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Fado Alexandrino do Martinho

 

Título:              No Nome do Teu Amor

Intérprete:        Aldina Duarte

 

Letra:               ?

Música:            Martinho d"Assunção

  

Guitarra:           ?

Viola:                ?

 

 

Em nome da alegria, as rosas não morreram

Num muro arruinado, à beira da estação

São elas neste dia, as vozes que trouxeram

Nosso amor ceifado, aos pés do coração

 

À luz da nossa infância, contamos as estrelas

Na serra onde o luar, aquece a flor de lis

Resistem na distância, as histórias mais belas

Ninguém há-de apagar, o amor que foi feliz

 

Na árvore dos segredos, os versos desfolhados

No principio do fim, o som da despedida

Fantasmas e enredos, pelos bosques cercados

No teu nome rompi, as margens do passado

Fado Alexandrino do Martinho


Fado em modo maior, que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                   Martinho d' Assunção

( 12 Abril, 1914 - 29 Março, 1992 )

Ainda na sua infância experimentou a guitarra, o bandolim e o violino.

Martinho d´Assunção Júnior optou pela viola, e já em 1927 a “Guitarra de

Portugal”, após um concerto seu no Politeama, dava conta da virtude de tão

“pequenito tocador de viola”

Filho do poeta do fado, Martinho d´Assunção nasceu em Lisboa, na freguesia

de Santos-o-Velho, em 12 de Abril de 1914.

A vocação para instrumentista desde cedo que se manifestou na sua vida.

Ainda na sua infância experimentou a guitarra, o bandolim e o violino. Martinho

d´Assunção Júnior optou pela viola, e já em 1927 a “Guitarra de Portugal”, após

um concerto seu no Politeama, dava conta da virtude de tão “pequenito tocador de viola”. Anteriormente, em 1926, já o pequeno violista se havia estreado ao lado de Armandinho.

Fundamental na sua aprendizagem, em termos de conhecimentos musicais e de execução, foi a figura de João da Mata Gonçalves, de quem foi discípulo.

Por ocasião do V aniversário da “Guitarra de Portugal”, celebrado no Teatro de S. Luís em 1927, Martinho d´Assunção viria a revelar uma vez mais as suas potencialidades, ao lado da jovem guitarrista Isabel de Sousa. Rapidamente Martinho d´Assunção se projecta em concertos e espectáculos, tanto a nível nacional como internacional, e em 1932 acompanha Armandinho, Ercília Costa e João da Mata, numa digressão pelas Ilhas da Madeira e dos Açores.

Em 1933 a “Guitarra de Portugal” volta a referir mais uma tournée, por terras de Angola, Moçambique e ex-Rodésia, desta vez Martinho d´Assunção integra o Grupo Artístico de Fados, juntamente com Berta Cardoso, Madalena de Melo, Armandinho e João da Mata.

A sua carreira de violista passou também pelos espaços de fado em Lisboa, dos quais se destacam: “Salão Jansen”, “Casablanca”, “Solar da Alegria”, “Café Mondego”, “Mirante”, “Luso”, “Toca”, “Lisboa à Noite” e “Faia”, entre outras.

Entre 1937 e 1938 Martinho d´Assunção dirigiu um conjunto de guitarras composto por Carvalhinho, Fernando Freitas, e José Duarte Costa, tendo Constança Maria como vocalista. No iníco da década de 1940 integrou o “Conjunto Artístico Português”, junto de Jaime Santos, Fernando Freitas, Miguel Ramos e Freitas da Silva.

No final da mesma década integrou o “Conjunto Típico de Guitarras” ao lado de Jaime Santos, Francisco Carvalhinho, Alberto Correia e o pianista Fernando Potier. E, em 1950, o “Quartecto Típico de Guitarras” com António Couto, Francisco Carvalhinho e Joel Pina.

Mais tarde, na década de 1950, tem uma passagem pelo elenco dos Companheiros da Alegria, de Igrejas Caeiro e Elvira Velez.

Martinho d´Assunção Júnior mesmo enquanto instrumentista e solista nunca deixou de se dedicar ao Fado e compôs várias músicas para letras de poetas consagrados, com destaque para o “Fado Faia”, letra de João Linhares Barbosa, que foi interpretado por nomes como Amália Rodrigues, Berta Cardoso, Anita Guerreiro, Maria Marques ou Cidália Meireles, e que chegou a ser editado em disco no Brasil e em Espanha. Foi também autor de temas como “Bom dia Meu Amor”, letra de Vasco de Lima Couto, “Fado do Chiado” com letra de Ary dos Santos, ou “lisboa da Beira-Mar”, com poema de Alfredo Meca, que foi gravado por Maria Pereira e Anita Guerreiro, e editado em Espanha pela etiqueta discográfica Canciones del Mundo.

A par da faceta de compositor, o violista dedicou-se também ao ensino do instrumento, contribuindo de modo significativo para a divulgação do mesmo.

Nos últimos anos da sua vida trabalhou praticamente em exclusivo para o “Faia”, de Lucília do Carmo e quando aquela casa encerrou, formou o “Trio de Guitarras de Martinho d’Assunção”, com Arménio de Melo e Vital Assunção (seu neto) e, posteriormente o “Opus Fado” onde, ao trio anterior se juntava o fadista Chico Madureira. Com esta formação de trio actuou em casas de fado como o Painel do Fado, a Tipóia e Os Gordos, bem como em tournées internacionais, com espectáculos na Suécia, França, Alemamnha, entre outros.

Faleceu em 29 de Março de 1992.

 

Selecção de fontes de informação:

“Guitarra de Portugal”, 04 de Junho de 1927

“Guitarra de Portugal”, 09 de Julho de 1933

Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, o Fado e os Fadistas”, Lisboa, Vega;

Guinot, M., Carvalho, R., Osório, J.M. (1999) “Histórias do Fado”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube.

Última actualização: Maio de 2014

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