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Fado Mouraria
Fado Mouraria
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Edited Image 2013-3-23-0:59:22

A Fuga da Mariquinhas
Letra:                 Torre da Guia
Música:              (popular)
Intérprete:          Nuno de Aguiar


 

Depois do tal leilão
A Mariquinhas, com fé
Deu-se d'alma e coração
Ao Porto, e vive na Sé

 



Com as tralhas no passeio

Sobre a troça das vizinhas
Enervada, a Mariquinhas

Sem medo do devaneio
Zangada tirou do seio

Um antigo medalhão
Saudosa recordação

Que guardava com amor
Seu derradeiro valor

Depois do tal leilão

 



Não fazendo caso delas

Passou pelo penhorista
E com o dinheiro à vista

Foi à feira de Odivelas
Com a maior das cautelas

Comprar em boa maré
Um *burro* cor de café

E pedindo a Deus mais sorte
Pôs-se a caminho do norte

A Mariquinhas com fé

 



O *burro* tinha manias

Era teimoso, era torto
Mas lá chegaram ao Porto

Ao cabo de quinze dias
Pondo fim às arrelias

A Mariquinhas, então
Alugou um rés-do-chão

Com o resto do dinheiro
E àquele pardieiro

Deu-se d'alma e coração

 



Como viu valer a pena

E até gostava do ócio
Tratou de arranjar um sócio

Que é um tal Gil de Vilhena
Que de mão firme e serena

Sabedoria e gajé
Pôs o fado ali de pé

Hoje em dia a Mariquinhas
Deu o cofre e as tabuinhas

Ao Porto, e vive na Sé

Intérprete:      Nuno de Aguiar

Título:            A Fuga da Mariquinhas

 

Autor da Letra:              Torre da Guia
Autor da Música:           (autor desconhecido)

Guitarra Portuguesa:      Custódio Castelo

Viola de Fado:                Carlos Velez

Viola-baixo:                     João Adelino Moreira

 

Data da 1ª edição:  1998

Editora: "Movieplay"

Ref. CD MOV 30. 382

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nuno de aguiar.jpg

Fado Mouraria

De autor desconhecido, é este Fado que se toca nas e, por vezes, também nos Fados onde aparecem quadras glosadas em décimas. Género muito popular desde o princípio do século vinte, ou até mesmo na última metade do século dezanove, daria origem a vários Fados, como o Mouraria antigo, o Mouraria estilizado, o Fado das Horas e outros. Aqui pode começar uma conversa sem fim à vista, pois parece que a história de não se saber quem é o autor deste Fado pode não ser tão verdadeira assim. Sairia reforçada a posição dos que afirmam que há dois Fados de onde partiu a grande maioria dos que hoje conhecemos: o Fado Menor e o Fado Maior (a que se chama Fado Corrido). Destapo apenas a tampa da panela, por não ser este o lugar mais próprio para entrar em grandes congeminações sobre os segredos bem guardados que o Fado tem. Os objectivos deste trabalho não são de apresentar respostas e soluções para as muitas dúvidas que existem em torno do Fado. As pistas e os caminhos ficam delineados para que quem estiver interessado os possa desenvolver e corrigir, se for o caso. Pensar pode ser, para alguns, uma ginástica incómoda, mas é muito salutar.

 

 

 

​Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                         
​                                                                                                                                            Nuno de Aguiar

Nasceu na Travessa do Olival à Graça e revelou-nos que desde muito cedo se sentiu

rendido ao mundo do Fado. Na sua vida infância, Concórdio Henriques

(seu verdadeiro nome) trocava de bom agrado os pontapés na bola de futebol para

ouvir e cantar o Fado. O fadista de hoje recorda os momentos em que, as vizinhas

lhe pediam para fazer recados, e com os tostões  que lhe davam, descia até ao Vale

de Santo António para, numa tasca pagar um  copo de vinho aos guitarristas,

em troca de um Fado. É em pleno bairro de Alfama, no "Retiro" do Sr. Augusto,

que Concórdio canta alguns dos Fados que ouve na Emissora Nacional. Contudo,

estes acontecimentos dão-se sempre à "revelia" dos seus pais.

 

Uma nota curiosa neste seu percurso é que um dos grandes apreciadores de ouvir

Concórdio a cantar, era o General França Borges, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que frequentava o "Retiro" do Sr. Augusto e que em troca de uns tostões lhe pedia a interpretação de alguns temas de Fado.

 

Influenciado pelo pai, mestre em marcenaria de obras de arte, Concórdio aprende o ofício, no Instituto Industrial de Lisboa, mas cedo opta por se dedicar exclusivamente ao Fado e passa a ser solicitado para cantar, ainda que a título amador. Destaca-se então pelo estilo próprio de interpretação que o distingue de tantas outras vozes.

 

Em 1960 profissionaliza-se após ganhar o concurso "Primavera no Fado", no Coliseu dos Recreios, findo várias eliminatórias no "Salão Luso".

 

Depois do serviço militar, onde encantou os colegas com as suas interpretações de Fado, é convidado para o "Ritz Clube" (1965): “Um lugar fora do comum” dirá. Neste espaço, o Fado tinha início às 2 horas da manhã e durava até cerca das 7 horas da manhã. Aqui, Concórdio manteve-se por cerca de dois anos, até ao convite do Sr. Barros para integrar o elenco do "Retiro da Severa". Surge então a oportunidade de gravar para a editora "Estúdio", ainda que seja aconselhado a alterar o seu nome próprio - Concórdio para um nome considerado mais artístico e "nasce" Nuno de Aguiar. Praticamente todas as noites, Nuno de Aguiar interpretava o Fado "Bairro Alto", (letra de Carlos Simões Neves e música de Nuno de Aguiar) e que se revelaria um enorme sucesso e que pontua a sua carreira.

 

Mais tarde, é convidado por Lucília do Carmo para o elenco do "Faia" situado no Bairro Alto, local de contínua aprendizagem e óptimas recordações.

 

Nuno de Aguiar revela-nos ainda as actuações de sucesso que tiveram lugar no Casino do Funchal.

 

É neste período que a carreira do fadista conhece contornos internacionais, com incontáveis viagens e concertos um pouco por todo o mundo, com apresentações em cidades que o fadista diz conhecer tão bem como o bairro onde nasceu! Numa dessas deslocações até à América, Nuno de Aguiar acaba por ficar durante 9 anos, em concertos para a comunidade portuguesa e não só.

 

Passou um longo período numa casa típica em Lourenço Marques (Moçambique), até ao 25 de Abril, altura em que regressa a Lisboa.

 

Após o regresso inicia um novo circuito pelas casas típicas de Lisboa, salientando-se a inauguração do "Forcado" e o início de uma colaboração assídua com Rodrigo no "Picadeiro", em Cascais.

 

Torre da Guia é o seu poeta de eleição. Conheceram-se no serviço militar e desde então tem a particularidade de escrever a maior parte das letras que Nuno de Aguiar interpreta.

 

Celebra os 45 anos de carreira em 2006 assinalados com a edição de um CD, etiqueta Metro- Som: "Meu Disco, Meu Fado", e onde revela a sua faceta de poeta, ao assinar dois dos 14 fados que compõem o CD.

 

Fontes de informação:

Museu do Fado - Entrevista realizada em 13/18 de Julho de 2006.

http://www.museudofado.pt/personalidades/detalhes.php?id=356&sep=1

 

 

 

Última actualização: Fevereiro/2008

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Letra: ?

O Leilão da Mariquinhas
00:00 / 03:49

Intérprete: Alfredo Marceneiro

Letra: Linhares Barbosa

Domingo d'Agosto
00:00 / 03:25

Guitarra:   José Nunes

Viola:        Francisco Perez

Intérprete: Alfredo Marceneiro

Letra: Carlos Conde

O Leilão da Casa da Mariquinhas
00:00 / 04:28

Guitarra:   José Nunes

Viola:        José Inácio

Baixo:       Raúl Silva

Intérprete: Fernando Maurício e Francisco Martinho

Letra: Linhares Barbosa

O Leilão da Casa da Mariquinhas
00:00 / 04:23

Guitarra:   Paulo Parreira

Viola:        João Mário Veiga

Baixo:       Armando Figueiredo

Intérprete: Fernando Maurício e Carlos Zel

Letra: Linhares Barbosa

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