

Fados Tradicionais


Fado Alberto
Não Passes Com Ela à Minha Rua
Letra: Carlos Conde
Música: Miguel Ramos
Intérprete: Fernanda Maria
Ao fim de tantos anos de ser tua
Amaste outra, casaste, foste ingrato
Vi-te passar com ela à minha rua
Abracei-me a chorar ao teu retrato (bis)
Podia insultar-te quando te vi
Ferida neste amor supremo e farto
Mas vinguei-me a chorar, chorei por ti
Por entre as persianas do meu quarto (bis)
Eu bem sei que me tentas convencer
Mas o que me propões, não é bastante
Se não servi, p'ra ser tua mulher
Também não devo ser a tua amante (bis)
Casaste, sê feliz, Deus te proteja
Não te desejo mal, e tanto assim
Que não tenho ciúme nem inveja
Como a tua mulher teve de mim (bis)
Mas olha meu amor, eu não me importa
Antes que fosses dela, eu já fui tua
Podes sempre bater à minha porta
Mas não passes com ela à minha rua (bis)
Intérprete: Fernanda Maria
Título: Não Passes Com Ela à Minha Rua
Autor da Letra: Carlos Conde
Autor da Música: Miguel Ramos
Guitarra Portuguesa: Jaime Santos
Viola de Fado: Martinho d´Assunção
Viola-baixo: Liberto Conde
Data da 1ª edição: 1968
Editora: Alvorada
Ref. EP 10 40
Outras versões do mesmo Fado
Intérprete: António Severino
Letra: José Marques Vidal
Fado Alberto
Um fado em modo menor, que adquiriu o nome do cantador para o qual foi feito, Alberto Simões Costa (1904 - 1982), sendo seu autor o violista Miguel Ramos. É aplicado no canto de estrofes de quadras em decassílabos.
Pequena biografia do autor: Miguel Ramos
Miguel Ramos, nasceu em Lisboa em 1901, onde veio a falecer em 1973.
É o irmão mais jovem do saudoso guitarrista e compositor, Casimiro Ramos.
Violista de fado, também foi ( como o seu irmão ), compositor de fados como
Fado Alberto, Fado Margarida, Fado Helena ,Fado Oliveira ou da Freira, etc.
A observar que o Fado Alberto, foi e ainda é, um fado muito gravado,
existindo mais de 40 gravações (em suporte CD ) deste fado.
Alguns dos seus fados, foram compostos em parceria com o seu irmão,
sendo a autoria de alguns desses fados atribuíram, por vezes, ora a um, ora
a outro dos irmãos "Pinóia".
Miguel Ramos, foi considerado um artista de referência, e era admirado pelos fadistas, violistas e guitarristas, entre os quais Martinho d'Assunção Júnior e José Nunes.
Tal como o seu irmão, acompanhou grandes vozes do Fado, em casas de fado, espectáculos e na gravação de fonogramas.
Tocava com unhas postiças. O seu estilo interpretativo caracterizava-se pela clareza na articulação das notas, a ressonância dos bordões e acordes, tanto no acompanhamento de fadistas, como de instrumentais, adaptando o percurso harmónico ao gosto de cada fadista; nos instrumentais, utilizava um acompanhamento harmónico mais enriquecido, notavelmente articulado com as guitarras, contra cantos, e a percussão ( utilizando a caixa de ressonância da viola ).
Durante muitos anos, foi tocador privativo do Restaurante “A Tipóia”, no Bairro Alto.
Fonte de informação:
http://www.g-sat.net/todos-os-fados-de-a-a-z-historia-2128/fado-alberto-208297.html

Pequena biografia da intérprete:
Fernanda Maria
Fernanda Maria (Fernanda Maria Carvalheda Silva), nasceu na freguesia do Socorro,
Hospital de S. José em 06 de Fevereiro de 1937. O seu pai era tipógrafo e cantava
muito bem o Fado, e segundo Fernanda Maria deverá ter sido com ele que apanhou
o compasso e o gostopelo Fado.
Desde muito nova, 12/13 anos, empregou-se a servir à mesa, na "Adega Patrício", de
que era proprietária a fadista Lina Maria Alves. Mais tarde passou para o restaurante
de Argentina Santos, a "Parreirinha de Alfama", e foi ali, naquele espaço tão especial,
que surgiu uma das maiores intérpretes do género, símbolo do mais puro estilo fadista.
Fernanda Maria começa a sentir o apelo de cantar e incentivada pelos frequentadores
das casas onde servia à mesa, descobre a sua vocação. Impulsionada por Alfredo
Lopes inicia os testes para a Emissora Nacional e feitas as devidas provas estreia-se
no Serão para Trabalhadores, emitido a partir da Voz do Operário.
Em 1957 tira a carteira profissional e para além dos programas na Emissora Nacional passa a participar em variados espectáculos como o "Passatempo APA" no Cinema Éden, "Do Céu Caiu uma Estrela" no Òdeon, e o "Comboio das 6h30" no Capitólio. Uns dos momentos que Fernanda Maria recorda com mais saudade são os espectáculos de variedades realizados no Pavilhão dos Desportos e no Coliseu dos Recreios.
Por motivos de vida familiar recusou muitos convites ao estrangeiro, mantendo as suas actuações assíduas nas casas de Fado "A Severa", "Toca", "Nau Catrineta" e "Viela" até se fixar no seu próprio espaço, a casa típica "Lisboa à Noite", que abriu em 1964, e deixou após o falecimento do seu marido, Romão Martins. Passaram por este espaço grandes nomes do género, Manuel de Almeida, Manuel Fernandes, Tristão da Silva, Alice Maria, Maria da Fé, Cidália Moreira, entre outros.
A primeira gravação de disco deu-se quando actuava na "A Severa" e mais tarde gravou também pelas editoras Valentim de Carvalho e Alvorada.
A convite do empresário José Miguel, Fernanda Maria integra o elenco da revista "Acerta o Passo" (1964) junto de Ivone Silva, contudo foi uma breve passagem, já que a fadista não se fascina por esta arte e pelos grandes palcos.
Foi acompanhada por grandes instrumentistas: Pais da Silva, Acácio Rocha, Jaime Santos, Carvalhinho, Martinho D´Assunção, Raul Nery, Fontes Rocha, Joel Pina.
Fernanda Maria, voz carismática e peculiar, tem como principais referências Argentina Santos e Maria Teresa de Noronha, pelas quais nutre um enorme respeito e admiração. Do seu vasto repertório fazem parte versos de grandes poetas, casos de: Linhares Barbosa, Nelson de Barros, Frederico de Brito, João Dias e Carlos Conde, dos quais resultaram grandes sucessos tais como "Não passes com ela à minha rua", de Carlos Conde, e "Zanguei-me com o meu amor" de Linhares de Barbosa.
Símbolo máximo do Fado castiço, Fernanda Maria é distinguida em 1963 com o Prémio da Imprensa, na categoria Fado e em 2006 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira Feminina.
Fontes de informação:
Museu do Fado - Entrevista realizada a 14 de Novembro/2006;
Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado" Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.

Intérprete: Mariza
Letra: Diogo Clemente



Guitarra: Ângelo Freire
Viola: Diogo Clemente
Baixo: José Marino de Freitas



Guitarra: Fontes Rocha e José Pracana
Viola: João Machado
Baixo: Joel Pina
1996 Warner Music Portugal, Lda
Intérprete: João Ferreira-Rosa
Letra: João Ferreira-Rosa



Conjunto de Guitarras de Raúl Nery
Guitarras: Raúl Nery e José Fontes Rocha
Viola: Júlio Gomes
Baixo: Joel Pina
Intérprete: Maria Teresa de Noronha
Letra: Miguel Barros
Intérprete: Fernando Maurício
Letra: Moita Girão



Ao vivo no Coliseu do Porto
Guitarras: Samuel Cabral e Miguel Amaral
Viola: Paulo Faria de Carvalho
Intérprete: Maria Lisboa
Letra: Francisco dos Santos



Guitarras: Fernando Freitas e Ilídio dos Santos
Viola: Orlando Silva
Baixo: Vítor Ferreira
Intérprete: Dina do Carmo
Letra: Eduardo Damas
Intérprete: Carlos Ramos
Letra: João de Freitas
Intérprete: César Morgado
Letra: César Morgado



UM DOS MAIORES SUCESSOS DE CÉSAR MORGADO! DISCO Nº 3265 DA EMISSORA NACIONAL, PROIBIDO PELA CENSURA!
Esta gravação data de 1961 e pertence à Banda 1 da Face A do disco EP de 45 R.P.M. editado pela “Rapsódia”, matriz de disco “EFP 5.110”, matriz de fonograma “006 619”, nome “Fados – César Morgado”, em que o célebre fadista César Morgado, acompanhado pela guitarra de Samuel Paixão e pela viola de Manuel de Carvalho, interpreta quatro fados do seu reportório, que são “Amor de Mãe”, “Saudade”, “Ciganita” e “Amor Traído”.
Este é o célebre fado tradicional “O Moleiro” de Miguel Ramos, baptizada pelos puristas do Fado com o nome de “Fado Alberto”, aqui interpretada por César Morgado, com esta sua poesia, de seu nome “Amor de Mãe”:
És sempre para mim a mais bonita,
Apesar de enrugado esse teu rosto.
Serás até morrer mãe infinita!
Aquela sempre aquela que eu mais gosto!
Apesar de velhinha, podes crer,
Gostar sempre de ti, nada o evita.
Nunca te trocarei por outra qualquer!
És sempre para mim a mais bonita!
Frases puras do amor que tanto zelo
Como é dever dum filho honrar tal posto.
Assim, és para mim o ser mais belo,
Apesar de enrugado esse teu rosto.
De tantos sacrifícios teres passado,
Só quem não sabe amar, não acredita
Que a deusa do amor puro e sagrado
Serás até morrer, mãe infinita!
De todas, és p'ra mim a mais querida,
Apesar doutro amor que não desgosto.
Assim, és sempre tu, p'ra toda a vida,
Aquela sempre aquela que eu mais gosto!
Quando o disco foi lançado, foi catalogado na Emissora Nacional com o nº 3265, e logo depois, começou a ser difundido com regularidade no Programa "A" da Emissora Nacional, nas rubricas de “Fados e Guitarradas” de Sexta-feira, emitidos às 19h20, a seguir ao programa de “Solos de Instrumentos” das 19h05, e antes dos programas de “Orquestras” das 19h40, e nas rubricas dominicais de “Fados” apresentadas e seleccionadas por D. João da Câmara, emitidas às 22h40, a seguir ao “Rádio Desporto” das dez horas, e antes do programa internacional “A Voz do Ocidente Fala-vos de Lisboa”, de carácter propagandista, emitido diariamente às 23h, antes do final da emissão, iniciando o costume dos programas madrugadores da rádio portuguesa.
Mas o sucesso desta interpretação não se ficaria por aqui: o disco começou a ser pedido com imensa regularidade nos programas de discos pedidos, com destaque para o “Correio dos Ouvintes” e “Que Quer Ouvir?” da Emissora Nacional, e o clássico “Quando o Telefone Toca” da Rádio Renascença, em simultâneo com o “Amor de Mãe” de Alfredo Marceneiro, embora não tenha tido o mesmo sucesso do Patriarca do Fado.
Além disso, veio a ser registado na “Valentim de Carvalho”, para a firma “Parlophone”, pelo fadista António Freitas, com a guitarra de Samuel Paixão, a viola de António Paixão e a viola-baixo de Montenegro Aguiar.
Os pedidos começaram a ser excessivos, e começaram a entupir o correio do programa, principalmente da parte de muitos soldados que se encontravam no campo de batalha, no Ultramar, e alarmada com o sucesso deste fado, a Censura considerou que isto era um fado fatalista e demasiado doentio para os critérios de transmissão radiofónica de fados na Emissora Nacional, e de imediato, decidiu determinar que o disco seria proibido, e que todos os pedidos, a partir daí, fossem recusados.
A partir daí, o sucesso da música passou a restringir-se exclusivamente ao disco, e prolongou-se durante décadas, merecendo a sua reedição em CD, na compilação “César Morgado – Amor de Mãe”, editada em 2008 pela “Edisco – Empresa Editora e Distribuidora de Discos, Lda".