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Fado Alvito

Tristeza Sai do Meu Lado

Letra:          Artur Ribeiro
Música:       Jaime Santos
Intérprete:   Alcindo de Carvalho

 ​​

Tristeza põe-me de parte

Faz tempo demais que moras

Na minha pobre razão

Já são horas de mudar-te

Põe riso nas minhas horas

E sai do meu coração   (bis)

 

Tristeza, no meu caminho

Vais pôr a rosa mais bela

Que Deus guarde em seu jardim

Já basta de andar sozinho

Também quero a minha estrela

E um céu só para mim   (bis)

 

Tristeza, faz-me a vontade

Põe os meus olhos de lado

Deixa de viver comigo

Leva daqui a saudade

Tristeza sai do meu fado

Leva meu choro contigo   (bis)

Intérprete:    Alcindo de Carvalho
Título:         
Tristeza Sai do Meu Lado

Autor da Letra:         Artur Ribeiro
Autor da Música:      Jaime Tiago dos Santos

Guitarra Portuguesa:  Jaime Santos

Viola de Fado:            António Proença


 

Data da 1ª edição:  1971

Editora: "Riso e Ritmo"

Ref. EP 0069

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Fado Alvito
00:00 / 02:45
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Fado Alvito

 

Fado da 3ª geração, em modo maior, e na opinião de muitos especialistas, um dos mais bonitos fados que se conhecem, foi composto pelo grande músico do Fado, Jaime Tiago dos Santos .

A origem deste fado, e do seu nome, consta de uma história contada pelo saudoso fadista José de Sousa, que reza assim:

- Certa tarde, em Alcântara, popular bairro de Lisboa, Jaime Santos, durante um convívio com uns amigos do meio fadista, terá desabafado, que nessa noite iria tocar numa verbena no Bairro do Alvito, logo ali ao lado, e dizia repetidamente “...aquilo vai ser uma chatice...”!

No entanto, quando lá chegou, de imediato mudou de opinião, uma vez que os organizadores, avisados dos receios do guitarrista, proporcionaram-lhe uma extraordinária noite de Fado, tratando-o principescamente!

Em resposta, Jaime Santos, após ter reconhecido a avaliação errada que fizera, compôs esta melodia, que dedicou ao Bairro do Alvito e às sua gentes! Talvez por isso, alguns especialistas, também lhe chamem “Fado do Alvito”.

Pequena biografia do autor:

​                                                                                                                                             Jaime Santos

                                                                                                                                                  

​​Jaime Tiago dos Santos, de seu verdadeiro nome Tiago dos Santos, nasceu em

Lisboa,na freguesia de Santa Engrácia, em 01 de Junho de 1909, tendo falecido

também em Lisboa, em 04 de Julho de 1982. Descendente de uma família com

tradições fadistas e vocação musical  ( o seu avô materno, de nome Manuel dos

Santos “O jardineiro” , tocava guitarra e cantava Fado e, um seu tio, consta que

era um excelente cantador ).

Ainda muito jovem, com cinco ou seis anos apenas, pegou numa velha guitarra,

e em acção espontânea, dedilhou as cordas do instrumento que o tornaria famoso.

Aos 12 anos, inicia-se no trabalho como aprendiz de marceneiro, altura em que

já  tocava viola, bandolim e violino. Porém, seria a viola o instrumento que, mais

o entusiasmou, e ao qual se dedicou no inicio da sua carreira de instrumentista, na qual acompanhou, entre outros, os guitarristas Bento Camacho, Fernando de Freitas, Gonçalves Dias e José Marques (Piscalarete). Um pouco às escondidas, começou a aprender a tocar guitarra! Consta, que o grande empurrão é dado pelo já referido Bento Camacho, que durante uma visita de Jaime Santos a sua casa, e como aquele se demorasse a preparar para irem trabalhar, apanha Jaime Santos a tocar a sua guitarra! Logo aí, e embora não consiga que ele largue a viola, Bento Camacho desafia-o a tocar guitarra, tarefa em que recebe a preciosa ajuda do violista Georgino de Sousa.

Casou com Ofélia, uma das filhas de Georgino de Sousa, violista de Armandinho, tendo sido este quem o incentivou a trocar a viola pela guitarra e o lançou como guitarrista, integrando-o no seu conjunto de guitarras e violas (1937/1938). É também Georgino de Sousa, que fez com que ele passasse a ser conhecido como Jaime Santos, correspondendo à vontade que Tiago exprimia frequentemente de gostar de se chamar Jaime em vez de Tiago.

Nos dois anos seguintes, junta-se com o violista Miguel Ramos, actuando no Café Luso, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

No ano seguinte, O Retiro da Severa, onde já actuava Armandinho, contrata Jaime Santos! Logo aí se gerou uma tentativa de criar uma rivalidade entre eles! O empresário José Jorge Soreano, promove um confronto público entre os dois com honras de publicidade nos jornais! O tiro saiu-lhes pela culatra, pois ambos rejeitaram a proposta e ambos se despediram da casa onde deveria ter lugar o referido confronto, o Retiro da Severa, tendo saído de braço dado! Assim nasceu uma enorme e sólida amizade.

Em 1944, integra o Conjunto Português de Guitarras, de Martinho d' Assunção, de que também faziam parte, além deste, António Couto e Alberto Correia; em 1945 esses mesmos elementos, decidem formar o Conjunto Típico de Guitarras.

Acompanhou Amália Rodrigues ( período que com algumas interrupções, se prolongou até 1955 ), tendo participado com ela em inúmeros espectáculos quer em Portugal quer no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Estados Unidos e México.

Participou no filme “Fado - História Duma Cantadeira” (1947) e ainda nas curtas-metragens de Augusto Fraga sobre temas de fados, filmadas no mesmo ano; em 1954, tem uma intervenção no filme “Les Amants du Tage” na companhia de Santos Moreira.

Fez digressões pelos antigos territórios portugueses da África e pela República da África do Sul, acompanhando Alberto Ribeiro.

Em 1960, com o violista Américo Silva, acompanhou à Holanda a artista Clara de Ovar e, em 1961, foi para Paris durante um ano, actuar na casa típica “O Fado”, de que Clara de Ovar era proprietária.

A partir de 1963, como bom marceneiro, começou a construir e a tocar os seus próprios instrumentos.

Autor das músicas de considerável número de fados ( com letras de diferentes poetas), das quais apresentaremos exemplos, Jaime Santos compôs também diversas variações,

Jaime Santos, foi dos guitarristas que nos deixou um vasto espólio da sua arte, nas imensas gravações fonográficas que nos deixou, sendo o “inventor” das "unhas postiças" , como alternativa às unhas naturais, por questões de resistência e sonoridade, tornando-se numa característica indispensável a todos os guitarristas, até aos dias de hoje.

Fonte de informação:

http://www.portaldofado.net/content/view/866/327/

Última actualização:  Abril/2009

Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                               Alcindo de Carvalho

Alcindo Simões de Carvalho nasceu a 9 de Janeiro de 1932, em Lisboa, na Rua da Rosa,

localizada no emblemático e castiço Bairro Alto. Aqui, Alcindo de Carvalho cresceu junto

do seu pai, alfaiate de profissão e amante do fado, e dos seus cinco irmãos, entre os

quais a guitarra e a viola marcavam presença em pequenos concertos familiares onde

se tocava e cantava o fado. Aos poucos, Alcindo de Carvalho foi-se deixando abraçar

pelo género musical e inicia a interpretação em público dos seus primeiros temas de fado.

Mais tarde, ingressa no mercado de trabalho e já empregado numa casa de comércio

presta as primeiras provas na rádio. Curioso é que, este facto teve como impulsionadora

a filha do patrão onde trabalhava, que o inscreve na Emissora Nacional com o propósito

de prestar provas. O resultado é feliz, e Alcindo de Carvalho passa a ser convidado para,

regularmente, integrar alguns programas radiofónicos. Estamos no ano de 1953.

Dentro do meio artístico o seu talento é descoberto por Márcia Condessa, também amiga da família, e aos 18 anos, a desafio do guitarrista Carvalhinho, passa a cantar na casa típica Márcia Condessa, estreando-se desta forma para um percurso de sucesso; “… a primeira casa onde trabalhei foi precisamente na Márcia Condessa, estive lá 18 anos (…) Ela era uma mulher maravilhosa e tinha uma casa maravilhosa”, confidenciará o fadista em entrevista.

Certo dia, após um programa na Emissora Nacional, é convidado por Lucília do Carmo para integrar o elenco do Faia, onde conhece Carlos do Carmo. Alcindo de Carvalho acrescenta: “Fui e estive lá 17 anos. Gostei muito, foi uma casa que me inspirou muito, uma casa maravilhosa, ainda hoje lá vou mas vejo que é já um pouco diferente (…) o Faia marcou-me muito”.

Embora o seu pai fosse um grande admirador de fado, não aceitava de bom grado o facto de Alcindo de Carvalho seguir uma carreira artística: “…. Achava que era uma vida boémia, mas depois começou a gostar, achava que eu cantava bem e ia ouvir-me cantar.”, declarou em entrevista.

Durante mais de 25 anos, Alcindo de Carvalho foi vendedor de tintas da Sotinco, trabalho esse que realizava de dia, conjugando com as apresentações diárias nas diversas casas típicas de Lisboa, um período tido como mais “duro”, mas felizmente já ultrapassado. Apesar das poucas horas de sono, Alcindo de Carvalho guarda as melhores lembranças desses tempos, em que trabalhou com grandes nomes no género, casos de Carlos Ramos, Tristão da Silva, Fernando Farinha, Alfredo Marceneiro, entre outros.

No percurso das casas típicas destaca-se ainda a permanência durante 21 anos na Parreirinha de Alfama, propriedade de Argentina Santos e da excelente relação que ainda hoje mantêm com a fadista. Este episódio permitiu-lhe poder conciliar, em determinado momento da sua carreira, as actuações na Parreirinha de Alfama, na Taverna do Embuçado e mais recentemente no Clube de Fado.

De Carlos Ramos, Alcindo de Carvalho guarda os melhores momentos, e declara “Ele foi uma pessoa maravilhosa para mim, tenho o repertório dele, canto muitas coisas dele, foi ele que me deu um livro de poemas antes de morrer. Fiquei muito triste com a morte dele, foi uma pessoa que me tocou muito.”. Hoje, Alcindo de Carvalho ainda revive os momentos que passou com o célebre fadista e que se tornou numa referência para a sua vida e carreira artística. “Ele tinha poemas maravilhosos, escritos por poetas maravilhosos e aquelas letras para mim dizem-me qualquer coisa”, estes momentos, em que Alcindo de Carvalho interpreta o repertório de Carlos Ramos, revelam-se de um grande saudosismo e emoção.

Do repertório de Alcindo de Carvalho também fazem parte letras de Artur Ribeiro, Moniz Pereira e Lopes Vítor, autor da controversa “A Morte da Mariquinhas”, entre outros.

Em 1974 Alcindo de Carvalho estreia-se na televisão; “fiz dois programas seguidos. Quer dizer: gravei um e passado três ou quatro dias recebi um telefonema para fazer outro programa. Fiquei até muito admirado.”.( Baptista-Bastos (1999): 18). Todavia, apesar de terem sido programas bem recebidos pelo público, acabaram por não ter continuidade.

È na década de 80 que grava o seu primeiro disco para a etiqueta Telectra, um 45 rpm. Outras edições se seguiram (33 rpm, cassetes e cd´s) mas hoje em dia o fadista recusa-se a gravar, “resolvi não gravar mais discos nenhuns…”, afirma sem grande nostalgia.

Mais recentemente, já na década de 90, Alcindo de Carvalho é convidado por Ricardo Pais a participar num programa de fados intitulado “Fados” e apresentado no Centro Cultural de Belém. Aqui o fadista contracena ao lado de José Pedro Gomes e Carlos Zel. Este espectáculo foi também apresentado em Marselha. Mais tarde, é convidado por Filipe La Feria para o espectáculo “Cabaret”, com estreia no Teatro Politeama. No decurso destas experiências, Alcindo de Carvalho também nos partilha o convite que teve para participar num festival em Londres, por ocasião da Semana de Portugal.

Na Grande Noite do Fado do ano 2004, Alcindo de Carvalho recebe o Prémio de Carreira, e é homenageado num espectáculo decorrido no Teatro de S. Luiz, em Lisboa.

Em Julho de 2005 sobe ao palco, em estreia no Teatro Nacional de São João (Porto), o espectáculo de Ricardo Pais "Cabelo Branco é Saudade". Alcindo de Carvalho partilha o elenco com Argentina Santos, Celeste Rodrigues e Ricardo Ribeiro e afirma: “têm sido casas cheias em todo o lado para onde vamos (…) Estou muito feliz e contente de agora, depois da minha idade, andar a fazer isto.

Acompanhados pela guitarra de Bernardo Couto, pela viola-baixo de Nando Araújo e sob a direcção musical de Diogo Clemente (também viola), este “Cabelo Branco é Saudade” já se apresentou em inúmeros espectáculos pela Europa e Japão.

Do seu vasto repertório destaque para os temas "Não venhas tarde" de Aníbal da Nazaré, “Bons Tempos" de José Galhardo, ambos popularizados por Carlos Ramos e "Fado de Ser Fadista" de Artur Ribeiro.

 

Fonte de informação

:

Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.

 

Programa do espectáculo "Cabelo Branco é Saudade" (2005), Porto, Teatro Nacional de São João.

 

Museu do Fado - Entrevista realizada em 05 de Setembro/2006.

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