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Fado Camélia

Como a Vida Passa
Letra:               Germano Sousa
Música:            Júlio Proença
Intérprete:         Júlio Peres

 


A vida passa tão breve,
tão vertiginosa e leve,
deixando apenas saudades,

eu sinto um grande desgosto
de já ter rugas no rosto,
da perdida mocidade. (bis)

 

 

Os anos correm a esmo,
sinto que não sou o mesmo,
neste mundo de ilusão,

quando o espelho consultei,
tremi, depois chorei
magoei o meu coração (bis)

 

Quem me dera não amar
não ter alma não sentir,
os tormentos do amor,

p'ra não carpir não chorar,
p'ra não saber definir,
as amarguras da dor. (bis)

 

 

Eu sinto um grande desgosto
de já ter rugas no rosto
da perdida mocidade,

a vida passa tão breve,
tão vertiginosa e leve,
deixando apenas saudades (bis)

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                               Júlio Proença

Filho de Amélia da Conceição Proença, Júlio Proença nasceu em Lisboa, no bairro

da Mouraria, no dia 25 de Outubro de 1901. Desde cedo Júlio Proença sentiu o

apelo fadista, aprendendo a cantar com a sua mãe.

Sobrinho do cantador António Lado, começou aos 16 anos (1917) a cantar o fado

como amador e, até à sua profissionalização em 1929, na opereta "Mouraria"  que

se estreou no Coliseu dos Recreios, cantou em inúmeras festas de beneficência,

nas esperas de touros, e outros espaços.

Júlio Proença exerceu sempre a profissão de estofador-decorador numa das mais importantes casas do ramo sita na cidade de Lisboa.

Ao longo da sua actividade artística, Júlio Proença passou pelo “Salão Artístico de Fados” e pelos retiros: “Charquinho”, “Ferro de Engomar”, “Caliça” e “Pedralvas”, entre outros.

Na década de 20 fez parte da primeira digressão artística de artistas de Fado que percorreu algumas terras do país e de que faziam parte os colegas Maria do Carmo, Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia, os guitarristas Armando Freire "Armandinho", Herculano Rodrigues e o violista Abel Negrão.

Júlio Proença passou também pelos teatros: “Apolo”, “Trindade”, “Avenida”, “Maria Vitória”, “Joaquim de Almeida”, “Éden-Teatro”, “São Luís”, “Variedades” e “Capitólio” e nos clubes “Ritz”, “Monumental”, “Olímpia” e “Maxim's”, evidenciando, em inúmeros espectáculos, o seu enorme talento.

Posteriormente, cantou no “Retiro da Severa”, no “Solar da Alegria” (que dirigiu em conjunto com Deonilde Gouveia em 1931) e cafés “Gimnásio”, “Mondego” e “Luso”.

Júlio Proença foi um dos primeiros cantadores a cantar nas emissoras C.T.1 A.A, Rádio Luso, Rádio Peninsular e Rádio Condes.

Destacamos as gravações: “Mentindo Sempre”, “Olhos Fatais”, “Como Nasceu o Fado”, “Mentindo”, “Três Beijos”, “Meu Sentir”, “Meu Sonho”, “Minha Terra” (de cuja música é autor), bem como das músicas dos fados “Verbena”, “Lélé”, “Arlete”, “Fado Proença”, “Modesto” e “Fado Moral”. Regista-se também a gravação em dueto com Joaquim Campos dos discos “Dueto sobre o Fado” e “Romance”.

Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Novembro de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares», conjuntamente com Maria Carmen, Rosa Maria, Joaquim Campos, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934).

"Júlio Proença (juntamente com Ercília Costa e Márcia Condessa) tomou parte no espectáculo da "Mãe de Portugal" que se realizou no Coliseu do Porto, sob o alto patrocínio de Madame Carmona." (cf. Canção do Sul de 16 Setembro de 1944).

Em 1946 partiu para Moçambique onde fixou residência e onde viria a falecer, em Setembro de 1970.

Observações:
Em 21-05-1946, aquando da sua ida para África, foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no Parque Mayer.

Selecção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal” 14 de Novembro de 1937;
“Canção do Sul” 16 de Setembro de 1944;
“Guitarra de Portugal”, 15 de Agosto de 1946;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves;
Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, O Fado e os Fadistas”, Lisboa Vega;

Última actualização: Maio de 2008

​Pequena biografia do intérprete:

​                                                                                                                                                Júlio Peres

Júlio Peres nasceu em Alcântara em 1909. Órfão de mãe, viveu a sua infância

junto do avô e da irmã. Em criança, revela todo o seu potencial talento, e com

apenas 11 anos começa a cantar. Aos 15 anos, Júlio Peres toma parte em

serenatas em Lisboa, profissionalizando-se aos 18 anos quando começa a actuar

nas casas de fado.

A par da sua actividade artística, Júlio Peres foi também gerente do “Café Luso”.

No livro “Histórias do Fado” escreve-se: “Entre os seus companheiros habituais

contavam-se Gabino Ferreira, Frutuoso França, José Coelho, Júlio Vieitas e

Manuel Calixto, com quem participou em muitas cegadas”.

Dotado de uma excelente voz, Júlio Peres foi também um exímio dançarino, facto que o levou a ganhar vários prémios.

Do seu repertório destaque para os temas “Velho Tinteiro”, “Como a Vida Passa” e “Ó Minha Mãe Minha Amada”.

"Actuou na Festa de Inauguração da Cervejaria Monumental, no dia 19 de Julho de 1945, conjuntamente com Isabel de Oliveira, Fernanda Baptista, Moisés Campelos, Berta Cardoso, a cantadeira cigana Maria Helena Maia e Ivete Pessoa (que se estreou com êxito)" (cf. Guitarra de Portugal de 22 Julho 1945)

Faleceu em 1995.

Selecção de fontes de informação:
 

“Guitarra de Portugal”, 22 de Julho de 1945
Guinot, M.; Carvalho, R.; Osório, J.M. (1999) “Histórias do Fado”, col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube.

Última actualização: Julho de 2008

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