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Fado Alenquer

Canção de Alenquer

Letra:             António Vilar da Costa

Música:          Nóbrega e Sousa

Intérprete:      Tristão da Silva

 

Do cimo da velha torre

Vi uma noite Alenquer

De prazer também se morre 

E eu sufoquei de prazer

 



Meu coração deslumbrado

Foi do vale até ao rio
Desde então, enamorado

Passa lá noites a fio

 



Alenquer, presépio de Portugal
Meu brinquedo de natal
Que a Jesus apeteceu
Alenquer, terra de sonho e de lenda
És a mais divina prenda
Que El-rei Afonso nos deu

 


 

Alenquer, onde em noites de luar
Teus moinhos a cantar
Parecem dizer também
Ai Alenquer, ai Alenquer
Quem é que não te quer bem

 



Pequeno berço de heróis

Que a pátria venera e quer
Como Damião de Góis

E o grande Pero de Alenquer

 



Os teus recantos velhinhos

Do Bairro da Judiaria
São iguais nos pergaminhos

Da lendária Mouraria

Pequena biografia do autor

                                                                                                                                    Nóbrega e Sousa

Carlos de Melo Garcia Correia Nóbrega e Sousa nasceu em Aveiro a 4 de

Novembro de 1913 e faleceu em Lisboa a 3 de Abril de 2001.

Foi, sem dúvida, uma das figuras de maior talento e valor da música portuguesa

no séc. XX.

Apesar de o seu nome estar associado à canção ligeira, com que se notabilizou

junto do público, terminou o curso superior de Piano no Conservatório Nacional,

em Lisboa, onde foi aluno de Tomás Borba, de Luís de Freitas Branco e de

Vianna da Motta.
Já por essa altura, no entanto, estava tomado de amores pela música ligeira,

o que fez com que a sua primeira obra publicada, Aventura de Amor, fosse uma

valsa. Publicada pela casa Sassetti, embora custeada inicialmente pelo autor, a partitura vendeu os seus quinhentos exemplares em quinze dias, e foi o primeiro de muitos sucessos. Mantendo uma carreira

como pianista acompanhador, Nóbrega e Sousa entra para a antiga Emissora Nacional em

1940, onde exercia funções de assistente de programação.
Começa também a colaborar no teatro de revista, escrevendo músicas que granjearam grande sucesso na época. Não é, portanto, admiração para ninguém quando, em 1958, o compositor vê a sua canção "Vocês Sabem Lá" atingir um sucesso estrondoso no 1º Festival da Música Portuguesa (Figueira da Foz), na interpretação de Maria de Fátima Bravo. Essa época coincidiu com o início da comercialização em Portugal dos discos em vinil de 7 polegadas, com duas canções de cada lado, o vulgar EP (extended play), e foi precisamente a partir dessa época que o sucesso de Nóbrega e Sousa aumentou.
Era agora possível a uma maior faixa de público levar para casa as músicas que ouvia na rádio, já que a vulgarização da prensagem do vinil trouxe também capas coloridas e preços mais baixos, o que tornou o antigo disco de 78 rpm algo de obsoleto e pouco atractivo.
Simone de Oliveira venceu o Festival RTP da Canção de 1965 com "Sol de Inverno", da autoria de Carlos Nóbrega e Sousa e Jerónimo Bragança.
Em 1970, Sérgio Borges venceu o Festival RTP da Canção com "Onde vais rio que eu canto", com música da autoria de Carlos Nóbrega e Sousa e letra de Joaquim Pedro.
Foi o autor da letra e música de "Sobe, Sobe Balão Sobe" de Manuela Bravo que venceu o Festival RTP da Canção de 1979.
Por ser o compositor aclamado e amplamente procurado por cançonetistas, fadistas e mestres de orquestras, Nóbrega e Sousa escreveu músicas para o teatro de revista, filmes portugueses e compôs mais de 400 canções e fados. Escreveu para Francisco José, Tristão da Silva, António Calvário, Simone, Alberto Ribeiro e Amália, enormes êxitos como: Covilhã, Cidade de Neve , Padre Zé, Triste Sina, Ana Paula, Conclusão, Se Os Meus Olhos Falassem, Sol de Inverno, Da Janela do Meu Quarto, Lisboa é Sempre Lisboa, Procuro e Não te Encontro, Amigos Só e Nada Mais, Ou Tarde ou Cedo e Sou Alfacinha da Graça.

 

 

Fonte de informação:   

http://www.portaldofado.net/content/view/2549/327/lang,pt/

 

Última actualização: Setembro 05, 2011

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Pequena biografia do intérprete

                                                                                                                                       Tristão da Silva

Manuel Augusto Martins Tristão da Silva, filho de Francisco Tristão da Silva e

Teodora Augusta Martins, nasceu a 18 de Julho de 1927 na Freguesia da Penha,

em Lisboa.

Quando Manuel Tristão da Silva inicia a escola passa “os seus momentos livres

a cantar, para o que demonstrava decidida vocação.” (“Álbum da Canção”, Nº29,

1 de Julho de 1965). E, no início de 1937, quando contava apenas 9 anos, foi

contratado pelo empresário José Miguel, para actuar aos domingos na «matinée»

do Café Mondego. Nesta altura usava o nome Manuel da Silva, mas ficou

conhecido pelo “Miúdo do Alto do Pina”.

Conclui a instrução primária e torna-se empregado numa drogaria na Graça, de

onde transita para outra situada na Rua Morais Soares e, mais tarde, aprende o ofício de serralheiro. Ainda assim, e apesar de contar com apenas 15 anos, estas actividades profissionais não o impedem de prosseguir a carreira artística, cantando em muitas das sociedades de recreio e, posteriormente, nas casas de Fado de Lisboa. Tristão da Silva fez parte dos primeiros elencos da Sala Júlia Mendes, no Parque Mayer, e do Café Monumental, na Rua Carvalho Araújo.

Com o sonho de se tornar um artista mais popular, o fadista faz, várias vezes, provas para entrar nos quadros da Emissora Nacional, mas acaba por ser recusado. Entretanto vai cumprir o serviço militar obrigatório e é incorporado no Regimento de Artilharia Ligeira 3, onde lhe é permitido sair para cantar nas noites em que tem contratos de espectáculo.

Com cerca de 22 anos, depois de terminado o serviço militar, Tristão da Silva é apresentado ao maestro Belo Marques, então director musical da editora Estoril, sendo contratado por Manuel Simões para fazer algumas gravações discográficas, acompanhado pela orquestra de Belo Marques.

Datam de 1954 dois grandes êxitos que trouxeram a Tristão da Silva a consagração junto do público: o tema “Nem às Paredes Confesso”, de autoria de Max e Artur Ribeiro, e “Maria Morena”, com letra de Radamanto e música de Casimiro Ramos.

Admitido como artista da Emissora Nacional passa a apresentar-se em vários programas de rádio, obtendo naturalmente grande sucesso. Tristão da Silva actua, em 1955, na Ilha da Madeira e, no ano seguinte, nos Açores. O fadista faz, também, gravações em Espanha e uma deslocação a África, para além de ser dos primeiros artistas a apresentar-se nos programas da RTP, então transmitidos a partir da Feira Popular.

Em 1960 viaja até ao Brasil, onde acaba por permanecer durante 4 anos, para actuar na Rádio e na TV Tupi do Rio de Janeiro e nas várias casas típicas portuguesas da cidade. Participa em peças teatrais, nomeadamente com Osvaldo Lousada numa peça intitulada "O Assunto É Mulher ". Posteriormente desloca-se a São Paulo, onde também actua na Rádio, na Tv e nas principais “boites” da cidade; e faz uma digressão que o leva ao Recife, Baía, Porto Alegre, João Pessoa, Pelotas, Fortaleza e Brasília. Em Porto Alegre é contratado para uma nova digressão desta vez para actuar na Bolívia, Chile, Paraguai, Argentina, Uruguai e Perú.

De salientar na sua estadia no Brasil o prémio “Sassy”, que recebe em 1961, em São Paulo, destinado “à melhor atracção internacional do “music-hall” em exibição naquela capital.” (“Álbum da Canção”, Nº29, 1 de Julho de 1965).

Tristão da Silva regressa a Lisboa em 1964, pela mão de Vasco Morgado que o contrata para actuar na revista "Férias em Lisboa". Nesta altura, o fadista apresenta-se, também, em programas da RTP, e canta na casa típica de Fernanda Maria, o Lisboa À Noite.

Tristão da Silva passa pelos elencos das mais populares casas de Fado de Lisboa , como O Faia, A Tipóia, A Parreirinha de Alfama, o Forcado ou O Luso, e canta, também, em sessões cinematográficas do Politeama e em peças teatrais como a “Marujinhos à Vela” ou a já mencionada “Férias em Lisboa”, em cena respectivamente nos teatros Maria Vitória e Monumental.

Ilustrativas da sua popularidade são as quadras que o poeta Carlos Conde lhe dedica, na sua rubrica “Galarim da Semana”:

“Justamente consagrado

Todos sabem que Tristão

Tem sido grande no Fado

P’ra ser maior na canção!

 

Não pediu nada a ninguém

P’ra chegar onde chegou;

O prestígio que hoje tem

A seu tempo o conquistou!

 

O Tristão não é dos tais

Que julgam muito saber,

Por isso é que vale mais

Do que o que julga valer!”

Viria a falecer, com 50 anos, num brutal acidente de viação em Janeiro de 1978, quando regressava de uma actuação na casa de Fados O Forcado. Terminou assim, abruptamente, uma carreira recheada de grandes êxitos, como os já citados, “Nem às Paredes Confesso” e “Maria Morena”, ou ainda “Da Janela do Meu Quarto”, “Aquela Janela Virada P’ró Mar” e “Calçada da Glória”. Temas interpretados em estilo romântico que a voz grave e fortemente personalizada de Tristão da Silva eternizou.

Em 2004, a Câmara Municipal de Lisboa prestou a sua homenagem ao cantor, atribuindo o seu nome a um jardim situado nas freguesias do Alto do Pina e do Beato.

 

Fontes de informação:

“A Voz de Portugal”, 10 de Abril de 1957;

“Diário Ilustrado”, 9 de Março de 1960;

“Álbum da Canção”, Nº29, 1 de Julho de 1965;

“Rádio & Televisão”, 26 de Abril de 1969;

“Galarim da Semana”, in revista “Plateia”, s/d.

“Diário Popular”, 10 de Janeiro de 1978.

“Tristão da Silva, 1927-1978”, Edição CML, Comissão Municipal de Toponímia, Julho de 2004.

Tristão da Silva - Museu do Fado

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