

Fados Tradicionais


Fado Esmeraldinha
Bom Cristão
Letra: Francisco Santos
Música: Júlio Proença
Intérprete: Júlio Peres
Todo o que é bom cristão, tem por dever
Guiar os tristes passos dos ceguinhos
Dar pão a quem tem fome e defender
Os tímidos, os fracos e os velhinhos (bis)
Dar abrigo, conforto, lume e cama
Aos que dormem de noite nos portais
Levantar os que tombam sobre a lama
Neste mundo de abismos infernais (bis)
Não maltratar os míseros indigentes
Bem como os animais trabalhadores
Porque além de prestáveis, são viventes
Que sentem como nós, as suas dores (bis)
Não transpor o caminho da desonra
Onde a morte se acoita quando calha
Trabalhar, ser honrado, porque a honra
Dá vigor e nobreza a quem trabalha (bis)
Nunca tocar a mãe pela mulher
Que nos diz ter amor como ninguém
Pois essa, só é nossa enquanto quer
E a mãe, mesmo ao morrer, é sempre mãe (bis)
Intérprete: Júlio Peres
Título: Bom Cristão
Autor da Letra: Francisco Santos
Autor da Música: Júlio Proença
Guitarra Portuguesa: Jaime Santos e
Armandino Maia
Viola de Fado: José Maria de Carvalho
Viola-baixo: Pedro Machado
Data da 1ª edição: 1974
Editora: "Rádio Triunfo"
Ref. Alvorada EPS 60 1482

Fado Esmeraldinha
Júlio Proença (que aliás se chamava Júlio Fonseca) começa a cantar em recintos de amadores por volta de 1917. Profissionaliza-se e apresenta-se no dia 17 de Setembro de 1929 no Coliseu dos Recreios de Lisboa, na Opereta "Mouraria". Veio a falecer aos sessenta e nove anos em Moçambique.
Pequena biografia do autor:
Júlio Proença
Filho de Amélia da Conceição Proença, Júlio Proença nasceu em Lisboa, no bairro
da Mouraria, no dia 25 de Outubro de 1901. Desde cedo Júlio Proença sentiu o
apelo fadista, aprendendo a cantar com a sua mãe.
Sobrinho do cantador António Lado, começou aos 16 anos (1917) a cantar o fado
como amador e, até à sua profissionalização em 1929, na opereta "Mouraria" que
se estreou no Coliseu dos Recreios, cantou em inúmeras festas de beneficência,
nas esperas de touros, e outros espaços.
Júlio Proença exerceu sempre a profissão de estofador-decorador numa das mais
importantes casas do ramo sita na cidade de Lisboa.
Ao longo da sua actividade artística, Júlio Proença passou pelo “Salão Artístico de
Fados” e pelos retiros: “Charquinho”, “Ferro de Engomar”, “Caliça” e “Pedralvas”, entre outros.
Na década de 20 fez parte da primeira digressão artística de artistas de Fado que percorreu algumas terras do país e de que faziam parte os colegas Maria do Carmo, Joaquim Campos, Alberto Costa, Raul Ceia, os guitarristas Armando Freire "Armandinho", Herculano Rodrigues e o violista Abel Negrão.
Júlio Proença passou também pelos teatros: “Apolo”, “Trindade”, “Avenida”, “Maria Vitória”, “Joaquim de Almeida”, “Éden-Teatro”, “São Luís”, “Variedades” e “Capitólio” e nos clubes “Ritz”, “Monumental”, “Olímpia” e “Maxim's”, evidenciando, em inúmeros espectáculos, o seu enorme talento.
Posteriormente, cantou no “Retiro da Severa”, no “Solar da Alegria” (que dirigiu em conjunto com Deonilde Gouveia em 1931) e cafés “Gimnásio”, “Mondego” e “Luso”.
Júlio Proença foi um dos primeiros cantadores a cantar nas emissoras C.T.1 A.A, Rádio Luso, Rádio Peninsular e Rádio Condes.
Destacamos as gravações: “Mentindo Sempre”, “Olhos Fatais”, “Como Nasceu o Fado”, “Mentindo”, “Três Beijos”, “Meu Sentir”, “Meu Sonho”, “Minha Terra” (de cuja música é autor), bem como das músicas dos fados “Verbena”, “Lélé”, “Arlete”, “Fado Proença”, “Modesto” e “Fado Moral”. Regista-se também a gravação em dueto com Joaquim Campos dos discos “Dueto sobre o Fado” e “Romance”.
Participou numa audição de fados no Forte de Monsanto, no dia de Novembro de 1934, «1ª festa que da grande série que este jornal está empenhado em realizar em estabelecimentos prisionais e hospitalares», conjuntamente com Maria Carmen, Rosa Maria, Joaquim Campos, Joaquim Seabra, Júlio Correia e António Sobral (cf. Guitarra de Portugal de 14 de Novembro de 1934).
"Júlio Proença (juntamente com Ercília Costa e Márcia Condessa) tomou parte no espectáculo da "Mãe de Portugal" que se realizou no Coliseu do Porto, sob o alto patrocínio de Madame Carmona." (cf. Canção do Sul de 16 Setembro de 1944).
Em 1946 partiu para Moçambique onde fixou residência e onde viria a falecer, em Setembro de 1970.
Observações:
Em 21-05-1946, aquando da sua ida para África, foi homenageado numa festa realizada na Sala Júlia Mendes no Parque Mayer.
Fontes de informação:
“Guitarra de Portugal” 14 de Novembro de 1937;
“Canção do Sul” 16 de Setembro de 1944;
“Guitarra de Portugal”, 15 de Agosto de 1946;
Machado, A. Victor (1937) “Ídolos do Fado”, Lisboa, Tipografia Gonçalves;
Sucena, Eduardo (1992) “Lisboa, O Fado e os Fadistas”, Lisboa Vega;
Última actualização: Maio de 2008
Outras versões do mesmo Fado
Intérprete: Carlos Ramos
Letra: Frederico de Brito
Intérprete: Aurísio Gomes
Letra: Carlos Zamara



Guitarras: Carlos Gonçalves e António Chaínho
Viola: José Maria Nóbrega
Baixo Raúl Silva
Intérprete: Fernando Maurício
Letra: Carlos Zamara
Intérprete: Rute Maria
Letra: Manuel Bogalho
Intérprete: Sandra Correia
Letra: Fernando Campos de Castro
Intérprete: João Braga
Letra: António Calém



Guitarra: Eduardo Jorge
Viola: Alexandre Santos
Intérprete: Fernando Gomes
Letra: Tristão da Silva
Intérprete: José Manuel Barreto
Letra: Diogo Clemente