha, apresenta-se no espetáculo «100 Anos de Fado», e em Dezembro, os antigos alunos do Colégio de S João de Brito organizam-lhe uma homenagem, durante a qual é agraciado com a medalha «José Carlos Belchior».
Em 1995, aquando da Grande Noite do Fado, recebe o Prémio Neves de Sousa. Em 1996 é condecorado pelo Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, com a Medalha da Cruz Vermelha de Mérito.
Em 1997 celebração 30 anos de carreira com a realização de um concerto no Teatro de São Luiz. A cidade
de Lisboa presta-lhe homenagem sendo-lhe oferecida uma gravura de Lisboa quinhentista.
João Braga inaugura, por ocasião da Expo´98, o Palco do Fado sendo também um dos convidados para a
Festa de Encerramento da Expo´98 e estreia-se com o concerto "Terra do Fado" (Land of Fado), no New
Jersey Performing Arts Center, com lotação esgotada.
Em Abril de 1999, João Braga prepara o lançamento do novo CD "100 Anos de Fado", (gravado ao vivo),
editado pela Farol e apresentado no Salão Nobre dos Paços do Concelho da CML. Canta ainda, na Gala do
"Expresso", um fado-homenagem de Manuel Alegre a Amália Rodrigues e é escolhido para entregar o
Troféu dos «25 Anos, 25 Nomes» à maior cantora de sempre.
Nesse ano João Braga participa, como cantor, produtor e apresentador, no espetáculo "Amália Para Sempre", transmitido pela TVI». Em reconhecimento a uma das mais distintas carreiras de Fado, João Braga recebe, em Outubro, o Prémio Carreira entregue pela Casa da Imprensa. Em Novembro apresenta-se no Parque das Nações, no concerto "100 Dias de Fado", com Carlos Zel, Maria Ana Bobone, Miguel Sanches, António Pinto Basto e Ana Sofia Varela.
Nas celebração do 167º Aniversário do Café Martinho da Arcada, (2000) João Braga canta temas de
Fernando Pessoa e em Fevereiro, presta uma nova homenagem a Amália Rodrigues em "Porto Amália" um
espetáculo que contou com a sua colaboração como cantor, produtor e apresentador.
No âmbito da visita do Papa João Paulo II, o fadista organiza, como cantor produtor e apresentador, o
concerto "Quando o Fado é Oração".
Em Junho, no Salão Nobre dos Paços do Concelho (Lisboa) apresenta o novo CD "Cantar ao Fado”,
considerado por João Braga como o seu favorito.
Em Agosto prepara a 2ª série de «100 Anos de Fado», num CD duplo gravado ao vivo no Parque das
Nações. João Braga é mais uma vez convidado a produzir e a apresentar o concerto realizado no Coliseu dos
Recreios, «Uma vela por Amália», e onde revela uma nova voz de Fado, Kátia Guerreiro.
A 18 de Fevereiro de 2004, João Braga regressa, uma vez mais, ao palco do Teatro de São Luiz, para um
concerto único. Para o espetáculo convida Maria Ana Bobone e Ana Sofia Varela e os habituais músicos
José Luís Nobre Costa, Carlos Gonçalves, Jaime Santos Jr., e Joel Pina.
Como guionista e produtor musical, apresenta com José Carlos Malato, o programa "Fados de Sempre",
onde todos os temas de Fado são cantados em dueto.
Abre o ano de 2005 no grande espetáculo, organizado pela RTP1, e apresentado no Coliseu, a favor das
vítimas do tsunami de Dezembro no Continente Asiático, cantando o tema «Bem Sei».
Na entrega dos Prémios de 2004 da Associação da Imprensa Estrangeira, interpreta um dos maiores êxitos de Carlos Paredes, "Verdes Anos".
Em 2006 a RTP transmite o programa «Fados de Sempre2», da sua autoria, assinalando o regresso à
televisão portuguesa, de duas grandes vozes: Fernanda Maria e do próprio João Braga (após uma intervenção
cirúrgica a que foi submetido dois meses antes).
Em Fevereiro, é agraciado pelo presidente Jorge Sampaio, numa cerimónia no Palácio de Belém, com a
"Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique", numa justa homenagem a uma das mais distintas figuras
nacionais.
Em Março assinala na Aula Magna, num espetáculo concebido, realizado, produzido e apresentado pelo
fadista, os 40 anos da sua carreira. "De Alma e Coração" contou ainda com as atuações de nomes como
Mafalda Arnauth, Miguel Ângelo, Rão Kyão, Miguel Guedes, entre outros.

João Braga revela-se hoje como uma das mais emblemáticas vozes de Fado, cantando e homenageando os
melhores poetas portugueses, revelando: "a minha primeira paixão, paixão mesmo, é a poesia".
 

 

Seleção de fontes de informação:
 

Entrevista realizada em 08 de Agosto de 2006 - Museu do Fado
Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;
"De Alma e Coração", catálogo do espetáculo apresentado na Aula Magna, 16 de Março 2006.
 

Última atualização: Outubro/2008

2010 - present

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