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Fado Cunha e Silva

Fado da 1ª geração, em modo maior, de textura muito simples, cantado em estrofes de quadras, com versos de sete sílabas ( redondilha maior ).

Foi composto pelo violista e compositor, Armando Machado, e tem uma história pitoresca, não só por todas as razões que estiveram na base da sua criação, como também pelo facto de ter sido a raiz de outro Fado!

O seu compositor, criou inicialmente a primeira parte reproduzida neste tópico, dedicando o tema a uma bailarina espanhola, de seu nome Aracélia ( Aracy ou ainda Aracely ), ligada a um cliente muito especial da sua casa de Fado ( "Adega Machado" ), de nome Cunha e Silva, tendo-o feito a pedido deste seu grande amigo.

Mais tarde, e após a zanga entre Cunha e Silva e a bailarina Aracélia, Armando Machado viria a compor uma segunda parte ( refrão ), a que deu o nome de Fado Cunha e Silva, e que nos dias de hoje, é bastante ouvido e foi gravado por diversos cantadores! Assim, em vez de um, Machado acabou por criar dois fados!

O Fado Cunha e Silva é uma melodia que cumpre todas as regras para poder ser considerado um Fado Tradicional. Deste modo, no exemplo aqui apresentado, é incluida a segunda parte ( ou refrão ).

Origem: Investigação G-Sat.

Pequena biografia do autor:

 

                                                                                                                                             Armando Machado

Armando Artur da Silva Machado, nasceu, em Lisboa, em 1899, cidade onde viria a

falecer em Fevereiro de 1974.

Começou a tocar viola nos solares e palacetes, dos arredores de Lisboa, em 1924,

actuando em quase todos os recintos de Fado lisboetas, nomeadamente,

"Adega Mesquita", "Farta-brutos" e "Café Luso".

Em 1935, juntamente com o guitarrista Fernando Freitas e a cantadeira

Maria Albertina, actua na Exposição Universal de Paris, espectáculo a que assistiu

a Rainha D. Amélia ( no exilo ).

Em 1937, funda a "Adega Machado", na altura a segunda casa de Fado no Bairro Alto,

a primeira a apresentar espectáculos diários, e que ainda hoje se mentem em plena

actividade, pela mão dos seus filhos ainda vivos, Filipe e Maria Rita Machado!

Compôs várias dezenas de temas, entre eles os Fados "Súplica", "Licas", ( dedicado a um dos seus filhos ), "Pipas", "Maria Rita" ( dedicado a sua filha com o mesmo nome ), "Lurdes", ( dedicado a sua esposa, a cantadeira Maria de Lurdes Machado ), "Santa Luzia" e o conhecido "Bolero do Machado" ( Cigano da Fronteira ), que foi disco de ouro em 1957, em S. Paulo ( Brasil ), numa gravação de Cidália Meireles, acompanhada pela Orquestra de Mantovani.

Armando Machado, foi sem duvida, um dos maiores compositores que o Fado conheceu, sendo os seus fados dos mais cantados actualmente, por quase aqueles que interpretam o Fado!

Origem: “Histórias do Fado – A Capital" e investigação G-Sat.

 

O violista Armando Machado nasceu em Lisboa, em 1899, cidade onde veio a falecer em 1974.

Começou a tocar viola nos solares e nas festas em Lisboa e arredores.
Em 1924 profissionaliza-se, tendo tocado praticamente em todos os recintos onde houvesse Fado, da época.
Em 1937 fundou a Adega Machado no Bairro Alto, que foi a segunda casa do género no bairro, mas a primeira a dar espectáculos diários.
Foi autor de vários temas musicais para Fado, tais como, Fado Súplica, Fado Cunha e Silva, Fado Licas, Fado Maria Rita, Fado Lourdes e o célebre Bolero Cigano da Fronteira.

Conheceu e casou-se com uma linda moça, Maria de Lourdes, de profissão enfermeira, natural de Lisboa, onde nasceu em 1915, na freguesia do Socorro, tendo falecido também em Lisboa em 1999.
Maria de Lourdes Machado e Armando Machado, tiveram 5 filhos, 4 rapazes e uma rapariga, o Armando José (Licas) que era afilhado do Gonçalves dono de "O Ginjal", a Maria Rita, era afilhada de Amália Rodrigues, o Filipe teve como padrinho Filipe Nogueira (pai) e o Carlos Manuel foi apadrinhado por Adelina Ramos e seu marido, o António Tomaz Machado, (o Tricas para a família e amigos) era afilhado do artista plástico Tomaz de Melo (TOM) e também de Amália.

Maria de Lourdes Machado abandona a sua carreira de enfermeira para cuidar dos filhos e fica também, ao lado do marido na gerência da Adega Machado, tendo começado a cantar Fado, logo com grande sucesso, pois tinha uma bonita voz, presença e cantava muito bem.
Quando o seu filho mais velho o Armando José (apelidado carinhosamente como Licas), foi mobilizado para o Ultramar, Maria de Lourdes pede a João Linhares Barbosa, que lhe escreva um poema que exprima a sua dor de mãe, que teve o título de (Fé e Coragem Meu Filho). O pai Armando Machado faz a música já referida, Fado Licas.
(...)

 

 

 

 

Seleção de fontes de informação:

http://www.portaldofado.net/content/view/2876/327/

Última atualização:  Junho/2012

Fado Cunha e Silva

Ferro de engomar

Letra:           Lima Brumond
Música:        Armando Machado
Intérprete:     Fernanda Maria

Perdão... façam favor de me dizer
Se viram por aí, o velho fado
Um tipo da boémia e do prazer
Assim um tudo nada, já cansado

Vestia calça justa e uma samarra
Chapéu à Marialva e bota branca
Eu vinha cá, trazer-lhe uma guitarra
P’ra irmos ainda hoje a Vila Franca

Pois eu já percorri Alfama inteira

e não o vi
Subi ao Bairro Alto e ao Charquinho

dei um salto
Já fui à Madragoa, já percorri meia Lisboa
E ainda, se calhar bato pró Ferro de Engomar
 

Pois bem, vou até à Mouraria
Que tristonha, que sombria,

a Moirama está agora
E ali nas vielas do passado,

já ninguém conhece o fado
Ninguém sabe onde ele mora

Eu tinha combinado, ir hoje aos toiros
Os dois, eu mais o fado, de tipóia
E o nosso matador, o mata moiros
Levava-nos à noite para rambóia

Cear no Bacalhau, como é costume
Ali, de canjirão e banza ao lado
O fado, que anda cheio de ciúme
Faltou-me desta vez, ao combinado

Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                                   Fernanda Maria

Maria Fernanda Carvalheira dos Santos nasceu na freguesia do Socorro, Hospital de       

S.José em  06 de Fevereiro de 1937. O seu pai era tipógrafo e cantava muito bem o Fado,
e segundo Fernanda Maria deverá ter sido com ele que apanhou o compasso e o gosto
pelo Fado.
Desde muito nova, 12/13 anos, empregou-se a servir à mesa, na "Adega Patrício", de
que era proprietária a fadista Lina Maria Alves. Mais tarde passou para o restaurante de
Argentina Santos, a "Parreirinha de Alfama", e foi ali, naquele espaço tão especial, que
surgiu uma das maiores intérpretes do género, símbolo do mais puro estilo fadista.
Fernanda Maria começa a sentir o apelo de cantar e incentivada pelos frequentadores

das casas onde servia àmesa, descobre a sua vocação. Impulsionada por Alfredo Lopes inicia os testes para a Emissora Nacional efeitas as devidas provas estreia-se no Serão para Trabalhadores, emitido a partir da Voz do Operário. Em 1957 tira a carteira profissional e para além dos programas na Emissora Nacional passa a participar em variados espetáculos como o "Passatempo APA" no Cinema Éden, "Do Céu Caiu uma Estrela" no Òdeon, e o "Comboio das 6h30" no Capitólio. Uns dos momentos que Fernanda Maria recorda com mais saudade são os espetáculos de variedades realizados no Pavilhão dos Desportos e no Coliseu dos Recreios.
Por motivos de vida familiar recusou muitos convites ao estrangeiro, mantendo as suas atuações assíduas nas casas de Fado "A Severa", "Toca", "Nau Catrineta" e "Viela" até se fixar no seu próprio espaço, a casa típica "Lisboa à Noite", que abriu em 1964, e deixou após o falecimento do seu marido, Romão Martins. Passaram por este espaço grandes nomes do género, Manuel de Almeida, Manuel Fernandes, Tristão da Silva, Alice Maria, Maria da Fé, Cidália Moreira, entre outros.
A primeira gravação de disco deu-se quando atuava na "A Severa" e mais tarde gravou também pelas
editoras Valentim de Carvalho e Alvorada. A convite do empresário José Miguel, Fernanda Maria integra o
elenco da revista "Acerta o Passo" (1964) junto de Ivone Silva, contudo foi uma breve passagem, já que a
fadista não se fascina por esta arte e pelos grandes palcos.
Foi acompanhada por grandes instrumentistas: Pais da Silva, Acácio Rocha, Jaime Santos, Carvalhinho,
Martinho D´Assunção, Raul Nery, Fontes Rocha, Joel Pina.
Fernanda Maria, voz carismática e peculiar, tem como principais referências Argentina Santos e Maria
Teresa de Noronha, pelas quais nutre um enorme respeito e admiração. Do seu vasto repertório fazem parte versos de grandes poetas, casos de: Linhares Barbosa, Nelson de Barros, Frederico de Brito, João Dias e Carlos Conde, dos quais resultaram grandes sucessos tais como "Não passes com ela à minha rua", de Carlos Conde, e "Zanguei-me com o meu amor" de Linhares de Barbosa.
Símbolo máximo do Fado castiço, Fernanda Maria é distinguida em 1963 com o Prémio da Imprensa, na
categoria Fado e em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira Feminina.

Seleção de fontes de informação:

Museu do Fado - Entrevista realizada a 14 de Novembro/2006.
Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado" Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.

Última atualização: Dezembro/2007

Fado Aracélia

Quando os Outros te Batem, Beijo-te eu
Letra:           Pedro Homem de Mello
Música:        Armando Machado

Intérprete:     Amália Rodrigues
 

 

 


Se bem que não me ouviste e foste embora,
E tudo em ti, decerto me esqueceu,
Como ontem, o meu grito diz-te agora,
Quando os outros te batem, beijo-te eu...!

Se bem que às minhas maldições fugiste,
Por te haver dado tudo o que era meu,
Como ontem, o meu grito agora viste,
Quando os outros te batem, beijo-te eu...!

Mas há de vir o dia, em que a saudade
Te lembre, quem por ti já se perdeu,
O Fado, quando é triste é que é verdade,
Quando os outros te batem, beijo-te eu...!

Intérprete  Amália Rodrigues
Título  Quando os outros te batem, beijo-te eu!
Autor da Letra  Pedro Homem de Mello
Autor da Música  Armando Machado
Guitarra Portuguesa  Jaime Santos
Viola  José Santos Moreira
Data da 1ª edição  1952

2010 - present

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