

Fados Tradicionais


Fado da Cruz de Guerra
Cruz de Guerra
Letra: Armando Neves
Música: Miguel Ramos
Intérprete: Berta Cardoso
Quando vieram dizer... á pobre mãe
Que seu filho tinha morrido... lá na guerra
Ela ajoelhou a tremer... sentindo bem
O desgosto mais dorido... que há na terra
Trouxeram-lhe a cruz de guerra... que seu filho
Como valente soldado... merecera
E sobre ela a mãe poisou... um olhar sem brilho
Recordando o filho amado... que perdera
A cruz de guerra pegou... como quem sente
Um reconforto divino... que sonhara
Com ternura a colocou... serenamente
No berço em que pequenino... o embalara
Pobre mãe, santa do céu.. em pleno inferno
Pôs-se a embalar o berço... e a dizer
Dorme doeme filho meu... o sono eterno
Como eterna é a mina dôr... de te perder
E a pobre mãe rematou... neste contraste
Dorme dorme o sono eterno... filho meu
Por causa da cruz de guerra... que ganhaste
Quantas mães estão chorando... como eu
Intérprete: Berta Cardoso
Título: Cruz de Guerra
Autor da Letra: Armando Neves
Autor da Música: Miguel Ramos
Guitarra Portuguesa: António Chainho e
Carlos Gonçalves
Viola de Fado: José Maria Nóbrega
Viola-baixo: Raul Silva
Data da 1ª edição: 1979
Editora: "Riso e Ritmo"
Ref. FF EP 0093

Fado da Cruz de Guera
Mais um Fado cujo nome do poema deu origem ao nome do Fado
Pequena biografia do autor:
Miguel Ramos
Miguel Ramos, nasceu em Lisboa em 1901, onde veio a falecer em 1973.
É o irmão mais jovem do saudoso guitarrista e compositor, Casimiro Ramos.
Violista de fado, também foi ( como o seu irmão ), compositor de fados como
Fado Alberto, Fado Margarida, Fado Helena ,Fado Oliveira ou da Freira, etc.
A observar que o Fado Alberto, foi e ainda é, um fado muito gravado,
existindo mais de 40 gravações (em suporte CD ) deste fado.
Alguns dos seus fados, foram compostos em parceria com o seu irmão,
sendo a autoria de alguns desses fados atribuíram, por vezes, ora a um, ora
a outro dos irmãos "Pinóia".
Miguel Ramos, foi considerado um artista de referência, e era admirado pelos fadistas, violistas e guitarristas, entre os quais Martinho d'Assunção Júnior e José Nunes.
Tal como o seu irmão, acompanhou grandes vozes do Fado, em casas de fado, espectáculos e na gravação de fonogramas.
Tocava com unhas postiças. O seu estilo interpretativo caracterizava-se pela clareza na articulação das notas, a ressonância dos bordões e acordes, tanto no acompanhamento de fadistas, como de instrumentais, adaptando o percurso harmónico ao gosto de cada fadista; nos instrumentais, utilizava um acompanhamento harmónico mais enriquecido, notavelmente articulado com as guitarras, contra cantos, e a percussão ( utilizando a caixa de ressonância da viola ).
Durante muitos anos, foi tocador privativo do Restaurante “A Tipóia”, no Bairro Alto.
Fonte de informação:
http://www.g-sat.net/todos-os-fados-de-a-a-z-historia-2128/fado-alberto-208297.html
Outras versões do mesmo Fado
Pequena biografia da intérprete:
Berta Cardoso
Berta dos Santos Cardoso, nasceu em Lisboa a 21 de Outubro de 1911, faleceu a
12 de Junho de 1997, na mesma cidade.
Berta é a fadista de referência da "época de ouro" do fado, a cantadeira que "chegou,
cantou e venceu" e que foi desde logo considerada a "loucura dos fadistas".
Canta pela primeira vez, em público, no Salão Artístico de Fados, acompanhada por
Armandinho; o sucesso é tal que é de imediato convidada para integrar o elenco da
casa, o que não vem a concretizar-se em virtude de ter apenas 16 anos.
Vai, no entanto, a Espanha gravar o seu primeiro disco e em 1930 é notícia de primeira
página da Guitarra de Portugal, de 30 de Outubro.
Ali se refere que Berta Cardoso é "um nome consagrado", é "uma vocação que se
revelou espontânea e claramente desde a sua estreia". Dotada de um estilo e de uma capacidade interpretativa singulares, Berta Cardoso tinha uma dicção irrepreensível e uma voz privilegiada, tendo ficado conhecida como "A voz de oiro do fado". A sua ascensão artística é meteórica, passando, de imediato, do anonimato a primeira figura da canção nacional.
Durante as décadas de 30, 40 e 50, tem uma notável carreira que divide entre os palcos das casa de fado e dos teatros de revista, a nível nacional e internacional; a partir da década de 60, opta por actuações mais intimistas, confinando-se quase exclusivamente às casas de fado.
Durante a sua longa carreira, Berta Cardoso criou inúmeros êxitos, tendo gravado para várias editoras discográficas, entre elas a Valentim de Carvalho, a Odeon, a Columbia, a Capitol, a Imavox. Sempre com edições esgotadas, restam alguns 78 RPM e vinil, nas mãos de particulares/coleccionadores. No mercado habitual, apenas na loja do Museu do Fado e na Discoteca Amália, se pode adquirir o CD da etiqueta Estoril que reproduz seis dos seus maiores êxitos: Fado Antigo, Fado Faia, Chinela, Meu Lar, Cinta Vermelha e Cruz de Guerra, sendo a letra, dos 5 primeiros fados, da autoria de João Linhares Barbosa e a letra do 6º fado, de Armando Neves.
Existe ainda, no circuito comercial, um outro CD, editado pela Movieplay Portuguesa, o nº 20 da colecção Fados do Fado, com 4 fados de Berta Cardoso: Cruz de Guerra, de Armando Neves, Meu amor fugiu do ninho e Noite de São João, ambos de J. Linhares Barbosa e Testamento, de João Redondo.
Fonte de informação:

Intérprete: Aníbal Duran Costa
Letra: Armando Neves
Intérprete: Berta Cardoso
Letra: Armando Neves



A GRAVAÇÃO ORIGINAL DO “HIT TOP” DA RÁDIO PORTUGUESA DO ESTADO NOVO!
Esta gravação data de 1936 e pertence à Face B do disco de 78 R.P.M. editado pela marca “Columbia”, etiqueta “Valentim de Carvalho”, matriz “M.L. 13”, em que a cantadeira Berta Cardoso, acompanhada à guitarra e à viola, interpreta dois números musicais do seu reportório, que são “Cruz de Guerra” e “Uma Hora, Duas Horas...”. Esta é a “Cruz de Guerra”, uma “Canção-Fado” da autoria de Miguel Ramos, com versos de Armando Neves, que venceram o Prémio Literário Antero de Quental em 1935, atribuído pelo Secretariado da Propaganda Nacional, e pelo seu Presidente, António Ferro.
O próprio autor decidiu entregar os versos a Berta Cardoso, que foram devidamente visados pela Comissão de Censura, e autorizados por aclamação. Miguel Ramos musicou a letra, e o sucesso foi total!!! Todo o grande público português, e os especialistas, aplaudiram o tema, e a boa interpretação de Berta Cardoso.
Imediatamente, Valentim de Carvalho, o chefe da editora com o mesmo nome, quis patentear esta “Canção-Fado” em disco, convidando Berta Cardoso a gravar este disco, acompanhada à guitarra e à viola. O sucesso aumentou imediatamente, mal o disco saiu pró mercado, e para as rádios portuguesas.
A sua mais activa divulgadora foi a Emissora Nacional, que ampliou o sucesso desta canção, regravada pela criadora nos anos de 1954, na “Estoril”, tendo o compositor como acompanhante de viola, e de 1973, na “Riso e Ritmo”. Recentemente, a Sociedade Portuguesa de Autores e as comunidades de puristas do Fado decidiram incluir este tema como parte integrante da Lista Nacional dos Fados Tradicionais, sendo agora este tema considerado como um dos mais importantes clássicos da Música Portuguesa e do Fado.
Esta é a gravação original de 1936, da “Columbia”, retirado do disco exemplar que fazia parte da Discoteca da Emissora Nacional, com a cota “AH 226”, e que está disponível no Arquivo Sonoro Digital do Museu do Fado.
Intérprete: Isabel de Oliveira
Letra: Armando Neves