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Fado Velho

Saudades da Saudade
Letra:              António José de Bragança
Música:           José António Sabrosa
Repertório:       Maria Teresa de Noronha

 


Cansada de ter saudade
Tudo fiz para esquecer  (bis)

 

E hoje tenho saudade
De saudade já não ter

 

 

Sem força p’ra suportar
A minha fatalidade  (bis)

Ajoelhei a rezar
Cansada de ter saudade

 

 

Roguei a Deus dar-me a sorte
Esta vida até morrer  (bis)

 

Essa saudade de morte
Tudo fiz para esquecer

 

 

Foi minha prece atendida
Por Deus na sua bondade  (bis)

 

Como estou arrependida
E hoje tenho saudade

 

 

Castigo p’ra quem não pensa
Quem não sabe o que é sofrer  (bis)

 

Pois sinto saudade imensa
De saudade já não ter

Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                  Maria Teresa de Noronha
Maria Teresa do Carmo de Noronha de Guimarães Serôdio tratada
carinhosamente por baté, nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Sebastião da
Pedreira, a 17 de setembro de 1918. Filha de Dom António Maria Sales do
Carmo de Noronha e de Dona Maria Carlota Appleton de Noronha Cordeiro
Feio, Maria Teresa de Noronha descendia dos condes de Paraty.
Fidalga por nascimento viria a tornar-se Condessa de Sabrosa a 17 de Dezembro
de 1947, pelo casamento com o terceiro conde desse título, Dom José António
Barbosa de Guimarães Serôdio, guitarrista amador e compositor.
Ainda muito nova começou a cantar em festas de família e de amigos. Maria Teresa de Noronha aliava às
características particulares do timbre da sua voz uma educação musical de piano e canto, fazendo parte do
coro do maestro Ivo Cruz, e um estatuto social que lhe permitiu ter um percurso de carreira fora do circuito
das casas de fado, essencialmente centrado nas suas interpretações ao vivo na rádio.
Ensaiada pelo guitarrista Fernando Freitas e pelo violista Abel Negrão iniciou na Emissora Nacional um
programa quinzenal, em 1938, apresentado por Dom João da Câmara, composto por quatro fados e uma
guitarrada que se manteve em emissão durante vinte e três anos consecutivos, até ao dia em que a fadista
decidiu retirar-se da vida artística, em 1962.
É no contexto deste programa de rádio que Maria Teresa de Noronha atinge uma popularidade crescente,
tornando-se numa figura emblemática de um género a que se convencionou chamar “Fado Aristocrático”.
Com o seu timbre peculiar ousou cantar temas do fado de Coimbra numa altura em que este estava reservado às vozes masculinas.
Foram vários os instrumentistas que a acompanharam nos seus programas, porque Maria Teresa de Noronha era muito rigorosa e exigia muita qualidade e profissionalismo. Por exemplo com o guitarrista Raúl Nery colaborou ao longo de vinte anos, chegando mesmo a fazer com ele uma deslocação a Espanha em 1946.
Foram poucos os espetáculos e digressões em que Maria Teresa de Noronha participou. De entre as atuações no estrangeiro são de referir as que efetuou, em Junho de 1946, no Festival da Feira do Livro de Barcelona e em Madrid, a convite do Governo espanhol. Ainda nessa mesma década de 1940 viajou até ao Brasil, por ocasião da voo de inauguração entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
Duas décadas mais tarde, a fadista apresentou-se em atuações no Principado do Mónaco, para a família real e, em 1964, já depois de ter abandonado a atividade artística, deslocou-se a Londres para cantar na
Embaixada e na Casa de Portugal, bem como na BBC (rádio e televisão), acompanhada pelo conjunto de
guitarras de Raúl Nery.
Maria Teresa de Noronha apresentou-se algumas vezes em programas da RTP, dois desses programas, um de 1959 e outro de 1968, foram editados, pela Videofono, numa cassete vídeo sob o título “Recordando Maria Teresa de Noronha” que constitui um documento extremamente importante sobre uma das fadistas mais importantes de todo o século XX português.
O primeiro disco da sua carreira, com o tema “O Fado dos Cinco Estilos” foi gravado em 1939, na antiga
Emissora Nacional, seguindo-se mais alguns exemplares em formato 78 RPM. A fadista continuará a gravar
com alguma regularidade, editando o seu último LP em 1972.
Maria Teresa de Noronha baseou o seu repertório nos fados castiços que mais apreciava, em detrimento do
fado canção, interpretando poemas muitas vezes recolhidos no seu universo familiar, como é o caso dos
temas “Fado das Horas”, “Sete Letras” e “Fado de Rio Maior”, todos de autoria de D. António de Bragança.
A fadista tornou também grandes êxitos junto do público o “Fado da Verdade”, o “Fado Hilário” e o “Fado
Anadia”, que na sua voz e dicção perfeita ganhavam uma qualidade de interpretação que rivalizava com os
temas mais populares do seu repertório, caso de “Minhas Penas” ou “Pintadinho”, entre outros.
Em 1974 no Picadeiro, em Cascais, onde fora ouvir Manuel de Almeida, este pediu-lhe que cantasse e, pela
última vez, a sua voz foi ouvida num espetáculo público.
Depois dessa data, só os mais íntimos, em privado, a ouviram. Maria Teresa de Noronha faleceu na sua casa, em Sintra, no dia 5 de Julho de 1993, vítima de doença prolongada.

Seleção de fontes de informação:

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=346

Última atualização: Abril/2008

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