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Fado Olga

O Teu Olhar
Letra:                Fernando Farinha

Música:             Carlos Ramos

Intérprete:         Carlos Ramos





 

Desde que vi os teus olhos
Tenho o meu fado marcado
Meu fado, são os teus olhos
Teus olhos, são o meu fado

 

Teus olhos, meninos tontos
Dentro de mim estão brincando
Se ergo os meus olhos um pouco
Vejo os teus olhos dançando



(Refrão)
Eu quis cantar ao teu olhar que me encantou
Pois nele achei, como não sei, inspiração
Foi o calor de um olhar teu
Que me prendeu, e desde então
O teu olhar é a razão desta paixão

 

Todas as minhas canções
Vivem do teu lindo olhar
Quando não olhas p'ra mim
Já eu não posso cantar

 

Teus olhos são dois poetas
De grande imaginação
Foram eles que ditaram
Os versos desta canção





(Refrão)
Eu quis cantar ao teu olhar que me encantou
Pois nele achei, como não sei, inspiração
Foi o calor de um olhar teu
Que me prendeu, e desde então
O teu olhar é a razão desta paixão

Solo

(Refrão)​​

Eu quis cantar ao teu olhar que me encantou​​​

Pois nele achei, como não sei, inspiração
Foi o calor de um olhar teu
Que me prendeu, e desde então
O teu olhar é a razão desta paixão

Intérprete:      Carlos Ramos

Título:            O Teu Olhar

 

Autor da Letra:              Fernando Farinha
Autor da Música:           Carlos Ramos

Guitarra Portuguesa:       Francisco Carvalhinho

Viola de Fado:                 Martinho d' Assunção

 

Data da 1ª edição:  1958

Editora: "Valentim de Carvalho CI SA"

Ref. Columbia SLEM 2-148​​​

carlos ramos.jpg

Fado Olga

Composto pelo cantador e guitarrista Carlos Ramos (1907 - 1969)

Nascido no bairro de Alcântara, gostava de ficar a ouvir o Fado nas tascas do bairro onde nasceu.

Ingressa na Faculdade de Medicina onde ainda estudou durante algum tempo. Mas haveria de ser a morte do seu pai que viria a provocar uma reviravolta na sua vida. Acompanhando-se a si próprio à guitarra, e a conselho de um velho amigo, Filipe Pinto, acabou por se tornar profissional como cantor em 1944. Foi então que, pela mão de Filipe Pinto, se estreou no "Café Luso", no Bairro Alto em Lisboa. 

Pequena biografia do autor e intérprete:
                                                                                                                                          Carlos Ramos
Na voz de Carlos Ramos há “tudo o que caracteriza um artista de classe: expressão,
calor e, talvez acima de tudo, aquele timbre tão pessoal, roufenho talvez, mas
incontestavelmente pleno de verdadeiro sentido fadista.” (cf. CD “Sempre que

Lisboa Canta”, 1998).
Carlos Augusto da Silva Ramos nasceu em Alcântara a 10 de Outubro de 1907.
Conviveu com a música desde criança, uma vez que o pai, João da Silva Ramos,
tocava trompa nas caçadas do rei D. Carlos, de quem era, também, funcionário
como Porteiro da Real Câmara no Palácio das Necessidades.
Carlos Ramos aprendeu a tocar guitarra portuguesa integrado num grupo de

estudantes do Liceu Pedro Nunes, que se dedicavam à aprendizagem deste

instrumento no intervalo das aulas. Neste grupo incluía-se o Dr. Amaro de Almeida, de quem Carlos Ramos voltou a ser colega na Escola de Medicina.
Com a morte do pai, quando tinha apenas 18 anos, foi forçado a desistir da medicina e empregou-se como escriturário nos estaleiros da CUF e, posteriormente, como radio-telegrafista na Marconi, experiência profissional que tinha adquirido, anteriormente, na prestação do serviço militar.
Os primeiros contactos de Carlos Ramos com o fado surgiram no bairro de Alcântara onde residia. A sua carreira iniciou-se pelo acompanhamento à guitarra portuguesa de diversos fadistas, passando depois a cantar, muitas vezes acompanhando-se a si mesmo. Em entrevista ao jornal "Guitarra de Portugal" de 30 de Junho de 1945, afirma que apesar de cantar há cerca de 15 anos, apenas se profissionalizou em 1944, por conselho de Filipe Pinto. E assim, em 1944, fez aquela que considerou como a sua estreia profissional, no Café Luso.
No início da sua carreira, como guitarrista, Carlos Ramos acompanhou os mais conceituados fadistas em espectáculos e digressões várias e em restaurantes típicos, como o Retiro da Severa ou o Café Mondego, e mesmo nas muitas solicitações que teve para participar em peças do Teatro de Revista.
Na sua primeira deslocação ao estrangeiro, em 1939, acompanhou Ercília Costa numa digressão aos Estados Unidos, por iniciativa do embaixador português em Washington, Dr. João Bianchi.
Será na década de 1950 que Carlos Ramos efectuará mais espectáculos no estrangeiro, conforme ele próprio revela em entrevista, após o regresso a Lisboa de uma digressão realizada à África Portuguesa. Carlos Ramos enumera os locais onde realizou espectáculos, caso da América do Norte, Brasil, Espanha, Açores, Madeira, Itália, França e Egipto. (Cf. "Voz de Portugal", 1 de Novembro de 1956).
O seu horário de trabalho para a Marconi não lhe proporcionava integrar os elencos fixos das casas típicas, no entanto a sua presença nestes espaços era muito regular. Actuou em muitos desses restaurantes e, em 1952, tornou-se artista privativo da Tipóia, onde se manteve até abrir o seu espaço em nome próprio – A Toca.
Carlos Ramos participou em muitos espectáculos de homenagem a colegas, como nas festas dedicadas a Alfredo Marceneiro, em 1948 no Café Luso e, em 1963, no Teatro São Luiz, ou na Festa de Consagração de Manuel de Almeida, realizada no Pavilhão dos Desportos em 1962.
O fadista foi também presença frequente na rádio, quer na Emissora Nacional quer no Rádio Clube Português, e dos primeiros programas de fado transmitidos pela televisão, o que muito contribuiu para o aumento do seu sucesso e popularidade junto de um público mais alargado.
Em 1956 já tinha gravado 16 discos e este número foi sempre crescendo. Gravou os seus primeiros discos ainda em formato de 78 rpm, a que se sucederam vários EPs e LPs, inicialmente em edições da Columbia e, posteriormente, da Valentim de Carvalho.
Em entrevista à revista Plateia, de 1 de Julho de 1964, Carlos Ramos relata a possibilidade surgida para participar no filme "Fado Corrido" e fala sobre os outros filmes em que participou: "Cais Sodré" (1946), "Fado" e "Lavadeiras de Portugal" (1957), afirmando que apesar de as suas intervenções serem sempre a cantar, gostaria de ter experiências de participação como actor.
Tal não viria a suceder e o "Fado Corrido" será a sua última intervenção em cinema. Este filme foi realizado em 1964 por Jorge Brum do Canto, sobre um argumento de David Mourão-Ferreira. Uma película protagonizada por Amália Rodrigues, onde o fadista interpreta temas editados pela Columbia, ainda nesse ano, no EP "Carlos Ramos canta «Atrás de um Sonho» do Filme Fado Corrido".
Quando em 1959 abre a sua própria casa de fado, A Toca, conta com a presença de Maria Teresa de Noronha, José António Sabrosa e Alfredo Marceneiro na inauguração e torna-se proprietário daquele que será um dos restaurantes típicos mais afamados do Bairro Alto.
Apesar de ser nesse seu espaço que regularmente se passam a poder escutar as interpretações de Carlos Ramos, o fadista continua a participar em inúmeros espectáculos, em palcos, na rádio e na televisão e mesmo a colaborar com as Marchas Populares, como padrinho, em 1963, ao lado de Celeste Rodrigues na Marcha de Alcântara e, em 1966, com Maria do Espírito Santo, na Marcha do Bairro Alto.
Carlos Ramos frequentou regularmente as casas típicas de Lisboa, durante as décadas de 1940 e 1950, fez uma breve carreira internacional, participou em revistas e filmes e, em 1952, passou a integrar o elenco exclusivo da Tipóia, ao lado de Adelina Ramos, de onde só sairia em 1959 para abrir A Toca, espaço localizado na Travessa dos Fiéis de Deus no Bairro Alto.
Uma trombose ocorrida em meados da década de 60 faria terminar abruptamente com a sua carreira artística. O fadista morreria alguns anos mais tarde, a 9 de Novembro de 1969.
A sua voz particular conquistou o público e popularizou-o em grandes êxitos como: "Senhora do Monte" (Gabriel de Oliveira – José Marques, Fado Carriche), "Anda o Fado Noutras Bocas" (Artur Ribeiro), "Não Venhas Tarde" (Aníbal Nazaré – João Nobre), "Canto o Fado" (João Nobre). Temas que se eternizaram na memória colectiva e foram interpretados por inúmeros fadistas ao longo de gerações, que desta forma continuam a homenagear este nome incontornável do universo do fado.



​Fontes de Informação:

“Guitarra de Portugal”, 28 de Dezembro de 1939;
“Canção do Sul”, 16 de Setembro de 1944;
“Guitarra de Portugal”, 30 de Junho de 1945;
“Ecos de Portugal”, 1 de Abril de 1948;
“Ecos de Portugal”, 15 de Dezembro de 1949;
“Voz de Portugal”, 1 de Novembro de 1956;
“Plateia”, 1 de Julho de 1964;
Guinot, Maria, Ruben de Carvalho e José Manuel Osório (1999) "Histórias do Fado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;
Folheto do CD “Sempre que Lisboa Canta”, EMI – Valentim de Carvalho, 1998.




Última actualização: Julho/2009

Curiosidades sobre o Fado Olga.

 

À semelhança de muitos outros fadistas da sua geração, Carlos Ramos era um "bon vivant". Gostava de comer, de beber, de fumar, de conviver com os amigos e de namorar... E, durante cerca de quarenta anos viveu em simultâneo com a mulher com quem tinha casado - Libânia Silva, avó de Eduardo Ramos de Morais - e com uma misteriosa Olga, a quem Carlos Ramos dedicaria um fado de sua autoria, "O Teu Olhar", que ficaria registado na Sociedade Portuguesa de Autores como Fado Olga.

Diz Eduardo Ramos de Morais que o "Fado Olga" aparece no mesmo LP em que está o "Não Venhas Tarde". E isso faz todo o sentido porque a canção "O Teu Olhar", ou "Fado Olga", e que entra na banda-sonora do filme "Lavadeiras de Portugal", é uma homenagem do meu avô à sua outra mulher. É, digamos, uma sequência do "Não Venhas Tarde". O meu Avô, Carlos Ramos, era casado com a minha avó, mas ao mesmo tempo tinha a Olga, que a mim me tratava como se fosse um neto verdadeiro dela. Tenho um enorme carinho e respeito por ela por causa disso e também porque, em termos de acompanhamento da vida artística, ela foi uma excelente companheira do meu avô. Tanto a minha avó como ela tinham grandes afinidades com ele. Mas era com Olga que tinha mais ligações a nível artístico.

A minha avó Libânia teve duas filhas - a minha mãe Odete Augustta e a minha tia Ercília, que teve esse nome porque a Ercília Costa foi a madrinha - e um filho chamado Mário que só viveu um ano.

Na sequência desta vida dupla, Carlos Ramos não pôde ser velado na Basílica da Estrela quando morreu,a 9 de Novembro de 1969. Diz Eduardo que " a igreja impediu que o meu avô fosse velado lá porque era bígamo. Ainda por cima, ele morreu em casa de dona Olga. Se tivesse morrido em casa da minha avó, o caso não seria tão grave ".

Outras versões do mesmo Fado

O Teu Olhar
00:00 / 02:26

Intérprete: José da Silva

Letra: Fernando Farinha

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