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Fado Acácio 6ª

Naquela Noite em Janeiro

Letra:            Francisco Ribeirinho
Música:        Acácio Gomes dos Santos
Intérprete:    Argentina Santos

Naquela noite em Janeiro,
A subirmos a minha escada,
Quando desceste era dia.

Bem sabes, foste o primeiro,
Que aquela porta fechada,
Abriu a minha alegria!  (bis)


Passavam meses, depois,
Com medo que te prendesses,
Quisesses sair p´ rá rua.

Mas nós subimos os dois,
E eu roguei que não descesses,
A escada que era só tua!  (bis)

Passei um tempo sem lume,
Com sede dos teus abraços,
E fome do teu carinho.

Entrava em casa o ciúme,
Quando nas escada os teus passos,
Subiam devagarinho!  (bis)​


Numa noite à tua espera,
Não dormi acompanhada,
E o tempo cruel passou.

Se te lembrares quem eu era,
Não subas a minha escada,
Que a porta já se fechou!   (bis)

Intérprete:  Argentina Santos
Título:  Naquela Noite em Janeiro

 

Autor da Letra:     Francisco Ribeirinho
Autor da Música:  Acácio Gomes

 

Guitarra Portuguesa:    Armandino Maia e                                                 João Alberto
Viola de Fado:              José Maria de Carvalho
Viola-baixo:                  Pedro Machado


 

Data da 1ª edição:  1968

Editora: "Riso e Ritmo"

Ref. RR LP 2.051

Fado Acácio

Um fado em modo menor, que adquiriu o nome do seu autor, o saudoso guitarrista Acácio Gomes dos Santos.

É considerado um fado da 2ª geração, uma vez que foge às raízes ( Fado Menor e Fado Maior ), tendo na sua textura a chamada escala espanhola, nas duas partes de cada estrofe.

É aplicado no canto de estrofes de sextilhas com 7 sílabas.
 

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Fado Acácio 6ª
00:00 / 00:00
Lugar Comum
00:00 / 03:59

Guitarra:   Guilherme Banza

Viola:        Rogério Ferreira

Baixo:       Francisco Gaspar

Intérprete: Cláudia Picado

Letra: João Vinhas

Pequena biografia da intérprete:

                                                                                                                                                      Argentina Santos

Argentina Santos cantou, essencialmente, no restaurante de que sempre foi proprietária,

A Parreirinha de Alfama.

Para além do seu "cantinho", durante muitos anos apenas aceitou, pontualmente, alguns

convites que lhe foram dirigidos para cantar em algumas festas de amigos ou pequenas

comemorações.

A fadista Argentina Santos, de nome completo Maria Argentina Pinto dos Santos, nasceu

na Mouraria, em Lisboa, a 6 de Fevereiro de 1924. Filha mais nova de 3 irmãos, iniciou

a instrução primária, mas pela necessidade de trabalhar não chegou a terminar. Já em

idade adulta frequentou aulas para aprender a ler e escrever.

Ainda criança começou por fazer recados e compras para as senhoras do bairro e depois

foi trabalhar numa peixaria, onde se manteve até 1950, altura em que abriu com o seu

companheiro, a casa Parreirinha de Alfama, uma casa de pasto, rapidamente transformada em Casa de Fado. Neste espaço mantém-se até hoje, acumulando a gestão com a interpretação do Fado, actividade que iniciou passados 3 anos de estar nessa casa. Argentina Santos é viúva e não tem filhos.

Mulher corajosa e de muito trabalho dedicou-se à cozinha do espaço que abriu. Aí se juntavam muitos fadistas para petiscar e cantar e, a pouco e pouco, criaram o ambiente do restaurante que ainda hoje se mantém.

Argentina Santos não pensava em cantar, conforme conta em entrevista a Baptista-Bastos. Quis o acaso que um dia alguém da assistência lhe pedisse para cantar, e assim "entrou numa desgarrada" por brincadeira. Atrás desse pedido outros vieram e o que começou por um mero acaso, acabou por tornar-se um "caso sério" na sua vida: para além de proprietária e cozinheira, passou a cantar para os seus clientes sempre que estes lho pediam e, “valha a verdade”, nunca mais deixaram de o fazer.

Por isso mesmo, o grande público do seu país apenas a conheceu quando, pela mão do seu grande amigo e admirador Carlos do Carmo é vista na televisão, nos concertos por ele realizados no Coliseu dos Recreios (1994) e no Centro Cultural de Belém (1998).

A partir de 1994, pontificou ainda em inúmeros programas de televisão, sozinha ou ao lado de Carlos do Carmo, Jorge Fernando, Carlos Zel e a convite de entrevistadores como Júlio Isidro, Júlia Pinheiro ou João Baião.

Posteriormente a essas actuações deslocou-se ao Brasil (a S. Luís do Maranhão, em 1995, a convite de Pedro Caldeira Cabral, e a S. Paulo, em 1999 actuando na Casa de Portugal, com Carlos do Carmo), à Grécia (com Carlos Zel), à Escócia (com Carlos Zel, Rodrigo Félix e Pedro Caldeira Cabral), a França (com Jorge Fernando), à Holanda (com Carlos Zel e Miguel Capucho) ao País de Gales (com Jorge Fernando), a Londres (com Mafalda Arnauth, Carlos Zel e Rodrigo Félix) e a Itália (com Carlos Zel).

A sua Parreirinha de Alfama foi cenário de muitos afectos: por lá passaram grandes poetas do fado e compositores que lhe ofereceram todo o reportório que possuía. E, consciente da importância de ter um repertório próprio, Argentina Santos fazia questão de cantar temas exclusivos, à excepção do fado "A Lágrima", de Amália Rodrigues, e do "Lisboa Casta Princesa", do repertório de Ercília Costa, mas popularizado por Lucília do Carmo.

Temas como "A Minha Pronúncia", o "Chafariz d' El Rei", “As Duas Santas” e “Juras” são a sua imagem de marca, os quais foram registados nos seus primeiros trabalhos discográficos, ainda em formato de 78 rpm, gravados para a editora Estoril, logo no ano da sua estreia, em 1953.

Os CDs "Argentina Santos", edição de 1998 da Movieplay, e "Argentina Santos", colecção Antologia, editado pela CNM em 2004, são os mais recentes trabalhos discográficos, duma produção discográfica que não se tornou muito vasta fruto da sua personalidade tímida, mas também do facto do seu companheiro não gostar de a ver cantar em público nem apoiar a sua carreira como fadista.

Durante muitos anos a fadista recusou a exposição pública e inúmeras deslocações, participando em poucos espectáculos e cingindo-se às apresentações na sua Casa de Fados e a uma ou outra festa particular. Ainda assim, ao longo de mais de 50 anos de carreira, a fadista cantou ao lado de quase todas as figuras relevantes da interpretação do Fado, uma vez que a sua casa se tornou uma referência para o público de Fado e por ela passaram e actuaram grandes nomes, como é o caso de Berta Cardoso, Celeste Rodrigues, Lucília do Carmo, Alfredo Marceneiro, Maria da Fé ou Fernanda Maria.

Em 1999, no dia 28 de Novembro, foi-lhe prestada uma festa de homenagem no Museu do Fado, tendo tido a cantar para si amigos tão especiais como Rodrigo, Jorge Fernando, Maria da Nazaré, Teresa Tapadas, e, como não podia deixar de ser, Carlos do Carmo. Na altura foi-lhe entregue uma medalha de louvor pelo senhor vereador da Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, Engº António Abreu.

No ano seguinte, a 28 de Abril, foi-lhe prestada uma homenagem no Coliseu dos Recreios em Lisboa, onde participaram inúmeros fadistas das várias gerações, que lhe teceram elogiosos comentários, demonstrativos do grande respeito inspirado pela fadista Argentina Santos aos seus colegas. Renderam-lhe homenagem grandes vozes como Carlos do Carmo, Camané, Jorge Fernando, Maria da Fé, Carlos Macedo, Rodrigo e Mafalda Arnauth.

Além de cantar na sua Casa de Fados e de alguns dos seus concertos individuais, participou no projecto de Ricardo Pais “Cabelo Branco é Saudade”, estreado no Teatro de São João, no Porto, em Julho de 2005, onde participaram, além de Argentina Santos, Celeste Rodrigues, Alcindo de Carvalho e Ricardo Ribeiro. Com este espectáculo efectuou inúmeras deslocações nacionais e ao estrangeiro.

A Fundação Amália Rodrigues, na sua primeira atribuição de prémios, em 2005, distinguiu Argentina Santos com o prémio "Carreira".

Nesse mesmo ano a sua casa, a Parreirinha de Alfama, foi também agraciada com o troféu para Casas de Fado entregue no concurso Grande Noite do Fado.

Argentina Santos faleceu, na Casa do Artista, a 18 de Novembro de 2019.

 

Fontes de informação:

“Diário de Notícias”, 27 de Abril de 2000.

Baptista-Bastos (1999), "Fado Falado", Col. "Um Século de Fado", Lisboa, Ediclube;

Carita, Alexandra e Jorge Simão (2006), "Fados Nossos", Lisboa, Alêtheia Editores.

Programa do espectáculo "Cabelo Branco é Saudade" (2005), Porto, Teatro Nacional de São João.

Museu do Fado - Entrevista realizada em 8 de Julho/2006.

Dados biográficos cedidos por HM Música.

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Outras versões do mesmo Fado

Cálice de Perdão
00:00 / 03:13

Intérprete: Gonçalo Salgueiro

Letra: Gonçalo Salgueiro

Meu Amor Não Vale a Pena
00:00 / 04:01

Intérprete: Beatriz da Conceição

Letra: Nelo

Poema do Nosso Amor
00:00 / 03:40

Intérprete: Carlos Zel

Letra: Hortense Viegas César

Quando eu Morrer
00:00 / 03:10

Guitarra:   Samuel Cabral

Viola:        Paulo Faria de Carvalho

Intérprete: Eduardo Pinto

Letra: Manuel Augusto Costa

Venho Falar dos Meus Medos
00:00 / 03:21

Intérprete: Ana Moura

Letra: António Laranjeira

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