Fados Tradicionais
Fado Rosita
O Vento Agitou o Trigo
Letra: D.R. (direitos reservados)
Música: Joaquim Campos
Intérprete: Teresa Siqueira
O vento agitou o trigo
Um malmequer desfolhou
As folhas foram contigo
saudade em mim ficou (bis)
Gostaria meu amor
De não mais dizer-te adeus
Mergulhar a minha dor
No fundo dos olhos teus (bis)
Com indiferença te vi
E tive tanta saudade
De já não sentir por ti
Nem amor, nem amizade (bis)
Neste Fado que em mim vive
E tanto me faz sofrer
São saudades que eu já tive
De saudades já não ter (bis)
Intérprete: Teresa Siqueira
Título: O Vento Agitou o Trigo
Autor da Letra: D.R. (direitos reservados)
Autor da Música: Joaquim Campos
Guitarra Portuguesa: António Chainho e
Armindo Fernandes
Viola de Fado: José Maria Nóbrega
Viola-baixo: Pedro Nóbrega
Data da 1ª edição: 1975
Editora: "Rádio Triunfo"
Ref. Alvorada EP S 60 1534
Outras versões do mesmo Fado
Intérprete: Gonçalo Castelbranco
Letra: Fernando Farinha
Intérprete: Matilde Cid
Letra: João Dias
Fado Rosita
Composto pelo cantador Joaquim Campos (1911 - 1981)
Dedicado a sua Mulher, por que tinha uma enorme paixão: "a minha Rosita", como costumava dizer.
Era um cantador exímio, de uma grande doçura no cantar e senhor de um estilo de extraordinária originalidade e personalidade.
Pequena biografia do autor:
Joaquim Campos da Silva
Joaquim Campos da Silva, nasceu em Lisboa, na Fonte Santa, em 1911, tendo
falecido em Mem Martins ( Sintra ), em 1981.
Era filho de Joaquim Maria da Silva e de Maria Campos
Aos 16 anos, empregou-se na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
- CP, como escriturário, lugar em que permaneceu até à reforma, sem todavia
deixar de cantar o Fado, que foi a grande paixão da sua vida.
Ainda criança, passou a viver em Alfama, onde se iniciou a cantar o Fado.
Foi, no entanto, em Setúbal, que se apresentou em público pela primeira vez, em
1923, com 12 anos de idade, cantando uma letra que adquirira num quiosque do
Rossio, onde se vendiam folhetos com cantigas de poetas populares.
Participou em inúmeras festas de caridade, andou por retiros e esperas de toiros e,
com Alberto Costa, foi um dos fundadores, em 1923, do Grémio Artístico Amigos do Fado, apologista de uma dignificação do Fado, pela sua interpretação em salões, em detrimento dos tradicionais retiros e tabernas.
Joaquim Campos fez a sua estreia na “Cervejaria Boémia” no ano de 1927.Também em 1927 a “Guitarra de Portugal” noticiava: “Cantou numa festa humanitária realizada a 27 de Setembro de 1927 (Domingo) no recinto da verbena do Orfanato Ferroviário da CP, em favor de "um pobre proletário a quem as vicissitudes da vida atiraram para a desgraça deixando sem amparo uma numerosa prole". Em Dezembro de 1933 vivia com a cantadeira Rosa Maria. Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Outubro de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares», conjuntamente com Maria Cármen, Rosa Maria, Júlio Proença, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934).
Em 1937, é exaltado como a melhor voz dos últimos 20 anos, juntando ainda o facto de dizer primorosamente os versos que interpretava, impregnando-os de sentimento: Chamaram-lhe o Bruxo do Fado, devido à sua marcante personalidade e estilo pessoal, aliada a um fino sentido musical a que não terá sido alheio o convívio em jovem com Luís Carlos da Silva ( Petrolino ); por isso foi, considerado por muitos, o maior cantador da sua geração.
Joaquim Campos tomou parte da festa de homenagem aos tocadores Júlio Correia (guitarra) e António Sobral (viola) no dia 4 de Novembro de 1934 levada a cabo por um grupo de sócios do Grémio Recreativo-Amadores do Fado. (cf. “Guitarra de Portugal” de 14 de Novembro de 1934). Foi também possível vê-lo cantar em festas de beneficência, em retiros e esperas de touros. Participou, juntamente com Maria do Carmo, Alberto Costa, Júlio Proença e Raul Seia, numa digressão por todo o Algarve, com grande êxito. A sua projecção e sucesso levam-no ao Coliseu dos Recreios, ao Éden-Teatro, Maria Vitória, Apolo e aos ambientes da época: “Solar da Alegria”, “Retiro da Severa”, no “Café Luso” e “Café Mondego”. Considerado na época como uma das melhores vozes de fado, Joaquim Campos foi também compositor, com registo para os seguintes temas: “Fado Vitória”, “Fado Tango”, “Fado Rosita”, entre outros. É de sua autoria a música do fado Povo que Lavas no Rio, com letra de Pedro Homem de Mello, celebrizado por Amália Rodrigues.
Actuou no Coliseu dos Recreios, Teatros Éden, Maria Vitória e Apolo, Solar da Alegria, Retiro da Severa e nos Cafés Luso e Mondego.
Efectuou diversas digressões, das quais se destacou aquela, em que na companhia de Maria do Carmo, Alberto Costa, Júlio Proença e Raul Seia, percorreu todo o Algarve.
São de sua autoria, temas essenciais do reportório de Fado clássico, ainda hoje profusamente utilizado, como são o caso dos Fados Vitória, Tango, Rosita, Estela, Castanheira, Amora, Olivais, Simples, Amadores, Camélia e Contraste, entre outros.
As suas composições, celebrizaram os versos de alguns poetas populares com os quais trabalhou mais de perto, tais como Fernando Teles, Manuel Soares, João Linhares Barbosa e Gabriel de Oliveira.
Da sua obra discográfica, assumem especial interesse as desgarradas com Ercília Costa e Júlio Proença.
Foi companheiro da cantadeira Rosa Maria, até à morte prematura desta.
Faleceu em 1981.
Fontes de informação:
“Guitarra de Portugal”, 24 de Setembro de 1927;
“Guitarra de Portugal” de 22 de Dezembro de 1933;
“Guitarra de Portugal” de 14 de Novembro de 1934;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves.
Última actualização: Maio/2008
Intérprete: Alberto Silva
Letra: ?
Intérprete: Liliana Martins
Letra: Fernando Gomes dos Santos
Intérprete: Aldina Duarte
Letra: Aldina Duarte
Intérprete: Hermínia Silva
Letra: Silva Tavares
Teresa Siqueira (ou Tereza Siqueira) é uma fadista portuguesa. Teresa Siqueira
É mãe dos cantores Carminho e Francisco Rebelo de Andrade.
Teresa Siqueira lançou vários discos para a editora Alvorada entre os quais se
podem encontrar:
- Fados do Fado nº 49 - Teresa Siqueira e Mercês da Cunha Rego (Movieplay,
1998)
- Se Não Fosse A Poesia (Ep, Alvorada) EPS601534
- Estrada/Só A Morte de Passagem/Meu Amor Que Me Dói Tanto/Rouba Ao
Vento A Liberdade (Ep, Alvorada) EPS601582
A Movieplay lançou em 1998 a colecção "Fado do Fado" destinada a transpor para o CD muitos dos discos esquecidos. Um dos discos foi repartido por Teresa Siqueira e Mercês da Cunha Rego.
Em 2008 realizou-se um espectáculo em Alfama, por ocasião das festas de Lisboa, em que Carmo e Francisco Andrade (os seus filhos, também cantores) tiveram Teresa Siqueira como convidada especial.
Fonte de informação:
Esta gravação data de 1937 e pertence à Face B do disco de 78 R.P.M. editado pela “Decca”, etiqueta da “Valentim de Carvalho”, matriz “F 40538”, em que a cantadeira Hermínia Silva, acompanhada à guitarra por Victor Ramos, e à viola por Abel Negrão, interpreta dois números musicais do seu reportório, que são “Magala” e “Santo António de Lisboa”, o tema que escutamos aqui.
O poema é da autoria de Silva Tavares e Amadeu do Vale, e interpretado por Hermínia na melodia do “Fado Rosita” de Joaquim Campos, com refrão musical de A. Lopes, em que Hermínia Silva esclarece quem tem dúvidas sobre a nacionalidade de Santo António.
Decidi renomear este fonograma com um nome que vem explícito no estribilho, e que se adequa de maneira exemplar tanto ao tema como à cantadeira: "A VIRTUDE DA ALEGRIA".
Este "Santo António de Lisboa" teve muito sucesso nas rádios e nas vendas, mas viria a irritar imensamente muitos puristas do fado, porque segundo os critérios deles, o refrão não foi “estilado”, como eles dizem, no “Fado Rosita”, e tal foi encarado por estas camadas conservadoras e reaccionárias da canção nacional como uma afronta, uma ofensa e uma falta de respeito tremendas contra o Fado Tradicional.
Mas a polémica não ficaria por aqui, assim julgo eu. Não tenho a certeza, mas desconfio que a Emissora Nacional tenha proibido este disco por causa dos seguintes versos, mencionados na gravação:
“Há dois nomes portugueses
Que se dizem a rezar
O Nome de Santo António
E o de António SALAZAR!”.
Trata-se de uma suspeita, pois como a Emissora Nacional era a estação oficial do Estado Novo, desconfio que tais coisas assim não passassem no crivo da Censura, mas como haviam sempre os que escapavam, e como se tratava da Dona Hermínia, é pouca a certeza disso.
O que sei é que o disco teve muita popularidade, e o tema tornou-se em mais um dos grandes sucessos de Hermínia Silva, entre tantos que ela teve.
Em 1980, Hermínia Silva viria a cantar esta deliciosa "Virtude da Alegria" no espectáculo de homenagem feito à sua figura no Teatro de São Luiz, e transmitido em directo na RTP/1, mas desta feita com estes versos, que mais se adequaram ao seu estilo:
“Um palácio de guitarras
Se pudesse, construía
Com janelinhas bizarras
Que dessem prá Mouraria”.
A interpretação foi imensamente aplaudida, e confirmou-se aqui mais um dos grandes sucessos de Hermínia Silva, demonstrativo do que é realmente “A VIRTUDE DA ALEGRIA”! O que é preciso é folia! Haja saúde! Este registo foi retirado do disco original inserido no Arquivo Sonoro Digital do Museu do Fado.