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Fado da Freira (ou da Oliveira)
Fado da Freira
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Edited Image 2013-3-23-0:59:22

A Minha Neta
Letra:               João de Freitas
Música:            Casimiro Ramos
Intérprete:        Miguel Silva

 

Ai que se eu fosse poeta

E Deus me desse o poder

De que goza noite e dia

Faria da minha neta

Uma princesa a valer

E eu nunca mais aparecia   (bis)

De peregrina beleza

Causa de inveja ao luar

Quando a lua prateada

É para mim a riqueza

Maior que me podem dar

Nesta vida atribulada   (bis)

E oh Deus, se vês que eu mereço

Um pouco de carinho teu

Ouve esta prece dilecta

E com ela só te peço

Leva tudo quanto é meu

Mas faz feliz minha neta   (bis)

Intérprete:    Miguel Silva

Título:          A Minha Neta

 

Autor da Letra:     João de Freitas
Autor da Música:  Casimiro Ramos

Guitarra Portuguesa:     Carlos Gonçalves e

                                      António Chainho

Viola de Fado:              José Maria Nóbrega

Viola-baixo:                   Raul Silva

 

Data da 1ª edição:  1974

Editora: "Marfer"

Ref. MEL. 2 - 133

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Letra: João do Carmo Noronha

Fado da Freira
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Intérprete: David Silveira Garcia

Letra: Armando Neves

Fado da Freira (ou Oliveira)

Inicialmente chamado Fado da Oliveira. Composto para o repertório do cantador Vítor Daniel.

A designação Fado da Freira fica a dever-se a uma letra nele cantada, aliás, com assinalável êxito, que conta a história do amor entre uma freira e um homem vulgar. Os versos finais são notáveis e vale a pena lembrá-los:...

Mas quando uma freira absorta

Acercando-se da morta

Nessa medalha pegou

Pôs-se  gritar, Deus nos valha

Não é de Cristo a medalha

É do homem que ela amou

Vamos saber porque é que também se chama a este Fado, Fado da Oliveira: Apenas o excerto do poema que motivou tal facto:   

Sentei-me à sombra fagueira    

de uma frondosa oliveira                                     

Posta à beira de um caminho                             

Nem uma folha bulia                                           

E no silêncio ouvia                                               

Murmurar muito baixinho                                   

 

 Foi um jovem cavador

Que me pôs com todo o amor

Neste chão abençoado

E já depois de criada

Eu dei-lhe o cabo da enxada

E Timão do deu arado

(Letra de Joaquim Frederico de Brito) (Britinho)

Pequena biografia do autor:            

                                                                                                                                            Casimiro Ramos
Casimiro Ramos nasceu no bairro da Ajuda, em Lisboa, a 16 de Fevereiro de 1901.

Começou desde novo a ouvir guitarradas, nomeadamente os ensaios da Troupe

Mayerber de que faziam parte o seu pai e Domingos Serpa, entre outros. Foram

também os nomes de Diamantino Mourão, Agostinho, Júlio Sales, Carlos Cortador

que despertaram a curiosidade de Casimiro Ramos, mas também a aprendizagem

e o gosto profundo pela guitarra portuguesa. (cf. “Guitarra de Portugal, 31 de

Março de 1934, p. 1).

Casimiro Ramos actuou em diversas casas de fado, com especial destaque para

o Café-Restaurante Luso, na década de trinta, ao lado do irmão Miguel Ramos, e

mais tarde na Tipóia, onde se manteve por mais de 20 anos. Estreia-se no cinema

em 1933 participando no filme “A Canção de Lisboa”, com Beatriz Costa e Vasco Santana.

Em 1934 o guitarrista merece o destaque na primeira página da imprensa. Na edição da “Guitarra de Portugal” escreve-se sobre o seu regresso ao Brasil: “Sim, Casimiro Ramos vai ao Brasil, como acompanhador da atriz-cantadeira Maria Albertina (…) Não é impunemente que se é artista. Já há muito tempo que este guitarrista voltou daquela grande nação e ainda hoje nos não constou uma falta de brio profissional.” (cf. “Guitarra de Portugal, 31 de Março de 1934, p.1).

Com efeito, na sua primeira deslocação ao Brasil integrou o elenco da Companhia de José Loureiro, de que faziam parte Estevão Amarante, Adelina Abranches, Maria Alice, Maria Sampaio e Lina Demoel, o cantador Manuel Cascais e o violista Armando Silva. Não tardou que em Abril de 1934 os colegas e amigos proporcionassem ao distinto guitarrista uma festa de homenagem. No ambiente da Cervejaria Jansen estiveram presentes, entre muitos outros nomes, Maria Albertina, Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres, Maria Emília Ferreira, Maria Amélia Martins, Rosa Maria, Joaquim Pimentel, Filipe Pinto, Artur Pinha, Alfredo Duarte, Júlio Duarte, Mário dos Santos. (cf. “Guitarra de Portugal”, 21 Abril de 1934, p. 6).

A 4 de Abril de 1936 a “Guitarra de Portugal” noticia a “Festa da Guitarra de Portugal”, que decorreu no “Portugal Cinema”, contando com a presença de Casimiro Ramos e de um vastíssimo leque de artistas. Ainda nessa edição, e sensivelmente um mês mais tarde, a 30 de Abril de 1936, estava prevista a realização da primeira festa artística de Casimiro Ramos, também no "Portugal Cinema"; e que contaria “com um maravilhoso espectáculo de Fado" integrado por Berta Cardoso e Maria do Carmo Torres, entre outros nomes. (cf. “Guitarra de Portugal”, 4 Abril de 1936, p. 6).

Casimiro Ramos foi o responsável pela organização de algumas festas de apoio a membros da "família fadista", tal como aconteceu com a festa do "Cantador Solitário", o fadista Manuel José Ribeiro, realizada na sede do Sporting Club Rio Seco, no dia 5 de Julho de 1936, pelas 15 horas. Em Julho de 1938, na reabertura de um dos mais emblemáticos locais de fado, Solar da Alegria, e sob a direcção artística de Filipe Pinto, Casimiro Ramos vem a integrar o leque de guitarristas e violistas, composto por Armando Machado, Fernando Freitas e Martinho d´Assunção. (cf. “Guitarra de Portugal”, 25 de Julho de 1938, pp.8 e 9).

Casimiro Ramos foi, na sua época e a par do seu talento musical, figura de destaque no que concerne à defesa dos direitos dos artistas. Requisitado pela imprensa do género, o guitarrista expressou as suas preocupações: “Registe-se, pois, na “Guitarra de Portugal”, que não há decadência do Fado. Há, sim coisas, que não estão certas, mas que, com cuidado e um pouco de trabalho, podem ser remediadas.

E, procedendo-se a uma revisão do actual sistema, muito se fará de útil para o nosso meio fadista. (cf. “Guitarra de Portugal”, 15 de Outubro de 1946, p. 1) Irmão do violista Miguel Ramos, por quem nutria grande admiração, com ele actuou durante largos ano tendo acompanhado inúmeros cantadores e cantadeiras de fado. Casimiro Ramos gravou inúmeros discos, sobretudo enquanto acompanhante e colaborou em programas de rádio, sobretudo na década de 50. Dotado de rara sensibilidade e autor de célebres composições musicais, nomeadamente “Nocturno”, são de sua autoria outros inúmeros registos:  “Fado da Fé”, “Fado Maria Emília”, “Fado Pinóia”, “Fado Três Bairros”, "Fado Amélia Martins"; "Apolo"; "Rainha Santa"; "Terezinha"; "Alice", "Fado do Rio", "Lolita", entre outros. Musicalmente, as suas composições figuram em gravações de gerações de fadistas; Ada de Castro, Adelina Ramos, Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo, Fernanda Maria, João Braga, Maria da Fé, Manuel de Almeida, Vasco Rafael, são alguns dos nomes a que damos destaque. Gravado em 1952, resultou em 1992 pela etiqueta “Estoril” o CD intitulado “Guitarradas Imortais”. Consagrado como guitarrista de génio, Casimiro Ramos falece em Lisboa, a 29 de Abril de 1973.

Fontes de informação:

“Guitarra de Portugal”, 29 de Novembro de 1933; “Guitarra de Portugal”, 31 de Março de 1934; “Guitarra de Portugal”, 21 de Abril de 1934; “Guitarra de Portugal”, 04 de Abril de 1936; “Guitarra de Portugal”, 25 de Julho de 1938; “Guitarra de Portugal”, 15 de Novembro de 1945; “Guitarra de Portugal”, 15 de Outubro de 1946 Parreira, António e Machado, Jorge (1999) “Notas de Música”, Col. “Um Século de Fado”, Lisboa, Ediclube.

 


Última actualização: Julho/2009

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