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Fado das Caldas

Fado das Caldas
Letra:               Armando Forte
Música:            Raúl Ferrão
Intérprete:        Vicente da Câmara

 

 

Calça justa bem esticada 

Já manchada do selim
E plainas afiveladas

Antigamente era assim
Mantas de cor nas boleias

P’ras toiradas e p’ras ceias


De milorde aguisalhada

À cabeça da manada 
Trote largo e para a frente
Com os seus cavalos baios
As pilecas eram raios 
Fidalgos iam co'a gente


E p'la ponte de tornada  

Por lá é que era o caminho 
Bem conduzindo a manada

A passo, devagarinho
E quem mandava o campino

Era o mestre Victorino 


Praça cheia, toca o hino

Dos Gamas, toiro matreiro 
Victor Morais, o campino  

Anadia, o cavaleiro 
E que sortes bem rematadas 

 Havia nessas toiradas


Nos tempos eu que eu vivi

Findavam as brincadeiras 
Nas barracas do Levi

Com dois tintos das Gaeiras
Entre cartazes e letreiros 

De toiros e cavaleiros

Outras versões do mesmo Fado

Fado das Caldas
00:00 / 02:28

Intérprete: Manuel da Câmara

Letra: Armando Forte

​Pequena biografia do autor:

                                                                                                                                       

                                                                                                                                             Raúl Ferrão
Ninguém diria, mas o compositor de algumas das mais populares e conhecidas

canções, fados e marchas de Lisboa era... militar de carreira!
Raul Ferrão escreveu música para mais de uma centena de peças de teatro e

revistas e ainda para alguns dos mais aclamados filmes portugueses.
A ele se devem êxitos como Cochicho, As Camélias, Burrié, Velha Tendinha,

Rosa Enjeitada, Ribatejo, e ainda canções para os filmes A Canção de Lisboa,

Maria  Papoila, A Aldeia da Roupa Branca e A Varanda dos Rouxinóis; e

escreveu ainda música para operetas como A Invasão, Ribatejo, Nazaré,

Colete Encarnado ou Senhora da Atalaia.
Em 1907, com 17 anos de idade, ingressou na carreira militar. Foi professor da

Escola de Guerra em 1917 e 1918, depois de ter cumprido comissões de serviço

em África durante a I Guerra Mundial.
Ferrão, formado em engenharia química, começou a compor durante os anos vinte e chegou a ser
representante da antecessora da Sociedade Portuguesa de Autores, a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais, em congressos internacionais de direitos de autor.
Extraordinariamente produtivo como compositor (só na década de quarenta escreveu música para quase
quarenta revistas!), as suas criações atravessaram gerações, e basta recordarmos duas das mais importantes: Lisboa Não Sejas Francesa, originalmente composta para a opereta A Invasão, e o eterno Coimbra, que, contudo, tem uma história curiosa.
De facto, a melodia de Coimbra existia desde 1939 sem que Ferrão conseguisse que lha aceitassem numa peça. A canção foi ficando na gaveta até que, finalmente, apareceu em 1947 no filme Capas Negras, onde foi criada por Alberto Ribeiro, ironicamente, sem grande sucesso. Só três anos mais tarde, quando Amália a interpreta numa digressão internacional, a canção se tornaria popular em todo o mundo, ficando conhecida no estrangeiro como Avríl au Portugal ou Apríl in Portugal... Ferrão ainda assistiu ao triunfo desta "canção enjeitada" antes de falecer em 1953. O realizador e produtor televisivo Ruy Ferrão, seu filho, encarregou-se de manter viva a sua memória.

 

Fonte de informação:
 

http://www.portaldofado.net/content/view/2334/327/
 

Última actualização: Fevereiro/2011

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Pequena biografia do intérprete:

                                                                                                                                              Vicente da Câmara

Dom Vicente Maria do Carmo de Noronha da Câmara nasceu em Lisboa, no Alto de

Santa Catarina, no dia 7 de Maio de 1928. Descende de uma antiga família cujas raízes

remontam a João Gonçalves Zarco.

Filho de Maria Edite e João Luís da Câmara, jornalista e locutor na Emissora Nacional,

começou a interessar-se pelo Fado ouvindo os discos de João do Carmo de Noronha,

seu tio avô, e assistindo aos ensaios de sua tia, Maria Teresa de Noronha.

Vicente da Câmara começou a “puxar para a fadistice” e, com 15 anos, já interpretava

o fado como amador, frequentando com os amigos espaços como a Adega Mesquita,

a Adega Machado ou a Adega da Lucília. Nesta altura aprende também a tocar guitarra.

Apesar de presença habitual nestes espaços, o fadista nunca integrou nenhum elenco

fixo das casas de fado.

Incentivado pela tia e por Henrique Trigueiro participa num concurso da Emissora

Nacional, nesse ano a vencedora é Júlia Barroso, mas no ano seguinte Vicente da Câmara ganha o 1º prémio.

A partir dessa data, 1948, actuou num grande número de programas daquela estação, como os “Serões para Trabalhadores”, programas de estúdio e sobretudo no programa que a sua tia, Maria Teresa de Noronha, manteve naquela emissora até 1962.

Por essa altura, em 1950, e em vésperas da sua partida para Luanda (Angola), onde permanecerá 2 anos, assina o seu primeiro contrato discográfico, com a Valentim de Carvalho, e grava o seu primeiro disco, lançando os temas: "Fado das Caldas" e "Varina".

A 23 de Abril de 1955 casa-se com D. Maria Augusta de Mello Novais e Atayde, com quem terá 6 filhos. O mais novo, José da Câmara, segue as pisadas do pai, chegando os dois a pisar o mesmo palco e a gravar juntos, como acontece no CD “Tradição” (EMI, 1993), onde se juntam a Nuno da Câmara Pereira numa homenagem a Maria Teresa de Noronha.

Vicente da Câmara passa a ser contratado da editora Custódio Cardoso Pereira em 1961. É neste período que escreve "A Moda das Tranças Pretas", hoje reconhecidamente o seu maior. Em 1967 celebra um contrato com a Rádio Triunfo, onde grava temas como "Guitarra Soluçante", “O Fado Antigo é Meu Amigo” e "Há Saudades Toda a Vida".

No cinema participou na "Última Pega" (1964), filme realizado por Constantino Esteves, com Leónia Mendes e Fernando Farinha. Vicente da Câmara protagoniza uma desgarrada com Fernando Farinha. Só voltará ao cinema em 2007, mas as suas participações em programas de televisão serão uma constante ao longo de toda a carreira.

Após o 25 de Abril o fado passa por um conhecido período de menor popularidade que se reflecte para o fadista numa quase total ausência de espectáculos. Vicente da Câmara mantém a sua actividade profissional, durante 19 anos, como inspector da CIDLA, pelo que a sua dedicação ao fado como profissional, com uma actividade bastante intensa, a nível nacional e internacional, atinge o auge na década de 80.

Desde então tem realizado espectáculos na Alemanha, Luxemburgo, França, Espanha, Holanda, Canadá, África do Sul, Macau, Hong Kong, Seul, Coreia, Malásia, Brasil, Moçambique e Angola.

Em 1989, por ocasião dos seus 40 Anos de Carreira Artística, os amigos organizam uma Festa de Homenagem, no Cinema Tivoli, onde ele próprio actuou e, como confidencia "jamais esquecerá".

No dia 25 de Setembro, na inauguração do Museu do Fado (do qual é um dos membros do Conselho Consultivo), abriu o espectáculo realizado no Largo Chafariz de Dentro, gravado pela RTPi.

Poeta e intérprete do fado, acompanhando-se à guitarra, D. Vicente continua a manter a tradição do fidalgo fadista, imprimindo às suas interpretações um cunho muito particular, destacando-se uma característica única, o timbre e musicalidade da sua voz, numa sempre clara articulação dos poemas.

O seu registo discográfico mais recente, “O rio que nos viu nascer”, foi editado pela Ovação em 2006. O mercado acolhe também algumas reedições das suas gravações em formato CD, de que salientamos as colectâneas do seu trabalho nas colecções “O Melhor dos Melhores” (Movieplay, 1994) e “Biografia do Fado” (EMI, 2004).

Em 2007 regressa ao cinema, no filme de Carlos Saura, "Fados", protagonizando um excerto dedicado às Casas de Fados, onde se junta a Maria da Nazaré, Ana Sofia Varela, Carminho, Ricardo Ribeiro e Pedro Moutinho para recriar o ambiente das interpretações.

Em 2009, Vicente da Câmara festeja os seus 60 anos de carreira artística. O Teatro Tivoli é novamente o palco de comemoração da efeméride com um espectáculo onde, para além do próprio actuaram José da Câmara, Maria João Quadros, Teresa Siqueira e António Pinto Basto, entre outros. Ainda neste ano a Fundação Amália Rodrigues distinguiu-o com o “Prémio Carreira”.

Vicente da Câmara falece a 28 de Maio de 2016.

 

Fonte de informação:

Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube.

Museu do Fado - Entrevista realizada em 17 de Novembro/2006.

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