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O Fado e a pintura de José Malhoa

Será que alguma vez teve a curiosidade de visitar o museu do Fado da

cidade de Lisboa? De certeza que já teve oportunidade de saborear este

belo quadro "O FADO". José Vital Branco Malhoa, pintor famoso, nasceu

nas Calda da Rainha em 1855, e faleceu em 1933, em Figueiró dos Vinhos.

Veio para Lisboa aprender o ofício de entalhador, mas era seu fado mudar

a sua arte para a pintura. Frequentou a Academia de Belas Artes de Lisboa

e foi um atento observador da Mouraria, zona que o inspirou para a criação

do seu célebre quadro "O Fado".

Algumas curiosidades sobre o quadro de Malhoa.

O pintor não queria modelos profissionais para a homenagem que pretendia fazer à canção de Lisboa e, por isso, foi procurar as suas personagens à Mouraria, onde se dizia que o fado nascera. Porém, a opção trouxe-lhe grandes dores de cabeça.


Quem gosta de fado e é admirador de Amália Rodrigues já a terá certamente ouvido no Fado Malhoa, uma composição de Frederico Valério e José Galhardo dedicada ao pintor José Malhoa, artista que homenageou a canção de Lisboa em 1910 com uma tela chamada justamente O Fado.


Para os que nasceram a partir da segunda metade do século XX, as figuras representadas na pintura poderão não corresponder ao estereótipo dos fadistas (sobretudo das mulheres vestidas de preto, com o xaile pelos ombros, solenes e discretas como Amália); mas, na verdade, no tempo em que Malhoa viveu, os protagonistas do fado eram muitas vezes marginais, ladrões, prostitutas, enfim, gente da rua que vivia precariamente e usava a canção para reclamar das injustiças e da falta de condições, quando não para chorar a morte de um filho levado para combater na Grande Guerra.


E, sendo José Malhoa um naturalista, não quis modelos profissionais que fingissem ser quem não eram, deslocando-se por isso ao bairro da Mouraria (onde se dizia que nascera o fado) em busca das suas personagens, que logo encontrou nas pessoas de Amâncio Esteves – um rufia que tocava guitarra – e da sua mulher Adelaide Facada – cauteleira de dia e prostituta de noite – que devia a alcunha a uma cicatriz que tinha no rosto, feita com a ponta de uma navalha. (Diz-se que é a razão por que, no quadro, a mulher esconde metade da cara com a mão.)


Mas a escolha acabaria por trazer grandes dores de cabeça ao “pintor fino” (como era então conhecido na Mouraria), porque o Amâncio não só dava em maltratar Adelaide à sua frente, como era um desordeiro que ia parar constantemente à esquadra, obrigando o pintor a meter cunhas no Governo Civil para o libertarem e poder prosseguir o seu trabalho.


Num dos períodos em que Amâncio se encontrava preso, Malhoa aproveitou, mesmo assim, para descer a alça da camisinha de Amélia, deixando-lhe os ombros nus e um seio a espreitar; mas, assim que saiu da cadeia e olhou para a tela, um Amâncio ciumento e ameaçador obrigou a que o pintor representasse Adelaide com a decência que ela não tinha na vida real.


Concluída a obra no estúdio – onde se recriara a casa pobre da Rua do Capelão, sem esquecer o Cristo na parede –, muita gente foi chamada a apreciá-la, do povo à elite, incluindo o rei D. Manuel; mas a crítica recebeu mal a tela por o fado ser coisa de “faias” e marialvas, pelo que foi primeiro exposta e premiada no estrangeiro (Buenos Aires, Paris e São Francisco) e mesmo o Porto pode vê-la cinco anos antes de Lisboa, onde fora concebida.


Hoje encontra-se no Museu do Fado e vale uma visita, apesar de em 2005 o pintor João Vieira ter feito sobre ela uma paródia pixelizada chamada O Mais Português dos Quadros a Óleo, troçando claramente d’O Fado de Malhoa.
 

Na época, os pintores contratavam modelos vivos para melhor poder

expressar a sua arte, foi na Rua do Capelão

que Malhoa contratou o Ambrósio Guitarrista e a Adelaide da Facada

(tinha na face esquerda uma grande cicatriz e talvez por esse facto ela a

encubra com a mão, virando a cara ao pintor). O Ambrósio Guitarrista fez a vida negra a Malhoa. Por ser desordeiro passava mais tempo no calaboiço do que em liberdade, facto este que fez atrasar, em muito, a conclusão do óleo. Recriando no seu atelier (Casa António Anastácio) um cenário natural, esta obra foi finalizada no ano de 1910. Nem sempre o quadro de Malhoa foi conhecido por "O Fado". Em 1912 esteve exposto em Paris com o nome "Sous le Charme", em Buenos Aires "Será Verdade" e em Liverpool "The Natice Song". Em 1917 foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa pelo valor de quatro mil escudos.

Malhoa quis homenagear e dar dignidade ao FADO. No entanto numa entrevista dada a um jornal nega esta afirmação. Possivelmente, este facto deve-se à polémica gerada à volta da aquisição do quadro pela Câmara Municipal de Lisboa. Foram muitos aqueles que se insurgiram em relação a esta aquisição alegando existirem pintores mais consagrados internacionalmente.

O "Fado" de Malhoa retratava uma cantadeira acompanhada por um tocador que ostentava com um certo sentimento a sua banza (Guitarra Portuguesa). Muitos foram aqueles que confundiram este quadro com a figura de Severa acompanhada, possivelmente, pelo Sousa do Casacão. As chinelas são idênticas, a cabeleira é farta a saia tem rodapé. No quadro não faltam ainda pequenos pormenores como a imagem de Cristo na parede onde as mágoas eram afogadas no fundo de uma garrafa de vinho.

fontes de informação: Fado Malhoa - por Maria do Rosário Pedreira (amensagem.pt)

A pintura de José Malhoa.webp
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