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Fado Alexandrino do Joaquim Campos

Fado Alexandrino do Joaquim Campos


Fado em modo menor, que como todos os fados Alexandrinos, assim chamados em homenagem ao poeta francês Alexandre Berné, tem como característica ser cantado com versos em quadras de 12 sílabas, e com a particularidade do cantador se antecipar ligeiramente à música! Os fados Alexandrinos, são considerados fados da 1ª geração ou, como diz o "expert" na matéria Dr. Nuno de Siqueira, da 1ª geração e 1/2...!

Chama-se assim, dado que adquiriu o nome do seu autor, o grande fadista, por muitos considerado o melhor de sempre, Joaquim Campos, de seu nome completo, Joaquim Campos da Silva!


                                                                                                                      Joaquim Campos da Silva

 

Pequena biografia do autor:

Joaquim Campos da Silva, nasceu em Lisboa, na Fonte Santa, em 1911,

tendo falecido em Mem Martins ( Sintra ), em 1981.
Aos 16 anos, empregou-se na Companhia dos Caminhos de Ferro

Portugueses - CP, como escriturário, lugar em que permaneceu até à

reforma, sem todavia deixar de cantar o Fado, que foi a grande paixão

da sua vida.
Ainda criança, passou a viver em Alfama, onde se iniciou a cantar o Fado.
Foi, no entanto, em Setúbal, que se apresentou em público pela primeira

vez, em 1923, com 12 anos de idade, cantando uma letra que adquirira

num quiosque do Rossio, onde se vendiam folhetos com cantigas de poetas populares.
Participou em inúmeras festas de caridade, andou por retiros e esperas de toiros e, com Alberto Costa, foi um dos fundadores, em 1923, do Grémio Artístico Amigos do Fado, apologista de uma dignificação do Fado, pela sua interpretação em salões, em detrimento dos tradicionais retiros e tabernas.
Em 1937, é exaltado como a melhor voz dos últimos 20 anos, juntando ainda o facto de dizer primorosamente os versos que interpretava, impregnando-os de sentimento: - Chamaram-lhe o Bruxo do Fado, devido à sua marcante personalidade e estilo pessoal, aliada a um fino sentido musical a que não terá sido alheio o convívio em jovem com Luís Carlos da Silva ( Petrolino ); por isso foi, considerado por muitos, o maior cantador da sua geração.
Atuou no Coliseu dos Recreios, Teatros Éden, Maria Vitória e Apolo, Solar da Alegria, Retiro da Severa e nos Cafés Luso e Mondego.
Efetuou diversas digressões, das quais se destacou aquela, em que na companhia de Maria do Carmo, Alberto Costa, Júlio Proença e Raul Seia, percorreu todo o Algarve.
São de sua autoria, temas essenciais do reportório de Fado clássico, ainda hoje profusamente utilizado, como são o caso dos Fados Vitória, Tango, Rosita, Estela, Castanheira, Amora, Olivais, Simples, Amadores, Camélia e Contraste, entre outros.
As suas composições, celebrizaram os versos de alguns poetas populares com os quais trabalhou mais de perto, tais como Fernando Teles, Manuel Soares, João Linhares Barbosa e Gabriel de Oliveira.
Da sua obra discográfica, assumem especial interesse as desgarradas com Ercília Costa e Júlio Proença.
Foi companheiro da cantadeira Rosa Maria, até à morte prematura desta.

 


 

 

Título:         Perguntei à Mouraria

Intérprete:        Vitor Miranda

 

Letra:               António Mendes

Música:            Joaquim Campos da Silva

  

Guitarra:          João Chitas

Viola:                Miguel Ramos

Contrabaixo:    João Penedo

 

 

Data da 1ª edição            2003

Perguntei à Mouraria, sincero e amistoso,
Porque razão vestia de luto rigoroso...!
Diz ela a soluçar, de olhar turvo e sem brilho,
Estou de luto, a lembrar a morte do meu filho!

Dos bairros mais bairristas, o mais antigo eu sou,
Fui mãe de outros fadistas e agora, vivo só...!
Sou viveiro do Fado e catedral bendita,
Quem sabe o meu passado, em mim se ressuscita...!

O meu filho partiu, foi triste a sua hora,
Porque o Fado sentiu, isto que eu sinto agora...!
Sou mãe da grande lenda, que não fica esquecida,
Para quem compreenda, a dor na minha vida!

O que será do Fado, sem essa voz castiça,
Que andou por todo o lado fiel e submissa,
Fadista popular, quem sabe, está no Céu
Para os anjos a cantar, com a voz que Deus lhe deu!

 

Pequena biografia do autor:

​                                                                                                                                       Joaquim Campos
Joaquim Campos Silva, conhecido apenas por Joaquim Campos era filho de
Joaquim Maria da Silva e de Maria Campos, tendo nascido em Lisboa em 1911.
Aos 12 anos, vivia em Alfama tendo começado a cantar o fado junto da família
e dos amigos.
Aos completar os 16 anos, Joaquim Campos emprega-se como funcionário da
secretaria da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.
Juntamente com Alberto Costa foi um dos fundadores do Grémio Artístico
Amigos do Fado.
Joaquim Campos fez a sua estreia na “Cervejaria Boémia” no ano de 1927.
Também em 1927 a “Guitarra de  Portugal” noticiava: “Cantou numa festa
humanitária realizada a 27 de Setembro de 1927 (Domingo) no recinto da verbena do Orfanato Ferroviário da CP, em favor de "um pobre proletário a quem as vicissitudes da vida atiraram para a desgraça deixando sem amparo uma numerosa prole".
Em Dezembro de 1933 vivia com a cantadeira Rosa Maria.
Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Outubro de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares»,
conjuntamente com Maria Cármen, Rosa Maria, Júlio Proença, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António
Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934)
Joaquim Campos tomou parte da festa de homenagem aos tocadores Júlio Correia (guitarra) e António
Sobral (viola) no dia 4 de Novembro de 1934 levada a cabo por um grupo de sócios do Grémio Recreativo
Amadores do Fado. (cf. “Guitarra de Portugal” de 14 de Novembro de 1934).
Foi também possível vê-lo cantar em festas de beneficência, em retiros e esperas de touros. Participou,
juntamente com Maria do Carmo, Alberto Costa, Júlio Proença e Raul Seia, numa digressão por todo o
Algarve, com grande êxito. A sua projeção e sucesso levam-no ao Coliseu dos Recreios, ao Éden-Teatro,
Maria Vitória, Apolo e aos ambientes da época: “Solar da Alegria”, “Retiro da Severa”, no “Café Luso” e
“Café Mondego”.
Considerado na época como uma das melhores vozes de fado, Joaquim Campos foi também compositor,
com registo para os seguintes temas: “Fado Vitória”, “Fado Tango”, “Fado Rosita”, entre outros.
É de sua autoria a música do fado Povo que Lavas no Rio, com letra de Pedro Homem de Mello, celebrizado
por Amália Rodrigues.
Faleceu em 1981.

 


Seleção de fontes de informação:

“Guitarra de Portugal”, 24 de Setembro de 1927;
“Guitarra de Portugal” de 22 de Dezembro de 1933;
“Guitarra de Portugal” de 14 de Novembro de 1934;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves.


Última atualização: Maio/2008

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