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Fado Seixal

Rosa da Madragoa
Letra:               Frederico de Brito
Música:            José Duarte Seixal
Intérprete:         Mariza

 

 

 


A rosa da madragoa
Enche a canastra na praça   (bis)

Vem para a rua, apregoa
E acorda meia lisboa
Que sorri quando ela passa   (bis)

Sobe as escadas divertida
Numa alegria que alastra   (bis)

Baila-lhe a saia garrida
Não lhe pesa a cruz da vida
Pesa-lhe mais a canastra   (bis)

 

 

 

 


Se pela sombra das esquinas
A sua voz atordoa   (bis)

Sabem as outras varinas
Quando passa pelas trinas
A rosa da madragoa   (bis)

Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                                              Mariza

Marisa dos Reis Nunes (Lourenço Marques16 de dezembro de 1973) é o nome de

nascimento da fadista portuguesa Mariza. Marisa nasceu em Lourenço Marques (atual

Maputo), capital da província ultramarina portuguesa de Moçambique. É filha de pai

português, José Brandão Nunes, e mãe moçambicana, Isabel Nunes. Nasceu prematura,

de seis meses e meio sem qualquer justificação clínica aparente, e, segundo declarações

da cantora à SIC, o pai considerava-a o bebé mais feio que alguma vez vira. Segundo ela

«ainda tinha as orelhas coladas e os olhos por abrir» e o próprio pai pensou que não

sobreviveria.

 

Ao colo da mãe, com três anos, chegou ao Aeroporto da Portela em Lisboa, pela primeira

vez em 1977. Na actual Maputo, o pai trabalhara como gerente de uma empresa Holandesa de nome Zuid. Durante o êxodo das famílias portuguesas nas antigas colónias ultramarinas portuguesas, o pai abandonou Moçambique com a família mais chegada, escolhendo Lisboa para recomeçar uma nova vida. Instalaram-se em Corroios e mais tarde no n.º 22 da Travessa dos Lagares, na Mouraria.

 

Em 1979 reabriram o restaurante Zalala no bairro típico de Lisboa, Mouraria, berço do fado e frequentado por inúmeros fadistas de referência, como Fernando Maurício e Artur Batalha bem como Alfredo Marceneiro Jr, filho de Alfredo Marceneiro, que levou Mariza com 7 anos a cantar pela primeira vez num ambiente profissional na Casa de Fado Adega Machado. 

 

“Zalala”, hoje fechado, o restaurante onde Mariza cresceu, foi assim nomeado em homenagem a uma praia moçambicana.  

 

Foi o pai que determinou o gosto da cantora pelo fado. Segundo ela, o pai estava «sempre a ouvir fado e, na hora das refeições, nunca se via televisão; ouviam-se discos, sempre de fado…» Fernando FarinhaFernando MaurícioAmália RodriguesCarlos do Carmo, entre muitos outros, eram os predilectos de José Nunes, e foram os que mais influenciaram a forma de cantar de Mariza.

 

Apenas na adolescência começou a ser levada a sério como cantora, mas os pais admitiram em várias entrevistas saberem que a filha tinha um «dom». O primeiro fado que interpretou no “Zalala” foi Os Putos, de Carlos do Carmo, que o seu pai lhe ensinou fazendo desenhos em toalhetes de papel. Ainda a menina não sabia ler, e era a forma de decorar os fados preferidos pelo pai, assim como Ó Ai Ó Linda e Menina das Tranças Pretas.

 

O recreio da escola primária da Mouraria era um palco para a menina de seis anos. Em entrevista ao Correio da Manhã, a antiga auxiliar de educação da escola, Dª. Fernanda, referiu que a jovem fazia uma roda com as colegas e depois ia para o meio delas onde cantava, com as professoras de vigia nos vestíbulos ou atrás das janelas, para que não se sentisse constrangida.

Foi numa das mais típicas casas de fados de Lisboa, o Sr. Vinho, propriedade de Maria da Fé e de José Luís Gordo, situada na Lapa, que Mariza começou a cantar mais profissionalmente. A primeira música que cantou em público foi Povo que lavas no rio. Cantou também no Café Café, propriedade de Herman José.

 

Em 1999 é convidada por Filipe La Féria para a lista de cantores que homenagearam Amália Rodrigues num espectáculo no Coliseu de Lisboa (e depois no Coliseu do Porto), transmitido em directo pela TVI. Entre as músicas que cantou estava “Oiça lá ó Sr. Vinho” e “Estranha Forma de Vida.”

Seleção de fontes de informação:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mariza

Pequena biografia do poeta:

                                                                                                                                           Frederico de Brito
Figura emblemática, Frederico de Brito, ou Britinho, - como era mais conhecido

– afirma-se como poeta e compositor de alguns dos temas mais interpretados

no universo fadista, autor de poemas e músicas que refletem uma rara e

peculiar beleza artística.
Joaquim Frederico de Brito nasceu na freguesia de Carnaxide, em Oeiras,

em 1894. Tinha apenas oito anos quando leu o livro “Lira de Fado” de Avelino

de Sousa, sentindo-se de tal forma inspirado que, desde essa altura, começou

a fazer versos para oseu irmão mais velho, João de Brito, cantar em festas de

amadores. Nessa época morava no bairro de Alcântara e a sua juventude

causava dúvidas na autoria de poesia que, posteriormente, se dissiparam quando

o próprio passou a interpretar os versos, como improvisador.
Em entrevista a João Linhares Barbosa para o jornal “Guitarra de Portugal” de 31 de Julho de 1923,
Frederico de Brito conta como começou “trabalhando no repentismo do verso”, há uma dezena de anos na
Ajuda: “Depois de muitos glosamentos, onde o Manuel Maria mostrou o seu valor, (…). Eu, meu caro
Barbosa, senti cá dentro… sabe o quê? Eu lhe digo… a inveja, que n’esse caso é santa. Foi este o toque de clarim, (…). De então fiz-me como você sabe: improvisador”.
Desta forma convenceu os mais incrédulos da sua potencialidade criadora e “iniciou a sua longa carreira de
poeta popular, que até cerca dos 30 anos acumulou com a de cantador, participando em vários espetáculos públicos, como aconteceu com a opereta “História do Fado”, em que atuou como atracão cantando versos seus".
Frederico de Brito foi estucador, taxista e, mais tarde, trabalhou na Companhia de Petróleos Atlantic (depois BP), mas manteve sempre a sua atividade de poeta, escrevendo “em qualquer parte e quando tenho necessidade de o fazer: em casa, na rua, no café, no escritório e até no carro elétrico…” (cf. “Guitarra de Portugal”, 30 de Junho de 1945, pág. 4).
Em 1930 Frederico de Brito publica o livro “Musa ao Volante: quadras”, com prefácio de Albino Forjaz de
Sampaio e dois anos depois, em 1932, “Terra Brava: versos”, desta feita com uma carta prefácio de Teixeira de Pascoais.
Nos alvores da década de 1930, Joaquim Frederico de Brito está entre os autores de fado mais procurados, ao lado de outros grande poetas populares do fado, como Henrique Rego, João da Mata, Linhares Barbosa, Francisco Radamanto, Carlos Conde, Gabriel de Oliveira ou Armando Neves (Nery: 210).
Paralelamente Frederico de Brito tem uma colaboração ativa com um dos mais importantes jornais de
temática fadista, a “Guitarra de Portugal” e, a 1 de Fevereiro de 1941, apresenta-se como diretor e editor do
jornal “O Galarim”.
A partir de 1934, Frederico de Brito torna-se, também, autor de marchas para os bairros de Lisboa. Muitas
das suas criações acabaram por se tornar clássicos das apresentações como é o caso, por exemplo, do tema “É raparigas”, com música de Raul Ferrão, que a Marcha de Benfica apresentou pela primeira vez no desfile de 1934; ou da “Marcha de Marvila de 1963”, com música de Alves Coelho Filho, posteriormente
interpretadas ao longo das décadas seguintes.
A sua extensa produção de poemas para as marchas populares prolonga-se entre os anos de 1934 e 1969, colaborando com os bairros da Ajuda, Alcântara, Alfama, Alto do Pina, Bairro Alto, Benfica, Bica, Campo de Ourique, Campolide, Castelo, Chelas, Graça, Madragoa, Marvila, Mouraria, Olivais, Santa Catarina e São Vicente.
Também no teatro Frederico de Brito deixa a sua marca, estreando-se nesta faceta com a peça “Anima-te
Zé”, apresentada em 1935 no palco do Teatro Maria Vitória. Sucedem-se parcerias na escrita de diversas
revistas, das quais destacamos: “Chuva de Mulheres”, apresentada em 1937 no Éden Teatro, onde Frederico de Brito escreveu os textos com V. de Matos Sequeira, A. Amaral e L. Lauer, a que se aliaram as músicas de C. Calderón e F. Valério (nesta revista Hermínia Silva interpreta o famoso tema “Soldado do Fado”, com letra de Frederico de Brito e música de Frederico Valério); e “Sol e Dó”, levada à cena no Teatro Variedades, em 1943, com textos de Frederico de Brito, C. Alberto, Ascensão Barbosa, A. Nazaré e A. Cruz, e músicas de F. de Carvalho. (cf. Rebello: 88; Sucena: 286).
Ainda neste âmbito, Frederico de Brito, em parceria com José Galhardo e Carlos Lopes, foi autor dos textos da peça “Haja Saúde”, a qual inaugurou o palco do Teatro ABC, no Parque Mayer, em Janeiro de 1956. No decorrer de várias décadas de intensa produção criativa acredita-se que “até ao final da sua longa vida tenha escrito mais de um milhar de letras e várias centenas de músicas.” (Guinot, Carvalho e Osório: 318). Mas deste imenso universo são de destacar as suas criações musicais e poéticas para o fado, de que lembramos os inesquecíveis “Fado do Britinho”, “Fado da Azenha”, “Fado dos Sonhos”, “Biografia do Fado”, “Janela Virada para o Mar”, “Não digam ao fado…”, “Canoas do Tejo” ou “Carmencita”. Os seus fados foram criados e gravados por vozes igualmente consagradas como Carlos Ramos, Tristão da Silva, Amália Rodrigues, Beatriz da Conceição, Carlos do Carmo, Fernanda Maria ou Lucília do Carmo.
Joaquim Frederico de Brito faleceu com 85 anos, deixando um grande legado de criatividade artística, o qual é constantemente recordado, quer pela audição dos intérpretes e criadores originais da sua poesia e música, quer pelas constantes homenagens patentes na interpretação dos seus temas, constantemente revisitados pelas mais jovens gerações do fado.

Seleção de fontes de informação:

“Guitarra de Portugal”, 31 de Julho de 1923;
“Guitarra de Portugal”, 7 de Junho de 1934;
“Guitarra de Portugal”, 30 de Junho de 1945;
Guinot, M., Carvalho, R., Osório, José Manuel (1999), “Histórias do Fado”, Col. “Um Século de Fado”,
Lisboa, Ediclube;
Nery, Rui Vieira (2004), “Para uma História do Fado”, Lisboa, Público/Corda Seca;
Rebello, Luiz Francisco (1984), “História do Teatro de Revista em Portugal”, Vol. 2, Lisboa, Dom Quixote;
Sucena, Eduardo (1992), “Lisboa, o Fado e os Fadistas”, Lisboa, Vega.

Última atualização: Setembro/2009

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