

Fados Tradicionais


Fado da Azenha
Sou Companheira do Vento
Letra: Américo Patela
Música: Joaquim Frederico de Brito
Intérprete: Fernanda Maria
Sou companheira do vento
Sigo com ele o destino
Pelo caminho do nada
Não há quem saiba de mim
A não ser a semelhança
Da sombra mais apagada (bis)
Na tristeza do meu pranto
O vento chora comigo
Para não chorar sozinha
E longe da multidão
Esse pranto não tem voz
Só a terra o adivinha (bis)
Nada no mundo me prende
Sou companheira do vento
E deixá-lo, não consigo
Na distância sou feliz
Não oiço a voz da maldade
E a paz anda comigo (bis)
Intérprete: Fernanda Maria
Título: Sou Companheira do Vento
Autor da Letra: Américo Patela
Autor da Música: Joaquim Frederico de Brito
Guitarra Portuguesa: Jaime Santos e
Armandino Maia
Viola de Fado: António Proença e
José Maria Carvalho
Viola-baixo: José Vilela
Data da 1ª edição: 1972
Editora: "Rádio Triunfo"
Ref. Alvorada EP - S - 60 1396
Outras versões do mesmo Fado
Intérprete: Natalina Bizarro
Letra: Frederico de Brito
Intérprete: Maria Alice
Letra: Frederico de Brito

Fado da Azenha
É um dos casos em que é coincidem o autor da música e da letra, adoptando o Fado esta designação por causa da letra nele cantada. Composto para o repertório de Victor Manuel, este Fado viria a ser consagrado na voz de Lucília do Carmo. O poema de Joaquim Frederico de Brito é, como disse um dia David Mourão Ferreira, "...uma pérola da poesia popular".
A primeira sextilha:
Aquela azenha velhinha
Na margem da ribeirinha
que por vales serpenteia
foi testemunha impassível
Da tragédia mais horrível
Que houvera na minha aldeia
E a última sextilha:
Mas, ai, a ponte quebrou-se
E o moleiro como fosse
Na cheia da ribeirinha
Levou o filho consigo
E nunca mais moeu trigo
Naquela azenha velhinha
Pequena biografia do autor:
Frederico de Brito
Joaquim Frederico de Brito, nasceu em Carnaxide ( Oeiras ), em 25 de Setembro
de 1894, tendo falecido em Lisboa, em Março de 1977.
Cantador, compositor e poeta, era conhecido no meio do Fado com o diminutivo
de “Britinho” e também poeta-chauffer, alcunha que lhe atribuíram porque durante
muitos anos foi motorista de táxi, depois de ter sido estocador durante alguns
anos; no entanto, vem a reformar-se como empregado da companhia petrolífera
Atlantic, onde entrou, quando deixou de conduzir táxis!
Aos 8 anos, leu o livro de Avelino de Sousa, “Lira do Fado”, que o levou a escrever
versos, que o seu irmão mais velho, João de Brito, cantava em festas de amadores.
É um facto adquirido, que durante a sua vida, escreveu mais de um milhar de letras
e compôs várias centenas de músicas.
Participou na opereta "História do Fado", de Avelino de Sousa, com Alfredo Marceneiro e outros, cantando versos de sua autoria.
Em 1931, edita um livro de sua autoria, “Musa ao Volante”, compilação de todos os versos que até aí tinha escrito.
Para além de grande poeta, foi também um extraordinário compositor!
Assim, são de sua autoria, ( letra e música ), "Biografia do Fado", ( criação de Carlos Ramos ); "Fado do Cauteleiro"( criação de Estêvão Amarante ); "Janela virada para o mar" ( criação de Tristão da Silva ); "Não digam ao Fado...!" ( criações de Carlos do Carmo e Beatriz da Conceição ) e "Canoas do Tejo"( tema popularizado pela criação de Carlos do Carmo e, mais tarde, também cantado por Max, Beatriz da Conceição, Francisco José, Tony de Matos e muitos outros ).
O "Fado Carmencita", na voz de Amália Rodrigues, foi também um dos seus sucessos, tal como foram “Troca de olhares”, “Rapaz do camarão", “Casinha dum Pobre” e Fado Corridinho ( ambos com música de Martinho d' Assunção ), “Fado Britinho”; “Fados dos Sonhos” e o celebérrimo “Fado da Azenha”, que David Mourão- Ferreira, considerou das melhores criações da poesia popular portuguesa!
Vários compositores, entre eles Raul Ferrão, Raul Portela, Jaime Mendes e Alves Coelho ( filho ) escreveram músicas para letras de Joaquim Frederico de Brito.
As revistas ”Anima-te Zé” ( Teatro Maria Vitória, 1934 ), “Salsifré” ( Teatro Apolo, 1936 ), “Bocage” ( Eden Teatro, 1937 ), “Chuva de Mulheres” ( Eden Teatro, 1938 ), “Sol e Dó” ( Teatro Variedades, 1939 ) e “Haja saúde!”, com a qual se inaugurou o Teatro ABC, integraram várias composições de sua autoria.
Era muito estimado nos meios fadistas ( o carinhoso diminutivo “Britinho”, reflectia aliás essa generalizada simpatia ).
Poeta popular, que manteve os padrões do Fado tradicional, sem “lamechas retrógradas”, sem terminologia de exagerado lirismo, seduzindo assim compositores de nomeada, já acima referidos, que compõem para as suas letras, de cunho bem fadista, e que foram cantadas no teatro, por fadistas e cançonetistas da época.
Joaquim Frederico de Brito, deixou-nos um valioso espólio, que continua a ser interpretado por inúmeros artistas, recebendo do grande público, enorme aceitação e agrado!
Fonte de informação:
http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/96690.html
Última actualização: Dezembro/2009



Guitarra: Sidónio Pereira
Viola: João Penedo
Intérprete: Maurício Cordeiro
Letra: Frederico de Brito



Guitarra: Armando Augusto Salgado Freire (Armandinho)
Viola: Georgino de Sousa
Intérprete: Berta Cardoso
Letra: Frederico de Brito
Intérprete: Carlos do Carmo
Letra: Carlos Conde
Intérprete: Lucília do Carmo
Letra: Frederico de Brito



Esta gravação data de 1960 e pertence à Banda 1 da Face A do disco EP de 45 R.P.M. editado pela marca "Decca", etiqueta "Valentim de Carvalho", intitulado "Lucília do Carmo - Uma Noite no Faia", em que a fadista Lucília do Carmo, mãe de Carlos do Carmo, acompanhada à guitarra por Jaime Santos, e à viola por Martinho d'Assunção, interpreta quatro fados, que são "Manjerico", "A História do Nosso Fado", "Desespero" e este clássico da cantadeira Maria Alice, que se intitula originalmente "A Azenha", mas que foi rebaptizada com o nome de "Naquela Azenha Velhinha"; um fado da autoria de Frederico de Brito.
Trata-se de um dos mais importantes sucessos de Lucília do Carmo, oferecido pela própria Berta Cardoso às suas mãos, e trata-se de uma das canções mais bonitas da nossa história.
A primeira vez que eu ouvi esta gravação, foi nas emissões da Rádio Voz de Lisboa, estação da Emissora Católica Portuguesa, que agora é ocupada pela Rádio Sim, que ainda hoje passa com frequência esta gravação.
Senhoras e senhores, eis mais uma canção de Lucília do Carmo, que tenho a honra de partilhar convosco neste momento.