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Fado Bailarico
Fado Bailarico
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Nunca Me Fales Verdade

Letra:               Augusto Gil
Música:           Alfredo Duarte "Marceneiro"
Intérprete:       Teresa Silva Carvalho

Oh meu amor, meu amor

Quem me dera ter-te aqui   (bis)

Passar toda a minha vida

Contigo ao pé de mim   (bis)

Dizem que a saudade espera

A ausência p'ra chegar   (bis)

Eu tenho saudades tuas

'Inda antes de te deixar   (bis)

 

Vejo os teus olhos divinos

Que enchem de sonho o meu ser   (bis)

Pensando já na tristeza

Que te não vendo, os vou ter   (bis)

 

Ainda que o teu amor

Seja apenas falsidade   (bis)

Abençoada mentira

Nunca me fales verdade   (bis)

 

Fico às vezes a cismar

Neste mistério de amor   (bis)

És o bem da minha vida

Sendo tu a minha dor   (bis)

Intérprete:    Teresa Silva Carvalho

Título:           Nunca Me Fales Verdade

Autor da Letra:         Augusto Gil
Autor da Música:      Alfredo Duarte "Marceneiro"

Guitarra Portuguesa:    José Fontes Rocha e

                                     Carlos Gonçalves

Viola de Fado:              Pedro Leal

Viola-baixo:                  Joel Pina

 

Data da 1ª edição:  1968

Editora: "Tecla"

Ref. TE 1031

Pequena biografia da intérprete:                               

                                                                                                                                                         

(08 Setembro, 1935)

                                                                                                                                                 Teresa Silva Carvalho

Teresa Silva Carvalho destaca-se no fado e na música popular portuguesa como uma

talentosa intérprete que emprestou a sua voz à interpretação de temas selecionados

entre os melhores autores da poesia e da música nacionais. Como escreveu Ary dos

Santos na contracapa de um dos seus discos, “Teresa Silva Carvalho não é apenas um

caso do Fado. É também um caso da Poesia. (…) um talento tão sensível quanto

inteligente, a delicadeza de uma expressão tão musical quanto poética.” (in EP Movieplay

SON100018).

O início do seu percurso artístico tem um primeiro impulso quando se apresenta ao vivo,

pela primeira vez, com 18 anos, em Fão, Ofir, por altura do Cortejo dos Banhistas,

integrada num espectáculo de beneficência.

Um novo marco para a sua carreira artística será a participação no programa “Nova Onda”

da Emissora Nacional, dirigido por Maria Leonor, que apresentava novas revelações que interpretavam temas estrangeiros e portugueses. Teresa Silva Carvalho cantou os temas “Sur ma vie” (um êxito de Charles Aznavour) e “O Fado do Castanheiro”, de autoria de João de Vasconcelos e Sá, com música de Pedro Rodrigues e popularizado na voz da Maria Teresa de Noronha.

Apesar destas experiências e das aulas de canto com a professora D. Maria Amélia Duarte D'Almeida, Teresa Silva Carvalho prosseguiu, também, os seus estudos e terminou o curso da Escola de Hotelaria. Foi professora de música no Instituto Vaz Serra, em Cernache do Bonjardim, nas décadas de 1950 e 60, inscreveu-se no Ministério dos Negócios Estrangeiros e partiu, em 1965, para a “Expo Portugal de Hoje”, no Rio de Janeiro. Será no Brasil que participa no seu primeiro programa televisivo. Também do outro lado do Atlântico se apresenta ao vivo em diversos restaurantes típicos portugueses.

No regresso a Portugal João Ferreira-Rosa convida-a para cantar na “Taverna do Embuçado”, em Alfama, onde fará parte do elenco profissional durante vários anos.

Em 1969 grava o seu primeiro disco para a editora Tecla, um EP com o título “Sol nulo dos dias vãos”, a que se seguirá o EP “Um pouco mais de sol” e o LP “Teresa Silva Carvalho” no qual reúne os temas dos dois primeiros discos. No ano seguinte, em 1970, Teresa Silva Carvalho recebe o Prémio de Imprensa Revelação (Fado), atribuído pelo Sindicato dos Jornalistas.

Para a editora Valentim de Carvalho grava o EP “Amor tornado momento”, onde apresenta o tema “Amar”, um poema de Florbela Espanca que a própria musicou musicou.

Teresa Silva Carvalho alia a escolha rigorosa do repertório poético à sua extraordinária capacidade interpretativa mas, também, ao seu potencial enquanto compositora. Para além do já referido “Amar”, Teresa Silva Carvalho musicou poemas dos mais destacados autores portugueses como “Sonho de Incerteza” (poema de Antero de Quental), “Barca Bela” (poema de Almeida Garrett), “Árvores do Alentejo” (poema de Florbela Espanca), “Canção de Primavera” e “Lamento” (poemas de José Régio), entre outros.

Em 1976 edita vários EPs e o LP “Fados”, pela editora Orfeu e, no ano seguinte participa no Festival RTP da Canção – “As Sete Canções”, com a música “Canção sem grades” (Rita Olivais – Manuel José Soares) que será editada em single, tendo como lado B o tema “Ícaro” (José Régio – José Luís Tinoco). Volta a participar no Festival RTP da Canção em 1979, com o tema “Cantemos até ser dia”, de autoria de Pedro Osório.

Durante a década de 1970 Teresa Silva Carvalho actua por diversas vezes na sala de espectáculos do Hotel Balaia em Albufeira, onde desempenha funções como directora de Relações Públicas.

O seu disco “Ó rama, ó que linda rama”, produzido por Vitorino, é editado em 1977, com estrondoso sucesso. Para além do icónico tema título, uma canção popular alentejana, o álbum incluía as canções “Mas que fresca mondadeira”, um poema de Francisco Martins Ramos e “Litania para um amor ausente”, poema de Luigi Pirandelli, ambas com músicas de Vitorino, várias canções de José Afonso, como “Canto moço”, “Redondo vocábulo”, “Mulher da erva” e “Verdes são os campos”, um poema de Luís de Camões.

Após o êxito de “Ò rama, que linda rama”, Teresa Silva Carvalho continuou a participar em diversos concertos, apareceu pontualmente em programas televisivos e fez diversas tournées no Canadá e Estados Unidos mas, por opção, foi-se afastando do mundo da música e do espectáculo.

O seu último álbum foi editado em formato CD pela Strauss, em 1994, sob o título “Canções Gratas” e regista temas inéditos e regravações de temas do seu repertório.

 

Fontes de informação:

http://www.macua.org/biografias/teresasilvacarvalho.html

http://www.jornalistas.eu/?n=456

http://fes79.no.sapo.pt/

Espólio Museu do Fado e dados cedidos por particulares

Teresa Silva Carvalho - Museu do Fado

Teresa Silva Carvalho.jpg

Joel Pina (1920 - 2021)

A poucos dias de completar 101 anos, no dia 17 de Fevereiro, o nosso querido Mestre e Professor Joel Pina deixou-nos. Morreu em 11 / 2 / 2021, na sequência de um AVC.
                                                                                                                                        Joel Pina
Ao longo de décadas sucessivas e durante cerca de 80 anos de vida

artística, Joel Pina contribuiu e protagonizou alguns episódios do maior

significado para a história do Fado. Teve, entre outros, um contributo

determinante para a consagração do Fado como Património Cultural

Imaterial da Humanidade (UNESCO). Com Amália Rodrigues, que

acompanhou em palcos e gravações ao longo de 29 anos, levou o Fado

ao mundo. Profundamente acarinhado por distintas gerações de

intérpretes e músicos, Joel Pina foi - é - um nome Maior da música

portuguesa.

No dia 24 de Setembro a Câmara Municipal de Lisboa prestou-lhe

homenagem no Teatro São Luiz com um concerto de celebração dos seus 100 anos em que participaram Ana Sofia Varela, António Pinto Basto, António Zambujo, Beatriz Felício, Carminho, Gaspar Varela, Gonçalo Salgueiro, Joana Almeida, Joana Amendoeira, João Braga, Katia Guerreiro, Lenita Gentil, Maria da Fé, Mariza, Matilde Cid, Mísia, Nuno da Câmara Pereira, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro, Rodrigo Costa Félix, Rodrigo Rebelo de Andrade, Tânia Oleiro, Teresa Siqueira, Teresinha Landeiro e Zé Maria Souto Moura.

 

“O fado é a música que mais me emociona”, diz-nos Joel Pina no documentário “Fado” (Sofia de Portugal Aurélio Vasques, 2012) e não será por acaso que no seu percurso musical encontramos mais de seis décadas de fado.

João Manuel Pina nasceu no Rosmaninhal, uma aldeia do concelho de Idanha-a-Nova, a 17 de Fevereiro de 1920. Adoptou o nome artístico de Joel Pina e a interpretação da viola baixo para o seu percurso como músico profissional. 

O nome de Joel Pina é indissociável da história do fado, seja pela contribuição fundamental que deu na integração da viola baixo no conjunto de instrumentos de acompanhamento do fado, seja pela qualidade interpretativa que o destaca no universo musical, desde que se profissionalizou em 1949 até hoje.

Através das emissões radiofónicas teve os primeiros contactos com o fado, ainda em criança e, com 8 anos, começou a tocar, quando o pai, numa viagem a Lisboa, lhe comprou um bandolim. Seguiu-se a viola e a guitarra. A sua aprendizagem foi autodidacta e pela observação dos outros, como próprio descreveu a Baptista Bastos: “na minha terra tocava-se muito e, então, via os outros e talvez por uma questão de intuição comecei logo a mexer na viola e a mexer na guitarra também.” (Bastos: 256).

Em 1938 mudou a sua residência para Lisboa e, como apreciador de fado, frequentava assiduamente o Café Luso. Nessa casa conheceu Martinho de Assunção que, em 1949, o convidou para integrar o Quarteto Típico de Guitarras de Martinho de Assunção. Deste conjunto faziam também parte Francisco Carvalhinho e Fernando Couto. É neste conjunto que Joel Pina se começa a dedicar à viola baixo e que se profissionaliza como músico.

No ano seguinte passa a integrar o elenco da Adega Machado, com Francisco Carvalhinho, na guitarra, e Armando Machado, na viola. Neste ambiente Joel Pina começa a construir a presença da viola baixo no acompanhamento instrumental do fado, que até essa altura não era habitual. Vai manter-se no elenco desta casa durante 10 anos.

Em paralelo, Joel Pina trabalhou como funcionário público na Inspecção Económica, iniciou esta actividade em 1961 e que manteve até se reformar.

No decorrer do seu percurso profissional foi um dos fundadores do Conjunto de Guitarras com Raul Nery, Fontes Rocha e Júlio Gomes. Este quarteto granjeou um sucesso extraordinário e foi um marco na interpretação musical do universo do fado. 

O conjunto surgiu por iniciativa de Eduardo Loureiro, chefe do departamento de música da Emissora Nacional, que convidou Raul Nery a formar um conjunto, com o intuito de apresentar na rádio, quinzenalmente, um programa de guitarradas. Em 1959 iniciaram-se as emissões regulares e o programa prolongou-se por 12 anos.

O Conjunto de Guitarras de Raul Nery “estabeleceu um conjunto instrumental maior para o acompanhamento do fado e para a execução do reportório instrumental ligado a esse género, contribuindo também para a formulação dos papéis musicais da primeira e da segunda guitarra, bem como da viola baixo.” (Castelo-Branco: 127). Para além das emissões radiofónicas e da gravação de inúmeros discos, o conjunto popularizou-se, também no acompanhamento dos mais carismáticos intérpretes de fado, nomeadamente Maria Teresa de Noronha ou Amália Rodrigues, entre muitos outros.

 

A partir de 1966 Joel Pina começa a acompanhar regularmente Amália Rodrigues, actividade que mantem por três décadas até ao final da carreira da fadista. Com ela percorrerá os palcos de todo o mundo, em inúmeros espectáculos e digressões que passam, por exemplo, pelo Canadá, Estados Unidos e Brasil (diversas vezes), Chile, Argentina, México, Inglaterra, França, Itália (diversas vezes), Rússia, cinco vezes ao Japão, Austrália, África do Sul, Angola, Moçambique, Macau, Coreia do Sul.

 

A vasta carreira de Joel Pina torna quase impossível a tarefa de enumerar os fadistas com quem tocou e que continua a acompanhar. Para além das já mencionadas Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha, marca presença na gravação de discos e espectáculos de fadistas como Carlos do Carmo, Carlos Zel, João Braga, Fernando Farinha, Nuno da Câmara Pereira, João Ferreira-Rosa, Teresa Silva Carvalho, Fernanda Maria, Celeste Rodrigues, Carlos Ramos, Lenita Gentil, Rodrigo e, mais recentemente, Cristina Branco, Joana Amendoeira ou Ricardo Ribeiro.

O seu percurso artístico é consensualmente reconhecido. Foi condecorado em maio de 1992 com a Medalha de Mérito Cultural pelo Estado Português. Em 2012 recebe a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. No mesmo ano recebe a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa. A 24 de setembro de 2020 a Câmara Municipal de Lisboa presta-lhe homenagem no Teatro São Luiz descerrando uma placa com o seu nome junto à placa evocativa de Amália Rodrigues que acompanhou em palco durante cerca de três décadas.

 

Até sempre, Professor!

Fontes de informação:

“Fado” (2012), documentário de Sofia de Portugal Aurélio Vasques;

 

Baptista-Bastos, (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;

 

Castelo-Branco, Salwa El-Shawan (1994), “Vozes e Guitarras na Prática Interpretativa do Fado”, in Fado: Vozes e Sombras, Lisboa: Museu Nacional de Etnologia;

 

Museu do Fado - Entrevista realizada em 21 de Setembro de 2006.

Joel Pina (1920 - 2021) - Museu do Fado

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Guitarras:   José Pracana e José Luís Nobre Costa

Viola:          Jaime Santos Júnior

Baixo:         Joel Pina

Intérprete: Ricardo Ribeiro

Letra: Henrique Rêgo

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