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Fado Sevilha

Findar em Teus Braços

Letra:               António Rocha

Música:           Jaime Santos

Intérprete:       António Rocha

 


Deixa que eu beba o veneno
Veneno do teu olhar;

Luz desse rosto moreno
Que me não deixas beijar
Deixa que eu beba o veneno   (bis)

 

 


Quero afogar-me nas águas
Das ondas do teu cabelo

Negro como as minhas mágoas
Desse mar negro, mas belo
Quero afogar-me nas águas   (bis)

 

 


Sufocar em tua boca
Num beijo de despedia

Escravo desta paixão louca
Deixarei a minha vida
Sufocar em tua boca   (bis)

 

 


Morrer enfim em teus braços
Como o sol ao fim do dia

Liberto dos meus cansaços
Que felicidade seria
Morrer enfim, em teus braços   (bis)

Intérprete:      António Rocha

Título:            Findar em Teus Braços

 

Autor da Letra:        António Rocha
Autor da Música:    Jaime Santos

Guitarra Portuguesa:    Manuel Mendes

Viola de Fado:             Carlos Manuel Proença

Viola-baixo:                  Joel Pina

   

 

Data da 1ª edição:  2003

Editora: "Ovação"

Ref. 373 CD

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Outras versões do mesmo Fado

Aquele Poeta
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Intérprete: Jenyfer Raínho

Letra: Artur Ribeiro

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Intérprete: Lenita Gentil

Letra: António Rocha

Hora do Levante
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Intérprete: Ana Laíns

Letra: António da Silva Rodrigues

Fado Sevilha
00:00 / 01:52
Edited Image 2013-3-23-0:59:22
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Fado Sevilha

Composto pelo guitarrista Jaime Tiago dos Santos (1909 - 1982)

​​

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Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                            Jaime Santos

​Jaime Tiago dos Santos, de seu verdadeiro nome Tiago dos Santos, nasceu em

Lisboa,na freguesia de Santa Engrácia, em 01 de Junho de 1909, tendo falecido

também em Lisboa, em 04 de Julho de 1982. Descendente de uma família com

tradições fadistas e vocação musical  ( o seu avô materno, de nome Manuel dos

Santos “O jardineiro” , tocava guitarra e cantava Fado e, um seu tio, consta que

era um excelente cantador ).

Ainda muito jovem, com cinco ou seis anos apenas, pegou numa velha guitarra,

e em acção espontânea, dedilhou as cordas do instrumento que o tornaria famoso.

Aos 12 anos, inicia-se no trabalho como aprendiz de marceneiro, altura em que

já  tocava viola, bandolim e violino. Porém, seria a viola o instrumento que, mais

o entusiasmou, e ao qual se dedicou no inicio da sua carreira de instrumentista, na qual acompanhou, entre outros, os guitarristas Bento Camacho, Fernando de Freitas, Gonçalves Dias e José Marques (Piscalarete). Um pouco às escondidas, começou a aprender a tocar guitarra! Consta, que o grande empurrão é dado pelo já referido Bento Camacho, que durante uma visita de Jaime Santos a sua casa, e como aquele se demorasse a preparar para irem trabalhar, apanha Jaime Santos a tocar a sua guitarra! Logo aí, e embora não consiga que ele largue a viola, Bento Camacho desafia-o a tocar guitarra, tarefa em que recebe a preciosa ajuda do violista Georgino de Sousa.

Casou com Ofélia, uma das filhas de Georgino de Sousa, violista de Armandinho, tendo sido este quem o incentivou a trocar a viola pela guitarra e o lançou como guitarrista, integrando-o no seu conjunto de guitarras e violas (1937 - 1938).

É também Georgino de Sousa, que fez com que ele passasse a ser conhecido como Jaime Santos, correspondendo à vontade que Tiago exprimia frequentemente de gostar de se chamar Jaime em vez de Tiago.

Nos dois anos seguintes, junta-se com o violista Miguel Ramos, actuando no Café Luso, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

No ano seguinte, O Retiro da Severa, onde já actuava Armandinho, contrata Jaime Santos! Logo aí se gerou uma tentativa de criar uma rivalidade entre eles! O empresário José Jorge Soreano, promove um confronto público entre os dois com honras de publicidade nos jornais! O tiro saiu-lhes pela culatra, pois ambos rejeitaram a proposta e ambos se despediram da casa onde deveria ter lugar o referido confronto, o Retiro da Severa, tendo saído de braço dado! Assim nasceu uma enorme e sólida amizade.

Em 1944, integra o Conjunto Português de Guitarras, de Martinho d' Assunção, de que também faziam parte, além deste, António Couto e Alberto Correia; em 1945 esses mesmos elementos, decidem formar o Conjunto Típico de Guitarras.

Acompanhou Amália Rodrigues ( período que com algumas interrupções, se prolongou até 1955 ), tendo participado com ela em inúmeros espectáculos quer em Portugal quer no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Estados Unidos e México.

Participou no filme “Fado - História Duma Cantadeira” (1947) e ainda nas curtas-metragens de Augusto Fraga sobre temas de fados, filmadas no mesmo ano; em 1954, tem uma intervenção no filme “Les Amants du Tage” na companhia de Santos Moreira.

Fez digressões pelos antigos territórios portugueses da África e pela República da África do Sul, acompanhando Alberto Ribeiro.

Em 1960, com o violista Américo Silva, acompanhou à Holanda a artista Clara de Ovar e, em 1961, foi para Paris durante um ano, actuar na casa típica “O Fado”, de que Clara de Ovar era proprietária.

A partir de 1963, como bom marceneiro, começou a construir e a tocar os seus próprios instrumentos.

Autor das músicas de considerável número de fados ( com letras de diferentes poetas), das quais apresentaremos exemplos, Jaime Santos compôs também diversas variações,

Jaime Santos, foi dos guitarristas que nos deixou um vasto espólio da sua arte, nas imensas gravações fonográficas que nos deixou, sendo o “inventor” das "unhas postiças" , como alternativa às unhas naturais, por questões de resistência e sonoridade, tornando-se numa característica indispensável a todos os guitarristas, até aos dias de hoje.

Fonte de informação:

http://www.portaldofado.net/content/view/866/327/

Última actualização:  Abril/2009

Joel Pina (1920 - 2021)

A poucos dias de completar 101 anos, no dia 17 de Fevereiro, o nosso querido Mestre e Professor Joel Pina deixou-nos. Morreu em 11 / 2 / 2021, na sequência de um AVC.
                                                                                                                                        Joel Pina
Ao longo de décadas sucessivas e durante cerca de 80 anos de vida

artística, Joel Pina contribuiu e protagonizou alguns episódios do maior

significado para a história do Fado. Teve, entre outros, um contributo

determinante para a consagração do Fado como Património Cultural

Imaterial da Humanidade (UNESCO). Com Amália Rodrigues, que

acompanhou em palcos e gravações ao longo de 29 anos, levou o Fado

ao mundo. Profundamente acarinhado por distintas gerações de

intérpretes e músicos, Joel Pina foi - é - um nome Maior da música

portuguesa.

No dia 24 de Setembro a Câmara Municipal de Lisboa prestou-lhe

homenagem no Teatro São Luiz com um concerto de celebração dos seus 100 anos em que participaram Ana Sofia Varela, António Pinto Basto, António Zambujo, Beatriz Felício, Carminho, Gaspar Varela, Gonçalo Salgueiro, Joana Almeida, Joana Amendoeira, João Braga, Katia Guerreiro, Lenita Gentil, Maria da Fé, Mariza, Matilde Cid, Mísia, Nuno da Câmara Pereira, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro, Rodrigo Costa Félix, Rodrigo Rebelo de Andrade, Tânia Oleiro, Teresa Siqueira, Teresinha Landeiro e Zé Maria Souto Moura.

 

“O fado é a música que mais me emociona”, diz-nos Joel Pina no documentário “Fado” (Sofia de Portugal Aurélio Vasques, 2012) e não será por acaso que no seu percurso musical encontramos mais de seis décadas de fado.

João Manuel Pina nasceu no Rosmaninhal, uma aldeia do concelho de Idanha-a-Nova, a 17 de Fevereiro de 1920. Adoptou o nome artístico de Joel Pina e a interpretação da viola baixo para o seu percurso como músico profissional. 

O nome de Joel Pina é indissociável da história do fado, seja pela contribuição fundamental que deu na integração da viola baixo no conjunto de instrumentos de acompanhamento do fado, seja pela qualidade interpretativa que o destaca no universo musical, desde que se profissionalizou em 1949 até hoje.

Através das emissões radiofónicas teve os primeiros contactos com o fado, ainda em criança e, com 8 anos, começou a tocar, quando o pai, numa viagem a Lisboa, lhe comprou um bandolim. Seguiu-se a viola e a guitarra. A sua aprendizagem foi autodidacta e pela observação dos outros, como próprio descreveu a Baptista Bastos: “na minha terra tocava-se muito e, então, via os outros e talvez por uma questão de intuição comecei logo a mexer na viola e a mexer na guitarra também.” (Bastos: 256).

Em 1938 mudou a sua residência para Lisboa e, como apreciador de fado, frequentava assiduamente o Café Luso. Nessa casa conheceu Martinho de Assunção que, em 1949, o convidou para integrar o Quarteto Típico de Guitarras de Martinho de Assunção. Deste conjunto faziam também parte Francisco Carvalhinho e Fernando Couto. É neste conjunto que Joel Pina se começa a dedicar à viola baixo e que se profissionaliza como músico.

No ano seguinte passa a integrar o elenco da Adega Machado, com Francisco Carvalhinho, na guitarra, e Armando Machado, na viola. Neste ambiente Joel Pina começa a construir a presença da viola baixo no acompanhamento instrumental do fado, que até essa altura não era habitual. Vai manter-se no elenco desta casa durante 10 anos.

Em paralelo, Joel Pina trabalhou como funcionário público na Inspecção Económica, iniciou esta actividade em 1961 e que manteve até se reformar.

No decorrer do seu percurso profissional foi um dos fundadores do Conjunto de Guitarras com Raul Nery, Fontes Rocha e Júlio Gomes. Este quarteto granjeou um sucesso extraordinário e foi um marco na interpretação musical do universo do fado. 

O conjunto surgiu por iniciativa de Eduardo Loureiro, chefe do departamento de música da Emissora Nacional, que convidou Raul Nery a formar um conjunto, com o intuito de apresentar na rádio, quinzenalmente, um programa de guitarradas. Em 1959 iniciaram-se as emissões regulares e o programa prolongou-se por 12 anos.

O Conjunto de Guitarras de Raul Nery “estabeleceu um conjunto instrumental maior para o acompanhamento do fado e para a execução do reportório instrumental ligado a esse género, contribuindo também para a formulação dos papéis musicais da primeira e da segunda guitarra, bem como da viola baixo.” (Castelo-Branco: 127). Para além das emissões radiofónicas e da gravação de inúmeros discos, o conjunto popularizou-se, também no acompanhamento dos mais carismáticos intérpretes de fado, nomeadamente Maria Teresa de Noronha ou Amália Rodrigues, entre muitos outros.

 

A partir de 1966 Joel Pina começa a acompanhar regularmente Amália Rodrigues, actividade que mantem por três décadas até ao final da carreira da fadista. Com ela percorrerá os palcos de todo o mundo, em inúmeros espectáculos e digressões que passam, por exemplo, pelo Canadá, Estados Unidos e Brasil (diversas vezes), Chile, Argentina, México, Inglaterra, França, Itália (diversas vezes), Rússia, cinco vezes ao Japão, Austrália, África do Sul, Angola, Moçambique, Macau, Coreia do Sul.

 

A vasta carreira de Joel Pina torna quase impossível a tarefa de enumerar os fadistas com quem tocou e que continua a acompanhar. Para além das já mencionadas Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha, marca presença na gravação de discos e espectáculos de fadistas como Carlos do Carmo, Carlos Zel, João Braga, Fernando Farinha, Nuno da Câmara Pereira, João Ferreira-Rosa, Teresa Silva Carvalho, Fernanda Maria, Celeste Rodrigues, Carlos Ramos, Lenita Gentil, Rodrigo e, mais recentemente, Cristina Branco, Joana Amendoeira ou Ricardo Ribeiro.

O seu percurso artístico é consensualmente reconhecido. Foi condecorado em maio de 1992 com a Medalha de Mérito Cultural pelo Estado Português. Em 2012 recebe a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. No mesmo ano recebe a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa. A 24 de setembro de 2020 a Câmara Municipal de Lisboa presta-lhe homenagem no Teatro São Luiz descerrando uma placa com o seu nome junto à placa evocativa de Amália Rodrigues que acompanhou em palco durante cerca de três décadas.

 

Até sempre, Professor!

Fontes de informação:

“Fado” (2012), documentário de Sofia de Portugal Aurélio Vasques;

 

Baptista-Bastos, (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;

 

Castelo-Branco, Salwa El-Shawan (1994), “Vozes e Guitarras na Prática Interpretativa do Fado”, in Fado: Vozes e Sombras, Lisboa: Museu Nacional de Etnologia;

 

Museu do Fado - Entrevista realizada em 21 de Setembro de 2006.

Joel Pina (1920 - 2021) - Museu do Fado

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