

Fados Tradicionais


Fado Manuel Maria
Fado dos Ninhos
Letra: José Manuel Sallaty
Música: Manuel Maria Rodrigues Marques
Intérprete: Mercês da Cunha Rego
Em pequena eu ia aos ninhos
Ia ver os passarinhos
Com as penas cor da esperança
Porque lá ia não sei
Um dia fui, não voltei
São loucuras de criança
Tirei um só para ver
Tirei mas sem saber
Que a vida lhe tirava
Chorei, chorei de mansinho
Muito tempo ao pé do ninho
Estava morto, não voava
Aqueci-o contra o peito
Tinha um sonho desfeito
Mas ainda havia uma esperança
Eu queria vê-lo voar
Queria ouvi-lo a cantar
São loucuras de criança
Continuo a ir aos ninhos
Em ver os passarinhos
Que começam a voar
Fico longe ao ver o ninho
E a chorar devagarinho
Peço a Deus para não chorar
Intérprete: Mercês da Cunha Rego
Título: Fado dos Ninhos
Autor da Letra: José Manuel Sallaty
Autor da Música: Manuel Maria Rodrigues Marques
Guitarra Portuguesa: Raul Nery e
José Fontes Rocha
Viola de Fado: Júlio Gomes
Data da 1ª edição: 1986
Editora: "Rádio Triunfo"
Ref. Áquila 01 12
Outras versões do mesmo Fado
Intérprete: Chico Zé
Letra: Carlos Conde

Fado Marcha do Manuel Maria
Composto pelo cantador Manuel Maria Rodrigues Marques (1855 - 1936)
Desta figura dos meios fadistas conta-se a sua extraordinária capacidade de improvisação. Na verdade, poucos se atreviam a enfrentá-lo. Mesmo assim, há relatos deliciosos de sessões de improvisos entre Manuel Maria e Alfredo Marceneiro. Diz-se até que a Marcha do Alfredo terá nascido de uma resposta dada por este ao cantador Manuel Maria, que acabara de improvisar aquela que seria mais tarde denominada a Marcha do Manuel Maria. Esta cena passou-se no "Retiro do Zé Corado". E chamam-lhe Marcha porque eram assim apelidadas todas as composições que utilizassem sextilhas como forma poética de suporte à melodia. Era costume naquela altura chamar, aos Fados cantados em sextilhas, Marcha de... (conforme o criador do estilo, assim ficava conhecida aquela melodia-fado.
Pequena biografia da intérprete:
Mercês da Cunha Rego
Maria das Mercês Caeiro da Cunha Rego nasceu em 1935 em Moura.
A sua estreia foi no Restaurante Típico "A Tipóia" em Lisboa.
Mercês da Cunha Rego começou a cantar na Taberna do Embuçado de João
Ferreira Rosa. Lançou vários discos para a editora Alvorada.
"Cavalo Russo" (de Paulo Vilar e Frederico Valério) e "Os Teus Olhos" foram
alguns dos seus maiores sucessos. Também gravou, por exemplo, o poema
"Varandas" de David Mourão Ferreira.
O single "O Trote do Meu Cavalo", lançado em 1980, contou com a colaboração
de José Cid e Maria Manuel Cid. A capa do disco é da autoria de Maluda.
José Cid grava, com Mercês da Cunha Rego, Florência e António M. da Silva, o "Fado Nossa Senhora de Nossa Senhora (Fado Cigano)".
A Movieplay lançou em 1998 a colecção "Fado do Fado" destinada a transpor para o cd muitos dos discos esquecidos. Um dos discos foi repartido por Teresa Siqueira e Mercês da Cunha Rego.
Discografia:
-
Fados do Fado nº 49 - Teresa Siqueira e Mercês da Cunha Rego (Movieplay, 1998)
Singles e Ep's:
-
O Trote do Meu Cavalo/Quadras Soltas (Single, Orfeu, 1980) KSAT 681
Temas:
"Os Teus Olhos", "Acabar Não Fica Mal", "Varandas", "Anda o Sol na Minha Rua", "Fado da Alegria", "Fado dos Ninhos", "Fado Corrido", "Quadras Soltas", "A Trote do meu Cavalo", "Cavalo Russo".
Fonte de informação:
Mercês da Cunha Rego – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Intérprete: João Ferreira Rosa
Letra: Carlos Conde
Intérprete: António Melo Correia
Letra: José João Dias



Intérprete: Maria Alice
Letra: Frederico de Brito
Esta gravação data de 1931, foi efectuada em Lisboa, e pertence à Face B do disco de 78 R.P.M. editado pela "Brunswick", etiqueta "Valentim de Carvalho", em que a cantadeira Maria Alice, acompanhada à guitarra e à viola, interpreta este tema musical do seu reportório: "Condenado", que escutamos agora, o "Fado Marcha” de Manuel Maria Rodrigues, com versos de Joaquim Frederico de Brito.
Trata-se de um poema que fala sobre a história de um condenado, um homem que está na cadeia, a cumprir pena de prisão, e que graças à sua saudade, foi libertado numa Noite de Natal. Seguiu pela noite fora, qual judeu errante escondido na neve fria, e abriu a porta da sua morada, quase cheio de felicidade, e encontrou um quadro comovente: o seu filho, ajoelhado aos pés da sua mãe, a pedir ao Deus Menino a liberdade do seu pai, por entre os ecos de um ai.
Uma história de Natal bem comovente, e que é mais uma ilustração do ambiente da canção nacional de outros tempos, e que habitualmente define-se de "Fado da Desgraçadinha". Como seria de esperar, foi mais um sucesso retumbante na carreira de Maria Alice, e alvo de transmissões radiofónicas quase diárias, principalmente na Emissora Nacional, onde o disco foi catalogado por António Lopes Ribeiro, com a cota “AH 12”, e divulgado nos programas de discos escolhidos, que geralmente eram coordenados por Fernando Pessa, Áurea Rodrigues e Maria de Rezende.
Este registo foi retirado do disco original disponibilizado no Arquivo Sonoro Digital do Museu do Fado. Mais uma cantiga, na voz de Maria Alice, esposa do sr. Valentim de Carvalho e criadora de um dos maiores sucessos de sempre da música portuguesa, a "Perseguição" de Avelino de Sousa e Carlos da Maia.