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Fado Proença

Não Te Quero Perder
Letra:               Júlio Vieitas
Música:            Júlio Proença
Intérprete:         Júlio Vieitas

 

Andei perdido no cais
nesse dia negro dia
sem te ver na despedida,

entre gemidos e ais,
o mar revolto bramia
insultando a própria vida.  (bis)

 

Após a tua partida,
vaguei pela cidade,
quis esquecer-te e bebi,

quis dar novo rumo á vida,
mar era sempre a saudade,
que me falava de ti.  (bis)

 

Há quem não pense nem veja,
há mesmo quem não suporte,
esta razão singular,

quando a gente se deseja,
há só um fim só a morte,
nos consegue separar.  (bis)

 

Perdi-te fiz falsas juras,
partiste e por cá fiquei,
alguns anos sem te ver.

quero esquecer tais loucuras,
agora que te encontrei,
jamais te quero perder  (bis)

​Pequena biografia do poeta e intérprete:

                                                                                                                                                  Júlio Vieitas
Júlio Vieitas nasceu em Caldas da Rainha, no dia 8 de Agosto de 1915 e era ainda

muito jovem quando começou a cantar o fado. Por esse motivo, resolve aos quinze

anos, procurar na cidade novas oportunidades. Emprega-se no ramo do comércio.

Aos dezassete anos, Júlio Vieitas canta no “Retiro da Basalisa”, e seguem-se

outras atuações em verbenas e sociedades recreativas.
Em 1937 Júlio Vieitas estreia-se como profissional no “Café Mondego”, ao que se

seguem apresentações no “Solar da Alegria”, “Café Vera Cruz” e “Café Latino”. atuou

também no “Café Luso”, “Sala Júlia Mendes”, “Café Monumental” e “Cervejaria Artística”.
Integrou, no ano de 1943, uma tournée pelo centro e norte do país com Ercília Costa como empresária, atuando durante algum tempo no “Cinema Olímpia” do Porto, onde também cantou na “Candeia” e no “Solar da Saudade”. Ainda na cidade do Porto, atuou na “Taverna de São Jorge”, no Hotel D. Henrique, na “Cozinha Real do Fado”, na “Casa da Mariquinhas” e no “Rabelo” em Vila Nova de Gaia. Também a cidade de Coimbra recebeu as suas atuações, nomeadamente no “Retiro do Hilário”.
Em 1954 e em 1960 cantou em programas de fados na Emissora Nacional, Rádio Clube Português e Emissores Associados de Lisboa, que contribuíram para a sua projeção artística e para as atuações no retiro do “Caliça”, na “Parreirinha do Rato”, no “Ritz Club”, na “Adega da Lucília”, na “Adega Mesquita”, no “Faia”, na “Nau Catrineta”, no “Paraíso das Guitarras” e na “Parreirinha de Alfama”.
Revela-se como artista-apresentador em 1957, no “Vira de Cascais” e nesse mesmo ano foi um dos primeiros artistas do fado a cantar nos programas experimentais da R.T.P.
Em 1970 voltou a Alfama como diretor artístico do “Arabita”.
Júlio Vieitas distinguiu-se também como autor de conhecidas letras de fados, algumas delas com música sua, destaque para: “Juventude”, “A Cigana”, “Princesa do Tejo” e “Varina dos Olhos Verdes”.
Registam-se várias gravações em disco, nomeadamente em 1979 quando gravou juntamente com Gabino Ferreira, Júlio Peres, Manuel Calixto, José Coelho e Frutuoso França, o álbum “Fado da Velha Guarda”.
Foi homenageado por diversas vezes. Já depois da revolução de 25 de Abril homenagearam-no na Tertúlia Festa Brava (1979), nas Caldas da Rainha (1985) e pelo grupo " Amigos de Lisboa " (1986).
Faleceu em 8 de Junho de 1990.

Seleção de fontes de informação:

“Canção do Sul”, 01 Janeiro de 1945;
“Ecos de Portugal”, 15 Junho de 1947;
Sucena, Eduardo (1992), “Lisboa, O Fado e os Fadistas”, Lisboa, Vega;
Guinot, M. Carvalho, R.; Osório, José Manuel (1999) “Histórias do Fado”, Col. “Um Século de Fado, Lisboa, Ediclube;
 

Última atualização: Maio/2008

Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                               Júlio Proença

Filho de Amélia da Conceição Proença, Júlio Proença nasceu em Lisboa, no bairro

da Mouraria, no dia 25 de Outubro de 1901. Desde cedo Júlio Proença sentiu o

apelo fadista, aprendendo a cantar com a sua mãe.

Sobrinho do cantador António Lado, começou aos 16 anos (1917) a cantar o fado

como amador e, até à sua profissionalização em 1929, na opereta "Mouraria"  que

se estreou no Coliseu dos Recreios, cantou em inúmeras festas de beneficência,

nas esperas de touros, e outros espaços.

Júlio Proença exerceu sempre a profissão de estofador-decorador numa das mais importantes casas do ramo sita na cidade de Lisboa.

Ao longo da sua actividade artística, Júlio Proença passou pelo “Salão Artístico de Fados” e pelos retiros: “Charquinho”, “Ferro de Engomar”, “Caliça” e “Pedralvas”, entre outros.

Na década de 20 fez parte da primeira digressão artística de artistas de Fado que percorreu algumas terras do país e de que faziam parte os colegas Maria do Carmo, Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia, os guitarristas Armando Freire "Armandinho", Herculano Rodrigues e o violista Abel Negrão.

Júlio Proença passou também pelos teatros: “Apolo”, “Trindade”, “Avenida”, “Maria Vitória”, “Joaquim de Almeida”, “Éden-Teatro”, “São Luís”, “Variedades” e “Capitólio” e nos clubes “Ritz”, “Monumental”, “Olímpia” e “Maxim's”, evidenciando, em inúmeros espectáculos, o seu enorme talento.

Posteriormente, cantou no “Retiro da Severa”, no “Solar da Alegria” (que dirigiu em conjunto com Deonilde Gouveia em 1931) e cafés “Gimnásio”, “Mondego” e “Luso”.

Júlio Proença foi um dos primeiros cantadores a cantar nas emissoras C.T.1 A.A, Rádio Luso, Rádio Peninsular e Rádio Condes.

Destacamos as gravações: “Mentindo Sempre”, “Olhos Fatais”, “Como Nasceu o Fado”, “Mentindo”, “Três Beijos”, “Meu Sentir”, “Meu Sonho”, “Minha Terra” (de cuja música é autor), bem como das músicas dos fados “Verbena”, “Lélé”, “Arlete”, “Fado Proença”, “Modesto” e “Fado Moral”. Regista-se também a gravação em dueto com Joaquim Campos dos discos “Dueto sobre o Fado” e “Romance”.

Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Novembro de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares», conjuntamente com Maria Carmen, Rosa Maria, Joaquim Campos, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934).

"Júlio Proença (juntamente com Ercília Costa e Márcia Condessa) tomou parte no espectáculo da "Mãe de Portugal" que se realizou no Coliseu do Porto, sob o alto patrocínio de Madame Carmona." (cf. Canção do Sul de 16 Setembro de 1944).

Em 1946 partiu para Moçambique onde fixou residência e onde viria a falecer, em Setembro de 1970.

Observações:
Em 21-05-1946, aquando da sua ida para África, foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no Parque Mayer.

Selecção de fontes de informação:

“Guitarra de Portugal” 14 de Novembro de 1937;
“Canção do Sul” 16 de Setembro de 1944;
“Guitarra de Portugal”, 15 de Agosto de 1946;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves;
Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, O Fado e os Fadistas”, Lisboa Vega;

Última actualização: Maio de 2008

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