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Fado Laiva

E Foi Por Isso
Letra:                Frederico de Brito
Música:            Júlio Proença
Intérprete:         Nano Vieira
 

 

 

Quando eu a vejo
Com outro a fazer-lhe gala
Sinto desejo
De bater-lhe ou de marcá-la

Já não lhe laiva
Toda a lama que lhe aflora
Mas mete raiva
Provocar-me a toda a hora

E foi por isso

que eu deixei de ter amantes
Já não sou o que era dantes
Já não quero mais paixões
É que eu perdi-me

no caminho da desgraça
E hoje pareço a quem passa
Um farrapo de ilusões

Ainda há pouco
Passou ela e um demente
E o pobre louco
Pôs-se a rir, o inconsciente

É um sabujo
Que ela tem por tabuleta
Um trapo sujo
Que eu joguei para a valeta

E foi por isso

que eu deixei de ter amantes
Já não sou o que era dantes
Já não quero mais paixões
É que eu perdi-me

no caminha da desgraça
E hoje pareço a quem passa
Um farrapo de ilusões

julio proença

Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                               Júlio Proença

Filho de Amélia da Conceição Proença, Júlio Proença nasceu em Lisboa, no bairro

da Mouraria, no dia 25 de Outubro de 1901. Desde cedo Júlio Proença sentiu o

apelo fadista, aprendendo a cantar com a sua mãe.

Sobrinho do cantador António Lado, começou aos 16 anos (1917) a cantar o fado

como amador e, até à sua profissionalização em 1929, na opereta "Mouraria"  que

se estreou no Coliseu dos Recreios, cantou em inúmeras festas de beneficência,

nas esperas de touros, e outros espaços.

Júlio Proença exerceu sempre a profissão de estofador-decorador numa das mais

importantes casas do ramo sita na cidade de Lisboa.

Ao longo da sua actividade artística, Júlio Proença passou pelo “Salão Artístico de

Fados” e pelos retiros: “Charquinho”, “Ferro de Engomar”, “Caliça” e “Pedralvas”, entre outros.

Na década de 20 fez parte da primeira digressão artística de artistas de Fado que percorreu algumas terras do país e de que faziam parte os colegas Maria do Carmo, Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia, os guitarristas Armando Freire "Armandinho", Herculano Rodrigues e o violista Abel Negrão.

Júlio Proença passou também pelos teatros: “Apolo”, “Trindade”, “Avenida”, “Maria Vitória”, “Joaquim de Almeida”, “Éden-Teatro”, “São Luís”, “Variedades” e “Capitólio” e nos clubes “Ritz”, “Monumental”, “Olímpia” e “Maxim's”, evidenciando, em inúmeros espectáculos, o seu enorme talento.

Posteriormente, cantou no “Retiro da Severa”, no “Solar da Alegria” (que dirigiu em conjunto com Deonilde Gouveia em 1931) e cafés “Gimnásio”, “Mondego” e “Luso”.

Júlio Proença foi um dos primeiros cantadores a cantar nas emissoras C.T.1 A.A, Rádio Luso, Rádio Peninsular e Rádio Condes.

Destacamos as gravações: “Mentindo Sempre”, “Olhos Fatais”, “Como Nasceu o Fado”, “Mentindo”, “Três Beijos”, “Meu Sentir”, “Meu Sonho”, “Minha Terra” (de cuja música é autor), bem como das músicas dos fados “Verbena”, “Lélé”, “Arlete”, “Fado Proença”, “Modesto” e “Fado Moral”. Regista-se também a gravação em dueto com Joaquim Campos dos discos “Dueto sobre o Fado” e “Romance”.

Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Novembro de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares», conjuntamente com Maria Carmen, Rosa Maria, Joaquim Campos, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934).

"Júlio Proença (juntamente com Ercília Costa e Márcia Condessa) tomou parte no espectáculo da "Mãe de Portugal" que se realizou no Coliseu do Porto, sob o alto patrocínio de Madame Carmona." (cf. Canção do Sul de 16 Setembro de 1944).

Em 1946 partiu para Moçambique onde fixou residência e onde viria a falecer, em Setembro de 1970.

Observações:
Em 21-05-1946, aquando da sua ida para África, foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no Parque Mayer.​​

Fontes de informação:

“Guitarra de Portugal” 14 de Novembro de 1937;
“Canção do Sul” 16 de Setembro de 1944;
“Guitarra de Portugal”, 15 de Agosto de 1946;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves;
Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, O Fado e os Fadistas”, Lisboa Vega;

Última actualização: Maio de 2008

Outras versões do mesmo Fado

Feira de Amores
00:00 / 02:57

Intérprete: Maria Alice

Letra: Frederico de Brito

Esta gravação data de 1936 e pertence à Face A do disco de 78 R.P.M. editado pela "Columbia", selo da responsabilidade da "Valentim de Carvalho", intitulado “Maria Alice – Feira de Amores”, onde a cantadeira e vedeta da rádio Maria Alice, acompanhada à guitarra e à viola, interpreta dois fados do seu reportório, que são “Ser Fadista”, e esta “Feira de Amores” que escutamos aqui.

Trata-se dum Fado Tradicional da autoria do célebre cantador que foi Júlio Proença, com versos de Joaquim Frederico de Brito, e fala de uma história muito bonita e triste, sobre um amor fracassado, que foi leiloado no mercado dos desejos.

Este fado é um dos maiores sucessos da carreira artística de Maria Alice, e foi um dos discos de fado mais transmitidos na rádio portuguesa nos anos 30, e durante anos seguidos, esta “Feira de Amores” fez presença fixa nas telefonias portuguesas.

Mais tarde, a “Valentim de Carvalho” reeditou esta gravação em 1977, na Banda 2 da Face B do disco LP de 33 R.P.M. editado pela “EMI-Valentim de Carvalho”, intitulado “Maria Alice – Fados dos Anos 20 e 30”.

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