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Fado Pinoia

Quando Contigo Vivi
Letra:             Agostinho Neves
Música:          Casimiro Ramos

Repertório:      Cidália Moreira

 

Lembro aquela despedida
Ao afastar-me de ti   (bis)

Fugindo da tua vida
Quando contigo vivi   (bis)

 

 


Já tanto tempo passou
Da minha vida perdida

A saudade a mim chegou
Lembro aquela despedida   (bis)

 

Saudades quem as não tem
Lembro as penas que sofri   (bis)

Como lembro ainda bem
Ao afastar-me de ti   (bis)

 

 


O teu amor eu não quis
Falsa paixão desmedida

Em boa hora eu o fiz
Fugindo da tua vida   (bis)

 

 


P’ra te dizer a verdade
Se acaso passo por ti   (bis)

Eu recordo com saudade
Quando contigo vivi   (bis)

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                            Casimiro Ramos
Casimiro Ramos nasceu no bairro da Ajuda, em Lisboa, a 16 de Fevereiro de 1901.

Começou desde novo a ouvir guitarradas, nomeadamente os ensaios da Troupe

Mayerber de que faziam parte o seu pai e Domingos Serpa, entre outros. Foram

também os nomes de Diamantino Mourão, Agostinho, Júlio Sales, Carlos Cortador

que despertaram a curiosidade de Casimiro Ramos, mas também a aprendizagem

e o gosto profundo pela guitarra portuguesa. (cf. “Guitarra de Portugal, 31 de

Março de 1934, p. 1).

Casimiro Ramos atuou em diversas casas de fado, com especial destaque para o Café-Restaurante Luso, na década de trinta, ao lado do irmão Miguel Ramos, e mais tarde na Tipóia, onde se manteve por mais de 20 anos. Estreia-se no cinema em 1933 participando no filme “A Canção de Lisboa”, com Beatriz Costa e Vasco Santana.

Em 1934 o guitarrista merece o destaque na primeira página da imprensa. Na edição da “Guitarra de Portugal” escreve-se sobre o seu regresso ao Brasil: “Sim, Casimiro Ramos vai ao Brasil, como acompanhador da atriz-cantadeira Maria Albertina (…) Não é impunemente que se é artista. Já há muito tempo que este guitarrista voltou daquela grande nação e ainda hoje nos não constou uma falta de brio profissional.” (cf. “Guitarra de Portugal, 31 de Março de 1934, p.1)

Com efeito, na sua primeira deslocação ao Brasil integrou o elenco da Companhia de José Loureiro, de que faziam parte Estevão Amarante, Adelina Abranches, Maria Alice, Maria Sampaio e Lina Demoel, o cantador Manuel Cascais e o violista Armando Silva. Não tardou que em Abril de 1934 os colegas e amigos proporcionassem ao distinto guitarrista uma festa de homenagem. No ambiente da Cervejaria Jansen estiveram presentes, entre muitos outros nomes, Maria Albertina, Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres, Maria Emília Ferreira, Maria Amélia Martins, Rosa Maria, Joaquim Pimentel, Filipe Pinto, Artur Pinha, Alfredo Duarte, Júlio Duarte, Mário dos Santos. (cf. “Guitarra de Portugal”, 21 Abril de 1934, p. 6)

A 4 de Abril de 1936 a “Guitarra de Portugal” noticia a “Festa da Guitarra de Portugal”, que decorreu no “Portugal Cinema”, contando com a presença de Casimiro Ramos e de um vastíssimo leque de artistas. Ainda nessa edição, e sensivelmente um mês mais tarde, a 30 de Abril de 1936, estava prevista a realização da primeira festa artística de Casimiro Ramos, também no "Portugal Cinema"; e que contaria “com um maravilhoso espetáculo de Fado" integrado por Berta Cardoso e Maria do Carmo Torres, entre outros nomes. (cf. “Guitarra de Portugal”, 4 Abril de 1936, p. 6).

Casimiro Ramos foi o responsável pela organização de algumas festas de apoio a membros da "família fadista", tal como aconteceu com a festa do "Cantador Solitário", o fadista Manuel José Ribeiro, realizada na sede do Sporting Club Rio Seco, no dia 5 de Julho de 1936, pelas 15 horas. Em Julho de 1938, na reabertura de um dos mais emblemáticos locais de fado, Solar da Alegria, e sob a direção artística de Filipe Pinto, Casimiro Ramos vem a integrar o leque de guitarristas e violistas, composto por Armando Machado, Fernando Freitas e Martinho d´Assunção. (cf. “Guitarra de Portugal”, 25 de Julho de 1938, pp.8 e 9)

Casimiro Ramos foi, na sua época e a par do seu talento musical, figura de destaque no que concerne à defesa dos direitos dos artistas. Requisitado pela imprensa do género, o guitarrista expressou as suas preocupações: “Registe-se, pois, na “Guitarra de Portugal”, que não há decadência do Fado. Há, sim coisas, que não estão certas, mas que, com cuidado e um pouco de trabalho, podem ser remediadas.

E, procedendo-se a uma revisão do atual sistema, muito se fará de útil para o nosso meio fadista. (cf. “Guitarra de Portugal”, 15 de Outubro de 1946, p. 1) Irmão do violista Miguel Ramos, por quem nutria grande admiração, com ele atuou durante largos ano tendo acompanhado inúmeros cantadores e cantadeiras de fado. Casimiro Ramos gravou inúmeros discos, sobretudo enquanto acompanhante e colaborou em programas de rádio, sobretudo na década de 50. Dotado de rara sensibilidade e autor de célebres composições musicais, nomeadamente “Noturno”, são de sua autoria outros inúmeros registos:  “Fado da Fé”, “Fado Maria Emília”, “Fado Pinóia”, “Fado Três Bairros”, "Fado Amélia Martins"; "Apolo"; "Rainha Santa"; "Terezinha"; "Alice", "Fado do Rio", "Lolita", entre outros. Musicalmente, as suas composições figuram em gravações de gerações de fadistas; Ada de Castro, Adelina Ramos, Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo, Fernanda Maria, João Braga, Maria da Fé, Manuel de Almeida, Vasco Rafael, são alguns dos nomes a que damos destaque. Gravado em 1952, resultou em 1992 pela etiqueta “Estoril” o CD intitulado “Guitarradas Imortais”. Consagrado como guitarrista de génio, Casimiro Ramos falece em Lisboa, a 29 de Abril de 1973.

 

 

 


Seleção de fontes de informação:

“Guitarra de Portugal”, 29 de Novembro de 1933; “Guitarra de Portugal”, 31 de Março de 1934; “Guitarra de Portugal”, 21 de Abril de 1934; “Guitarra de Portugal”, 04 de Abril de 1936; “Guitarra de Portugal”, 25 de Julho de 1938; “Guitarra de Portugal”, 15 de Novembro de 1945; “Guitarra de Portugal”, 15 de Outubro de 1946 Parreira, António e Machado, Jorge (1999) “Notas de Música”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube.

 


Última atualização: Julho/2009

​Pequena biografia da intérprete:              

                                                                                                                                          Cidália Moreira
Cidália do Carmo Moreira nasceu no Algarve, na cidade de Olhão. A sua infância é

preenchida por música e dança, e embora tenha perdido a mãe muito nova é por

sua influência que ganha o gosto por estas representações. Aos 17 anos de idade

vem sozinha para Lisboa na perspetiva de concretizar um dos sonhos da sua vida,

dando começo a uma carreira artística. Após ultrapassar um período mais delicado

na sua vida, Cidália Moreira estreia-se na casa típica A Viela, ao que se segue

mais tarde a sua presença no elenco do Restaurante Luso.
Cidália Moreira, muitas vezes apelidada de “A Cigana do Fado”, tem percorrido todo um caminho pautado pelo sucesso. Com inúmeras gravações em formato EP, LP e CD, revisita autores consagrados, casos de Frederico Valério em “Primeiro Amor” (Frederico Valério/Nelson de Barros), Martinho d´Assunção em “Balada Para Uma Velhinha” (Martinho d´Assunção/Ary dos Santos), e Moniz Pereira em “Valeu a Pena”.
É digno de registo, a participação de Cidália Moreira em vários elencos do Teatro de Revista, particularmente na década de 70, com destaque para as produções, “Até Parece Mentira” (1974) e “Alto e Pára o Baile” (1977), entre muitas outras. São também incontáveis os programas televisivos em que Cidália Moreira atuou.
Em todos os momentos de atuação Cidália Moreira revela-se uma artista singular, com um estilo de interpretação único, pautado pela garra que sempre a caracterizou. Nos palcos das principais cidades de todo o mundo, estabelece um forte elo comunicativo com as comunidades portuguesas aí residentes.
Para celebrar o primeiro aniversário do Museu do Fado, em 25 de Setembro de 1999, Cidália Moreira juntou-se a inúmeros artistas para um espetáculo de fado que decorreu no Largo do Chafariz de Dentro.
No decorrer das “Festas de Lisboa 2004”, nomeadamente no programa da “Festa do Fado”, Cidália Moreira integrou o espetáculo temático intitulado “As Grandes Testemunhas”, ao lado de Beatriz da Conceição, João Ferreira-Rosa e Vicente da Câmara, e que teve lugar no Grande Auditório do CCB, em 11 de Junho de 2004.
Numa se afastando dos grandes palcos e numa constante procura de renovação artística, em 11 de Novembro de 2006, Cidália Moreira juntou-se ao elenco do espetáculo de Fado e Flamengo “Tablao do Fado”, da Companhia de Dança Amalgama. Nesta iniciativa única, exalta-se toda a emoção das duas artes que se “fundem num cenário intimista.”
Em 2008, no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural, e no decorrer de uma iniciativa da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, organizou-se entre os dias 11 a 18 de Outubro, a Semana Intercultural do Projeto Escolhas Vivias, na qual Cidália Moreira se apresentou em concerto no dia 11 de Outubro.)Presentemente é no Pátio de Alfama que descobrimos Cidália Moreira “em cuja voz transparece a dor nos fados mais sofridos, ou a brejeirice em fados mais alegres
Finalizamos esta biografia com as palavras de Carlos Albino Guerreiro, retiradas da página pessoal de Cidália Moreira: “Cidália, possivelmente alheia ao efeito teatral da sua voz, não se veste com fantasias. Tenta fazer uma história. A história do fado que se recusa a ser infeliz por um preço qualquer.”

Seleção de fontes de informação:

http://www.cidaliamoreira.com/
 

Última atualização: Setembro/2009

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