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História da Guitarra Portuguesa

 

Guitarra Portuguesa numa ilustração de 1796 (António da Silva Leite, "Estudo de guitarra, em que expõe

o meio mais fácil para aprender a tocar este instrumento, dividido em duas partes", 1796, Porto). 

 

Assim como outros cistres europeus, ela representa tanto ao nível da afinação como ao nível da

construção do seu interior e exterior um dos desenvolvimentos directos do cistre europeu renascentista.

Este instrumento esteve fortemente presente na música de corte de toda a Europa, mas especialmente

na Itália, França e Inglaterra desde meados do século XVI até finais do século XVIII.

 

Deste instrumento existem ainda centenas de exemplares bem conservados espalhados em vários

museus por toda a Europa. Os primeiros cistres com ligeiras alterações em dimensão da caixa de

ressonância, braço, material das cordas, etc., divulgaram-se a partir do início do século XVIII como um

instrumento também bastante usado pela Burguesia para interpretar música mais ao seu gosto

(como suites, minuetos, modinhas, etc.) e, em dado momento, nalgumas regiões também usado pelas camadas mais populares

para interpretar música popular (das quais nos resta menos documentação).

 

(Ilustração de um cistre (chamado cythara Italica et Germanica para distinguir de outros instrumentos

chamados "cítara"), da obra Musurgia Universalis de Athanasius Kircher). 

 

O cistre terá, por sua vez, baseando-se no vasto legado iconográfico da Idade Média, como antepassado

mais provável a cítola medieval, da qual existem várias imagens, esculturas e relatos em crônicas da

época e um único exemplar num museu em Inglaterra, do século XIII.

O cistre inglês do século XVIII (em Portugal chamada Guitarra Inglesa), por vezes erroneamente

considerada o antepassado da guitarra portuguesa, é também uma descendente do cistre renascentista,

mas acrescentada de alterações substanciais, como uma afinação e uma construção interior

completamente diferentes das típicas do cistre.

Não é, pois, um antepassado, mas sim parente próximo. O único elemento que a guitarra

portuguesa provavelmente assimilou "por empréstimo" da guitarra inglesa, foi a mecânica de afinação,

posteriormente alterada e aprimorada esteticamente em Portugal. Nas suas origens remotas e mais

incertas, esta família de instrumentos remonta provavelmente à cítara grega e aos primeiros instrumentos de corda com braço, dos quais os vestígios mais antigos foram encontrados na presente Turquia (não confundir com o alaúde, que é muito mais tardio e ao nível da construção e afinação, apesar das semelhanças na forma, pertence a outra genealogia de instrumentos.

 

 

Afinação

 

 

 

Afinação de Lisboa

 

 

 

Afinação de Coimbra

 

 

 

Afinação Natural

 

 

 

 

A afinação de Lisboa é, atualmente a mais utilizada na guitarra portuguesa.

Inicialmente era chamada de afinação do fado ou afinação do fado corrido, tendo provavelmente sido desenvolvida no início do século XIX, sendo maioritariamente adotada pelos fadistas de Lisboa em meados desse século.

Com a diminuição da utilização da afinação natural por parte dos guitarristas, esta afinação veio a ser chamada simplesmente de afinação de Lisboa, quando afinada aguda em Ré, ou afinação de Coimbra, quando afinada em Dó; isto decorre do facto de que, enquanto a maioria dos guitarristas de Lisboa afinava as suas guitarras em Ré, em Coimbra, os estudantes começaram a afinar habitualmente as suas em Dó , principalmente através da influência de Artur Paredes.

É importante notar, no entanto, que, independentemente da diferença de tom entre as duas variações da afinação, na prática, esta última ainda faz uso das convenções da primeira, como tal, um Dó é chamado Ré, um Ré é chamado Mi, etc., pelos guitarristas. Assim, uma guitarra Portuguesa afinada com afinação de Coimbra fica a comportar-se como um instrumento transposto, semelhante a um trompete si-bemol, em que uma nota é referida pelo nome da nota um tom acima do nome da nota que as convenções de tom usariam.

A afinação natural, herdada da guitarra inglesa do século XVIII, também foi utilizada com muita frequência até a primeira metade do século XX, sendo preferida à primeira por alguns músicos do final do século XIX; era frequentemente afinada em Mi em vez de Dó, pois isso simplificava a mudança entre afinação do fado e a afinação natural para os guitarristas que usavam ambos. Algumas variações dessa afinação também foram adotadas, como a afinação natural com 4ª, também conhecida como afinação da Mouraria, ou a afinação de João de Deus, também conhecida como afinação menor natural. A afinação natural e suas variações deixaram de ser utilizadas, na prática, há várias décadas.

 

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guitarra_portuguesa

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Afinação Natural

A Guitarra Portuguesa é um instrumento musical carregado de simbolismo e, mercê da sua longa aliança com o Fado, é conotada com o “modo de ser” português, onde destino e saudade são palavras que naturalmente se associam ao trinado. Tem um timbre de tal modo inconfundível que, onde quer que esteja, qualquer português a reconhece aos primeiros acordes.

Tendo como origem directa a Cítara europeia do Renascimento, a Guitarra Portuguesa, tal como a conhecemos hoje, sofreu importantes modificações técnicas no último século, tendo no entanto, conservado a afinação peculiar das cítaras e a técnica de dedilho própria deste género de instrumentos. Existem três tipos de Guitarra Portuguesa: a de Lisboa, a de Coimbra e do Porto.

 

 

 

A guitarra de Lisboa com caixa baixa arredondada e é a que possui o som mais “brilhante”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A de Coimbra é maior, com o corpo assumindo uma forma mais aguçada.

 

A do Porto é a mais pequena.

A guitarra portuguesa utilizada na produção fotográfica foi construída por Alfredo Teixeira,

cujo modelo de fabrico é herdeiro do modelo de Joaquim Duarte, o “Genro do Melo”

(Joaquim da Cunha Melo).

 

Uma das principais diferenças reside na cabeça da guitarra: a de Coimbra possui uma lágrima incrustada, enquanto que a de Lisboa apresenta um caracol. A do Porto goza de maior liberdade, podendo ter ora um dragão esculpido ora uma flor; os três estilos têm em comum as seis ordens duplas de cordas metálicas.

 

 

A Guitarra Portuguesa tem um timbre de tal modo inconfundível que, onde quer que esteja, qualquer português a reconhece aos primeiros acordes. É um instrumento musical carregado de simbolismo e, mercê da sua longa aliança com o Fado, é conotado com o “modo de ser” português, onde destino e saudade são palavras que naturalmente se associam ao trinado. A guitarra portuguesa é um cordofone, cuja caixa harmónica é periforme, constituído por seis pares de cordas com diversas afinações, mas a que realmente se enraizou foi a afinação de Fado, Si Lá Mi Si Lá Ré, a começar pelas cordas mais agudas. A técnica de tocar este tipo de cordofone baseia‐se num dedilhar especial da mão direita, usando as unhas do dedo indicador e o polegar. Utiliza uma voluta em forma de caracol.

A Guitarra Portuguesa é um instrumento muito difundido em Portugal sendo o que mais se aproxima do sentimento Lusitano do povo português.

 

Tudo leva a crer ter sido um instrumento que entrou pela barra do rio Douro, aquando das trocas comerciais entre Portugal e a Inglaterra no séc. XVIII; o Cistre, mais tarde conhecido por Guitarra Inglesa, entusiasmou músicos e construtores do Norte do País, até que António da Silva Leite, Mestre de Capela na Sé Catedral do Porto, nacionalizou este instrumento, chamando‐lhe Guitarra Portuguesa.

 

A forma da Guitarra Portuguesa de Coimbra é maior do que a de Lisboa. Tem uma caixa mais aguçada e a escala mais comprida ajustada ao tipo de “balada”. A sua afinação é diferente da de Lisboa, com um tom abaixo, Lá Sol Ré Lá Sol Dó, do agudo ao grave. É um cordofone com acordes, uma estrutura e colocação das cordas que caracteriza bastante a música de Coimbra. A sua voluta tem um motivo de forma oval, a lágrima.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guitarra_portuguesa

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História da Guitarra Portuguesa

A palavra "guitarra", não se refere a um instrumento em especial, tudo depende do país onde a empregamos.

Cada país tem a sua guitarra. Se for a Espanha, "uma guitarra" é o que nós chamamos em portugal "uma viola".
Mas, como terá aparecido no vocabulário musical a palavra GUITARRA e especificamente em Portugal

A palavra GUITARRA, sem especificar a que tipo de guitarra no referimos, tem a sua origem

etimológica na língua Grega, "Kythara", que os latinos transformam em "Cithara".

Dentro da mitologia, existem várias lendas sobres a origem desta palavra:

   

A palavra GUITARRA, proveio de " CYTHERON " , nome de uma montanha habitada por musas.
   
  Do antigo nome " CYTHARA ", nome de ilha grega - CERIGO , paraíso da poesia e do amor,

onde existe um templo dedicado a Vénus.
   
  Atribui-se a invenção de um cordofone, um mouro/espanhol, que viveu na idade média de nome AL-GUITAR.

Pela análise e leitura comparada, de vários documentos que abordam este assunto, é tido como certo a existência de dois tipos de guitarras, na Península Ibérica, na Idade Média: a Guitarra Mourisca e a Guitarra Latina. A primeira de forma ovalada, a segunda em forma de um oito.

Referencias exaustivas são dadas no livro de Juan Bermudo, "Declaracion de Instrumentos

Musicales" publicado em 1555, que se encontra na Biblioteca Nacional de Paris (está escrito em

Espanhol do séc. XVI e existe uma edição fac-similada na Biblioteca Nacional de Lisboa).

Ainda hoje, muitas são as pessoas que confundem viola com guitarra. A confusão, está na pouca

identidade da cultura musical Portuguesa. Muitos são os professores que dão "as aulas de guitarra

clássica" quando o instrumento que ensinam, se chama de viola ou violão, em Português.

Para os mais cépticos, consultar o dicionário de música, de Thomaz Borba.

Musicólogos atentos estudaram, a terminologia utilizada pelos escritores Portugueses, chegando a

conclusão, que se a palavra "viola" já era utilizada no século XV e, a palavra "guitarra" só é utilizada no

século XVIII. Tem a sua lógica, porque é nesse século que a Guitarra Portuguesa, corta o seu cordão

umbilical. Não como os mais saudosistas pretendem, ter estado presente em Alcácer-Quibir, batalha no

norte de África onde D. Sebastião perdeu a vida, ou talvez não, em 5 de Agosto de 1578. Segundo as

crónicas do frade francês Caveral, os portugueses teriam deixado ficar no campo de batalha, 10.000 guitarras. Quem analisou este documento e o traduziu para português, não teve o cuidado de traduzir a palavra "guiterne" para Viola. Assim, tendo em conta a veracidade dos documentos analisados, pode-se afirmar que primeiro apareceu a Guitarra Portuguesa (final do século XVIII), só depois aparece o FADO (como expressão musical).

Portugal é um país muito rico, nos diversos Cordofones que apresenta. Assim, além do Violão tradicional de 6 cordas, companheiro das Fadistices da Guitarra Portuguesa, existem várias violas de arame, com características bem definidas:

A Viola Amarantina (Amarante), Viola Braguesa (Braga), Viola Beiroa (Castelo Branco), Viola Toeira (Coimbra), Viola Campaniça (Alentejo), Viola de Arame (Madeira ), Viola da Terra (S. Miguel, Açores) e Violas de 15 e 18 ordens da Terceira (Açores).

Cada um destes instrumentos, tem uma afinação própria, um determinado número de cordas, enfim uma personalidade enraizada, por mãos calejadas, que os tocam com a sabedoria adquirida ao longo de gerações. Só porque são do povo e não do ambiente clássico, ninguém tem o direito de os destruir.

Gosta que lhe troquem o nome, ou o façam passar por outra pessoa?

Apesar da Guitarra Portuguesa ser um bocadinho mais velha que o FADO, não me diga que estes assuntos não são cativantes.

Recomendo o livro de Armando Simões, A GUITARRA bosquejo histórico (1974).

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